Mutilada

Mutilada Khady




Resenhas - Mutilada


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Letícia 11/03/2020

"Mutilada" é a biografia de Khady Koita, uma ativista senegalesa que luta contra a mutilação genital de meninas junto à ONU. O livro é curto, mas seu conteúdo é muito impactante. Ele aborda alguns aspectos culturais do Senegal, onde Khady nasceu e cresceu, e de outros países africanos após se casar muito jovem e se mudar para a França. A resenha com spoilers pode ser encontrada no meu blog (link abaixo).

site: https://desafiolivrospelomundo.wordpress.com/2020/03/08/senegal-mutilada-khady/
Margô 17/04/2021minha estante
Está na minha lista.




Duda 07/02/2023

?????
A história da khady é muito triste e o que ela fez em realmente a isso é extraordinário, espetacular. É lindo ver que o trabalho de khady e outras mulheres como elas não foram totalmente em vão e a cada dia estamos mais mais na luta para os direitos das mulheres. Infelizmente ainda existem países em que crime contra as mulheres sejam categorizados como cultura ou tradição mas nunca recuaremos e sempre lutares. Em nome de khady, em nome das mulheres africanas, em nome das mulheres!
Leiam, é totalmente necessário
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LissBella 20/06/2011

“Enquanto meus pés me levarem, eles transportarão a mensagem das mulheres africanas torturadas e humilhadas”.
A autora conta no livro sua própria história, e o faz de forma surpreendente.

O livro nos permite conhecer não só a vida de Khady, mas um pouco da cultura africana e de suas tradições. Explica como é, e o porquê da prática da excisão clitoridiana, além de falar um pouco da vida de imigrantes africanos em países europeus.

Grande parte de sua infância Khady passou com os avós, até quando aos 7 anos passa pela ‘purificação’ que nada mais é do que a mutilação do clitóris da menina que está entrando na pré-adolescência. Ao narrar este fato, ela me comove ao escrever: “os uivos que eu soltei me ressoam ainda nos ouvidos. Eu chorei, gritei”... “é uma dor que eu nunca consegui definir. Nunca conheci nada tão violento ao longo de toda minha existência”.

Embora um tanto sofrido e dramático, não é um livro pesado de ler, mas claro, que de fortes reflexões.

Depois da excisão a vida da menina transcorre quase que normalmente, até que aos 13 anos é pedida em casamento e aos 14 se vê casada com um primo que não conhece e prestes a ir embora do seio da família para seguir um homem que se quer escolheu, ou teve tempo de tentar amar. Com 18 anos está grávida do terceiro filho e com menos de 20 anos de idade, ela já tem 4 crianças e uma história de vida digna no mínimo de apreciação.

Em alguns momentos não sabia ao certo o que sentir... raiva, revolta ou solidariedade... dor até... dor pela dor do próximo.

Alguns trechos marcaram muito pra mim...

“...eu fiquei ali, chorando como um animal doente”.

“O sonho comum de todas as garotas na África, como em todos os lugares, continua sendo encontrar o príncipe encantado... Eu também tinha sonhado. E agora chorava a infância perdida, a adolescência amputada. Eu chorava, sem confessar a mim mesma, pela ausência do príncipe encantado. Um marido terno e atencioso, que não teria forçado, à noite, a suportar a sua presença”.

Um livro no mínimo, surpreendente!

Recomendadíssimo!!!
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gaby 08/02/2024

é difícil descrever como foi a leitura desse livro, mas ele me fez sentir tudo
raiva, tristeza, ânsia, dor
senti cada palavra me perfurar enquanto seguia a leitura incapaz de parar, incapaz de escapar
eu precisava terminar, precisava ter coragem de saber mais sobre a vida dela, fico muito feliz de saber que ela conseguiu reconstruir a vida, mas a denúncia dela nunca poderá ser invalidada
todo o sofrimento que ela passou, precisamos lutar para que ele não aconteça a mais nenhuma garota sequer, nem mais uma!
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Darina 20/05/2012

Um dos primeiros livros que eu li por vontade própria, e a mensagem que ele me deixou foi que, devemos ser persistente e ter força de vontade e de viver até o último instante. É um livro que me emocionou bastante por ser uma história real, enfim, vale muito a pena ler, apesar de ser bastante triste, o final vale pelo o livro todo!
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Ana 13/02/2014

Dores físicas e na alma
É impossível para o leitor ficar impassível diante do relato das dores físicas e psicológicas pelas quais passou Khady. Durante o relato de sua história, ela mostra que a excisão e os costumes ligados à prática deixam marcas pra sempre nas mulheres, forçadas a viverem casamentos arranjados e a servirem como verdadeiras e simples parideiras.

Um livro que nos abre a cortina e mostra o sofrimento de mulheres simples, analfabetas e infelizmente resignadas a viverem uma vida de eterna angústia.
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Lara 30/06/2014

A dor que sentimos juntas
Creio que esta seja a primeira biografia que leio. Acabei de ler, agorinha mesmo, uma edição em português (pt).
Khady Mutilada (2006) acompanha a vida de uma mulher africana e muçulmana nascida no Senegal em 1959, excisada aos 7 anos, forçada a casar, emigrar para a França nos anos 1970 e ter filhos, ela não teve direito à infância, adolescência, ao seu corpo ou a viver sua sexualidade.
É impossível não ser tocada por um relato tão duro, não pela escrita, mas pelo que nos conta. Na vida de Khady não é discutida apenas a condição e a violência sofrida pela mulher, mas o poder de isenção de um crime justificado pela tradição, que demorou a ser punido como crime até mesmo na França, que, apesar de proibir a excisão, não condenava os praticantes muçulmanos por exceção cultural. A poligamia, utilizada como fonte de renda (ter várias esposas e vários filhos para receber subsídios do governo francês), a coisificação da vida humana.
"Eu fui uma dessas vítimas. Naquele fatídico dia, o meu destino foi posto em marcha. A engrenagem era inevitável: mutilação na infância, casamento antes da adolescência e gravidez antes da idade adulta - eu nunca conhecera outra coisa que não fosse a submissão. É isso que os homens querem, para prazer deles, e o que as mulheres perpetuam, para infelicidade delas.
(...)
A palavra 'orgasmo' nem sequer existe na minha língua. O prazer de uma mulher é um assunto não apenas tabu, mas também ignorado. Eu nunca tinha ouvido pronunciar essa palavra. A primeira vez que uma mulher a utilizou à minha frente, corri para a biblioteca para a procurar nos livros. E, realmente compreendi aquilo que nos faltava. Tendo aquela mutilação sido praticada na infância, queriam-nos fazer crer que tínhamos nascido assim mesmo. Privaram-nos do prazer para nos dominar, mas não nos privaram do desejo."
Atualmente é presidenta da Rede Europeia de Luta Contra a Mutilação Genital.
Recomendo muitíssimo o livro, é tocante, bem escrito (as partes em que ela fala sobre o Senegal, eu consegui sentir o calor, as cores e o sabor), saber a verdade é importante.
É quase inacreditável que tanta força brote depois de tantas intempéries. Khady, você é linda e forte!
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petite-luana 03/12/2015

Khady é uma mulher senegalesa que, em nome da tradição cultural de sua aldeia, foi excisada aos 7 anos, forçada a casar e em detrimento deste casamento emigrou para a França no início da década de 1970. Em "Mutilada" Kadhy conta sua história, e ao contá-la, conta também a história de milhares de mulheres africanas, o foco do livro é relatar as sequelas físicas e emocionais da mutilação genital feminina, a autora expõe as motivações dessa tradição barbárie que priva as mulheres de vivenciarem a sua sexualidade, e descreve como a prática ocorre e como se tornou proibida em diversos países. No decorrer da narrativa a autora também apresenta a realidade do imigrante africano (neste caso, na França, até meados da década de 80), os nuances da cultura em seu país de origem e as diferenças quando se encontram em outra nação, assim como a realidade social dessas pessoas que, em nível de pobreza e ilegal no país, precisam sobreviver com baixos salários e pouca oferta de trabalho. Kadhy relata ainda sobre o papel social da mulher em sua cultura, a condição da mulher dentro da poligamia e da instituição do casamento, traz em seu relato a crítica à submissão feminina em muitas tradições africanas e a forma como a mulher tem pouca ou nenhuma autonomia em suas próprias vidas e na criação de seus filhos. Faz também graves e importantes denuncias sobre a exploração sofrida pelas mulheres africanas imigrantes, que servem como fonte de renda para seus maridos, seja trabalhando e dando todo o seu salário para ele, seja tendo vários filhos para receber subsídio do governo francês. O livro é um grande relato sobre as experiências de Kadhy e como se tornou uma militante junto a ONU pelos direitos das mulheres, é uma biografia que emociona pela sinceridade com que é contado os dolorosos fatos, trazendo também um misto de indignação e choque diante da realidade deles.

"Atualmente, as mutilações genitais femininas são praticadas em trinta países africanos, mais particularmente no Egito, no Mali, na Eritréia, na Etiópia, na Somália... (...) Estimam-se as vítimas em cento e quarenta ou cento e cinqüenta milhões no mundo. Quase duas vezes e meia a população da França." (KHADY. Mutilada. Rio de Janeiro: Rocco, 2005, p.164).
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Erika 10/05/2017

Esse livro é um documentário sobre a vida da autora, Khady. Sobre o que ela passou durante sua infância e adolescência, e no que isso interferiu em sua vida como mulher, explicando quais foram as consequências e traumas resultantes.

Você sabia que em todos os anos, cerca de 2 milhões de meninas africanas sofrem graves mutilações em seus órgãos genitais? Essa prática ABOMINÁVEL e justificada pela "cultura", chamada excisão ou circuncisão feminina, vem sendo adotada há muitos anos em países árabes e africanos, e atualmente, sendo espalhada pelo mundo através de fluxos migratórios.

Aos 7 anos de idade, a senegalesa Khady passou por essa prática dolorida, e nós acompanhamos suas memórias através de seu relato triste. A autora não pode escapar das tradições de sua cultura. Em certa passagem forte desse livro, ela tenta nos passar os sentimentos que a acometeram durante a prática da excisão. Como a dor foi insuportável, como os gritos rasgavam sua garganta para tentar sufocar o sofrimento.

Atualmente, a autora é uma ativista política que se opõe a esse ato cruel contra as mulheres. Ato esse que priva o prazer e, em muitos dos casos, acaba matando milhares de jovens que não podem fugir de seus destinos.

Indico fortemente esse livro, que é uma série de socos no estômago. Ele é pra te chocar e fazer enxergar uma realidade, que para nós, mulheres ocidentais, muitas das vezes é desconhecida.

site: https://literaturativa.wixsite.com/blogfolheando
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Elisabete Bastos @betebooks 06/07/2018

As marcas psicológicas
A narrativa é uma catarse de Khady, senegalesa, criada em família polígama com várias mães e avós. Foi designada avó Fouley, a segunda esposa do seu avô que não tinha filhos.
Aos sete anos ela e outras meninas foram "purificadas", ou seja, .... "duas mulheres me agarraram e arrastaram para o quarto. uma atrás de mim, me segura a cabeça me seus joelhos esmagam meus ombros com todo o peso deles para que eu não mexa ...e uma ferreira com uma lâmina de barbear, comprada pela família, usa para retirar o clítoris. Ela teve uma semana de curativos, emplastros e preces e foi cicatrizando a ferida. Khady arrasta os sete anos para a sua vida com o marco da excisão , da morte de sua avó Fouley, o inicio das aulas. O tempo parou na mente... As páginas se arrastam muito para que Khady troque de idade. Ela se casa com 13 anos e meio com um primo que morava na França e apressa o casamento, pois tinha um mês de férias no Senegal. É consumado o casamento. Em 1975, Khady vai sozinha para França morar com seu marido que a espera no aeroporto.
Com dezesseis anos teve sua primeira filha Mouna (1976), veio a segunda filha Kiné (1977), a terceira filha Abi (1978), o quarto filho, Mory (1980) e quinta filha Binta (1985). Em 1985 seu marido se casa com uma segunda mulher de 15 anos de Senegal, que chega em 1986.
A vida de Khady para sustentar a casa e os filhos era intérprete, costureira, voluntária para ajudar outras africanas em Organizações, frequentou cursos para aperfeiçoar o francês, fez cursos.
As suas duas filhas Mouna, dois anos e Kiné, com dezoito meses foram "purificadas" na França feito pela prima ferreira que tomava conta das crianças, enquanto Khady estava hospitalizada na terceira gravidez, fl. 85. A reação de Khady ao saber da extiparção do clitóris de suas filhas pequenas é de aceitação e seria a sua escolha natural segundo ela, fls. 85.
A sua filha "Abi nasceu em dezembro de 1978 e ela aceitou que a cortassem também, quando o bebê mal completera um mês. ..." fls. 86
Khady só começa a se questionar sobre excisão quando na França a imprensa anuncia a morte de uma pequena maliana excisada na França.
..."A lei que proíbe a excisão no Senegal data de 1999."... fls. 87
O Governo Francês pagava os salário família ao pai. Que gastava como bem entendesse, A mulher quando trabalhava dava o seu salário para o marido. Khandy começou a se revoltar e não queria dar o seu dinheiro ao marido, Esta era um motivo para brigas, bem como, ele buscava sexo e não queria recusas. Quando ele soube que ela tomava pílula anticoncepcional a chamou de puta. Aliás, após a quinta filha ela colocou DIU. A relação abusiva que vivia se prolongou na França e piorou com a chegada da segunda esposa. A intervenção de familiares na França a favor sempre do seu marido e de que ela deveria obedecê-lo.
... "Sou uma mulher má, uma puta, desde o dia em que descobriu na minha bolsa as famosas pílulas.
-O que é isto aqui?
-Remédios!
-Ah sim!... Vocês mulheres, é isto o que tomam para não ter mais filhos, e para andar atrás dos homens! As mulheres que tomam pílulas são putas!..." pag. 100.
A segunda filha Kiné teve um acidente fatal foi atropelada e veio a falecr o que deixou Khandyer com depressão.
Khady com a Assistente Social conseguiu colocar os salário maternidade em seu nome, graças a ajuda de uma africana que escreveu que ela residia com suas filhas na casa dela. (mentira, que obteve o salário).
Conseguiu pedir o divórcio e a Seguridade Social da França obteve um apartamento que pode morar com os filhos. Depois conseguiu que sua família desfizesse o matrimônio. Que é apenas verbal.
Em 2002, Khady assumiu a presidência da rede européia para prevenção das mutilações genitais (EuroNet-FGM).
Está em constantes viagens e conseguiu refazer em termos amorosos, eis que tem um companheiro.
"Atualmente, as mutilações genitais femininas são praticadas em trinta países africanos, mais particularmente no Egito, no Mali, na Eritréia, na Somália... fls. 164.
....Infibulação ...cortar tudo: não sobra nada do sexo da menina. Nem clitóris ne lábios, nem grandes lábios. E a pobre criança é inteiramente "recosturada". Sexo fechado contra qualquer intrusão que não seja a do futuro marido que vai deflorá-la no casamento. Deixam-lhe apenas um minúsculo orifício para suas necessidades naturais. ... fls. 154.
Em resumo: uma menina excisada aos 7 anos, casada na adolescência pela vontade do pai, com um homem analfabeto, grosso, machista, procriando várias vezes e submissa totalmente ao seu dono. Mas, o que é alarmante que Khady, falando francês, com conhecimentos acima da média dos africanos, sem perceber suas marcas psicológicas a fazem refém num país distante de Senegal, com leis de proteção, mas ela atendia a pressão dos familiares africanos na França e de Senegal. Como estão suas filhas excisadas ainda na primeira fase da infância?


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