Quando Falar É Fazer

Quando Falar É Fazer Juarez Nogueira




Resenhas - Quando Falar É Fazer


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Paty 05/12/2012

Ótimo livro! Tenho uma filha de 6 anos iniciando a alfabetização e leio com ela sempre. Além do ensinamento às crianças, as ilustrações encantam por sua beleza e cores. Recomendo.
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Heidi Gisele Borges 18/01/2012

Resenha + Entrevista com o autor
O título do livro escrito por Juarez Nogueira mostra o grande desafio que propõe: ao invés de somente falar, tentar fazer algo concreto.

Quando Falar é Fazer (Gulliver Editora) é dedicado principalmente às crianças, um livro de 24 páginas ricamente ilustradas por Elton Caetano, com cores vibrantes que chamam a atenção dos pequenos e dos grandes que gostam de uma boa leitura independente da faixa etária.

Neste novo livro o leitor acompanha as diferenças entre quem somente fala, quem fala e faz e quem faz, este último é aquele que não precisa contar a todos, enfim, há muitas formas de principalmente colocar algo em prática, um exemplo que dou pode ser como ler um livro e até escrevê-lo ou quem sabe incentivar alguém a ler.

Conheci o autor Juarez Nogueira através do livro O Menino Alquimista, que já mostrava sua paixão por histórias para crianças e jovens, e nenhuma das duas é escrita de qualquer forma, ele sabe respeitar a inteligência dos leitores e instigá-los ao novo, ao desconhecido, à magia.

E quem fala também faz acontecer, como:

“Quando você diz: por favor, com licença,
Muito obrigado, por gentileza
E fala de tudo com cuidado
Essas palavras, com certeza,
Fazem ver que você é educado”

O poder que a palavra tem é muito grande, e maior ainda quando colocada em prática, boas ações são mais fortes se tiradas do papel, da cabeça, e tornadas reais, concretas.

Esta pequena grande obra pode divertir os pais e os filhos, de forma conjunta, o que é mais um modo de tornar com palavras e gestos uma ação verdadeira e boa.

Entrevista com o autor:
Mundo de Fantas: Como foi escrever "Quando falar é fazer", conte-nos o processo e as inspirações.

Juarez Nogueira: Ih... pensei muita coisa na elaboração da obra. O tema vai longe, é bíblico... No princípio era verbo... Fiat Lux, e fez-se a luz. A filosofia também trata amplamente da questão. John Longshaw Austin, no livro How to do things with the words (1962) debateu bastante sobre as maneiras como são usadas as palavras para elucidar seus significados. Para ele, nossos atos seriam felizes ou infelizes, considerando o ato de falar e as circunstâncias em que as palavras são ditas. Li Austin e meu livro surgiu de uma brincadeira: vieram os primeiros versos como uma charada: “Quando falar é fazer? / Quando fazer é falar? / Quem souber responder / Faz a pergunta calar”. Aí fui jogando com as palavras e fiz o livro. Quis fazer algo educativo, com a ideia de que falando fazemos coisas, mesmo que não se tenha consciência disso. O que fazemos quando queremos expressar algo? Falamos. Além da fala, muitas outras atitudes mostram o que pensamos e sentimos, como também fala-se muito e faz-se pouco. Basta ver os políticos que prometem e não cumprem. Então, quando falaram que iam fazer, mas não fizeram o que prometeram, ainda assim fizeram: falaram mentira. É preciso estar atento a isso. Passa por aí também o valor da palavra, a preocupação não só com a palavra propriamente dita, como representação das ideias, mas da palavra empenhada, o compromisso. A palavra é um penhor. Quis chamar atenção para esses aspectos com um texto para gente de 8 a 80. Vejo pessoas, crianças já muito envolvidas com gadgets, com a tecnologia. Às vezes fico pensando que há muita comunicação e pouco entendimento. José Saramago polemizou um tanto quando disse do Twitter: “Os tais 140 caracteres refletem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido”. Exagero ou não, o fato é que estimula a pensar a linguagem, o uso da palavra. Tem no livro um lado lúdico também: o poder da palavra. Veja que nos contos fantásticos não basta ter uma varinha mágica. Ela é importante, mas é a palavra que determina o feitiço ou encantamento. É preciso dizer “Abracadabra” ou outra. Harry Potter, o bruxinho, tem que apontar a varinha e dizer “Reparo” (o nome do feitiço) para consertar objetos quebrados. Em Ali Babá e os Quarenta Ladrões a gruta do tesouro abre-se quando Aladim grita “Abre-te Sésamo”. Por esses exemplos já dá para entender que a fala pode ser mais que uma representação do pensamento, com ela podemos afirmar, negar, prometer, nomear, seduzir, escolher, ofender, elogiar, acarinhar, enfim, fazer uma infinidade de coisas.

MdF: Deixe dicas de leitura, que tenham a ver com o assunto do livro e outros que achar importante indicar para seus leitores.

JN: Li para as crianças da escola onde leciono o livro O Pote Vazio, de Demi, elas adoraram. De simplicidade e beleza pungentes, conta a história de Ping, um menino que vive um grande fracasso que vê transformar-se em triunfo quando tem sua honestidade recompensada: falar a verdade faz dele um rei. Sugiro como leitura também a obra de J.L.Austin, sobre a filosofia da linguagem e dos atos de fala. Gosto muito e releio sempre o livro As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino. Tal como Scherazade das Mil e uma noites que contando histórias faz o sultão poupar-lhe a vida e apaixonar-se por ela, a obra de Calvino me sugere que entre a fala e o pensamento há cidades invisíveis, que simbolizamos e concretizamos em atos e palavras com que marcamos nossas impressões, presenças e ausências no mundo.

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Mundo de Fantas no mundo dos livros
http://mundodefantas.blogspot.com/
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