A Intrusa

A Intrusa Júlia Lopes de Almeida




Resenhas - A Intrusa


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Dany Strass 23/10/2020

Ainda não conhecia esse livro. Achei a sinopse interessante, mas foi a biografia da autora que me despertou a vontade de lê-lo, "ou seria de conhecê-la?". O livro é uma novela, deixa muitos pontos em abertos, fáceis de preencher com a nossa imaginação. Inclusive, ele foi novela da Globo, assim me disseram, ainda não procurei saber... No fundo, eu esperava mais das personagens. Mas, a maioria dos livros escritos nesta época, focavam mais na sociedade do que na personagem em si... Pude ver muita crítica em relação à sociedade em que a história se passa. Todas muito sutis, se não lermos atentamente ela se passa se despercebida... Estou acostumada a ler romances de época contemporâneo, com personagens femininas muito a frente do seu tempo... Com revelações amorosas avassaladoras, carnais! Talvez eu esperasse isso nesse livro. Mas eu tinha que me lembrar o tempo todo de que a autora também viveu esse tempo, então ela representava a sociedade real... Uma sociedade em que as mulheres não tinham voz... Alice, a intrusa, muito pouco falou durante o livro todo, e acho que isso demonstra o quanto ela era ponderada, como era o que se esperava de uma mulher naquela época. Falar pouco e somente o necessário. O livro aborda muito sobre a religião, as crendices... O racismo... Apesar da narrativa rápida, eu gostei do livro. Vivemos em uma sociedade que valoriza demais a aparência! Apaixonar-se por uma pessoa que nunca viu, mas sentiu pelos seus atos, atitudes... Argemiro se apaixonou pela essência de Alice... Achei isso divino! Me lembra um pouco dos romances virtuais... Os quais acredito que podem, sim, dar certo! Quantos Argemiros e Alices não há por aí?
Dou 4 estrelas para o livro, porque me sinto na obrigação de fazer jus ao nome de Julia Lopes de Almeida. Uma mulher que foi extremamente importante para a nossa Academia de Letras, porém, assim como outras da época, sofreu na pele o preconceito, o machismo e a pressão de viver em uma sociedade patriarcal.
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dialogonoslivros 18/10/2020

É bom, mas poderia ser melhor
A Intrusa foi minha primeira leitura da autora Julia Lopes de Almeida, e devo confessar que não foi uma experiência das melhores. A história é ótima, a ideia da narrativa é bastante interessante, entretanto os personagens são extremamente rasos, inclusive, se Alice tiver dez falas é muito.
Apesar de tudo a leitura me prendeu bastante, pois queria saber como o livro terminaria. Porém várias vezes me peguei pensando "tá e daí? É isso?" Achei que a narrativa é mal explorada, há tantos personagens interessantes mas todos se apresentam muito rapidamente sem grandes desdobramentos. Ah outro fato que me chocou é o racismo no livro, tanto com pessoas de origem africana quanto de origem asiática.

Quanto a edição... Meu exemplar é da editora Pincipis de 2019, no qual encontrei diversos erros como palavras com letras faltando ou repetidas. Além do mais o texto é antigo, fiquei muito curiosa em saber se há uma versão atualizada, para tornar a leitura mais fluídica.
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Jaqueline Felix 30/07/2020

Antes de falar sobre a história em si, gostaria de comentar um pouco sobre a autora. Ela foi uma das mulheres que lutaram pelo direito de voto feminino no Brasil. E muitos romances que escreveram sofreram graves censuras. E a Júlia ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras, mas a cadeira acabou sendo do marido. As mulheres não eram bem vistas nem tinham direitos.

Sobre o livro: ele retrata o Rio de Janeiro em fins do século XIX, no auge da cultura cosmopolita, com profundas transformações culturais e novos modos de pensar e viver.
Nesse cenário, encontramos o viúvo Argemiro, advogado, que coloca um anúncio no jornal procurando uma governanta. A jovem Alice atende ao anúncio e acaba contratada, com a condição de que ela nunca se encontre com o dono da casa.
Uma das funções dela é cuidar e educar da filha de 11 anos do advogado, Maria da Glória, quando ela estivesse na cidade. Ela é bem difícil a principio mas, com o tempo, as duas desenvolvem mútuos afetos.
Nossa Alice, vista como um intrusa e aproveitadora, é hostilizada e mal falada pela sogra, amigos e até pelo mordomo do advogado, mas no fim é provado seu grande valor e ela encontra seu final feliz.
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Janaina Edwiges 06/05/2020

"Na vida, como nos folhetins, os romances fazem-se por si"
Júlia Lopes de Almeida foi vítima de uma injustiça histórica cometida pela Academia Brasileira de Letras. Apesar de ter colaborado para fundação da ABL, ela não pôde figurar entre os imortais pelo simples fato de ser mulher. Assim, a cadeira de número 3, que deveria pertencer à Júlia, foi concedida ao seu marido Filinto de Almeida.

O seu romance A Intrusa foi publicado em formato de folhetim no Jornal do Comércio e a primeira edição do livro lançada em 1908. Na história, que se passa no Rio de Janeiro, temos o rico viúvo Argemiro Cláudio, que está em busca de uma governanta para administrar sua casa e ser responsável pela educação de sua filha Maria da Glória. Maria vive em uma chácara com os avós maternos, os barões do Cerro Alegre, mas Argemiro deseja ter a companhia da filha em sua residência com mais frequência. Ele é fiel a memória da esposa, que no leito de morte o fez realizar um juramento: jamais se casaria novamente. Deste modo, ao contratar Alice Galba para a função, Argemiro impõe uma condição, que eles não se vissem nunca, para que assim não paire nenhuma suspeita sobre a mulher que deveria zelar pela filha.

A questão racial foi um ponto do livro que me chamou atenção e me fez refletir sobre o lugar na sociedade reservado às pessoas negras nos primeiros anos da República. O personagem negro do livro é o copeiro Feliciano e em inúmeras passagens ressalte-se a cor da pele dele: “o negro, todo empoado e bem vestido”, “a baronesa já não ouviu as razões do preto e gritou para o marido, num desabafo” e por aí vai. Dos demais personagens não é preciso ressaltar a cor, já que o “padrão” é serem pessoas de pele clara.

Durante a leitura senti falta de conhecer mais sobre a visão e sentimentos de Alice e também achei o final um pouco corrido. Apesar disso, foi uma leitura muito prazerosa, que prendeu minha atenção do início ao fim. Gostei bastante deste romance e espero ler mais obras da Júlia.

Escolhi ler a versão original, que está em domínio público, ao invés da versão com a linguagem adaptada pela editora Pedrazul. Acredito que foi a melhor escolha que fiz, pois, a escrita não é difícil e além disso me fez mergulhar ainda mais no contexto das personagens. Temos o uso de algumas palavras menos usadas atualmente na língua portuguesa, mas nada que comprometa o entendimento ou que não se possa facilmente consultar o significado no dicionário do kindle.
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Aline.Andrade 03/02/2020

Só leiam
Essa escritora foi injustiçada demais quando foi barrada de entrar na ABL (que ela ajudou a criar) somente por ser mulher. Pra piorar, colocaram o marido dela, que era um zero a esquerda (minha opinião aki), pra ocupar a cadeira que deveria ser dela. Eu tenho como meta ler todos os livros dela. Esse foi o primeiro e só posso dizer e amei.
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Lusia.Nicolino 09/01/2020

Uma leitura deliciosa, se considerarmos que foi escrita em 1905!
Aconteceu comigo e pode ter acontecido com você, de conhecer, estudar Rachel de Queiroz, Cecília Meirelles e Clarice Lispector, mas nunca ter ouvido falar de Julia Lopes de Almeida. Mas, sempre é tempo de reparar.

Eu comecei por A Intrusa. Narrado em terceira pessoa, um verdadeiro clássico nacional à moda europeia! Uma história de amor que, como pano de fundo, retrata uma época com seus costumes e, por que não, curiosidades.

Se embarcar nessa aventura, estará no fim do século XIX, no Rio de Janeiro, em plena Belle Époque e conhecerá o advogado Argemiro, viúvo que quer se libertar das amarras do seu criado e ter uma casa mais organizada, com as finanças da administração doméstica em dia e de forma justa, para receber sua filha Glória, de 11 anos, que vive com a avó materna. Para isso, escreverá um anúncio em um jornal e contratará a única candidata que se apresenta e, aceito os termos da contratação, a trama se desenrola. Por que será conhecida como A Intrusa? Qual a cláusula do contrato que causa espanto a toda gente?

site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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Entrelivros_efilho 10/12/2018

📖❝As asas do tempo têm forte envergadura; não cansam de voar, mas levam às vezes consigo penas que se não mudam, embora fiquem disfarçadas entre outras que vão nascendo...❞

Argemiro é um advogado viúvo há nove anos, tem uma filha de onze anos criada pelos avós maternos e segue firme na promessa que fez a esposa no leito de morte de não se casar e nem amar outra.

Cansado da desordem e gastos desnecessários da casa e de ver a filha ser mimada e crescer sem limites, coloca um anúncio no jornal para contratar uma governanta para colocar em ordem sua casa e ajudar na educação da filha.

Alice Galba tem 25 anos e a única exigência de Argemiro é que os dois nunca se vejam, ele entra e ela sai de cena, e assim que ela começa trabalhar uma súbita mudança na casa já é perceptível, e tudo vai ficando agradável aos olhos de Argemiro, e aos poucos ele vai conhecendo e sentindo a alma dela através de um livro esquecido aberto, uma xicara de chá pela metade que ela precisou abandonar às pressas ao o ouvir chegar.
Será possível viver sob o mesmo teto com uma pessoa sem nunca olhar para ela?

--♡--

Há tempos que não lia um clássico da literatura nacional e também não conhecia a Júlia Lopes de Almeida, uma carioca que além de romancista foi contista, cronista e teatróloga, e quando vi a sinopse dessa obra que é de 1905 fiquei intrigada para saber como seria essa história.

É narrado em terceira pessoa e com toda a formalidade da época, mas a leitura foi mais lenta, mas nada que diminua a beleza dessa obra e apesar da escrita da autora ser cativante e retratar bem os costumes e o papel da mulher na sociedade no final do século XIX, o romance é bem sutil e eu esperava mais, o final é corrido e poderia ter sido mais desenvolvido para podermos assimilar algumas questões que nos deixa curiosos durante a leitura.

É interessante como a autora nos apresenta Alice pelos olhos dos outros personagens, e mesmo assim nos sentimos próximos dela.

A Intrusa tem um gostinho de clássico inglês com personagens marcantes e que nos faz ver o quanto nossa literatura é rica.

Recomendo!


site: https://www.instagram.com/entrelivros_e_filho/?hl=pt-br
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LuizaSH 20/11/2018

Eu vivi uma relação um tanto estranha ao ler esse livro. A leitura em si não me agradou muito, porém fiquei pensando que se houvesse uma adaptação em filme ou série, até novela, eu assistiria e provavelmente iria curtir. Não sei bem explicar esse sentimento, mas foi isso que me ocorreu.
Em alguns momentos eu senti que a autora perdia tempo da narrativa descrevendo cenas que, ao menos na minha opinião, não acrescentavam no centro da história, que era falar sobre o estranho relacionamento entre o patrão - o advogado Argemiro - e a governanta - Alice -, que estipularam no contrato de simplesmente não se verem!
Argemiro é viúvo, fez uma promessa à falecida esposa, em seu leito de morte, de que jamais amaria nem casaria com nenhuma outra mulher. E a sogra do cara faz questão de lembrá-lo disso o tempo todo, a ponto de tomar conta da vida do cara, um comportamento chato até dar raiva, e o Argemiro simplesmente deixa, o sogro também faz nada. O advogado tem uma filha pré-adolescente criada sem lá muitas regras, mas que com o convívio com Alice vai aprendendo um monte de coisas, que só servem para deixar a avó mais paranoica e controladora ainda. E sem falar no Feliciano, empregado folgado que usa e abusa dos bens e do dinheiro do patrão, mas que perde essas suas "regalias" quando a governanta começa a trabalhar na casa e ele passa a odiá-la por isso.
Bem no fim do livro, diria talvez os dois últimos capítulos, até que eu curti um pouco mais, mas já era tarde para o enredo me conquistar.
Janinha 06/01/2019minha estante
Essa sogra é insuportável!




Eduarda Graciano do Nascimento 01/10/2018

A vivacidade de uma sombra
Argemiro é um advogado muito ocupado, viúvo há nove anos, que decide dar um basta na desorganização de sua casa – administrada sobretudo pelo ex-escravo Feliciano - e na criação amimada de sua filha Glória pelos avós maternos. Assim, entra na sua vida e na vida de sua família Alice Galba, uma jovem de 25 anos que começa a influenciar completamente o ambiente e a vida do advogado, ainda que ele nunca a veja.

Quem aí já conhece Júlia Lopes de Almeida? Confesso que antes da Pedrazul relançar esse clássico eu nunca havia ouvido esse nome. Uma pena essa carioca - que além de romancista foi contista, cronista e teatróloga – seja tão pouco conhecida.
A história de Alice talvez não agrade a todos, principalmente aqueles acostumados com cenas de romance. E me refiro aqui até mesmo à mais simples delas... um passeio no parque, um beijo na mão, um olhar mais demorado. Não é disso que se trata a história e é essa a maior sacada. Conseguimos torcer por um romance entre duas pessoas que praticamente nunca se viram. Um dos motivos, é claro, é a sogra de Argemiro, o arquétipo perfeito da sogra víbora.
É incrível como a autora consegue sustentar uma protagonista através apenas de relatos feitos por outros personagens. É assim que vemos Alice durante toda a história... ela é uma incógnita não somente para seu patrão, mas acaba sendo também para nós leitores. Júlia Lopes de Almeida mereceria ser louvada apenas por isso.

Mas é claro que o livro é extremamente válido por várias outras razões. Questões levantadas de forma sutil como, por exemplo, o machismo e o racismo que eram praticamente regra em tal época (a história se passa no final do século XIX), a escrita ágil e divertida, os personagens carismáticos e bem construídos. Acho que valem menção aqui o padre Assunção, melhor amigo de Argemiro, e a levada menina Glória.
Eu poderia ficar horas falando desse romance que, mesmo sendo tão curto, é rico em personagens. Num país de Machado e Alencar, A “intrusa” Júlia Lopes de Almeida merecia mais destaque na nossa literatura. Esse livro nos encanta com seu frescor e vivacidade e é nada menos que adorável!

site: http://cafeidilico.com/blog/2018/09/a-intrusa-julia-lopes-de-almeida.html
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Rafaelle 09/07/2018

Maravilhoso
Esse livro foi uma experiência incrível. Primeiro porque eu nunca tinha ouvido falar na Júlia Lopes de Almeida e fiquei triste por uma escritora e mulher tão maravilhosa ter tão pouco reconhecimento aqui no Brasil. Fico feliz por ter tido a oportunidade de ler esse livro!
A história é uma delícia de se ler. Assim como Argemiro, temos muito pouco da Alice nos revelado. Tudo que ficamos sabendo sobre ela se dá através de outros. E mesmo assim podemos perceber porque ele se apaixona pela presença de uma mulher que nunca viu. Ela é incrível de fato.
A história se desenvolve de forma lenta, sendo que o que mais a movimenta é o ciúmes doentio que a sogra tem pelo Argemiro e a obsessão dela em fazer ele cumprir a promessa feita à sua falecida esposa. Senti muita raiva e ao mesmo tempo pena dessa mulher. Ela age de forma odiosa mas é uma mãe que não consegue superar a perda da filha. O marido dela já se mostra muito sensato e senti grande simpatia por ele.
Padre Assunção é outro personagem que me chamou a atenção. Ele é o único que mantém contato com Alice e tentar agir como conciliador perante todos. Logo se percebe que ele guarda um segredo e infelizmente eu descobri muito cedo qual era.
Não há muito o que eu possa falar sobre o livro sem entregar spoilers, então apenas digo que recomendo muito a leitura dele. É rápida, leve, gostosa e nos traz uma visão da sociedade carioca do século XIX. A única coisa que lamentei foi o final tão abrupto. Senti falta de alguns diálogos, porém nada que retire uma estrela da avaliação.
skuser02844 30/06/2021minha estante
Minha leitura no momento e estou gostando muito...




Alex Nascimentto 17/05/2018

A trama gira em torno de Agemiro, um viúvo rico e advogado, que após a morte de sua esposa leva uma vida de luto e recolhimento. Ele é pai de Maria, uma garota adorável que precisa de uma governanta, já que ele próprio só a vê uma vez por semana. Logo após ser lançado o anúncio no jornal, a jovem Alice, de vinte e cinco anos, chega a casa de Agemiro em busca de emprego, mas a avó da garotinha parece não gostar muito do acontecido nem da maneira como a governanta cuida de sua neta e administra o lar, segundo ela a moça quer roubar o lugar de sua falecida filha. Agemiro está longe dali e nunca sequer viu Alice, mas de certo modo começa a nutrir um carinho e gratidão por tudo aquilo que a moça tem feito em sua ausência. Ele quer a todo custo encontrar com Alice, a intrusa, e realmente conhecê-la de uma forma melhor, só que a sua sogra trama um plano para colocar a moça em maus bocados, causando assim sua partida, mas o viúvo não aceita e faz de tudo para ter sua amada a seu lado, em seu lar. ????????????????????
?? É um romance de época que se passa nas terras cariocas, de início fiquei meio confuso com alguns pontos da estória, principalmente pelo fato da narrativa nos mostrar Alice pelos olhos dos outros personagens. Vale ressaltar que a presente obra foi escrita em 1905, e que vem atraindo muitos leitores, pois é um livro muito bom e questionante! ????????????????????
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Daniel 25/01/2018

Uma intrusa que não te dará sossego antes da última página
Resenha no link abaixo!

site: https://blogliteraturaeeu.blogspot.com.br/2018/01/a-intrusa-de-julia-lopes-de-almeida.html

Léo 29/01/2018minha estante
Li e me empolguei mais pra adquirir meu exemplar e claro começar a ler!


Daniel 29/01/2018minha estante
Leia, Léo! Depois desse livro, sou fã assumido de Júlia Lopes de Almeida rs. Tentarei ler "A Falência" ainda este ano.




Luci Eclipsada 31/08/2017

Grata intrusão
Romance é um gênero da literatura surgido no século XVII e que rapidamente popularizou-se entre os que apreciavam a leitura de livros. Entre suas características podemos destacar a maneira híbrida como uma trama pode ser facilmente composta pela manifestação de outros gêneros textuais, como: novelas, cartas, narrativas de viagem e assim por diante; além, também, de possuir estilos e linguagens variadas.
O fato é que o Romance tal qual o conhecemos veio evoluindo e se reinventando através de subgêneros menores hoje tão utilizadas quanto à época em que foram criados. Assim, partindo do pressuposto de evolução do romance e o surgimento de subgêneros dentro deste grande gênero, temos o Romance Urbano, ainda chamado de Romance de Costumes, que nada mais é do que o romance que retrata uma determinada esfera social onde reproduz, por meio das palavras, os costumes da sociedade sem deixar de tecer críticas aos hábitos sociais. Dentro da literatura, este subgênero do Romance está ligado a Escola Literária Realista (Realismo) do século XIX, onde o narrador se coloca na trama como uma espécie de observador de seu tempo, enfatizando conflitos amorosos e problemas socioeconômicos.
No Brasil temos grandes escritos que representam com maestria o Romance Urbano/Costume, tais como José de Alencar e Joaquim Manuel de Macedo; mas, estes escritores são mais que conhecidos e consagrados; agora, o que pouca gente sabe é que temos entre esses grandes homens uma igualmente grande mulher, a desconhecida Júlia Lopes de Almeida, contista, romancista, cronista, teatróloga e, infelizmente, relegada a uma quase não existência sabe-se lá por qual razão.
Felizmente ainda é possível encontrar alguma coisa, bem escassa, produzida pela escritora e disponível na internet, além de alguns parcos títulos à venda em sebos; porém, também podemos nos deliciar, ao menos um pouco, com o fato de uma editora, ainda que pequena, ter se dedicado a lançar no mercado um dos romances de costume mais interessante que você lerá atualmente: A Intrusa (Editora Pedra Azul, 2016: 232 páginas).
No referido romance, o leitor é transportado a uma Rio de Janeiro do século XIX onde se concentra, praticamente, toda a elite brasileira da época já que esta era a capital da recém-instaurada República com suas grandes diferenças sociais. Na trama de Lopes, um rico, bem-sucedido, bonito e viúvo advogado, que prometera jamais casar-se novamente, decide contratar uma governanta para tomar conta de seu lar e, consequentemente, ensinar um pouco de bons modos a filha mimada que mora com os avós maternos, mas que vez ou outra desfruta de sua companhia. Apesar das críticas que recebe por cogitar inserir em seu lar uma mulher qualquer para cuidar de suas coisas e de sua filha, o advogado leva a ideia adiante e contrata, sob a condição de jamais ter contato com sua governanta, Alice Galba, uma jovem misteriosa que se mostrará muito acima das expectativas do advogado que, com o passar dos meses, começa a nutrir pela mulher, ainda que inconsciente, certa admiração, o que irá instigar o ciúme exagerado de sua ex-sogra que não admite em hipótese alguma que o ex-genro descumpra a promessa de nunca mais se casar feita a sua filha no leito de morte.
O Romance de Lopes consegue trazer todos os elementos dos romances urbanos que conhecemos, mas sob a ótica de uma mulher/escritora que com o olhar muito acurado de sua época consegue, mesmo sutilmente, pincelar questões sociais muito pontuais ao longo de todo romance, como o preconceito de uma sociedade predominantemente patriarcal e machista que era incapaz de ver com bons olhos uma mulher independente sem imaginar malícia por de traz de sua conduta.

"Não duvide! Uma governanta de casa de um viúvo só, vinda por anúncio de jornal... de ter ao menos um defeitozinho, e olha que o da curiosidade é quase virtuoso [...]" (p.129)

O preconceito racial enraizado na sociedade é outra questão levantada, prova disse é o personagem Feliciano, um negro que não apenas rejeita sua condição como exterioriza sua ira por ser quem é: negro.

"Revoltado contra a natureza que o fizera negro, odiava o branco com o ódio da inveja, que é o mais perene. Criminava Deus pela diferença das raças. Um ente misericordioso não deveria ter feito de dois homens iguais dois seres dessemelhantes.
Ah se ele pudesse despir-se daquela pele abominável, mesmo que a fogo lento, ou a afiados gumes de navalha, correria a desfazer-se dela com alegria. Mas a abominação era irremediável. O interminável cilício terminaria até que, no fundo da cova, o verme pusesse nua a sua ossada branca..." (p. 137)

De tudo o mais que o romance trata, temos uma brevíssima pincelada, também, nos aspectos políticos da nova república, uma questão que era de grande interesse da autora, mas que em A Intrusa não foi aprofundado, apenas representado pela inserção de dois personagens políticos dentro da trama que entre uma conversa e outra com o advogado Argemiro, por exemplo, fazem alusão as manobras políticas a que estão sujeitos para atingirem seus objetivos.

"[...]A ação de governar vai se tornando cada vez mais perigosa nesta terra... Nós temos maus auxiliares e o povo tem má fé... A oposição,m agora, serve-se de todos os meios para impedir-nos os passos, usando das asmas mais pérfidas, que são as do ridículo e as da calúnia..." (p. 118)


Enfim, Júlia Lopes de Almeida nos mostrou com este pequeno grande romance que é A Intrusa, o quão rica a literatura nacional teria sido se a mulher tivesse tido meios de produzir escritos ao invés de ter sido durante tanto tempo relegada a subserviência do lar, não que ser dona de casa seja algo ruim, longe disso, mas a mulher pode ir muito mais além disso. Veredito final: livro recomendado fortemente a todos e todas desejosas de livros escritos por grandes figuras femininas.

site: http://conformealetra.blogspot.com
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Lê Golz 21/03/2017

Lindo! Simplesmente amei!
A intrusa, publicado pela Pedrazul Editora, é um clássico da literatura nacional. Aqui vamos conhecer Argemiro, advogado, viúvo há anos, mas ainda jovem e cobiçado para casamentos. Ele já não mais suporta a desordem que anda sua casa e os abusos que seu ex-escravo Feliciano têm feito por lá. Além disso, sua filha Glória de apenas 11 anos cresceu mimada e sem modos na casa de seus sogros, onde a avó materna faz todas as suas vontades. A medida que ele tomou, mesmo sendo tão criticado, foi contratar uma governanta para colocar ordem em sua moradia e educar sua filha. A única condição dada a ela era que nunca os dois se vissem - cada vez que ele chegava em casa, ela se escondia. E assim, Alice Galba foi contratada e em pouco tempo mudou totalmente o ambiente. Além de mudar os modos de Glória, tratou de cortar os gastos excessivos feitos por Feliciano, tornou a deixar o jardim, a mesa posta, as roupas, os móveis, todos com uma organização e limpeza impecáveis. Com o passar dos meses, Argemiro se admirava mais pela alma de Alice, a quem não via, mas podia sentir, e começava a desejar conhecer-lhe o rosto. Porém, teria muito ainda que lidar com as artimanhas da sogra ciumenta, já que prometeu a sua falecida esposa no leitor de morte, que jamais voltaria a se casar.

A obra possui, claro, a formalidade da escrita da época, mas pode facilmente ser compreendida devido as pequenas mudanças feitas pela Editora para o melhor conforto do leitor. O resultado foi uma leitura muito envolvente e prazerosa. Viajamos pelas ruas do Rio de Janeiro, onde a realidade da sociedade da época é citada com sutileza. Negros que foram recém libertados, como Feliciano, a política - tão relevante nas conversas dos homens -, a nobreza, as mães casamenteiras, o sacerdócio como o de Padre Assunção e, claro, o papel e posição da mulher sempre julgada por qualquer deslize. Amei todo esse retrato como pano de fundo para essa história tão cotidiana e levemente romântica.

Quem acha que não é possível se divertir com um romance clássico está enganado. O que não faltou nessa obra foi diversão para mim. Foi muito cômico acompanhar os pensamentos da sogra de Argemiro, esse coitado, preso a uma promessa feita para a esposa no leito de sua morte. A sogra tão ciumenta pelo genro e pela neta que só sabiam falar bem de Alice, foi o ponto alto da história para mim. Além disso, Feliciano, o ex-escravo de Argemiro, um mexeriqueiro e espertalhão, vivia causando intrigas e cutucando ainda mais a situação. E no meio disso tudo, o Padre Assunção, tentando mediar as ocorrências, mas guardando só para si o respeito que já tinha pelas mudanças feitas por Alice. Com tantas situações cômicas é impossível não apreciar a história e se deliciar com os personagens. E, enquanto acompanhamos todos os personagens, a participação de nossa protagonista Alice foi feita um tanto rebuçada na história, revelando-se apenas ao que os outros falavam sobre os feitos dela. Isso rendeu um ar de mistério ao livro, pois a autora despertou sutis desconfianças se Alice era assim mesmo tão perfeita ou escondia algo comprometedor. Genial a forma com que foi desenvolvido tudo isso. Ao mesmo tempo, o que mais gostei foi acompanhar a curiosidade de Argemiro por conhecer sua governanta e o quanto ele já sentia por ela sem nem perceber. Isso me deixou com muita expectativa para o encontro deles.

"E o que me delicia é sentir a alma dessa criatura, que aqui tenho debaixo do meu teto, sem que nunca os meus olhos a vejam nem de relance... Ela se esconde, ao mesmo tempo em que se espalha pela casa toda. É a mulher-violeta, positivamente, não há outra comparação!". (p. 74)

Não espere de A intrusa romantismo em demasia. O romance aqui é bem sútil, mas tão bonito! Argemiro nunca vê sua governanta, mas pode senti-la, como se conhecesse sua alma. Isso é lindo! Atualmente, as pessoas estão tão acostumadas em ler casais que se apaixonam depois de uma incontrolável atração física, que estão tão presentes de corpo e muitas vezes ausentes de espírito. Por que não um amor que nasce apenas pelo sentir (presença), sem ver ou tocar (físico)? Tenho certeza que o final vai agradar os apaixonados por romances com uma aguçada percepção dos verdadeiros sentimentos. Um clássico nacional que pode deixar muitos livros estrangeiros do gênero no chinelo. Simplesmente amei!

site: http://livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br/2017/03/resenha-intrusa.html
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