Canudos - Diario De Uma Expedição

Canudos - Diario De Uma Expedição Euclides da Cunha




Resenhas - Canudos - Diario De Uma Expedição


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Alberto 26/12/2021

Acessório útil para quem leu "Os Sertões", e ninguém mais
Remeto o leitor à minha resenha de "Os Sertões". Este livro é uma espécie de anexo da obra maior de Euclides, e só interessa aos fãs dele e aos leitores e estudiosos d'Os Sertões. Como leitura independente é uma chatice: uma coleção de anotações de um diário de campo escrito quando não estava acontecendo nada de muito interessante. Alguns dos textos são claramente rascunhos de passagens que se lê n'Os Sertões em forma aprimorada. Para quem leu "Os Sertões" e quer saber mais sobre os fatos, o autor ou a história do livro, este "Diário" é precioso. Permite perceber a evolução do pensamento/sentimento do autor. O Euclides que escreveu o Diário não parece a mesma pessoa que escreveu "Os Sertões", e perceber a metamorfose que a experiência causou no escritor ajuda a por em contexto a história de Canudos.
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Vânio 06/12/2009

Livro ''Canudos — Diário de Uma Expedição"

Livro-reportagem do imortal Euclides da Cunha (nascido a 20 de janeiro de 1866 e assassinado tragicamente a 15 de agosto de 1909), Canudos — Diário de Uma Expedição fora publicado postumamente em 1939 como o vol. 16 da Coleção Documentos Brasileiros da Livraria José Olympio.

Essa obra nos permite confrontar o diário de guerra do escritor e a obra definitiva d' Os Sertões, lançada em 1902. Após a publicação de dois textos sobre a Campanha de Canudos em O Estado de São Paulo, Euclides recebe convite para acompanhar o Estado-Maior do Marechal Bittencourt, então Ministro da Guerra, como correspondente do jornal; e segue em 1897 para o recinto da luta, no sertão baiano, onde faz a cobertura dos acontecimentos finais daquele conflito, juntando assim rico material jornalístico/literário, que seriam a base, a matéria-prima para a publicação do maior clássico da literatura brasileira: Os Sertões.

Os artigos publicados n' O Estado de São Paulo , bem como telegramas e cartas escritas pelo escritor diretamente da Bahia dando notícias do andamento do conflito, e ainda notas de sua caderneta de campo, fazem parte de Canudos — Diário de Uma Expedição.

Graças às anotações e à coragem do jornalista Euclides da Cunha, tomamos conhecimento do massacre violento e covarde do poder sobre o homem do sertão; relato que se tornou um vivo retrato da violência contra o sertanejo, a força que se impunha em nome da recém instituída República. Euclides consegue como ninguém fazer de sua literatura um instrumento da verdade.

Canudos — Diário de Uma Expedição é portanto de leitura obrigatória para todos aqueles que aceitam o emocionante desafio de conhecer a obra euclidiana. Recomendo ao jovem leitor menos experiente que comece lendo primeiro Canudos — Diário de Uma Expedição e, depois, Os Sertões, pois um complementa o outro. E como já dizia Paulo Dantas, escritor premiado, autor de várias obras, dentre elas Antologia Euclidiana: "Precisamos, porém, derrubar os mitos, todos os mitos, pois em cultura não se admitem mitos, mas símbolos. E um dos mitos que precisamos derrubar é que para se entender ou ler bem Euclides torna-se necessário ter ao lado um dicionário". Engana-se quem assim pensa! "Temos, porém" — diz ainda Paulo Dantas, "de levar em conta que a obra euclidiana é um produto típico de um estilo concebido numa época onde o escrever difícil era moda. Não fora isto teríamos Euclides hoje mais entendido e amado por todos, principalmente pelos jovens leitores das nossas escolas ou universidades". E um bom começo para conhecer a obra euclidiana (principalmente Os Sertões ) é a leitura de Canudos — Diário de Uma Expedição. Eu o recomendo.

E concluo esclarecendo que o grande Euclides da Cunha também escreveu outras obras: À Margem da História, Contrastes e Confrontos, Peru versus Bolívia, e ainda alguns poemas, hoje reunidos num pequeno volume intitulado Ondas.

Boa leitura!


Resumo publicado nos sites:

http://pt.shvoong.com/books/historical-novel/136611-livro-canudos-di%C3%A1rio-uma-expedi%C3%A7%C3%A3o/

e

http://ponderacoes.spaceblog.com.br/203927/Canudos-Diario-de-Uma-Expedicao-de-Euclides-da-Cunha/
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z..... 08/08/2016

A obra soma detalhes ao clássico "Os Sertões" em percepções sociológicas e históricas. O texto é resumido e, comparativamente, menos elaborado. Razão que se justifica em serem relatos jornalísticos escritos no desenrolar da história. Notas.
Vemos a valorização do exército, o olhar discriminatório sobre Canudos e detalhes adicionais ao cotidiano. Essa é a caracterização.

Em relação à valorização do exército, Euclides cita nomes, descreve suas dificuldades e sofrimentos, além de referenciar heroísmo em mortes com brados de exaltação à República. O texto é muitas vezes poético, com evocações comparativas aos gregos e bandeirantes pela valentia. Em resumo, são dignos representantes da pátria. Pontos que ressoaram positivamente nos jornais da época. Ressalte-se que o autor era também militar.

Essas colocações tomam vigor favorável também com um retrato parcial e pejorativo dos sertanejos. Euclides fez reduções preconceituosas. Além da referência a inimigos, adversários e fanáticos (presentes em "Os Sertões"), nessa obra são usados termos como "entes dos mais diversos gêneros antropológicos", "aldeia sinistra" e "povoado maldito".
Acredito que o autor retratou o sertanejo apenas na descrição e impressão que teve, com parcialidade, sem verdadeiramente mostrar a sua alma e com uma definição preestabelecida, haja vista as reduções a que o sujeitou.

O ponto alto do livro está no detalhamento de algumas histórias, presentes ou não no clássico.
Histórias como a marcha dos soldados pelo sertão, enaltecida no olhar do autor. Euclides cita a passagem por uma igreja onde presenciou uma missa. A simplicidade do povo e ardor da fé o impressionaram, transformando-se em reflexões comparativas à realidade das metrópoles.
Em outro momento é descrita a chegada do exército aos arredores de Canudos, onde o autor a contempla de um monte e tece considerações. Não era o caso de, a exemplo da experiência na igreja, ocorrer uma reflexão sobre a realidade de sofreguidão? Não lhe instigava uma questão sociológica e humanitária, de luta de sobrevivência? O que se segue é um texto de descrição essencialmente orgânica, materialista, desumanizado nas percepções. Não se trata da simples descrição do local (comparativamente terrível à realidade das metrópoles) mas da descrição e relato frio do inimigo. Em paralelo aos bravos e dignos soldados da República, havia "o povoado maldito" com "entes antropológicos diversos"...
Deve ser considerado, nessa percepção, que o país era uma jovem República se estabelecendo. A história, na concepção mostrada, trouxe valorização dessa pátria, ao colocá-la em luta contra um inimigo. E que inimigo cruel, hein...
A força das palavras trouxe o aval e motivações necessárias ao governo para a aceitação pública de suas mobilizações e intentos.

Outro relato que chama atenção está em uma relação de ajudadores do Antonio Conselheiro, uma percepção ausente no clássico, além de fatos extras à sua biografia. É relatado o descontentamento religioso que havia entre as autoridades eclesiásticas e ele tem descrição que beira uma imagem bestial, ridicularizada e menosprezada. Euclides ressalta a liderança severa, dando exemplo de um caso em que mandou matar um desafeto com toda sua família.

O cerco da cidade é também um texto dramático, com inúmeras tentativas dos sertanejos de chegar até o rio Vaza Barris após estarem cercados e desprovidos de água por três dias.

A obra reconta também o episódio dos doze jovens contra a "matadeira". Uma história audaciosa e cruel em seu findar.

Impressionou-me a descrição da entrada do autor no arraial rendido. Tive sensações diferenciadas. No clássico, Euclides parece entrar em uma cidadela destroçada (o que é verdadeiro) mas com ares desertos. Há relato de mortos e moribundos no geral. Neste livro ele encontra sertanejos rendidos, em condições terríveis, e a impressão é como a de contemplação de um campo de concentração. O autor foi enfático e mítico no derradeiro momento dos soldados, enquanto que seu olhar sobre os sertanejos é essencialmente orgânico, sem contemplação da alma na chocante condição em que os encontrou. Era o inimigo enfim derrotado...

Por essas e outras é um livro instigante. Revelador de uma história ainda muito desconhecida e materializada em percepções diversas. Minha releitura foi assim e, dessa vez, foram as coisa que consegui ver, com seus enganos e acertos.
z..... 18/08/2016minha estante
O relato da entrada do exército na cidade está relacionado às impressões do autor e relatos coletados, pois havia se retirado cerca de 2 a 4 dias antes desse evento por questões de saúde.




Damien Willis 18/01/2017

Termino a leitura do diário de Euclides da Cunha que, nesta versão da Martin Claret, inclui nos rodapés telegramas enviados ao O Estado de S. Paulo. Estranhei o findar e após busca na internet descobri e relembrei que Euclides não esteve presente ao final da guerra. Termino a leitura do essencial com admiração ao escritor, mas com ceticismo quanto a veracidade de certas informações, que devem ser reveladas e melhor explanadas em Os Sertões e em obras de outros autores da época.

É admirável a forma como Euclides descreve a geografia e vegetação do sertão. É o que lemos na apresentação e que resumo aqui: Euclides é científico, mas poeta acima de tudo. Eu poderia ainda elogiar a descrição das cidades e do povo, mas aqui cabe uma ressalva: em momentos a gente se deixa levar pela beleza de suas palavras, enquanto que em outros ficamos estarrecidos com um certo preconceito - características essa que podemos "passar um pano" e dizer algo como "comum à época".

Por ser um diário a leitura é um tanto enfadonha e evidencia a repetitividade, sobretudo porque insisti em ler todos os telegramas presentes nos rodapés, mas é uma aula de escrita, de sensibilidade poética, espírito científico e de respeito ao Brasil que todo brasileiro deveria ter contato um dia. Apesar disto, em certos momentos, rebaixa tanto os jagunços à um nível de sub-humanos que "guerreiam apenas por serem fanáticos religiosos" e engrandece os militares e a República como entidades inquestionáveis que me causaram um certo desconforto, como se fosse apenas uma luta entre o bem contra o mal, sem se aprofundar no contexto que originou tudo isso - ainda que a metodologia de Antonio Conselheiro e seus seguidores fossem consideradas incompatíveis com um mundo civilizado.

Ainda sobre o aspecto poético e científico, o que deveria ser enfadonho passa a ser atrativo: as descrições geológicas, geográficas, climáticas, zoológicas e botânicas sobre o sertão - e ainda inclui-se as descrições étnicas, mas neste caso é bom termos cautela. Um documento para se conhecer o sertão e seu povo de 1896.
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Elisabete Bastos @betebooks 27/07/2018

Diário
Euclides da Cunha pauta em diário (período 7 de agosto a 1º de outubro/1897 e telegramas) da quarta expedição do Exército para combater e aniquilar Canudos, uma aldeia no qual Antônio Conselheiro era o guia espiritual desta e taxado de monarquista.
O autor o denomina como " a figura do líder mistificada e temida, dava ao arraial a qualidade de Meca dos jagunços", " o mais sério inimigo das forças republicanas. Canudos é comparado a Vendeia da Revolução Francesa.
Há o retrato da terra, das plantas, do tempo, da forma do jagunços lutarem de forma combativa e ardente no diário.
Tombaram a aldeia em 6 de outubro de 1987.
O próprio autor fica espantado com a força dos jagunços em lutar em resistir tanto, ficaram sitiados sem água, suprimentos....
É impressionante a leitura.
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