jota 09/01/2017Dos ingênuos e sentimentais será o Reino das Letras...Antes de ler saiba que os usuários que me precederam aqui (Nanci, Joachin e Aguinaldo) fizeram resenhas muito boas deste livro. Eu apenas me ative a fazer alguns comentários, mas se quiser continuar a ler, ei-los:
Há livros que deixam não apenas os leitores encantados, influenciam também os escritores, claro. Assim é que Dostoievski, Tolstoi, Herman Melville, Proust, Thomas Mann e outros grandes são tratados por Orhan Pamuk (um grande leitor de romances desde a mocidade) como autores de romances literários.
Romances literários se opõem aos romances de gênero (como policiais, históricos, de amor, de detetives etc.), pois são obras que via de regra têm algo a dizer sobre a vida, o sentido da vida e coisas afins e assim por diante. Muito diferentemente do que ocorre com um romance de espionagem ou uma história de amor, por exemplo, que quase sempre lemos apenas por diversão.
Para quem se interessa por romances clássicos (ou literários, como prefere Pamuk), não apenas pelas histórias que eles contam mas igualmente pelos aspectos envolvidos em sua escrita (como um escritor planeja, faz pesquisas, trabalha seu livro etc.) e até mesmo na sua recepção ou percepção pelos leitores, esta é uma obra ("um ensaio ou meditação sobre a arte do romance", conforme o próprio Pamuk) que merece ser lida com atenção.
Da mesma forma que muita gente lê Aspectos do Romance, de E. M. Forster, várias vezes citado por OP, juntamente com um ensaio de Friedrich Schiller, Sobre Poesia Ingênua e Sentimental, ambos textos que serviram de base para as palestras de Pamuk proferidas em Harvard anos atrás e que mais tarde se tornaram este livro.
E depois, por conta dessa leitura ao mesmo tempo prazerosa e informativa, se alguém que já leu tiver vontade de rever Anna Kariênina, Guerra e Paz ou Moby Dick, pode ter certeza de que vai encarar essas histórias ou trechos delas com outros olhos ou ainda se deter por mais tempo em determinadas frases ou parágrafos. Até mesmo certos livros de Pamuk (Neve, Meu Nome é Vermelho, O Museu da Inocência etc.) serão encarados diferentemente numa releitura, sem dúvida.
Lido entre 02 e 05/01/2017.