Cássio Costa 12/04/2021
Melquisedeque Revelado
Os Atenienses do século sexto a.c. eram extremamente idólatras, tendo em seu meio centenas de deuses para lhes satisfazer, e todos obviamente possuíam nomes, todavia os atenienses não tinham um nome ao Deus que Epimênides adorou e invocou na Colina de Marte na própria Atenas e que foi responsável por salvar a cidade que estava morrendo. O Deus que Epimênides orou nesse dia, fez a praga que estava dizimando a cidade cessar, causando grande frisson na cidade pois todos já tinham tentado em vão apaziguar a ira dos deuses com orações e sacrifícios idólatras e nenhum dos muitos supostos deuses da cidade conseguiu eliminar a praga. Foi por isso que construíram altares ao Deus desconhecido que Epimênides adorou pois Ele sim tinha poder sobre a morte e sobre a vida. Epimênides não sabia seu nome, mas conhecia seu poder. Entretanto, 600 anos depois, o apóstolo Paulo chega na cidade de Atena e vê nela o altar erigido ao Deus desconhecido, então Paulo dá nome ao Deus que outrora era desconhecido pelos atenienses, apresenta-lhes Jesus como sendo o próprio Deus desconhecido que Epimênides antes, nessa mesma cidade o adorou e fez sacrifícios.
Essa é a história resumida que está logo no início deste livro, assim como também a história do rei Pachacuti, da cultura Inca que é conhecido por construir inúmeras cidades, fortificações e templos, a mais famosa delas, Machu Picchu. Nessa cultura o rei Pachacuti antes era adorador do sol, de nome Inti e amava seu esplendor, porém aos poucos ele foi entendendo que o sol era apenas mais uma obra criada por algum outro ser mais poderoso, como o passar do tempo ele teve um entendimento de quem era o Deus todo-poderoso. Essas e outras histórias estão contidas no primeiro capítulo e também na primeira parte do livro que é dividido em duas partes: fator Melquisedeque e fator Abraão.
O fator Melquisedeque é a primeira parte e vai até o capítulo 4. Nessa fase do livro o autor vai nos mostrar o ponto chave do livro, ele nos mostra como Deus sempre se fez presente e se revelou nas culturas pelo mundo todo. Culturas essas que não tiveram contato com o Judaísmo e nem com o cristianismo, entretanto elas apresentam costumes e características que são encontradas em uma das duas religiões monoteístas e em alguns casos em ambas.
No primeiro capítulo, além das histórias já mencionadas acima, o autor relata também sobre outras culturas antiquíssimas que têm um conhecimento prévio de um DEUS soberano. O autor vai relatando as histórias de povoados muitos isolados e que tem pouco ou quase nenhum contato com o resto do mundo como, os santal, o povo geodo da Etiópia, os mbaka e outros, porém eles têm em sua cultura a convicção de que existe um Deus único e soberano sobre todos, demonstrando um monoteísmo em regiões que são extremamente politeístas. E principalmente neste primeiro capítulo o autor vai explicar quem foi e o que representa o rei Melquisedeque nos planos de Deus. Demonstrando que Melquisedeque simboliza a revelação geral enquanto Abraão representa a revelação especial e que a revelação geral é maior do que a revelação especial, por isso Abraão pagou o dízimo a Melquisedeque. A revelação geral é superior por ser mais antiga e ela tem influenciado cem por cento da humanidade.
No segundo, o autor fala sobre os povos do livro perdido, promessas existentes nas civilizações distantes, como a Birmânia e suas muitas tribos que tem em sua cultura a enraizada promessa que um dia eles saberiam o livro sagrado, contendo a mensagem de um Deus todo poderoso trazidas por homens brancos. Promessas essas que foram concretizadas quando missionários foram até suas longínquas terras com bíblias. Autenticando assim a ideia do autor que Deus tem suas testemunhas em todos os povos, línguas e nações.
Já no capítulo três o autor fala sobre os costumes de vários povos que apesar de nunca terem tido contado com o judaísmo ou o cristianismo antes, têm várias de suas práticas em comum com ambas religiões nos mostrando como Deus tem se apresentado a todos por todo o tempo. Um exemplo dessas similaridades é a cidade de refúgio dos havaianos e do povo yali, similar a dos Judeus, o ritual do novo nascimento do povo asmat, similar ao novo nascimento que Jesus explicou a Nicodemos, o bode expiatório do povo dyaks de Bornéu e outros exemplos que o livro aborda. Comprovando que aquilo que o autor chama de fator Melquisedeque é de fato a Revelação Geral de Deus para todos os povos.
No quarto capítulo fala-se sobre as teorias que tentam destruir a convicção de que a religião é intrínseca ao ser humano. Nos mostra que através do evolucionismo foram criadas várias teorias para comprovar que o homem inventou a religião e que ao longo do tempo o homem vem desenvolvendo-a, saindo do animismo, depois politeísmo e chegando ao monoteísmo, o autor mostra como foram refutadas tais ideias, e também como essa ideias distorcidas acabaram encontrando adeptos famosos como Nietzsche, Adolf Hitler e Lênin, pois os mesmos usaram da ideia de que se não existe nenhuma religião que venha de um DEUS verdadeiro, pois o homem a criou no seu processo evolutivo, então o homem é que tem que ser venerado e cultuado.
No quinto capítulo, o livro entra na sua segunda e última parte. Don, o autor, fala sobre como Deus vem preparando o mundo para o recebimento do evangelho. Ele nos mostra como a promessa de Deus a Abraão, promessa que diz que através do descendente deste, Deus abençoaria todas as famílias da terra, foi comprida em Jesus e que os apóstolos usaram a promessa para influenciar tanto a Judeus com a gentios, principalmente o apóstolo Paulo.
No penúltimo capítulo temos uma excelente exposição bíblica sobre a expiação de Jesus e seu efeito salvífico que abrangeu todos os povos, línguas e nações. Diversos textos bíblicos são apresentados, nos mostrando como o plano de Deus em expandir sua salvação a todos e não somente aos Judeus era evidente desde das promessas abraâmicas. O autor nos mostra no novo testamento como era a relação de Jesus e das autoridades judaicas com os gentios e como os discípulos entenderam os ensinamentos sobre salvação a todos os povos e não somente aos Judeus, também como eles receberam a Grande Comissão, e relata como as autoridades judaicas ao longo do tempo não viam sendo uma benção a todas as nações como Deus falará a Abraão, por isso o reino de Deus foi retirado dos judeus e dado a outro povo que dê fruto.
E por fim, neste último capítulo, o autor nos fala da relutância dos apóstolos que mesmo revestidos de poder do Espírito Santo e apesar de terem recibo a ordem direta de Jesus de evangelizar até os confins da terra, acabam por permanecerem por algum tempo em Jerusalém e nos arredores. Somente com a perseguição em Jerusalém ficando mais rígida e com um novo apóstolo entre eles que foi designado por Deus aos gentios é que os restantes dos discípulos começam a se espalhar por todo o mundo pregando o evangelho e abençoando todas as famílias da terra, realizando assim o promessa de Deus feita a Abraão.
O livro tem uma linguagem não tão fácil de assimilar à primeira vista, provavelmente pelo tempo em que foi escrito, tem também nomes e lugares muito difíceis de pronunciar, porém nada que obscurece sua importância a igreja de Cristo mostrando como o nosso Deus se revela a todos, sem exceção, através da revelação geral e como Deus salva os seus através de seu filho Jesus na revelação especial. Recomendo a leitura a todos, principalmente àqueles que são ou serão missionários.