O Julgamento de Páris

O Julgamento de Páris Gore Vidal




Resenhas - O Julgamento de Páris


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Augusto Stürmer Caye 11/12/2022

Enredo desvinculado e sem propósito
Intitulado após um daqueles contos diabolicamente divertidos do mito grego, onde Paris precisa escolher entre Hera, Atena e Afrodite, o sétimo romance de Gore Vidal (escrito aos 27 anos)tem três panos de fundo: Roma, Cairo e Paris. O indeciso advogado Philip vagueia pelos marcos, vivendo com esposas de políticos, bon vivants e homossexuais britânicos expatriados com uma queda por lindos garotos italianos em saunas.

À medida que a narrativa avança, Philip precisa decidir qual atraente mulher casada e rica: Regina, que simboliza Hera e o poder; Sophia, que é a virtude da sabedoria de Atena; ou Anna, a bela e amorosa Afrodite. Em suma: um diário de viagem incoerente da vida da classe alta com alguns episódios cômicos deliciosos - notavelmente o conto nabokoviano de um escritor policial que não consegue ajudar um gordo deprimido a cometer suicídio, como foi trazido na segunda parte e é totalmente desvinculado com o livro.

Falando em falta de vínculos e elos, a história dos homossexuais em seus cultos e crenças, que vai da tentativa de restauração da Casa de Savoia para o comunismo e, então, para o culto da personagem hermafrodita de Augusto, deixa um gosto de total desconhecimento sobre o seu significado dentro do romance. Particularmente, interpretei como o próprio avançar da comunidade LGBT nesse século XX, reduzindo a história nessas figuras que procuram onde quer que seja uma proteção e acolhimento. Primeiro o oculto nas casas de saunas e a tentativa de restauração monárquica, dando azo a histórica análise de que LGBTs aristocráticos eram protegidos por seus nomes e poder. Após, o suposto acolhimento pela causa comunista. Por fim, a transfiguração nos novos tempos, onde o movimento LGBT ganha força em si mesma, começa a resistir aos policiais e explora em seus templos (ball rooms, muito comuns na Europa e nos Estados Unidos) a arte e a identidade Drag Queen.

Como romance, carece de coesão ou propósito, propenso a longos monólogos e descrições bastante sombrias. Uma cena de sexo extremamente autoconsciente se destaca, onde Gore passa duas ou três páginas lamentando o fato de que o sexo nos romances nunca é remotamente realista, e depois nos oferece várias cenas de sexo irrealistas de qualquer maneira.

Um trabalho extravagante e descuidado, completamente ignorável, pior do que Williwaw e A Cidade e o Pilar (respectivamente, primeiro e terceiro livros do autor), sendo o segundo um dos meus favoritos dele. Parece que Vidal estava em uma maré ruim, considerando que este é logo após Verde Escuro, Vermelho Vivo, que também é ruim. A propósito, tem um personagem em comum apesar de ser completamente desnecessário nas duas obras: Charles de Cluny.

Não recomendo a ninguém.
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Bruno Malini 30/10/2022

Razoável
Esperava um outro tipo de livro. Acho que meu conhecimento dos mitos clássicos foi insuficiente para entender o livro.
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