Resenhas - Eu Sou a Lenda

Fabio 13/11/2023

"Além da Lenda"
"Eu Sou a Lenda", romance de ficção cientifica/terror pós-apocalíptico, escrito por Richard Matheson, publicado em 1954, é considerado marco da ficção gótica moderna, e que frequentemente figura na lista de melhores livros de terror e ficção científica de todos os tempos.

Frequentemente indicado como responsável por realizar a transição entre o terror gótico (lovecraftiano), para um terror mais moderno e urbano, Matheson é citado por diversos especialistas, como o escritor de horror/terror, mais influente de sua geração.

Matheson, nos transporta para Los Angeles de 1976, onde o mundo é devastado por uma pandemia mundial, que transformou quase todos os seres humanos e animais em "vampiros". E nos conta a história de sobrevivência, solitária de Robert Neville, o último ser humano vivo, não contaminado pela bactéria mortífera, batizada de "vampiris".

O protagonista da obra, preso em um deserto urbano de isolamento, precisa sobreviver aos perigos de um mundo repleto de feras mortas-vivas, que reconhecem a própria existência, enquanto luta para superar seus medos e receios, seus vícios e principalmente o luto.

Recheado de cenas de ação de suspense, "Eu Sou a Lenda", possui uma narrativa fluida, e viciante, que incita o leitor a viver e sofrer junto ao protagonista, e a mergulhar num mundo sombrio e anárquico repleto de angustia e ansiedades e navega pelas complexidades emocionais do protagonista, que luta diariamente pela sobrevivência, sobretudo pela sanidade e a lucidez, e que, vive um dia de cada vez, sempre na esperança de um futuro melhor.

Matheson, nos entrega um texto sóbrio, de ritmo constante, e escrita rebuscada, sem enfeites, firulas e prolixidades, entretanto, um roteiro farto de termos técnicos que, talvez possam dar um ar mais lento a narrativa em determinados momentos, porém, descrições técnico/cientificas extremadamente necessárias para o desenrolar da trama e a construção do enredo principal.

"Eu Sou a Lenda" é repleto de alegorias e conta uma história violenta e sombria, que exprimi ansiedades culturais ultrapassadas, que dentro de um holocausto apocalíptico pode observar, muito dos terrores humanos, e que, reflete de forma mimética as maiores preocupações da sociedade referente a saúde pública e os temores universais.

A obra de Matheson, vai além da literatura convencional, de entretenimento, e aborda com afinco, mesmo que de forma indireta, por meio de alegorias, várias questões sociais contemporâneas extremamente importantes, e que ecoam na mente do leitor, mesmo após a leitura, e levam a profunda reflexão, sobre o indivíduo e suas limitações, e de forma geral, trata da sociedade análoga aquela inserida ao clima cultural da Guerra Fria.

Em suma, "Eu Sou a Lenda", é um livro impactante, angustiante que, seduz pela simplicidade da narrativa, e nos remete o tempo inteiro a pensar, e não os deixa em paz um instante sequer com tanta informação, e nos joga de um lado para outro dentro da história e entrega um final surpreendentemente melancólico, que nos faz recordar grandes obras do gênero, tais como "Drácula" de Abraham Stoker e "O Médico e o Mostro" de Stevenson.

Vale mecionar, que a adaptação cinematográfica de 2007 interpretada por Will Smith, difere e muito da obra de Matheson e mesmo sendo um ótimo filme, mudou-se tanto o enredo durante a adaptação, que nem pode ser comparado com o livro. Então, se você amigo leitor já assistiu à reprodução hollywoodiana, leia "Eu Sou a Lenda" sem receios, e verá com seus próprios olhos, que o livro, supera e muito o longa-metragem.

Recomendo absolutamente!

Gustavo Rodrigues 01/07/2021

É muito complicado começar a ler um livro com muita expectativa, porque a chance de se decepcionar é grande. Na minha cabeça já era 5 estrelas + favoritado, porém deu errado. Mas, nesse caso, a culpa não foi do livro. Eu que esperei coisas que o autor não prometeu entregar.

Na verdade a nota real seria 3,5 mas arredondei pra 4,0 porque acho que tenho mais culpa do que o livro por a experiência não ter sido exatamente como imaginei. Sempre tive vontade de ler, muito por conta do filme, mas achei que teria bem mais da parte apocalíptica, do confronto entre humano x vampiro, e tudo mais. Porém, o autor usa essa luta como plano secundário, e o foco é a solidão do Robert Neville sendo o último ser humano na Terra.

Eu esperava que fosse mais violento, mais visceral, porém é muito mais profundo do que se imagina. Ao meu ver, o grande conflito do livro acontece dentro da cabeça do Robert, que começa a ficar visivelmente desnorteado por conta da solidão em que se encontra.

Como disse antes, não curti tanto porque o livro não trouxe algumas coisas que EU (sob minha total responsabilidade) esperava. O autor não prometeu isso, e fica muito claro que o foco dele não era esse. Eu que fui com uma visão errada da história, logo não acho justo avaliar me embasando por uma expectativa criada por mim. Dentro do que se propôs, é um livro muito bom. Se o autor tivesse tentado entregar os pontos que eu esperava e tivesse falhado, aí sim seria outra situação, e eu poderia levar em conta tudo que conjecturei.

Se for ler, não espere por muita ação/suspense que a leitura será bem mais proveitosa do que foi pra mim. ?

Regis 26/11/2023

A revitalização do gênero do terror
O livro Eu sou a lenda do escritor Richard Matheson lançado em 1954 trouxe em suas páginas uma explicação científica para os vampiros, tornando-se uma história original sobre os seres citados inicialmente no conto O Vampiro do inglês John Polidori, aperfeiçoado em Carmilla de Joseph Sheridan Le Fanu e seguido por Drácula de Bram Stoker.
Richard Matheson revitalizou o gênero do terror com suas narrativas hipnóticas e originais, Eu sou a Lenda conta uma história de terror e ficção científica; sagaz, intensa e inteligente que inspirou grandes mestres do gênero como o autor Stephen King e o cineasta George A. Romero: ajudando a formar no imaginário popular o que seria um apocalipse zumbi.

Robert Neville vive na Los Angeles de 1976, e a Terra foi completamente assolada por uma praga que transformou quase todos os seres vivos do mundo em monstros.

O personagem é um homem lutando contra vários demônio internos tentando manter a sanidade enquanto lida com o luto, a solidão e as incertezas desse mundo pós-apocalíptico.
Estando isolado, sexualmente frustrado e preso ele é constantemente atormentado pelas lembranças de sua esposa e filha e tenta amenizar a dor afogando-a no álcool para suportar sua permanência no isolamento imposto pela transformação repentina de sua existência, às vezes, apenas a consciência de que ainda havia muito a ser feito, o fazia lutar contra a vontade de permanecer totalmente entorpecido.

Eu sou a Lenda é um livro curto, mas grande parte dele, na edição da Aleph, é composta por ilustrações, uma diagramação espaçada e textos de apoio. E conta também com uma introdução de Stephen King.
A narrativa divide-se em quatro partes, cada uma demonstrando um ponto da vida do personagem: a primeira se passa cinco meses após o início da contaminação e a última após três anos.

Richard Matheson escreve de forma direta e simples, mas consegue transmitir emoção e um ótimo ritmo narrativo ao longo da história.
O personagem tem uma jornada solitária, desafiadora e cheia de descobertas que inserem um ótimo suspense à trama; a parte de terror não é tão intensa mas em momento algum a leitura te deixa sentir falta disso, pois a atmosfera, essencialmente psicológica, é perfeitamente construída.

Eu sou a lenda é um livro incrível, que prende o leitor em seu cenário pós-apocalíptico e na trajetória de seu personagem solitário e emocionalmente fechado; um indivíduo isolado em um mundo ameaçador, tentando sobreviver. O livro também joga um novo olhar sobre o mito do vampiro e traz um final surpreendente e inusitado.

Para quem conhecia apenas a versão cinematográfica de 2007, que possui muitas diferenças com a história original de Matherson, essa é uma leitura que proporcionará uma nova jornada pelo universo pós-apocalíptico de Robert Neville.

Recomendo para todos.

Myllene Felix 14/08/2021

Uma dose de monotonia
Se tem uma coisa que eu gostei nesse livro, sem dúvidas é o conteúdo científico. O Richard representou o sci-fi com gosto aqui. Ele criou uma teoria e soube pautar muito bem com um excelente embasamento (pediu até ajuda de um médico pra ajudar na composição) e fez o leitor passear junto nessa criação. Inclusive, o Richard fez algo que poucas vezes vi em narrativa. Eu que já cruzei na faculdade com disciplinas como química orgânica, higiene, fisiologia, microbiologia, me senti como o verdadeiro pinto no lixo.
Em contrapartida, algumas questões básicas ele acabou não se atentou como: um mundo onde a raça humana é extinta, simplesmente para de funcionar. Não tem energia, não tem agua canalizada, não tem comida, não tem combustível. Beleza, ele tentou explicar a questão da energia falando de um gerador, mas e o combustivel? Que carne fresca é essa que ele citou algumas vezes que durou 3 anos pós exterminio da raça humana? Kkkk Sem contar a parte que o Neville le uns livros e vira cientista, eu que fui da area uns bons anos sei o quanto de tempo que leva pra absorver tantos conteúdos. Muita gente pode considerar bobagem as minhas críticas, mas elas poderiam ser facilmente resolvidas se ele tivesse dado uma profissao anterior cientifica pro protagonista (pela narrativa, acho que era militar) e se o "apocalipse" tivesse ocorrido há apenas alguns meses, talvez ano. Mas anos??? Exagerou.
A questão do "eu sou a lenda" foi muito boa e bem construída na trama, todavia não posso também deixar de mencionar o quão monótona ela é por uma boa parte do livro, talvez metade.
Concluindo, achei um bom livro sim, mas não chega nem perto de ser 5 estrelas.
Máximo respeito ao grande escritor.
Valeu a jornada.

Jessé 06/07/2017

Excelente clássico!
Esse livro é muito bom! Uma forma totalmente inusitada de holocausto vampiro. Pra começar esse livro não tem nada haver como os filmes de 1972 e 2007. As histórias diferem muito, e a única coisa em comum entre eles, É a sensação de isolamento que o personagem enfrenta durante a história, e o nome do personagem. O livro tem várias explicações científicas do porque um vampiro é um vampiro, e tenta jogar por terra alguns mitos que envolvem esses seres. A teoria mais legal, tem haver com o medo dos vampiros de crucifixos. É uma teoria muito legal e que eu nunca tinha parado pra pensar, e que não vou contar aqui pra não entregar spoiler. É uma história gostosa de ler, rápida, e estimulante. Como dito na introdução do Livro, Eu sou a lenda é daquele tipo de Livro, que acaba e vc quer mais. A edição da Aleph além de bonita, contém extras interessantes. Um estudo de um crítico dinamarquês que dá um maior entendimento da obra, e do gênero Ficção/ Terror na sociedade. E UMA entrevista que o escritor deu, na época do lançamento do filme de 2007. Não pulem esses extras, valem muito a pena.

Gabriel1994 22/05/2023

Neville... Você é a Lenda!
Comecei a ler Eu Sou a Lenda com grandes expectativas e termino a leitura com as expectativas atendidas e com um dos personagens mais emblemáticos que considero.

Em Eu Sou a Lenda vamos acompanhar a história de Robert Neville. Neville é um homem que vive um holocausto pós apocalíptico vampiresco como o único sobrevivente. Ele se vê isolado, sozinho e solitário. Levantando questões e buscando respostas que tragam algum significado para os vampiros, ele próprio como sobrevivente, o vírus, os infectados, uma cura, um porquê... Neville mergulha na solidão e nas reflexões e pensamentos derradeiros e melancólicos que um mundo vasto e ao mesmo tempo diminuto pode oferecer. As dores que esse apocalipse lhe causou, ele tenta refletir em refúgios que trazem mais tristeza. A bebida e a raiva revelam o lado ignóbil e bestial de Neville.


Sinto que li um excelente livro, mas que conheci um baita personagem. Por mais estranho que pareça ser, gostei bem mais de Neville do que a história em sí... É verdade! Todas as emoções e sentimentos que tornam Neville um ermitão (como ele mesmo se denomina) na realidade revelam o quão humano ele é. Não é atoa que depois de muito tempo quando o personagem principal tem contato com uma vida animal que não seja a dele ou dos grotescos vampiros que passeiam a noite pelo lado de fora da casa, Neville vira uma outra pessoa. Um cachorro e uma esperança de sentir algo como humano se tornam viáveis aos olhos de Robert Neville e isso faz ele rever algumas coisas, alguns conceitos e atitudes. Quando Neville se depara, depois de 3 anos com uma vida humana então, ele se torna um tipo de Frankenstein. Agindo instintivamente de certa maneira selvagem.

Neville é de fato um personagem diferenciado! Já li livros nessa pegada pós apocalíptico em que a trama envolve o ambiente ou a narrativa dita o clima do ambiente pós apocalíptico, mas em Eu Sou a Lenda quem faz essa conexão do cenário apocalíptico e o leitor é o personagem principal. Impossivel não simpatizar com Neville, não se colocar no lugar dele e se imaginar em uma situação dessa. O quão desumanos podemos ser isolados na solidão?

Talvez a tentativa que o autor teve em explicar de forma técnica algumas questões biológicas que justificassem os vampiros não me desceu redondo. Senti que foi um pouco forçado e isso me deixou meio que boiando e tendo que pesquisar alguns termos ou palavras, mas isso são detalhes que são passageiros e não atrapalham a leitura no conjunto da obra. É só mais um detalhe mesmo.

Foi uma leitura sensacional! Recomendo muito a leitura desse clássico do terror que fez a ponte para a mudança do gênero na literatura de terror/horror moderno. Richard Matheson amassou nesse livro!

Livraço! Digníssimo de 4.5 estrelas!!!



"Volta completa, ele pensou enquanto a letargia final rastejava por seus membros. Um novo terror nascido na morte, uma nova superstição entrando na fortaleza inexpugnável da eternidade

EU SOU A LENDA."

Gi.Mendes.Ap 18/03/2024

"Bactérias podem sofrer mutação."
Em um cenário pós-apocalíptico, Robert Neville é um sobrevivente solitário, imune a uma praga devastadora que transformou a humanidade em seres vampíricos. A obra "Eu Sou a Lenda", de Richard Matheson, nos envolve em uma narrativa profundamente imersiva e instigante, acompanhando o cotidiano de Neville. Ele luta não apenas contra a ameaça constante desses seres, mas também contra a solidão, angústia, momentos de insanidade e o peso do luto, enquanto se agarra ao desejo de sobreviver. Em sua busca por segurança e respostas, Neville se volta para a ciência na esperança de desvendar a causa e a propagação da pandemia.

O enredo nos desafia a refletir sobre questões profundas como: o que define uma sociedade; como o medo do desconhecido pode moldar nossos instintos de sobrevivência; quem teme algo que considera mal, também pode ser temido se analisado de outra perspectiva.

Altamente recomendado para fãs de ficção científica e terror, bem como para leitores em busca de uma experiência literária que é tão provocativa quanto emocionante.

Pedro Moreno 25/08/2009

Resenha Eu Sou a Lenda por Pedro Moreno
Eu sou a Lenda é uma idéia genial, e tão boa que já foi copiada para muitos outros filmes. E ,infelizmente, é de um livro que poucas pessoas leram ou sequer ouvriam falar dele.

Richard Matheson é conhecido por ter escritos dezenas de outros livros e ter sido roteirista de séries (Star Trek, The Twilight Zone...). Eu sou a Lenda já foi adaptado três vezes, a primeira com Mortos que matam (The Last Man on Earth, 1964) a segunda com The Omega Man e uma terceira com Will Smith com o nome do filme original a obra.

A história passa em 1967 e é vivida por Robert Neville, que se vê como o único sobrevivente de um planeta infestado por vampiros (troque a palavra "vampiro" por "zumbi" e imagine quantas vezes você já viu um filme assim"). A partir de então é um verdadeiro embate contra os seres das trevas e sua própria consciência.

Neville tem de confrontar os seus pensamentos. E , acreditem, essa é a parte mais difícil no livro. Sozinho há meses, sem qualquer pessoa para conversar e vampiros do lado de fora para deixá-lo sempre no limite a maior luta é interna.

No brasil ,por ocasião do lançamento do terceiro filme com base na obra, a Editora Novo Século relançou o livro. Na capa , para vender mais, foi estampada uma cena do filme ,estrelado por Will Smith, que nada parece com o personagem, loiro de cabelos lisos e olhos azuis, mas marketing é marketing, e nada tira o brilhantismo do livro.

Natanxd12 02/03/2024

Em "Eu sou a lenda" uma misteriosa praga afeta o mundo, transformando a todos em criaturas sombrias, os chamados vampiros. Robert Neville, o protagonista da história, se vê em um mundo pós-apocalíptico, tomado por criaturas sedentas de sangue. Essa é a sinopse do livro e eu diria que ela é boa o bastante para fazer você se interessar a ler o livro, ainda mais, se você gosta de livros pós-apocalípticos. Aparentemente, para quem deseja saber o livro se difere bastante do filme, porém nunca vi o filme, por isso irei me isentar de opiniões e comparações.
Eu já havia lido esse livro a algum tempo, a cerca de 4 anos atrás mais ou menos, e a opinião que eu tenho do livro é a mesma, o livro é incrível.
Primeiramente é importante deixar claro que o livro não é de ação, os momentos de ação do livro são bem pequenos e poucos, então não leia esperando esse tipo de conflito do Humano contra Vampiro, pois, você irá se decepcionar e vai atrapalhar sua "apreciação da leitura". O livro se trata muito mais sobre o personagem do Robert (O protagonista), os diálogos são muito poucos e na maior parte do tempo acompanhamos o que se passa dentro da cabeça do personagem, e na minha humilde opinião o autor consegue isso com maestria, principalmente, por conta que eu consegui de fato sentir a solidão que o Robert passa.
Em segundo lugar, eu achei o desenrolar da história muito bom, e adorei o final, a primeira vez que eu li, eu fiquei durante um tempo bem considerável pensando sobre ele.
Por fim, essas são minhas opiniões, recomendo muito o livro, só aviso que o livro se difere do filme, que aparentemente é de ação, e já nos livros não vão encontrar tantos momentos assim, sendo um livro mais reflexivo. A quem for ler desejo uma ótima leitura e espero que gostem do livro.

_olivermih 04/04/2022

A lenda engoliu a ciência e todo o resto
Assisti o filme primeiro e tinha pouco conhecimento do livro, a história me surpreendeu, gostei muito do enredo, da transição de datas e da ambientação, o final é realmente significativo quando você entende toda a história.

Alan Martins 20/01/2021

Caminho árduo para uma decepção
Publicado pela primeira vez em 1954, Eu sou a lenda fez bastante sucesso e, desde então, já foi adaptado para o cinema em três ocasiões. A última, e talvez a mais conhecida (porém não a mais fiel), traz Will Smith no papel principal e chegou às telonas no final de 2007.

Além de popular, o romance de Matheson serviu de inspiração para autores e diretores de sucesso, como o mestre dos filmes de zumbis George A. Romero (A noite dos mortos-vivos, de 1968) e Stephen King, o mestre dos livros de terror.

A despeito de todos esses elogios e palavras positivas, não gostei tanto assim da obra. Quer saber o motivo? Então vamos lá!

Solidão
Palavra que define bem o clima gerado pelo enredo, ambientado na metade final dos anos 1970. Robert Neville, o protagonista, aparentemente é o único sobrevivente de uma pandemia que matou a maior parte da população dos Estados Unidos. Aqueles que sobreviveram não foram tão afortunados, visto que acabaram se transformando em vampiros.

Dessa forma, Neville não está totalmente sozinho no mundo. Ao cair da noite, muitos desses vampiros se dirigem à sua casa, importunando-o em busca de algumas gotas de sangue. Para lidar com seus adversários, o protagonista se valerá de artifícios clássicos, como alho, crucifixos e estacas de madeira. O dia é seu aliado e cada segundo é precioso.

Sozinho num mundo habitado por tais criaturas, Neville terá de enfrentar não apenas os predadores, mas também sua própria consciência, afinal a ideia de ser o único humano vivo pode afetar a sanidade mental de qualquer pessoa.

Após anos de solidão, já sem quaisquer perspectivas, as esperanças de Robert Neville serão renovadas e sua vida poderá tomar novos rumos… ou não.

Caminho árduo para uma decepção
Mesmo sendo centrada em somente um personagem, com poucos diálogos, a narrativa de Eu sou a lenda não é nada monótona. Matheson está sempre mostrando algo novo, uma conquista, uma aventura pelas ruas abandonadas ou um flashback.

Robert Neville, no início, luta contra os próprios impulsos sexuais, uma vez que está privado do sexo. No desenrolar da trama, ele acaba fazendo descobertas que lhe dão novas perspectivas e colocam sua libido em hibernação. Ou seja, temos um estudo psicológico do personagem, ainda que senso comum.

Seu mundo foi devastado por uma pandemia, então deveria haver uma explicação para o surto de vampirismo, do qual é imune. E essa é outra inovação do autor, que tentou apresentar uma resposta “científica” para seus vampiros. Neville descobre a causadora de todo o problema, e contar seria um spoiler.

Agora há uma razão para o protagonista desejar se manter vivo: a existência de uma cura é uma realidade plausível. Enquanto lida com os vampiros, ele terá muito tempo para pesquisar. Entretanto, Richard Matheson deu um rumo inesperado para sua história, em um sentido negativo. Que surpresa ruim!

Sobre a edição da Aleph
Ótimo design gráfico, em capa dura, com diversas ilustrações e miolo em papel Pólen Soft. A diagramação é um pouco estranha (apesar de confortável), pois possui margens largas, que poderiam ter sido melhor aproveitadas, acarretando em menos páginas. O tamanho físico da edição é um pouco reduzido (20cm x 12,8cm), fugindo dos padrões adotados pelas editoras.

Tradução de Delfin (isso mesmo, só Delfin). Um bom trabalho, até porque não se trata de uma obra complexa, de escrita refinadíssima. Nenhuma crítica em relação a esse quesito. A Aleph acrescentou dois extras: um texto acadêmico de Mathias Clasen e uma entrevista com Matheson.

Vale a pena ler? O veredito
Romance que mistura horror e ficção científica, com o mérito de levar as histórias de vampiro para um cenário urbano. Matheson criou um ambiente pós-apocalíptico que exibe toda a tensão, medo e incerteza da década de 1950. A Guerra Fria assombrava a população estadunidense daquela época.

Leitura rápida e de tirar o fôlego. Não existe tempo para pausas, novidades pipocam nas páginas a todo instante. A busca de Robert Neville por uma possível cura é cativante, torcemos por ele.

Todavia, o caminho tomado pelo autor foi decepcionante. O desfecho desanima. Assim que terminei a leitura pensei: tanto esforço para isso? Stephen King não consegue escrever bons finais e já afirmou, “Livros como Eu sou a lenda foram uma inspiração para mim”. Ora, ora, parece que os pontos se conectam (brinks!).

Resumindo, o enredo me cativou, me prendeu, e depois me decepcionou. Apesar disso, vale a pena conhecer a história, que é capaz de entreter. O final não foi do meu agrado, mas pode ser do seu!

site: https://anatomiadapalavra.com/2021/01/20/resenha-livro-eu-sou-a-lenda/

Rafael Cormack 30/12/2016

9,0/10
BEM mais pesado e denso que o filme, com quem aliás compartilha poucas semelhanças.

62 anos depois de lançado não tem o mesmo peso, principalmente por falar de vampiros, seres demasiadamente gastos nos últimos anos. Mas a escrita é fantástica e em poucas páginas já nos identificamos e sensibilizamos com Neville.

Dá pra sentir que Walking Dead e outras produções pós apocalípticas se inspiraram muito no livro.

Das gratas surpresas do ano.

Gustavo Kamenach 14/09/2022

Uma reflexão sobre a barbárie
"Tais pensamentos eram um testemunho hediondo do mundo que ele havia aceitado; um mundo no qual assassinar era mais fácil que ter esperanças."

A ficção especulativa é definitivamente meu gênero favorito e Eu sou a Lenda está aí para me confirmar isso. Richard Matheson criou os alicerces para tudo que veio de 1954 a frente em se tratando de tramas pós-apocalípticas, lendo esse livro fica claro o quão importante ele foi e continuará sendo para a cultura pop no geral. Foi ali que ele determinou regras a partir de grandes clássicos da literatura, moldando o gênero em questão.

Dito isso, a história em si é interessante demais, causa arrepios em diversos momentos, promevendo discussões sociológicas pertinentes até hoje: o embate ciência X crendices/pseudociência, o comportamento humano frente a barbárie e a queda das instituições que domam a sociedade. O protagonista Robert Neville é praticamente um estudo psicológico do homem em privação da segurança, do isolamento social e da persistência do instinto de sobrevivência frente à adversidades.

Quanto à adaptação mais recente de 2007, esqueçam o que viram e leiam o livro, é outra história completamente diferente e evitei ler todo esse tempo em vão.

rafa 01/10/2021

Começa bom e termina melhor ainda.
Sinceramente, o livro é incrível. Inicialmente já dizendo que não tem nada a vê com o filme, o filme com o Will Smith é ótimo mas não tem muitas coisas do livro além do tema principal.
A história vai contar a trajetória de sobrevivência do Robert Neville, após um vírus vampiresco dizimar toda a sociedade. Ele vivi na sua casa em Los Angeles onde a transformou num refúgio pós apocalíptico, sozinho, sem mais ninguém além dele mesmo e os infectados. O livro flui facilmente, você vai lendo o dia a dia do Robert e fica mais imerso naquilo, a luta pela sobrevivência, a angústia quando ele é quase capturado pelos vampiros e tudo, aliás, os vampiros não são que nem os de Crepúsculo ou Diários de um vampiro, são criaturas perversas que só querem se alimentar.
O livro tem um plot ótimo, mas até um pouco confuso, mas depois de ler até o final você entende bem. O jogo que o autor fez com as coisas é incrível, não posso falar muito sobre senão irá ser um spoiler.
Além de tudo essa edição está impecável, além de ser capa dura também traz diversos conteúdos extras até mesmo uma entrevista com o autor. Simplesmente incrível.

Paty 20/12/2021

Um pouco triste, mas o final foi tudo
De verdade, não tem muito o que falar sobre esse livro.

Aqui nós temos um homem que vive sozinho em uma realidade pós apocalíptica, como preferir, em que um "germe" (é como ele chama, eu não tenho culpa) infecta as pessoas e as transforma em vampiros ou algo parecido. E o nosso protagonista é imune ao germe.

A história gira em torno dessa solidão dele e de como ele lida com isso com o passar dos anos. Eu, pessoalmente, gostei muito dessa natureza introspectiva do livro. Eu não sabia bem o que eu esperava, talvez um pouco mais de ação, mas não fiquei nem um pouco decepcionada. Achei, inclusive, que ficou melhor assim. Nós temos um protagonista que não é o super fortão, poderoso, o que cara que consegue tudo, bonzão. Ele é um cara que tem suas fragilidades, ele se expressa, se desespera. É um cara bem humano, e pra mim foi muito mais interessante do que um cara estilo, sei lá, James Bond ou Tom Cruise.

Agora, o final. Puts. Pra mim valeu cada centavo que eu paguei nesse livro. Ele inteiro é incrível, mas O FINAL, FOI UAU. Amei demais, fez valer a pena.