Angelo Miranda 24/01/2016
Uma boa trama policial e política
O livro "A felicidade é fácil" foi o segundo romance escrito pelo jornalista Edney Silvestre depois de ele ter sido premiado com o Jabuti e com o Prêmio São Paulo de Literatura em 2010 com o "Se eu fechar os olhos agora". Portanto, ao lançar o segundo livro, a crítica especializada e os leitores aguardavam que o escritor mantivesse a qualidade literária e narrativa que o consagrou com o primeiro livro, algo, sem dúvida, atingido por ele nesse romance que além de ser policial é político.
Por meio da trama, conhecemos um pouco o submundo lucrativo das campanhas políticas, envolvidas em vultosas somas de dinheiro, troca de favores, corrupção e muitas contas no exterior para esconder o fruto das negociatas.
A história se passa no início da década de 1990, durante o governo Collor. O leitor tem várias referências ao longo da narrativa sobre esse período, tais como algumas músicas que tocavam na época, marcas de automóveis que circulavam pelas ruas do Brasil daquela época, inflação, entre outros.
O livro começa com um ritmo muito bom e se mantém até o final. Logo no primeiro capítulo temos um sequestro que será o pano de fundo de toda a história ambientada na cidade de São Paulo e aos poucos os personagens vão surgindo e também os seus dramas: Olavo, Mara, Ernesto, Irene, Major e Bárbara.
Edney com a publicação desse segundo romance, marca o seu nome no hall dos grandes escritores nacionais contemporâneos. O seu texto é leve, gostoso de se ler. Os diálogos são verossímeis e deliciosos. Os detalhes dos ambientes, dos trejeitos dos personagens, das suas personalidades foram muito bem elaborados e a trama, principal ingrediente para um bom romance, foi estruturado de forma magistral.
O romance se passa durante um único dia, com alguns flashbacks que ajudam a formar a personalidade dos personagens e tornar a trama mais interessante. O ritmo da narrativa não cansa o leitor, pelo contrário, o faz ficar preso nas páginas ansioso para o desencadeamento dos fatos e saber o destino dos personagens.
Edney Silvestre mais uma vez produz uma literatura da mais alta qualidade, acredito que fruto de alguém que é um bom observador, que frequenta as ruas, escuta as conversas alheias, presta atenção nos diálogos, nos dramas, nos conflitos cotidianos e que consegue, com maestria, transportar tudo isso para a sua escrita, deixando a história com ares verídicos numa trama bem elaborada que prende facilmente qualquer leitor.