Resenhas - O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araujo

arthurzito 09/01/2024

Este foi o livro que escolhi para representar Cabo Verde no meu projeto de leitura. Inicialmente, não tinha grandes expectativas em relação a esta obra, mas decidi encará-la mesmo assim. É bastante desapontador terminar uma leitura com a sensação de que não há muito a dizer sobre o livro, sendo realmente desconfortável. Como acontece com todas as leituras escritas em português de Portugal, senti nas primeiras páginas o desconforto causado pela diferença na língua. No entanto, após superar esse obstáculo, deparei-me com o desconforto de uma obra chata e monótona.

A narrativa gira em torno da vida de Sr. Napumoceno, um comerciante importante em Cabo Verde. O livro começa com a notícia de sua morte, mais especificamente com a leitura de seu testamento. O que chama a atenção é o tamanho do documento, com pouco mais de 200 páginas, levando o leitor a pensar que se deve à quantidade de bens, mas não é o caso. Também não se deve à excentricidade do falecido; para mim, é mais evidente a falta de atenção que ele recebeu em vida. O documento aborda mais sobre a vida do comerciante do que suas disposições finais. O livro não segue a leitura do testamento, mas utiliza-o como guia para contar a vida de Sr. Napumoceno, indo e voltando em certas passagens. Não considero uma vida tão interessante a ponto de justificar um testamento e um livro tão extenso.

A única coisa que me agradou foi a narração. Gostei muito da construção inicial do livro, mas, infelizmente, a leitura se perde um pouco e o leitor acaba se perdendo junto, na minha opinião.

Milley @meuslivros_minhavida 09/06/2021

📚 Minhas impressões:
O Sr. Napumoceno deixa em diários o seu testamento e conta sua história de vida desde quando chegou em Cabo Verde.

Ele foi um homem muito esperto ao ponto de chegar sem dinheiro e descalço e construir sua empresa e ser um homem bem sucedido.

Apesar de ter tido casos ele não chegou a se casar mas queria muito e vemos ele contar o seu amor que não pode vive-lo.

Estão curiosos ? Apesar de ser um clássico e estar em português de Portugal te garanto que não é difícil de ler.

Eu gostei bastante apesar de ter uns pontos que não gostei mas enfim, é uma leitura super valida.

E olha que como vocês sabem eu não leio clássicos, mas estou querendo muito ler mais livros clássicos.

Literary Dust 28/05/2021

Esperava mais
Esse livro é bem pequeno, pois ele tem um pouco mais de 100 páginas, mas não me agradou em nada, mesmo sendo 100 e poucas páginas, eu não consegui me prender a essa leitura, a história foi arrastada pra mim, não consegui me apagar a nada e a nenhum personagem, o livro não tem divisão nenhuma, fazendo assim a leitura se tornar confusa em certos momentos, infelizmente esse livro não me agradou em nada!

Marina.Castro.F 24/05/2021

Uma história um pouco cansativa
A leitura é válida por ter sido uma experiência interessante ter lido um escritor de Cabo Verde, no português do país. Achei o estilo de escrita do autor bom, gosto quando os diálogos não são separados do texto e dependem do entendimento do leitor, apesar de, em alguns momentos, esse recurso se tornar um pouco confuso. A história, no entanto, não me agradou. Não consegui me apegar a nenhuma das personagens, e achei a história um pouco arrastada e sem muitas emoções no enredo.

beatriz 14/05/2021

O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo é um livro emblemático. A obra nos traz o retrato de um personagem excêntrico, marcado por manias, teimosia, orgulho e fragilidades. O Sr. Napumoceno deixa seu testamento de centenas de páginas de modo curioso, contando, com até muitos detalhes, acontecimentos de sua vida e justificando a distribuição de seus bens. Ao seu sobrinho, que trabalhava com ele diariamente, deixa apenas um velho pardieiro; à filha que teve com sua secretária, e que até então ninguém sabia de sua existência, deixa a maior soma de sua fortuna.

Esse livro me fez sentir o misto de sentimentos que não sei explicar muito bem, e por isso mesmo descrevo a obra como emblemática. O autor escreve um personagem que é, sobretudo, humano. Sr. Napumoceno é um homem orgulhoso, coloca suas opiniões acima dos outros; seus atos de bondade são um mero reflexo da culpa que sente; é metódico em tudo que faz, na sua higiene bucal, nos seus relacionamentos amorosos até na escrita de seu testamento. Ele é, para mim, um retrato muito claro do “cidadão de bem”, que vive através de sua própria moral distorcida.

O que me toca negativamente nessa obra é a cena em que é contado sobre como o Sr. Napumoceno fez sua filha em seu escritório. Primeiramente, o Sr. Napumoceno tem questões um tanto quanto freudianas com saias verdes, o que me incomodou (e também me deixou instigada). Mas o principal problema está no fato de que o ocorrido foi um abuso, a descrição daquele momento me deixou muito incomodada justamente pois parecia não ser desejo dela estar ali; e esse fato não é discutido em nenhum momento posterior da obra.

O livro, para mim, fica um pouco melhor no final. De maneira geral, não consigo ignorar os fatores negativos supracitados e o fato de que o personagem é uma representação de algo que eu não gosto. Mas uma coisa que eu gosto é como a gente (ou talvez só eu) passamos a obra inteira vendo o Sr. Napumoceno como esse personagem rígido, metódico, orgulhoso, etc., para nas últimas páginas nos depararmos com uma pessoa real, que está vivendo as dores da velhice e da solidão. E acredito que a vida seja exatamente sobre isso, somos ruins, erramos, mas também somos frágeis, e sofremos.