Regis 26/11/2023
A revitalização do gênero do terror
O livro Eu sou a lenda do escritor Richard Matheson lançado em 1954 trouxe em suas páginas uma explicação científica para os vampiros, tornando-se uma história original sobre os seres citados inicialmente no conto O Vampiro do inglês John Polidori, aperfeiçoado em Carmilla de Joseph Sheridan Le Fanu e seguido por Drácula de Bram Stoker.
Richard Matheson revitalizou o gênero do terror com suas narrativas hipnóticas e originais, Eu sou a Lenda conta uma história de terror e ficção científica; sagaz, intensa e inteligente que inspirou grandes mestres do gênero como o autor Stephen King e o cineasta George A. Romero: ajudando a formar no imaginário popular o que seria um apocalipse zumbi.
Robert Neville vive na Los Angeles de 1976, e a Terra foi completamente assolada por uma praga que transformou quase todos os seres vivos do mundo em monstros.
O personagem é um homem lutando contra vários demônio internos tentando manter a sanidade enquanto lida com o luto, a solidão e as incertezas desse mundo pós-apocalíptico.
Estando isolado, sexualmente frustrado e preso ele é constantemente atormentado pelas lembranças de sua esposa e filha e tenta amenizar a dor afogando-a no álcool para suportar sua permanência no isolamento imposto pela transformação repentina de sua existência, às vezes, apenas a consciência de que ainda havia muito a ser feito, o fazia lutar contra a vontade de permanecer totalmente entorpecido.
Eu sou a Lenda é um livro curto, mas grande parte dele, na edição da Aleph, é composta por ilustrações, uma diagramação espaçada e textos de apoio. E conta também com uma introdução de Stephen King.
A narrativa divide-se em quatro partes, cada uma demonstrando um ponto da vida do personagem: a primeira se passa cinco meses após o início da contaminação e a última após três anos.
Richard Matheson escreve de forma direta e simples, mas consegue transmitir emoção e um ótimo ritmo narrativo ao longo da história.
O personagem tem uma jornada solitária, desafiadora e cheia de descobertas que inserem um ótimo suspense à trama; a parte de terror não é tão intensa mas em momento algum a leitura te deixa sentir falta disso, pois a atmosfera, essencialmente psicológica, é perfeitamente construída.
Eu sou a lenda é um livro incrível, que prende o leitor em seu cenário pós-apocalíptico e na trajetória de seu personagem solitário e emocionalmente fechado; um indivíduo isolado em um mundo ameaçador, tentando sobreviver. O livro também joga um novo olhar sobre o mito do vampiro e traz um final surpreendente e inusitado.
Para quem conhecia apenas a versão cinematográfica de 2007, que possui muitas diferenças com a história original de Matherson, essa é uma leitura que proporcionará uma nova jornada pelo universo pós-apocalíptico de Robert Neville.
Recomendo para todos.