O mundo se despedaça

O mundo se despedaça Chinua Achebe
Chinua Achebe
Chinua Achebe




Resenhas - O Mundo se Despedaça


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Felipe 03/03/2021

Achebe nos mostra a sociedade ibo, um pouco antes do contato com os colonizadores europeus. Nos mostra suas crenças, costumes, hierarquias e também suas injustiças (por que não?). Acima de tudo, o que mais gostei foram as metáforas usadas para descrever situações do dia-a- dia, e sempre se utilizando de comportamentos de animais. Mas é um livro que tem muitos momentos de tensão, não sendo fácil de digerir várias passagens.

"Como é que ele pode entender, se nem sequer fala nossa língua? Mas declara que nossos costumes são ruins; e nossos próprios irmãos, que adotaram a religião dele, também declaram que nossos costumes não prestam. De que maneira você pensa que poderemos lutar, se nossos próprios irmãos se voltaram contra nós? O homem branco é muito esperto. Chegou calma e pacificamente com sua religião. Nós achamos graça nas bobagens deles e permitimos que ficasse em nossa terra. Agora, ele conquistou até nossos irmãos, e o nosso clã já não pode atuar como tal. Ele cortou com uma faca o que nos mantinha unidos, e nós nos despedaçamos."
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Elizabeth 18/11/2022

Tristeza
No começo um pouco lento.
Depois fui identificado alguns costumes passados que nos também temos. E por fim a falta de respeito com os outros povos. Por que cada um não pode ter a sua crença? O seu costume?
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jota 18/11/2014

Meu mundo caiu...
O Mundo se Despedaça (Things Fall Apart), do nigeriano Chinua Achebe (1930-2013), sempre é citado nas listas de obras em língua inglesa como um dos melhores livros do século XX. Com razão.

Do modo como Achebe nos conta, com sua escrita clara, irrepreensível, é impossível não ficar envolvido com a história do guerreiro Okonkwo (casado com três mulheres e pai de onze filhos), membro da etnia ibo, e de sua aldeia situada às margens do rio Níger, no sudeste da Nigéria.

É ficção, claro, mas está (ou estava, já que o livro foi publicado em 1958) tão profundamente entranhada de realismo que parece que você está lendo um livro de Etnografia, sem a desvantagem de certo academicismo que uma obra desse ramo de conhecimento pode ou deve conter. Mesmo assim cada capítulo vem recheado com inúmeras notas explicativas de rodapé. E também há uma útil Introdução de um especialista brasileiro em cultura e povos africanos, Alberto da Costa e Silva.

Como se sabe, o título original – Things Fall Apart - foi retirado do trecho de um poema de W. B. Yeats, The Second Coming, de 1920, que tratava do fim de uma era da sociedade ocidental, marcado pela Primeira Guerra Mundial. Da mesma forma, o livro de Achebe mostra a decadência da cultura ibo (e por analogia de outras etnias e grupos africanos) com a chegada do colonizador branco no continente, especialmente missionários ingleses.

Os fatos narrados por Achebe se passam durante o período colonial da Nigéria, mais para o final do século XIX, quando reinava a rainha Vitória (de 1837 a 1901). O país somente se tornou independente em 1960. Mas antes que isso acontecesse, antes que a desintegração do mundo ibo começasse, por um número expressivo de páginas seguimos Okonkwo e sua gente praticando suas crenças, rituais, magias etc., talvez a parte mais curiosa da narrativa.

Por exemplo, entre os ibo gerar gêmeos era uma aberração da natureza e então esses recém-nascidos eram abandonados numa floresta para que morressem. Ao mesmo tempo nos familiarizamos com diversos outros aspectos da cultura do grupo, quer dizer, com seus modos de pensar, sentir e agir cotidianos, muitos deles girando em torno da cultura do inhame, principal alimento consumido pela aldeia.

Por tudo isso e muito mais, o Times escreveu que O Mundo se Despedaça é “Um romance que enxerga a vida tribal de um ponto de vista interno, genuíno.” Daí que para um leitor comum, mas ligado no mundo e em suas transformações, naturalmente o livro de Chinua Achebe é muito mais saboroso de se ler do que alguma obra etnográfica sobre determinado agrupamento humano considerado primitivo.

Lido entre 15 e 18/11/2014.
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ToniBooks 26/07/2023

Planeta Muófia
Este "O mundo se despedaça", de Chinua Achebe, apresenta-nos ao personagem Okonkwo, um líder nigeriano da tribo Igbo convicto que, para alcançar o seu ideal de herói, emoções devem ser reprimidas e as mulheres submissas. Tudo muda com a chegada do homem branco, balançando as bases de uma sociedade guiada por rituais.
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Carla.Cerqueira 20/09/2020

Perfeito
Escrita agradável e história apresentada pelo ponto de vista daquele que sofre com o colonialismo. Imperdível
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Anabanana:) 07/02/2024

Se você procura um livro que sintetize muito bem de como o Colonialismo Europeu funciona no mundo material, e seus prejuizos que futuramente se procedeu a uma série de conflitos que mais tarde resultaram em guerras. Indico fortemente " o mundo se despedaça" do Chinua Achebe.
Matheus.Frazao 13/02/2024minha estante
Interessante. É o tipo de conteúdo que tô procurando ler no momento.


Anabanana:) 21/02/2024minha estante
Interessantismo. Uma obra importantíssima para refletir sobre o Colonialismo na contemporaneidade.




Simon.Xavier 03/07/2020

Inigualável
Chinua Achebe narra a história de Okonkwo com delicadeza e maestria, nos apresentando uma sociedade cultural distinta, seus costumes e crenças sem julgamentos de valores, numa escrita rica, que deixa a sensação de estar ouvindo uma história em noite de lua cheia de uma anciã. Só depois de uma compreensão um pouco mais profunda desse modo de vida, podemos sentir com mais precisão os impactos da colonização inglesa.
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Ramon.Jung 16/04/2021

Ibolândia, mas também Brasil, mas também América Latina,
'O Mundo se Despedaça' é um retrato de um processo de colonização visto de dentro de uma aldeia, com seus problemas, sua vida, que já presencia seus desafios e contradições e que, em determinado momento sofre com a invasão do colonizador branco, que de forma imprudente, suja e ao mesmo tempo sutil, acaba controlando e despedaçando todo um mundo cultural que é alheio aos quereres, viveres e fazeres eurocentricos. Além da colonização, é um etnicídio e epistemicidio visto de dentro, pela lente dos nativos.

Obs.: a introdução, que não é feita pelo autor do livro, não é boa, no meu ponto de vista. Além de ter uma estrutura pesada que não se parece com o estilo fluído e dinâmico de Chinua Achebe, a introdução é cheia de spoilers. Inacreditável como conseguiu em poucas páginas atrapalhar todas as surpresas da história. Uma pena. Estragou muito o impacto real do livro.



[...] 'De que maneira você pensa que poderemos lutar, se nossos próprios irmãos se voltaram contra nós?

O homem branco é muito esperto. Chegou calma e pacificamente com sua religião. Nós achamos graça nas bobagens deles e permitimos que ficassem em nossa terra.

Agora, ele conquistou até nossos irmãos, e o nosso clã já não pode atuar como tal. Ele cortou como uma faca o que nos mantinha unidos, e nós nos despedaçamos'.
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Lucas C. 09/08/2021

As questões que a história traz são extremamente pertinentes e inclusive me lembrou muito a questão religiosa no Brasil, com a "demonização" das demais religiões.

Me identifiquei muito com o temperamento do protagonista, apesar de discordar da forma como ele conduz as situações e em uma sociedade extremamente machista e problemática.

Apesar de todas as diferenças culturais, a história do livro traz pontos que possibilitam debates muito valiosos.
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clarakairos 17/07/2021

Pedaços de história
O título "O mundo se despedaça" me deixou curiosa desde a primeira vez que vi esse livro. Lendo-o, em especial ao finalizar a primeira parte e no decorrer da segunda e da terceira, a compreensão de que toda uma cultura, vilarejo e história eram os verdadeiros despedaçados fez com que algo quebrasse também dentro de mim. Não apenas pela chegada do "homem branco", mas também pela mudança de hábitos e introdução de novas formas de ver o mundo.
É uma leitura muito rica em aspectos culturais e me deu a impressão de que Chinua Achebe contava a história como se estivesse ao meu lado, ao redor de uma fogueira. Não consegui desconectar o estilo da linguagem com o que vemos no regionalismo brasileiro, e mais de uma vez liguei Okonkwo com Fabiano, de Vidas Secas; mesmo separados por anos e oceanos, sinto que a vida foi dura com ambos, os quais esperavam por finais diferentes para suas próprias histórias.
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Marcia 22/06/2023

Minhas impressões sobre o livro
Uma nuvem imensa de gafanhotos se aproximando! Qual sensação nós temos? Eu ficaria horrorizada. Mas o que é ruim para uns é muito bom para outros. E assim descobri que para os da etnia Ibo, no sudeste da Nigéria, um ataque desses é uma alegria. É comida na certa! Vão pega-los, fritar e saborear.
Essa e muitas outras coisas aprendi sobre esse povo através do livro: "O mundo se despedaça do escritor nigeriano Chinua Achebe.
Essa leitura foi uma grande imersão cultural e me chocou em vários momentos.
"O mundo se despedaça " é um dos livros mais importantes da literatura africana. Foi publicado em 1958, dois anos antes da independência da Nigéria. No decorrer das páginas vamos conhecendo não só a cultura, o dia a dia deles mas tambem a situação social e um pouco do processo de colonização.
O escritor tem uma narrativa incrível e nos transportamos para esse cenário, vivenciamos junto com os personagens todos os momentos.
Leitura importante
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Thirodrigues recomenda 14/06/2023

A África começou a ser nota aos poucos
Conta sobre alguns costumes Nigerianos por meio da história de Onkowoo e mais pro final sobre a invasão inglesa na região.Recomendo para quem queira entender melhor sobre a cultura nigeriana e pensar sobre o processo de colonização na África e nas Américas.
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Paloma 05/03/2021

Esqueci de comentar esse! Leitura incrível! Interessante como a estrutura do livro reverbera na própria história. 90% da narrativa é conhecendo uma cultura, a vida de um povo, com suas idiossincrasias, desmonta o quanto leva tempo para tudo isso ser construído. E os restantes 10% acompanhamos como um modo de vida poder ser destruído muito rapidamente.
Alê | @alexandrejjr 20/03/2022minha estante
Realmente interessante o modo como ele pensou a estrutura do livro e aplicou isso na linguagem, Paloma. Lerei ainda neste primeiro semestre de 2022. Aliás, eu vou ler neste ano a trilogia africana inteira. Altas expectativas!!


Paloma 21/03/2022minha estante
Sim! Quero muito ler os outros volumes da trilogia ??




Rafael Mussolini 10/12/2020

O mundo se despedaça
"O mundo se despedaça" de Chinua Achebe enviado pela Tag Experiências Literárias em parceria com a Companhia das Letras (2019) é um livro que trás um misto de sentimentos. Ao mesmo tempo em que adentramos em um universo e uma escrita que são mágicos, também somos apresentados ao lado mais cruel dos ritos, dos mitos e das religiões. O mundo se despedaça é uma obra certeira aos demonstrar como funcionava e ainda funciona a desintegração de um povo pela colonização. Se no início da história nos assustamos com algumas tradições da etnia ibo, que hoje são vistas como atentados aos direitos humanos e que eram naturalizados por uma cultura, logo em seguida nosso olhar colonizado é esbofeteado, quando Chinua Achebe insere na narrativa a violência da lógica cristã pela colonização inglesa da Nigéria. O homem branco chega pisando em ovos e utilizando de estratégias econômicas e "solidárias" para matar a cultura e a ancestralidade de um povo pela raiz. Aqueles que não se dobram a seu Deus único são exterminados sem chance de misericórdia. A cultura nigeriana e a cultura inglesa se encontram e se enfrentam numa saga pela liberdade de crença e de vida. O mundo se despedaça é visto hoje como um dos fundadores do romance nigeriano contemporâneo.

Antes de "O mundo se despedaça" se tornar um retrato de um processo de colonização, Chinua Achebe faz uma contextualização muito rica da cultura da etnia ibo através da história de Okonkwo, um guerreiro que deseja se tornar um grande líder dentro de sua aldeia. Além de lutar com unhas e dentes pela sua ascensão econômica e social dentro da comunidade, Okonkwo lida com a vergonha que sente da memória de seu pai, um homem com aspirações bem menores que a de seu filho. Okonkwo utiliza das memórias de seu pai para forjar para si uma história completamente diferente. O guerreiro se valia de um preceito da tribo que dizia que "felizmente, entre esse povo, um homem era julgado por seu próprio valor, e não pelo valor do pai." Enquanto segue firme no seu propósito de ascensão e sua lealdade aos preceitos da aldeia e dos deuses, Okonkwo vai se mostrando uma figura séria, resignada e por vezes violenta.

Enquanto conhecemos Okonkwo somos inseridos na aldeia de Umuófia, uma das comunidades mais prósperas de toda a região ibo. Para quem não conhece ou conhece pouco sobre a vida e os costumes do povo ibo, o livro se torna um prato cheio para entender um pouco de sua relação com a terra, com os deuses, com a honra, com a família e a tradição. Como toda sociedade paternalista, as mulheres são expostas a diversos tipos de violências, uma vez que as mesmas são vistas como membros inferiores da aldeia, cabendo a elas o cuidado com os filhos (até certo ponto da vida), o cuidado da casa e total submissão ao marido que é quase a lei máxima a ser seguida.

Chinua Achebe concebeu uma obra que consegue nos mostrar um povo com todos os seus contrapontos. Com uma escrita primorosa extrai a beleza e a violência que fazem parte de todas as religiões e crenças. Algumas dessas crenças promovem seu domínio através de um controle mais sutil dos desejos e das individualidades das pessoas, enquanto outras executam mutilações, assassinatos e abandonos em nome do dito "bem maior" e da vontade divina. Essa dualidade é o que existe de mais fantástico nesse livro que nos morde e depois assopra.

Muitos acontecimentos da trama vão servindo de estratégia para que o leitor se familiarize com a forma de viver do povo ibo. A vida de Okonkwo na comunidade passa por diversos episódios de glória e de declínio alçando sua vida a uma verdadeira saga. Aos poucos as garras do colonialismo vai aparecendo em Umuófia. Muitos membros da aldeia nem ao menos tinham visto ainda um homem branco com seus próprios olhos. Alguns acreditavam em boatos que diziam que homens brancos não tinham os dedos dos pés. Eles chegam trazendo consigo a ideia de um único Deus e dispostos a convencer a todos de que suas crenças são mais do que algo errado, que são a manifestação do mal. Chinua Achebe faz uma comparação muito certeira ao equiparar a invasão dos homens brancos a essas regiões como uma infestação de gafanhotos. O homem branco chega com sua igreja, com sua escola e também com seus métodos de controle e privação da liberdade através da guarda, que é uma espécie de polícia e de uma forma de governo para impor seus costumes.

Quando retrata o momento em que o homem branco chega em Umuófia, Chinua Achebe entrega uma obra potente que serve de registro simbólico de um processo violento que culminou em muitas mortes, mas também na independência do povo nigeriano. O mundo vai se despedaçando a cada página que passamos e promovendo vários fins do mundo para aqueles que eram fieis a própria tradição.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2020/12/o-mundo-se-despedaca-de-chinua-achebe.html
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