Marcos 29/01/2015Resenha feita por mim para o blog PsychobooksComentários
Sempre fui muito fã de biografias, um gênero que usualmente não é muito lido. Sou mais fã ainda de autobiografias, pois acho que quando a própria pessoa conta a sua vida, ela conta a sua verdade, com seus sentimentos na escrita. Ao ler a sinopse de Vida Roubada fiquei muito instigado com a história de vida de Jaycee Dugard e não consegui sair da livraria sem o livro em mãos.
Vida pregressa
Jaycee Lee Dugard era uma garota de 11 anos que vivia em Anaheim, Califórnia, com sua mãe, sua irmã mais nova e seu padastro. Ela vivia uma vida normal, tendo muitos animais de estimação e livros, sonhando um dia em ser escritora. Carl, seu padastro, não tinha um bom relacionamento com a enteada, sempre a excluindo de todas as atividades da família e ignorando-a em vários momentos. Por isso, o maior sonho de Jaycee era viver apenas com a sua mãe e sua irmã e fazer com que ele sumisse de sua vida.
Numa manhã de junho de 1991, quando ia sozinha para a escola, numa rua deserta e rodeada de árvores, um carro preto e com os vidros escuros parou próximo a ela. Dentro havia um casal que fingia pedir uma informação. Ao se aproximar do carro, Jaycee percebeu que o homem estava prestes a lhe sequestrar e, na tentativa de fugir, acabou caindo e esmagando uma pinha com a mão. Foi a última sensação que ela se lembra do mundo real.
O Sequestro
Logo após o sequestro, Jaycee foi dopada, amarrada e colocada embaixo do banco de trás do carro. Ela não sabia quem eram aquelas pessoas nem o que elas queriam. Quando chegaram na propriedade do sequestrador, Jaycee descobriu que seu nome era Philip Garrido. Em seguida, ele a chamou para tomar um banho junto com ele. Foi a partir dali que Philip demonstrou sua verdadeira intenção.
Pelos próximos 18 anos, Jaycee seria vítima de estupros e manipulações constantes. Colocada num estúdio nos fundos da propriedade, onde quase nenhum vizinho conseguia vê-la, ela era constantemente vítima da violência de seus algozes, principalmente de Philip, que a abusava sexualmente enquanto usava drogas e gravava vídeos dessas sessões. Aos poucos, Jaycee foi se conformando com a sua nova vida e morrendo para o mundo. Nunca imaginou que conseguiria voltar a ver a mãe com vida ou de brincar novamente com sua irmã.
O nascimento das filhas e a volta à liberdade
Três anos após ser sequestrada, agora com 14 anos, Jaycee começou a perceber mudanças em seu corpo. Como não sabia muito sobre sua fisiologia, ela logo foi informada por Nancy, auxiliar de enfermagem e esposa de Garrido, que estava grávida. 3 anos após, ela ficaria grávida novamente, de sua segunda filha. Com isso, ela abdicou de seu nome original e passou a ser chamada de Alissa. Já frequentando a vizinhança local e a família de Garrido, seu medo era tamanho que ela não conseguia dizer às pessoas que tinha sido sequestrada e era apresentada como uma filha de outro casamento.
Quando Garrido foi chamado para comparecer á sua audiência de custódia (ele já havia sido preso anteriormente por sequestrar outra jovem) que duas policiais acharam suspeita a situação de Jaycee e suas filhas e a levaram para um questionamento isolado. Ali toda a farsa foi descoberta e ela pode, enfim, se ver livre de todo o sofrimento que passou.
Considerações
Quando terminei de ler Vida Roubada, fiquei um tempo tentando digerir tudo o que tinha acabado de ler. O livro é forte, sem dúvidas. Muitas cenas são difíceis de serem lidas e de se imaginar que alguém passou por todo aquele sofrimento. Mas o que senti no texto foi que existia algo além daquilo. Era como se o livro tivesse limitado algum fato, ou contado por alto algumas situações. Foi quando pesquisei na internet um pouco mais sobre o caso, que descobri algumas coisas sobre a Jaycee e sobre o seu sequestro. É nítido que, em alguns momentos do livro, ela tentou diminuir um pouco o que os sequestradores fizeram com ela, como se tentasse protegê-los. Não julgando sua atitude, uma vez que diante do medo o ser humano tem comportamentos díspares, mas acho que a manipulação em cima de sua mente foi tão forte que ela acabou por criar neles dois um mito e não conseguia superá-los. Suspeita-se, inclusive, que ela desenvolveu a síndrome de Estocolmo, em que o sequestrado acaba se apaixonando pelo sequestrador. No mais é uma leitura forte, daquelas que nos fazem refletir bastante.
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