À sombra das moças em flor

À sombra das moças em flor Marcel Proust




Resenhas - À Sombra das Raparigas em Flor


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DIRCE 04/10/2015

Encantos, Desencantos, Amor, Dor , Fastio , tudo somado me leva a esperar o : A SEGUIR CENAS
Às Sombras das Raparigas em Flor começa com...Não , não começa: continua. Continua com a narrativa ao redor dos Swann, mais precisamente da sra. Swann, ainda que o narrador dedique a primeira parte do livro a narrar os seus desencantos e suas desventuras, o que me deixou muito confusa. Aliás, confusão foi uma constante durante a minha leitura, não devido a vocábulos difíceis, mas sim ao fato de que se eu bobeasse, se eu desse uma piscadela, tinha que reler longos trechos. Mas, apesar das minhas confusões, creio que consegui, bem ou mal, “espreitar” as temáticas abordadas no livro.
Uma das minhas confusões ocorreu logo no início: afinal quem foi a primeira grande paixão e musa do narrador ? Gilberte ou Odete ? Mãe ou filha? Sim, porque mesmo que o narrador tenha lançando mão de mil peripécias para poder se encontrar com Gilberte, ele fala tanto, mas tanto na Odete que dá a impressão de ser ela o objeto da sua paixão.
Confusões à parte, o que realmente importa é o mergulho que Proust faz nos sentimentos humanos e a sua ( explanação, teorização?) sobre o AMOR e sobre a DOR que esse sentimento provoca que me deixaram estonteada. Uma explanação que ocupa várias páginas. Uma explanação que, no meu modo simplista de ver , me levou a reduzi-la na frase do poeta: “O amor só é bom se doer”. Claro que a análise feita por Proust vai muito além da minha visão. Ela é profunda e curiosa. Segundo Proust o amor que sentimos por uma pessoa não é “ obra do Cupido”- é uma obra nossa. E é Albertine a depositária do segundo amor do narrador, e, embora já com mais maturidade, vivenciou apenas um amor platônico. Dizem , cá, ocolá : “amor de praia não sobe a serra” e , assim sendo, todos partem de Balbec - cenário onde o narrador mais uma vez se apaixona ( ou devo dizer se deixou apaixonar?)- restando a ele somente o lamento de um verão inesquecível. Um verão que só seria possível “revivê-lo” por meio da memória.
Bem como a prolixidade não é meu forte, encerro meu comentário esperando o : A SEGUIR CENAS. Sim, porque vou continuar seguindo os passos de Proust em sua busca, ainda que, ora e outra, eu tenha sido tomada pelo fastio, haja vista que a recompensa de tê-lo vencido foi a sensação inebriante de que eu me encontrava em um Parque Temático da literatura.
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Valério 28/04/2014

Fenomenal
Mesmo sendo ainda o primeiro volume, arrisco dizer que a obra "Em busca do tempo perdido" é o que de melhor li em toda a minha vida.
Mesmo levando-se em consideração já ter lido grandes livros da humanidade, como Guerra e Paz (Tolstói), Crime e Castigo (Dostoiévski), Cem Anos de Solidão (Gabriel García Marquez), Os Miseráveis (Victor Hugo), e Ulysses (James Joyce) entre outros grandes clássicos.
A profunda análise psicológica dos personagens foge muito ao padrão. Quem mais se aproxima e Tolstói, mas de forma diversa, abordando mais a filosofia moral e religiosa.
Dividiria este primeiro volume em três fases distintas:
A infância de Proust, marcada por momentos que quase se tornam nossas lembranças próprias de infância, tamanha a carga emocional.
Logo após, o envolvimento e a perdição de Swann por Odete, que quase o leva à loucura.
Por fim, a paixão de Proust por Gilberte, também quase o levando à loucura.
O sofrimento de amantes e apaixonados é detalhadamente debulhado por Proust em todas as agruras de seres que se perdem no meio de sua idolatria por um ser, transtornando-se.
Sempre como pano de fundo análise de Proust extremamente aprofundada do pensamento e lógica humanos. Proust vê como ninguém a compreensão de nós mesmos. E coloca em palavras, magistralmente, tudo que podemos até saber, mas que nunca fomos capazes de externar. Sensacional. Uma obra fantástica, com uma profundidade que nunca vi antes.
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andré 17/02/2013

Anatomia do tempo
É redundante qualquer alusão à importância do tempo na obra proustiana, o próprio titulo já denuncia isso, mas em caráter pessoal, o que me chama a atenção é a maneira como o tempo se desdobra na narração, amarrando-se em milhares de caminhos que tornam a leitura, mesmo intensa, uma luta contra a maré do fluxo de acontecimentos. O tempo segue um ritmo, que de tão profundo, absorto nas reminiscências do narrador, da voltas sobre si mesmo, retardando o avanço, quase como um eterno retrocesso, às vezes cansativo, mas nem por isso menos prazeroso. O tempo é um corpo arquitetônico, construído sobre outros tempos, que se completam e se conflitam-se, ao ponto de o narrado não serem os fatos e sim a própria essência temporal que divaga na alma do autor, são memórias, mais que isso, memórias de sensações, memórias sensíveis que traduzem, ou buscam fazer, o indelével. O universo em absoluto é interiorizado, medido e reconstruído dessa ótica profunda, e finalmente refeito quase filosoficamente. Esse tempo se reflete na própria construção das sentenças, normalmente longas, que delongam-se no percurso de várias idéias sobrepostas. O narrador monta o enunciado, o interrompe com outra idéia, uma explanação maior dessa idéia, uma metáfora, uma observação, e a conclusão do enunciado original. Razão pela qual não raramente se encontram parágrafos de três a quatro páginas.
De qualquer modo, a obra propõe uma leitura quase experimental, de um tempo quase experimental, que leva o leitor para outra dimensão, ao mesmo tempo que invoca neste uma dimensão intima, que todos possuem, mas muitas vezes se faz inexplorado, e o tempo da narração, se torna, desta forma, o tempo de nós mesmos.
Daniel 17/11/2014minha estante
Acho que quem chegou até aqui, o segundo volume da obra - é importante que se leia na sequência certa - é por que se encantou com o primeiro volume "No Caminho de Swann" e vai se encantar cada vez mais. Tarefa penosa (às vezes), mas que compensa como poucas.

Fiz uma lista de personagens principais e postei como uma resenha para o primeiro volume, "No Caminho de Swann". A intenção é ajudar os leitores não se perderem em meio a tantos personagens.




Aguinaldo 07/03/2011

proust again
"À sombra das raparigas em flor" é um livro que fala dos prazeres - e dos perigos - da inteligência. No volume anterior de "Em busca do tempo perdido" aprendemos algo do amor e da paixão, experimentamos como podem ser mutáveis o tempo e a memória, comparamos nosso comportamento na juventude e na maturidade. Já neste segundo volume somos apresentados ao processo de entendimento do mundo, ou melhor, de várias das facetas possíveis do mundo, que um sujeito ao crescer é forçado a experimentar. Vivemos todos os dias, um a cada vez, e a cada vez somos uma metamorfose, uma mutação, do dia anterior. O livro é divido em duas partes. Na primeira, "em torno da sra. swann", encontramos o narrador se esforçando para conhecer a menina Gilberte que vislumbrou de longe, e se apaixonou, quando era mais jovem, em Combray. Há sempre um jogo de contrastes nesta parte: entre o diplomata Norpois e o médico Cottard (aquele mais articulado, porém falso; este aparentemente tolo, porém correto); entre o entendimento de uma obra de arte pela leitura (pela inteligência) e a fruição da mesma obra de arte (pela experiência física); entre a idéia de um amor (do narrador por Gilberte, fugaz) e a construção real de uma amizade (do narrador por Odette, marcante). Já na segunda parte, "nome de terras: o nome", há um câmbio no tempo e na ambientação. O narrador já não está apaixonado por Gilberte e viaja com a avó para uma temporada nas praias de Balbec. Ali ele aprende alguns dos jogos da mundanidade, ou seja, de como operam as relações de classe, entre aristocratas e burgueses, entres estes e trabalhadores assalariados. Proust nunca faz um juízo autêntico de valor, mas antes nos apresenta o mundo como ele é, sem concessões. E a verdade do sentido da vida que ele alcança nos mostrar é cruel. Um sujeito não precisa já ter experimentado todos os prazeres e aborrecimentos da vida para imergir neste livro (imergir em todo o ciclo proustiano). A capacidade de Proust de nos surpreender (com suas construções, suas metáforas, sua lógica, seu enfoque) é algo que paira sobre todo o livro. Em " à sombra das raparigas em flor" conhecemos novos e poderosos personagens, entre eles Robert Saint-Loup, Palaméde de Guermantes e Albertine Simonet. Esta segunda parte é como um rosário de aulas de educação dos sentidos. O narrador é apresentado aos personagens bizarros da cidade à beira mar; à generosidade da marquesa de Villeparisis; à ambivalência - e depois as surpresas - de Sant-Loup; ao amor pela literatura de Bergotte; à rusticidade dos Bloch; ao enigma que é Charlus; ao entendimento da arte e da vida, enfim, à experiência do pintor Elstir; aos amores serpeantes (e cambiantes) que tem por Albertine, Andrée, Gisèle e Rosemonde. Mais do que tudo o narrador é apresentado a sua personalidade, aos câmbios de seu entedimento das coisas. Neste volume qualquer leitor pode vir a se ver retratado. Ora encontramos uma frase reiterada que nos é familiar, ora concordamos com uma particular forma de entender o mundo, ora sorrimos por ver a mesma maneira que utilizamos para reagir a certos estímulos, ora compartilhamos os compromissos da vida que escolhemos. Sempre é um grande prazer ler este livro. Devemos ser gratos aos autores que nos proporcionam prazeres desta natureza. Haverá mais Proust aqui este ano, seguro que sim. [início 18/01/2011 - fim 27/02/2011]
"À sombra das raparigas em flor: Em busca do tempo perdido (vol.2)", Marcel Proust, tradução de Mário Quintana, São Paulo: editora Globo, 3a. edição, revista (2006), brochura 16x23 cm, 669 págs. ISBN: 85-250-4226-9 [edição original: À l´ombre des jeunes filles en fleurs (éditions Gallimard), 1919]
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Aurélio 13/12/2009

Maravilhoso. Essas experiências do Proust com as mulheres me lembram as minhas - claro que naquela época era ainda mais osso, mas enfim...Sei que essa é uma resenha bem plebéia, mas tô achando a obra toda linda. Já comecei O Caminho de Guermantes.
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