Olhai os lírios do campo

Olhai os lírios do campo Erico Verissimo




Resenhas - Olhai os Lírios do Campo


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Marlonbsan 01/12/2020

Olhai os Lírios do Campo
Eugênio Pontes é um rapaz de origem humilde que busca mudar sua vida, desde pequeno vê a pobreza como algo a ser deixada para trás. Com muito custo, se forma como médico e dali em diante faz suas escolhas pensando em entrar na elite da sociedade.

O livro é narrado em primeira pessoa e acompanhamos a vida de Eugênio, desde a sua infância, até parte da sua vida adulta. De maneira geral, é uma leitura fluída, porém há trechos de debates da época que são bem densos.

A filosofia do livro é bem interessante, falar sobre os desejos que uma pessoa pode ter e se contentar com aquilo que se tem, suas escolhas e os caminhos que a vida o leva por meio delas. É muito do ser humano ficar insatisfeito com suas escolhas e mudar a opinião. Aqui o debate é muito bem feito, assim como a imersão no contexto.

Alguns aspectos narrativos não me agradaram muito, principalmente nas partes de monólogos com discussão sobre o contexto político e da sociedade da época, pois são estendidas por meio da opinião de determinados personagens e não influenciam tanto na progressão da história principal, talvez a menção mais objetiva desse uma dinâmica mais ágil nessas partes.

Eugênio é um personagem bem complexo, como vemos o seu crescimento e as suas atitudes, podemos perceber as várias camadas e a sua personalidade, já os outros que aparecem, também são bem característicos, contribuem muito para a história e também há bastante excentricidade neles, assim como apresentam aspectos comuns para a época.

Há algumas histórias de background que envolvem Eugênio e que são bem interessantes, ainda mais sabendo do contexto do livro e as questões que eram debatidas, tudo isso de forma bem concisa e bem escrita. O livro termina com aquele gosto de que leria mais sobre Eugênio e o que se passava no seu entorno.

Foto e resenha no meu IG @marlonbsan
Larissa 09/12/2021minha estante
Muito lindo?. ????


Beatriz 13/01/2023minha estante
É uma boa história, retrata coisas reais, que aconteciam e ainda continuam, o começo é um pouco parado vc tem que insistir é uma obra muito boa




rfalessandra 22/08/2022

Questionamentos extremamente atuais...
Eu acompanhei nesta obra, algo de muito suave ao perceber o quanto Erico Veríssimo explora seus personagens com simplicidade permitindo que nos possamos nos sentir mais próximos a cada um deles, nos imaginando-os como os tais, uma trajetória existencial do personagem principal Eugênio seus contatos sociais e seus dilemas interiores ( "e quem não tem os seus?!" rsrs) e vemos como o capital tem um efeito determinante na vida de cada personagem.
Recomendo a leitura, um livro que continua muito atual.
Bom romance.
Daniel 22/08/2022minha estante
Que legal poder ler sobre sua percepção bastante positiva em relação à obra de Érico Veríssimo. Esse livro está na minha lista e quero lê-lo muito em breve.


rfalessandra 22/08/2022minha estante
Muito show ???????? espero que você goste, pois me surpreendeu muito a leitura.


CPF1964 23/08/2022minha estante
Bela Resenha ! Parabéns ?. Estou para ler este livro faz tempo.


rfalessandra 23/08/2022minha estante
Espero que você vai gostar da leitura, é uma obra muito rica.


CPF1964 23/08/2022minha estante
Obrigado, Alessandra.




Hannah Jook 04/07/2010

Pode parecer um romancezinho "água com açúcar" e talvez o seja, dependendo do leitor, mas, na minha opinião, um dos mais belos livros que li (e reli). Érico reflete e faz refletir sobre as condições humanas, no decorrer do Livro você torce, odeia, ama, tem compaixão de Eugênio!Formado por personagens complexos, e talvez por isso, humanos, Olhai os lírios do Campo, faz o leitor parar, por um instante, e olhar para si mesmo...quantas vezes não somos "Eugênios", que deixam escapar nossas "Olivias"?Ets livro mostra que sempre é possivel um recomeço...Enfim, recomendo!Erico, sempre Érico!
Fabi 21/01/2015minha estante
O problema então sou eu O.O
Estou arrastando esse livro a mais de um mês e não querendo desistir eu vim ler algumas resenhas pq odeio abandonar livros. Obrigado.


Robson 02/04/2020minha estante
Comungo contigo, Fabi. Fui até o final pelo mesmo motivo pelo qual você segue lendo. Oportunamente vou dar um mergulho por lá para tentar mudar minha opinião já que trata-se de um clássico.


Kátia Brasil 12/04/2020minha estante
Adorei seucomentário Hannah.


Vinícius 27/07/2020minha estante
Na moral, não sei como vocês conseguiram terminar, achei o livro de uma tristeza interminável, parei de ler antes de entrar em depressão. Talvez um dia tente de novo, mas só de lembrar, já fico angustiado com a história, tem um quê de vidas secas neles.




Otávio - @vendavaldelivros 26/01/2021

“Tu uma vez comparaste a vida a um transatlântico e te perguntaste a ti mesmo: ‘Estarei fazendo uma viagem agradável?’. Mas eu te asseguro que o mais decente seria perguntar: ‘Estarei sendo um bom companheiro de viagem?’”

Erico Verissimo achava supervalorizado seu livro mais famoso, mais vendido e que, segundo ele próprio, o colocou na posição de poder viver de literatura. No prefácio atualizado, Verissimo aponta o que acreditava serem os principais defeitos da obra, dizendo ainda como poderia consertá-los. Sorte a nossa que Erico nunca fez nenhuma das mudanças que acreditava necessárias.

Lançado em 1938, Olhai os lírios do campo conta a história do Dr. Eugênio e de suas desventuras na vida, nos amores e nas escolhas. Em resumo, pode parecer banal e simples. Eu mesmo acreditava que um livro com esse roteiro poderia ser, no mínimo, enfadonho em algum momento. Mas o ponto é que o livro não fala somente sobre Eugênio (que por si não é nem mesmo um personagem que desperta bons sentimentos). Olhai os lírios do campo é um retrato de um tempo, uma janela na história e uma amostra de como a humanidade repete ciclos e erros.

Ao acompanharmos a vida de Eugênio desde sua infância pobre até seu casamento infeliz, temos também um cenário perfeitamente ilustrado do Brasil dos anos 30. Não tanto dos movimentos políticos, mas principalmente da desigualdade social que já assolava o país a época.

Além disso, temos um aprofundamento de questões humanas e de alma, que mexem com a nossa própria consciência e com as escolhas que nós mesmos fazemos da vida. Eugenio não é um personagem agradável, mas Olivia e o Dr. Seixas fazem bem os papéis de figuras que nos cativam. Resta a Eugenio o papel de humano imperfeito, que comete erros terríveis, escolhas absurdas, mas que busca, de alguma forma, uma maneira de alcançar algo próximo da felicidade.

Olhai os lírios do campo já mostrava em suas linhas a preocupação social que Verissimo carregou consigo por anos em suas obras e que o fizeram levar o selo de comunista pelo governo de Vargas. Um livro que nos desafia e que faz com que olhemos muito mais para a alma humana. Não só a nossa, mas a alma de cada pessoa não vista.

site: https://www.instagram.com/p/CKfDduej6Z4/
Isabelle 26/01/2021minha estante
Tenho muito interesse em ler Veríssimo, estou muito animada depois de suas palavras!


Otávio - @vendavaldelivros 29/01/2021minha estante
Que bom, Belle! Fico feliz! Espero que você tenha uma ótima experiência, Verissimo é incrível.


Andrea 06/11/2021minha estante
Ótimo texto. Verissimo ímpar!




Aline Oliveira 04/12/2022

Adorei!
Quantas questões neste livro...primeiro de muitos do Verissimo que pretendo ler.
Achei interessante todos os debates internos de Eugênio, e queria ter conhecido mais da vida de Olívia.
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Rosangela Max 25/11/2021

Um homem em busca de redenção.
Adiei muito esta leitura porque a saga ?O Tempo e o Vento? está entre os meus livros favoritos e fiquei com receio que nenhuma outra obra do autor fosse me proporcionar o mesmo encanto que a saga.
Ledo engano! Havia me esquecido da riqueza que é a escrita de Érico Veríssimo.
Recomendo demais a leitura, tanto para quem já conhece as obras do autor e quer se encantar novamente, quanto para quem não conhece e quer descobrir o por que Érico Veríssimo é o escritor brasileiro favorito de muitos (inclusive o meu).
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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Olhai os lírios do campo, Érico Veríssimo – Nota 7,5/10
Essa foi a obra que colocou Veríssimo em uma categoria de destaque na literatura nacional. De fato, o autor escreve muito bem e consegue, de uma forma sensível, cativa o leitor e envolvê-lo com os personagens. No entanto, confesso que essa não foi uma leitura que amei. É engraçado que ao escrever um prefácio a essa própria obra, 28 anos depois de sua publicação, o autor foi claro ao afirmar que “não tenho muita estima por este romance. Acho-o hoje um tanto falso e exageradamente sentimental”. E a verdade é que concordo um pouco com a opinião de Veríssimo sobre o próprio livro. A história tem como pano de fundo o romance entre Eugênio e Olívia e um conflito interno de Eugênio contra a sensação de inferioridade pela posição social em que nasceu. Assim, Eugênio, um estudante de medicina, de origem humilde, decide se casar com uma jovem rica e ingressar na alta sociedade. E é justamente isso que vai ser abordado na primeira parte do livro: a trajetória de vida de Eugênio, desde sua formação como médico, sua origem familiar simples e suas angústias com as escolhas que precisa tomar. Vale a pena sacrificar os próprios valores pelo dinheiro e pelo sucesso? Será que esse novo status social é suficiente para suprir essa sensação de inferioridade?
Já a segunda parte me decepcionou um pouco e se distancia muito do que tinha lido até então. Ela é conduzida a partir das cartas deixadas por Olívia que, por sinal, é uma das personagens mais interessantes da obra. Só que nessa parte a leitura ficou bem mais arrastada e carregada de um sentimentalismo forçado a que o autor se refere em sua crítica ao próprio livro... As reflexões trazidas na primeira parte não são mais trazidas por Veríssimo, que passa a escrever uma simples “história de amor”. De qualquer forma, gostei muito da leitura e sinto que foi uma porta de entrada para o trabalho de Veríssimo, me deixando animado para conhecer outras obras do autor.

"Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente."

site: https://www.instagram.com/book.ster
Michelly 11/03/2020minha estante
Eu odiei esse livro




Joel.Martins 28/05/2021

Mais um clássico precioso ?
Que livro fantástico!
Em Olhai os lírios do campo tive uma experiência ímpar de autoconhecimento, avaliando o sentido da minha vida pessoal e profissional. Meu propósito ??
Assim como alguns personagens do livro, se você não entender a lição de vida que a Olívia dá, ou achar o livro banal, parado, utópico. Sugiro que pare e leia em outro momento, porque a vida vai te ensinar a compreender a mensagem que esse livro tem para nós HUMANOS.
Andrea 06/11/2021minha estante
Exato!




mat 27/09/2020

Perfeito
Esse é um livro que foi publicado em 1938 durante a revolução do Estado Novo e o governo de Getúlio Vargas, muito mais que um Romance, ele serve como um retrato da época, onde é possível entender o que os brasileiros achavam dos regimes ditatoriais da Europa e outras assuntos que ainda permeiam nossas conversas. Principalmente nos diálogos da alta roda, são discutidos assuntos como o capitalismo, comunismo, o início da industrialização brasileira, bem como as opiniões em relação aos judeus, aborto, a vinda da psicanálise freudiana ao Brasil (e as opiniões dos personagens sobre isso), a liberdade sexual e emancipação feminina. Um ponto muito interessante é as várias referências literárias no livro, que vão de Proust à Goethe e de Shakespeare à Ovídio.
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Nicole 12/09/2023

Livro lindo demais
Que livro bonito, poético, forte. No início sofri um pouco, não gosto de ver sofrimento por conta da pobreza, mas é a realidade nua e crua desse mundão, poucos com muito e muitos com pouco. Ao decorrer da leitura senti raiva, pena e orgulho do Eugênio. Fiquei inconformada com o destino de Olivia, que para mim, foi a melhor personagem do livro, uma mulher leve e muito sábia. Sem dúvidas, recomendarei esse livro para meus amigos, foi uma baita surpresa. Orgulho desse autor sagitariano e gaúcho (o que temos claramente em comum).
Mary2511 16/09/2023minha estante
SIMMMM, a Olivia é uma personagem incrível. Esperava um final melhor para ela ;-;




@tigloko 04/04/2024

Um excelente estudo de personagem em busca de redenção
Eugênio é um médico casado com Eunice, filha de um rico e importante empresário. Em certo dia, recebe uma ligação do hospital informando que Olívia está gravemente doente. No início do texto não sabemos quem é Olívia e sua importância para Eugênio. A partir daí, acompanhamos a viagem de carro de Eugênio até o hospital, enquanto ele revisita suas memórias do passado. Desde sua infância pobre, sua busca incessante por se tornar rico, até o seu relacionamento com Olívia.

É um livro que foca na construção do personagem principal em detrimento da história, que tem um desenvolvimento mais simples, sem grandes reviravoltas. O autor escreveu uma excelente história de redenção, a busca por algo que, na linguagem popular, seria como a ?paz de espírito?. A transformação de Eugênio através das páginas é carregada de um tom melancólico( principalmente na primeira parte, nas suas memórias do passado) mas sem perder de vista o otimismo, que é recorrente.

A escrita é envolvente e bem fluida, mesmo que existam reflexões profundas ao longo do livro. Uma reflexão em especial, que me fez pensar bastante durante a leitura, foi o poder de uma lembrança. Seja um momento, um lugar, uma pessoa. Como ela pode modificar o modo de pensar e agir numa pessoa.

Já tinha gostado muito do Incidente em Antares e aqui confirmou meu fascínio pela escrita do Érico Veríssimo, recomendo muito!

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Mini-Spoiler: Foi muito bom ver um personagem tão detestável se tornar um ser humano melhor ?. E o que deixa tudo mais interessante é que as nuances não são perdidas, ele ainda tem constante conflito com suas decisões, tornando o desenvolvimento mais realista.
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Lincoln 28/04/2020

Olha as estrelas e tem coragem!
"Olhai os lírios do campo" é um belíssimo romance de Érico Veríssimo e trata principalmente dos conflitos internos vividos por Eugênio Fontes. "Genoca", como é chamado pelos amigos e familiares, é um rapaz pobre, filho de um alfaiate e uma lavadeira que trabalham duro para custearem-lhe o curso de medicina. Seu irmão Ernesto não tem a mesma sorte já que o dinheiro ganho pelos pais é suficiente apenas para pagar os estudos do mais velho. Eugênio vai para um internato de alto nível, o Columbia College, onde sofre mais intensamente por sua diferença econômica e social. "Nestinho", que já tinha personalidade peralta e fumava desde menino, torna-se alcoólatra e desordeiro. A mensagem central do livro é transmitida por Olívia, único e verdadeiro amor de Eugênio. Essa relação se estreita a partir da formatura quando, os dois de origem humilde, encontram-se receosos do futuro que os aguarda. Olívia é uma mulher de muita fé e, apesar de possuir os mesmos anseios e angústias de Eugênio, encara a vida com mais serenidade e autocontrole. Os dois se envolvem em um romance não declarado e juntos têm uma noite de amor. Olívia precisa passar algum tempo fora, em Nova Itália, para aproveitar uma oportunidade de emprego. Durante esse período, Eugênio é movido puramente por interesse e necessidade de aplacar o seu complexo de inferioridade. Ele se casa com Eunice Cintra, herdeira do conglomerado de empresas Cintra. Em três anos de convivência, o médico se dá conta do erro que cometera e vê com mais clareza que não tem nada em comum com sua esposa. Eugênio passa também a ter relações extraconjugais com Isabel, esposa do ambicioso engenheiro Filipe Lobo. O retorno de Olívia altera profundamente as convicções do rapaz e, em uma noite de desespero em que ele a procura, descobre que do romance dos dois houve um fruto: Anamaria. O ponto alto que culmina em divórcio é a morte de Olívia. A jovem médica deixa algumas cartas que escrevera durante o período em que estava fora. À medida que Eugênio amadurece, enxerga o mundo de forma mais humana e semelhante a de Olívia.

Citações marcantes:
"Olha as estrelas. Enquanto elas brilharem haverá esperança na vida."
No contexto do livro, as estrelas continuam puras porque os homens ainda não as alcançaram.
"Olha as estrelas e tem coragem".

“-Vocês ateus nos querem tirar Deus para nos dar em lugar dele... o quê? É o mesmo que tirar pão da boca de quem tem fome e dar-lhe em troca um punhado de cinzas ou de areia."
Disse Olívia enquanto Eugênio insistia em contestar as convicções da moça, ainda que ele tivesse "um temor subterrâneo a Deus"

"Só tem medo da solidão quem tem medo dos próprios pensamentos”
Dispensa esclarecimentos.

"A bondade não deve ser uma virtude passiva"
Concluiu Eugênio após observar que apenas não praticar o mal não basta.
Edmar Lima (@literalgia) 28/04/2020minha estante
Parabéns pela resenha, amor, está evoluindo muito!


Lincoln 29/04/2020minha estante
Obrigado, amor! Essa resenha tem quase 5 anos, mas vou aceitar o elogio como motivação e incentivo, rs. :D




Gabiii 12/09/2021

Pensei e refleti muito sobre a importância que damos para o dinheiro e o status enquanto lia esse livro. Passei grande parte da leitura com o coração apertado, todo mundo sofre nessa história, incluindo o leitor. Todos os personagens trazem uma carga emocional profunda, são muito bem desenvolvidos, o que torna a reflexão a respeito do tema ainda mais impactante. Em algumas passagens, senti que algumas características dos personagens beiraram o caricato e algumas decisões deles foram dramáticas além da conta, mas não tiro o mérito do enredo, que foi muito bem pensado e estruturado na minha opinião. Por já ter lido "O tempo e o vento", vejo uma boa evolução do autor ao passar dos anos, ainda que entenda o porquê do seu sucesso ser devido à "Olhai os lírios do campo". É um excelente começo pra quem quer conhecer Veríssimo.
dani 12/09/2021minha estante
Ótima resenha! Preciso reler este livro.




Reccanello 18/09/2021

"Devemos" ser um pouco como as cigarras...
Em um momento da história, Olívia diz que, se nos empenhássemos mais, poderíamos viver, cigarras e formigas, de forma pacífica e mutuamente proveitosa. Como? Ela não diz, mas a leitura do livro e a percepção do modo como Eugênio, espelhado no grande amor de sua vida, vê o mundo podem nos dar algumas dicas. Ainda que isto não seja expressamente dito no livro, Eugênio é um socialista: sua filosofia invejosa, sua exaltação para com os humildes, seu ressentimento para com os que venceram na vida (ele se ressente dos homens que "trabalham com tanta fúria durante todas as horas de sol" sem perceber que a satisfação de seus ideais igualitários e de "justiça social" depende justamente do trabalho daqueles), sua vontade de impor aos outros sua mentalidade covardemente pacifista, tudo isso mostra o coletivista que ele é. E isso fica mais evidente quando, em uma reveladora conversa com o amigo Seixas, ele revela que gostaria que houvesse um punhado de "homens bons" que tomassem a si a tarefa de, com um bem traçado plano, reeducar o homem e lhe melhorar a natureza, ainda que "para os homens sem juízo ouvirem os conselhos dos homens ajuizados seja preciso usar de violência" - ele não percebe, como sói acontecer com quase todo socialista, que o ser humano só é capaz de "ir à guerra, matar e estraçalhar os outros homens" justamente por conta da reeducação que ele, mesmo à força, gostaria de ver implantada: algo que nos faça cada vez menos atentos a nossas individualidades e cada vez mais preocupados com o "bem maior". Fica fácil, então, descortinar a verdade sobre o anseio de Olívia: as cigarras permaneceriam cantando mesmo no inverno, com as formigas as sustentando às custas de seu trabalho.
===
De qualquer modo, e mesmo sendo um dos personagens que mais me causou asco em toda a literatura, há um vislumbre de esperança para Eugênio: ao final, ele percebe que pode "pensar nos outros e fazer alguma coisa em favor deles" sem, entretanto, deixar de lado a simples e individual felicidade de ter sua filha a seu lado.
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Para muitos, a ambientação urbana da história daria margem à abordagem dos efeitos de um capitalismo selvagem sobre a vida das pessoas, mas é exatamente o contrário: ainda que involuntariamente, todo o livro é uma mostra de como uma mentalidade coletivista consegue estragar o que há de bom na natureza humana. E, quanto à obra em si, é interessante notar que, muitos anos depois de a ter escrito e quando de uma revisão, Erico Veríssimo disse que não achava a obra mais tão boa!

site: https://www.instagram.com/p/CT7k1HVLu8F/
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@thaisacsiqueira 17/02/2020

Um dos melhores livros que li na vida.
É absolutamente lindo e nos faz pensar.
É daqueles livros que mudam o leitor.
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