Resenhas - Incidente Em Antares

Sira Borges 25/03/2023

Incidente em Antares
O livro é dividido em duas partes: a primeira tem como pano de fundo a história do Brasil pré 64 e mostra como, mesmo uma cidade pequena, pôde ser influenciada e por vezes até influenciar os rumos da tão conturbada política nacional. Nessa parte, Veríssimo narra, de maneira irônica e brilhante, a formação da fictícia cidade e dos habitantes de Antares. O incidente é um dos fatos literários mais geniais que eu já li. Cada personagem, seja vivo ou morto, é descrito de forma clara e divertida e o embate na praça é simplesmente perfeito!!!

Vitor16Hq 29/10/2023

Quando não se enterra os defuntos
Um dos grandes livros da literatura brasileira, é a primeira obra do Érico Veríssimo que leio, e já adianto que foi uma grande leitura.

A grande trama do livro do livro, demora um pouco para aparecer, o autor conta toda a história de Antares, essa primeira parte não é o que gerou o interesse pela leitura, mas é muito boa, o autor coloca muita política na trama, tem muita coisa que ele retrata aqui que ainda se vê nos dias de hoje.

Ele constrói a cidade, os principais moradores e insere as críticas. Tem um pedaço da história do Brasil sendo usada, mesmo o livro não saindo de Antares.

Um dos personagens, que é o Coronel Tibério, esse é um que não tem como gostar, pensa num sujeito asqueroso.

E então o livro chega na segunda parte, onde os defuntos levantam de suas covas, e essa se tornou uma das minhas cenas favoritas da literatura brasileira, a forma como o Veríssimo narrou isso, é impactante e te deixa preso a leitura.

A sequência de acontecimentos, em que o livro vai ficando melhor a cada página, são os defuntos interagindo com os vivos, a parte da delegacia, os que negam o que tá acontecendo.

Isso vai acontecendo de um jeito, que é impossível parar de ler.

A parte da delegacia, o defunto vai se vingar dos que o torturaram até a morte, coisa que infelizmente foi muito comum na época em que o livro foi escrito, isso mostra que mesmo a história indo para um caminho insólito, as críticas a realidade continuam ali.

Como eu já disse, foi uma leitura ótima, eu quero ler mais obras do Érico Veríssimo, e eu realmente indico essa leitura.

Dani 30/04/2023

Mais uma obra-prima do Erico. Adoro a escrita dele, com todos os regionalismos da minha terrinha.
O livro é divido em duas partes: a primeira é uma contextualização da cidade, dos personagens e do momento histórico que o Brasil estava vivendo (achei bem arrastada, por não ser um assunto que me desperte interesse, porém é uma marca registrada do autor, e necessária para compor o final do livro); e a segunda parte é o incidente em si e seus desdobramentos (que eu amei, dei boas gargalhadas em vários trechos e a leitura fluiu muito).
Comecei a ler sem saber qual seria o incidente, sem ver nenhuma resenha, "no escuro", o que foi ótimo porque me manteve curiosa na primeira parte do livro, tentando adivinhar o que iria acontecer (e claro que não adivinhei).
Adorei, recomendo muito a leitura!

Lorena.Mireia 03/05/2021

Isso é Brasil
A referida obra de Érico Veríssimo faz um panorama da história do Brasil em um contexto político, social e econômico.
O nosso país é mostrado em lentes micro e macroscópicas. Tem como ponto de partida um pequeno município fictício chamado Antares, no Rio Grande do Sul e, simultaneamente, expande-se para os maiores eventos nacionais.
Antares é o microcosmo da nação brasileira e seus habitantes, o retrato do nosso povo. A cidade que inicialmente era um vilarejo denominado Povo da Caveirinha apresenta as máculas de um sistema corrupto desde as suas raízes. Ao longo de um século, esteve sob o domínio de duas famílias abastadas, as quais lideravam o município com tirania implacável. Tais oligarquias eram representadas pelos clãs Vacariano e Campolargo, inimigos que disputavam o controle de Antares em circunstâncias sempre escusas.
Concomitantemente aos acontecimentos no território antarense, o nosso país (como é de praxe) protagonizava um quadro de efervescência política, como a Era Vargas, o Estado Novo, a retomada de Vargas à presidência, o suposto suicídio do Pai dos Pobres, a renúncia de Jânio Quadros e a deposição de João Goulart pelo Golpe Militar.
Nesse contexto, em Antares, reflete o que ocorria em todas as regiões, do Norte ao Sul. O povo sucumbe nas mãos de autoridades inescrupulosas: o prefeito ladrão, o coronel autoritário, o delegado valentão, o advogado das negociatas, os empresários beneficiados pelas trocas de favores, os magistrados covardes, uma horda de canalhas. Entretanto, a população permanece passiva e prefere manter a hipocrisia de que tudo é perfeito a encarar os fatos e contestar o status quo.
Contudo, quando a classe proletária se revolta e adota uma greve geral que paralisa o pequeno e pacato município, algo bizarro acontece. Sete pessoas morrem de causas variadas e ficam insepultas, visto que os coveiros também aderiram às manifestações trabalhistas. Indignados por não serem enterrados como um bom cristão, eles se erguem dos seus caixões e vão reivindicar o seu direito.
Os cadáveres insepultos prometem, então, empestar o ar da cidade se não forem imediatamente sepultados. É ante a esse cenário improvável que os pilares que aparentemente sustentam a sociedade antarense ficam à beira dos desmoronamento e o odor forte dos defuntos torna-se quase insignificante comparado à podridão de caráter exposta em praça pública.
Diante disso, conclui-se que Incidentes em Antares é uma obra instigante, perspicaz, ácida, sarcástica e atemporal. É como ler os noticiários da atualidade, salvo algumas mudanças em relação ao elenco dos palcos nacionais e ligeiras nuances do mundo contemporâneo. Em suma, o retrato do Brasil, o país da piada pronta. É rir pra não chorar!

Luiza Meneghini 26/10/2023

Primeiro Érico Veríssimo lido
Gostei muito do livro! Uma leitura instigante e rápida e além disso tem a memória afetiva de ter sido um dos livros que minha mãe leu quando estava grávida. Ele termina e você gostaria de ler mais.

Camilendo_ 09/09/2020

Os mortos caminham. E falam. E revelam.
"Nenhum de nós se faz ilusões. Sabemos que todos um dia teremos de morrer. Gente melhor que nós tem morrido.(...)Morrer não é privilégio de ninguém. Todos morrem. Os ricos e os pobres, os inteligentes e os estúpidos."

Os mortos caminham. E falam. E revelam.

Eu já posso dizer que tenho um novo gênero literário favorito. E posso dizer também que não vejo a hora de ler mais do espetacular, Érico Veríssimo.

Incidente em Antares, conta um fato curioso acontecido na cidade fictícia de Antares no Rio Grande do Sul. Em dezembro de 1963, durante uma greve geral, onde funcionários clamavam por melhores salários e condições trabalhistas, 7 pessoas da cidade morrem, e, devido a greve que atingiu também os coveiros, não são enterrados. Os mortos então, levantam. E com o passar do dia percebemos que o que está podre de verdade talvez nem sejam os mortos, mas toda aquela sociedade, que é agora denunciada por aqueles que não têm mais nada a perder: seus defuntos insepultos.

A narrativa é dividida em duas grandes partes, sendo a primeira delas a mais desafiadora, onde somos apresentados à cidade de Antares desde os seus primórdios, junto desta narrativa acompanhamos a História do Brasil, os fatos aqui ocorrem desde antes da proclamação da independência até as vésperas do golpe de 64. Quero destacar o quanto o autor deu fluidez a uma narrativa que se demora por décadas e décadas para acontecer, como a construção de uma dualidade entre duas famílias que "reinam" na pequena cidade é bem construída, como sabemos o que esperar dos Vacarianos ou dos Campo largos. E depois dessa construção, chegamos na segunda parte, onde acontece de fato o "incidente."

Érico Veríssimo é deveras BRILHANTE, conseguiu uma narrativa que fosse divertida, ácida e aguçada, mesmo na sua metade mais "histórica". O livro é permeado de críticas em vários âmbitos, especialmente o político. Não sei como este livro conseguiu ser publicado no ano de 71. Sei que ainda permanece atual e que é um daqueles livros pra tirar muita gente da zona de conforto(eu, inclusa), que exige bastante do leitor mas que vale a pena na mesma medida.

Cibele 05/06/2022

Maravilhoso
Esse livro é separado em duas partes, a primeira que trata da parte histórica da cidade de Antares, e a segunda parte trata do incidente em si ponto é um livro maravilhoso vale a pena ser lido é um clássico.

Ana Bruno 09/06/2021

Histórico e satírico
Livro em duas partes: O preâmbulo de +/- 200 páginas apresenta um panorama histórico e político de nosso país e da própria cidade de Antares.
E o incidente .
A cidade de Antares é uma representação da sociedade brasileira puxada para a sátira. O preâmbulo prepara o contexto até o incidente.
O enredo demora para engatar, e quando engata segue em marcha lenta, mas a narrativa vai fluindo bem, tem sua agilidade e não chega a ser enfadonho.
O texto tem pontos de humor, e escrito em tom de sátira, promove momentos divertidos.
Aqui temos mortos que ainda insepultos devido à uma "greve geral", se levantam e protestam o direito de serem devidamente enterrados. Porém, nesse meio tempo, aproveitam para lavar um pouco de roupa suja, já que não têm mais nada a perder, entregando os "podres" dos demais cidadãos antarienses, promovendo mudanças na sociedade. Ou não?

Vikram.Rodrigues 19/01/2024

De gosto duvidoso
O autor é bastante racista, hipersexualiza o corpo da mulher negra, reduz à histeria as religiões de matriz africana, e é raso ao escrever sobre os pouquíssimos personagens negros da trama. Por isso, alguns parágrafos da leitura se tornam intragáveis.
A primeira parte é bastante arrastada e estrutura do ponto de vista coronelista e sulista a história presidencialista do Brasil.
O Incidente passa a ser tratado na segunda parte, em que trata-se da podridão da alta sociedade burguesa.

Marilda 02/09/2022

Fragmentos e opinião
"Senti que morrer devia ser doce.. ficar livre para sempre da vergonha, da angústia, da solidão... de tudo."
"Quando os fins são bons, ás vezes temos de fechar os olhos à natureza dos meios."
"Ora, um boato é uma espécie de enjeitadinho que aparece à soleira duma porta, num canto de muro ou mesmo no meio duma rua ou duma calçada, ali abandonado não se sabe por quem; em suma, um recém-nascido de genitores ignorados. Um popular acha-o engraçadinho ou monstruoso, toma-o nos braços, nina-o, passa-o depois ao primeiro conhecido que encontra, o qual por sua vez entrega o inocente ao cuidado de outro ou de outros, e assim o bastardinho vai sendo amamentado de seio em seio ou, melhor, de imaginação em imaginação, e em poucos minutos cresce, fica adulto - tão substancial e dramático é o leite da fantasia popular - começa a caminhar pelas próprias pernas, a falar com a própria voz e, perdida a inocência, a pensar com a própria cabeça desvairada, e há um momento em que se transforma num gigante, maior que os mais altos edifícios da cidade, causando temores e às vezes até pânico entre a população, apavorando até mesmo aquele que inadvertidamente o gerou."
"Ninguém é o que parece, nem Deus."
"Sou um defunto legítimo e portanto estou livre da sociedade capitalista e dos seus lacaios."

Rafaelah 19/10/2022

...
? Li-ber...
? Cala a boca, bobalhão!

Que livro maravilhoso! Até hoje continua sendo uma leitura muito atual, adoro livros assim

Edilene Freitas 23/09/2022

Esse foi meu primeiro contato com Veríssimo e achei maravilhoso. O pano de fundo histórico mesclando com as impressões dos personagens sobre as mudanças do cenário político deixou a primeira parte bem interessante. E a segunda parte, com a greve dos coveiros e os mortos se levantando e trazendo a tona não só a sua putrefação, mas também toda a podridão da boa sociedade de Antares, foi instigante. Excelente livro pra comecar!

Pateta 24/01/2021

POR QUE EU ESPERAVA MAIS?
Reencontro com Érico Veríssimo depois de décadas. Este texto nem de perto provocou em mim o encantamento de "O Tempo e o Vento", por exemplo. É que então eu era jovem. O tempo e o vento passaram, fiquei mais criterioso ou me tornei mais implicante?

caroukruger 23/01/2021

Genial
Escrito na ditadura militar brasileira, Erico traz críticas e questionamentos sobre o Brasil da época e que são facilmente aplicada nos dias de hoje.
Narrativa fluida e muita difícil de largar, conta a história de sete defuntos que levantam dos seus caixões e deixam a cidade em estado de alerta pela sua presença.
Livro histórico.

Wacinom 07/09/2021

The walking dead brasileiro Só poderia vir de Verissimo
Retratos do Brasil de ontem, hoje e amanhã