Doutor Fausto

Doutor Fausto Thomas Mann




Resenhas - Doutor Fausto


56 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


Paulo 08/03/2024

Literatura de primeira grandeza
Publicada em 1947, a versão de Fausto de Mann se passa na Alemanha, no período que vai desde o nascimento de Adrian Leverkühn, em 1885, até o fim da Segunda Guerra Mundial.
Serenus Zeitblom, doutor em filosofia, católico, erudito, modesto e moderado, narra sua convivência com Adrian Leverkühn, um gênio musical, misantropo, melancólico e de manifesta frieza.

Com esse artifício, Mann insere o leitor em um plano temporal tridimensional: o do romance propriamente dito, que vai basicamente da primeira à segunda guerra, da vida do narrador Serenus, que escreve a obra no final da segunda guerra, e o do leitor, quando este lê o livro.

Diferentemente da obra prima goethiana, na qual o demônio Mefistófeles participa ativamente da trama, aqui a atuação do diabo é indireta: há somente em um registro escrito de próprio punho por Adrian, no qual ele narra suposto encontro que teria tido para selar o pacto macabro e, ao final do livro, quando Adrian relata a seus amigos que sua obra musical fora obra do demônio. É possível até mesmo questionar se o encontro fatídico realmente ocorreu ou se foi obra de alucinação febril ou loucura do compositor.

O pacto estabelecido entre o diabo e Adrian supostamente foi o seguinte: 24 anos de tempo genial para composição musical, mas sem poder amar outras pessoas, em troca da alma para o Inferno.

A história narra os momentos de criação artística de Adrian, sua amizade com seu narrador e a vida de outras personagens secundárias, perfazendo uma crônica da Alemanha do entre guerras.

Há todo um paralelismo entre a personalidade do narrador Serenus e a de Adrian, entre a modéstia e o narcisismo, o equilíbrio e a audácia, a razão e o irracional, e a própria situação alemã vivida entre guerras que culminou no nazismo.

Adrian simboliza a arte pela arte, desprovida de qualquer embasamento transcendente, a apostasia que levou à derrocada alemã. Faleceu louco, acometido de sífilis, como Nietzsche.

Literatura de primeira grandeza.

comentários(0)comente



stcarvalho0102 14/02/2024

Olha, foi desafiante...
É um livro difícil. Entendo que é de um nicho bem específico. Porém, é Thomas Mann. Entendo que, quem conseguir transpor os primeiros capítulos, terá uma leitura muito boa.
comentários(0)comente



Luiz Pereira Júnior 07/02/2024

Caso você tenha tempo e paciência...
Sem dúvida, um livro polêmico. Um livro para amar ou odiar, e dificilmente para ficar em cima do muro. Assim é “Doutor Fausto”, de Thomas Mann.

Resumindo (se é que isso seja possível): o narrador, Serenus Zeitblom, narra a vida de seu amigo de seu amigo de infância, Adrian Leverkühn, enquanto a Alemanha sofre seus dias de derrota na Segunda Guerra Mundial. Não é spoiler, já que ficamos sabendo logo nas primeiras páginas que o biografado está morto. Beirando o amor platônico, Serenus conta como seu amigo se tornou um dos maiores compositores clássicos de sua época, ao mesmo tempo em que se precipitava em uma espiral de loucura e misticismo beirando o patológico. Supostamente tendo feito um pacto com o Diabo, Leverkühn se torna cada vez mais isolado do mundo, mesmo que admirado e cortejado pelos mais variados tipos humanos de sua época.

Mas o caráter polêmico do livro estaria no suposto pacto mefistofélico? A meu ver, não, pois o diálogo com o tal ser é um dos mais fascinantes do livro (assim como a morte de um personagem que, retratado de forma a beirar a mais completa idealização, precipita torrencialmente o livro para o seu final).

Voltando: a meu ver, o livro se torna polêmico por causa das (muito) extensas passagens que discorrem sobre teoria musical. Pensei em copiar algumas linhas de um desses trechos, mas seria injusto com o restante do livro. No entanto, imagine a situação: páginas e mais páginas descrevendo, em termos absolutamente técnicos, concertos de música contemporânea que jamais chegaram a ser escritos na realidade (as criações de Adrian Leverkühn). Sendo bem sincero, os parágrafos para mim faziam tanto sentido quanto um grupo de engenheiros e arquitetos discutindo o projeto estrutural de um novo edifício. Em resumo: simplesmente pulei essas partes e, como não sou da área, para mim não tiveram qualquer efeito na narrativa. (É claro que, sem sombra de dúvidas, os experts em teoria musical aproveitarão muito mais o livro do que um simples mortal como eu.)

Vale a pena? Se você gosta de conhecer os clássicos (literários), de mergulhar nos abismos que todos nós temos e, principalmente, se tiver tempo e paciência sobrando, vá em frente. Mas não diga que eu não avisei...
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



JanaAna90 06/12/2023

Iniciei a leitura sem conhecimento prévio do tema a ser abordado pelo autor, Quando percebi o quanto a leitura seria difícil, busquei na internet algumas resenhas sobre o livro para melhor compreender e aproveitar a leitura. E vejo o quanto isso me ajudou a aproveitar melhor o conteúdo do livro, e me ajudou a entender alguns termos utilizados por Mann durante sua escrita.
Uma das maiores dificuldades que tive com a leitura foi minha falta de conhecimento sobre música, motivo esse que, certamente, me impediu de aproveitar e apreciar o tema.
O livro conta a história de Adrian, um músico que morreu ainda jovem, considerado um grande gênio da música e também de conhecimentos sobre diversos temas, que Mann aborda de forma magistral, como: política, arte, religião, sobre o bem e o mal, vida e morte, e sobre o holocausto que, pra mim, foi uma das passagens mais tocante do livro.
A história é narrada por um amigo de Adrian, que o conheceu na infância. Desconfio que o narrador amava Adrian muito mais do que ele mesmo declara, pois nos deixa transparecer na forma em que fala sobre Adrian.
O personagem principal parece ser uma pessoa extremamente avessa ao contato com outras pessoas, deixando transparecer que prefere estar só do que em um grupo de amigos, as vezes parecia ser um misantropo. Ainda assim, encontra no narrador uma amizade, que talvez ele nem tenha percebido que tinha.
É através do narrador que conhecemos a história e a vida de Adrian.
Adrian desde cedo já apresenta uma genialidade para os estudos. Quando cresce decide estudar teologia, depois muda de ideia e segue para a música, mesmo de forma tardia, Adrian se mostra um talento para compor.
O pacto Fausto aparece como uma insatisfação de Adrian para o que ele estava produzindo, o diálogo dele com o vulgo Diabo é bastante interessante e curioso. Uma das coisas, mesmo óbvia, me surpreendeu no pacto de Adrian é que ele não poderia amar, e aqui é dado uma justificativa bastante interessante (quem ler saberá. Rsrs).
Confesso que em muitos momentos fiquei confusa, perdida, sem entender do que se falava, tive que me obrigar a continuar a leitura pois, disso eu tinha certeza, que no final Mann traria algo que me conquistaria e faria valer a pena a insistência. Nesse aspecto, pelos livros que já li dele, sei que Mann sempre nos trás algo surpreendente e cativante que nos marca e faz valer a conquista da persistência. Sei que estou distante de compreender a magnitude da obra de Mann, mas o pouco que me é descortinado, pela minha ignorância, já me deixa contente e satisfeita com a leitura. Esse é mais um autor que se tornou um dos meus preferidos.
comentários(0)comente



Nina 19/11/2023

Defesa da cultura e do humanismo burguês
Assim como em 'A montanha mágica', Mann se vale de uma história "trivial" para narrar os acontecimentos geopolíticos da Europa e de sua Alemanha do século XX.

Defensor do humanismo burguês, em suas próprias palavras, o autor intercala (e mescla) a narrativa do compositor Adrian Leverkühn, e seu pacto faustico, com a derrocada alemã pós Segunda guerra, mostrando como o espírito de um povo pôde ser capturado e manipulado ao ponto de desafiarem o mundo inteiro e perpetrarem indiziveis barbáries.

Foi uma leitura menos fluida e encantadora que 'A montanha mágica", mas as análises sociais e o desfecho ganharam meu coração.
AndrAa58 21/11/2023minha estante
Bela resenha ?




Gabriel Farias Martins 13/11/2023

O pacto de um homem e de uma nação
Esse foi meu segundo contato com a obra de Thomas Mann, anteriormente em "A Montanha Mágica" conheci um pouco de sua escrita e discussões sobre o humanismo e outros assuntos.
Em "Doutor Fausto" senti uma leitura mais densa e complexa, em muitos momentos me senti totalmente desorientado em meio aos diálogos de teoria musical (devido exclusivamente à minha própria ignorância do assunto).
Os personagens possuem diversas características marcantes, porém os nomes são um pouco difíceis de decorar, com certeza vou reler a obra futuramente e usufruir cada vez mais de uma literatura tão profunda, Thomas Mann sem dúvidas foi um escritor genial.
Nessa obra, Serenus Zeitblom, narra a vida e obra de seu amigo Adrian Leverkühn.
Existem descrições fascinantes de povoados alemães de suas infâncias, estudos de teologia e arte em geral (especialmente música).
Além de diversos desdobramentos sociais da época.
Até o terrível pacto faustico que ocorre de maneira delirante e quase onírica e por fim, as consequências desse pacto, na vida do compositor.
Fascinante!
comentários(0)comente



Paula 27/10/2023

Doutor Fausto
O romance Doutor Fausto (1947) de Thomas Mann trata, conforme seu subtítulo, d? ?A vida do compositor alemão Adrian Leverkühn narrada por um amigo. O biógrafo e amigo em questão é Serenus Zeitblom, cujo trabalho se realiza entre 1943 e 1947. A estrutura biográfica oferece uma perspectiva ampla. Trata-se da história de um artista que viveu a Primeira Guerra e os dois primeiros anos da Segunda, redigida por um amigo enquanto a Segunda Guerra ainda está em curso. Zeitblom nutre por Leverkühn um grande amor e um forte senso de proteção. A história do compositor é uma incrível alegoria da Alemanha.
É uma obra riquíssima em referências. Me fez ouvir música, criar playlist pesquisar poemas e xilogravuras. Não posso dizer que entendi tudo. Há, por exemplo, muitas passagens sobre teoria musical, de que não tenho conhecimento. Com certeza, requer releituras. A escrita de Mann é maravilhosa, equilibrada em termos de ritmo e culminando em um último parágrafo arrebatador.

#ThomasMann
#DoutorFausto
comentários(0)comente



Luana 10/09/2023

Triste,mas verdade
A história de Fausto ensina a história de como a ganância e a ambição em excesso pode transformar a vida de uma pessoa e dos outros ao seu redor.
comentários(0)comente



Marcos606 07/09/2023

História da ascensão e queda de Adrian Leverkühn, contada através dos olhos de seu amigo, Serenus Zeitblom, que narra a história como uma reminiscência realizada na década de 1940. Leverkühn nasceu em 1885 perto da cidade fictícia de Kaisersaschern, Alemanha. Ainda no ensino médio, estuda piano e assiste a palestras do musicólogo Wendell Kretzschmar.

Entrelaçada com a narração da vida de Leverkühn, a sua barganha com o Diabo e as repercussões do pacto, está uma exploração de como e por que a Alemanha escolheu aliar-se às forças das trevas na sua adesão ao fascismo através de Adolf Hitler. Doutor Fausto envolve-se com as ideias de muitos filósofos e pensadores europeus, elaborando a sua própria visão única. Interessantes meditações de Mann sobre a evolução da teoria musical ao longo dos séculos XIX e XX, incluindo o advento do sistema de 12 tons de Arnold Schoenberg, o compositor em quem Leverkühn se baseia parcialmente (o personagem também é parcialmente baseado em Frederico Nietzsche). Também há forte evidência da preocupação de Mann com as exigências implacáveis ​​da vida criativa. Leverkühn sofre períodos de dor excruciante pontuados por curtos episódios de genialidade de tirar o fôlego.

Ao explorar a relação entre doença e criatividade, a principal conquista do romance é a sua síntese eloquente de ideias complexas sobre arte, história e política, bem como a sua elaborada meditação sobre a relação entre o artista e a sociedade. A descrição final do destino de Leverkühn está tingida com o desespero e o isolamento que o próprio Mann suportou enquanto ponderava o futuro da sua Alemanha natal a partir do ponto de vista do seu exílio na Califórnia.
comentários(0)comente



Elane48 16/06/2023

Mann é o cara!
O jeito erudito de Mann é proposital, mas as estruturas sintáticas são verdadeiras obras de arte! Quantas vezes li o mesmo trecho mais de uma vez apreciando o estilo...
Assim como chorei com o final de Hans Castorp, o mesmo ocorreu com Nepomuk e o definhamento de Adrian Leverkühn. O discurso final diante da seleta plateia e sua purgação me fizeram sofrer muito. Obrigada, Thomas Mann, por essa obra genial! Creio que seus leitores sofrem como você sofreu vendo sua Alemanha se entregar a Mefistófeles.
comentários(0)comente



Andre.S 22/05/2023

Um livro muito longo,difícil e deveras chato. Segunda experiência minha com o autor, foi custoso conseguir chegar ao final. Não é meu tipo de livro.
Mateus 21/06/2023minha estante
Nossa, depois dessa análise perdi a fé em terminar de ler A montanha mágica. Talvez o autor n seja do meu estilo




Carol 01/05/2023

Este romance é uma reinterpretação da lenda alemã de Fausto, que narra a história de um homem que vende sua alma ao diabo em troca de conhecimento e poder.

A história começa com o protagonista, Adrian Leverkühn, um talentoso músico e estudioso que renuncia à vida mundana para se dedicar inteiramente à sua arte. Ele contrai uma doença misteriosa e, em sua busca desesperada por uma cura, faz um pacto com o diabo, que lhe concede a genialidade musical em troca de sua alma.

Leverkühn se torna uma lenda na cena musical alemã, mas sua ascensão à fama é acompanhada por uma série de tragédias pessoais e sociais, incluindo a ascensão do nazismo e a eclosão da Segunda Guerra Mundial. O livro explora temas complexos como a arte, a filosofia, a religião e a política, ao mesmo tempo em que oferece uma análise profunda da sociedade alemã na primeira metade do século XX.

A escrita de Mann é complexa e elegante, com uma profundidade psicológica e filosófica que reflete a riqueza da tradição literária alemã. É uma leitura desafiadora, mas também profundamente recompensadora, que oferece uma reflexão inquietante sobre a natureza da criatividade, a busca pelo conhecimento e as consequências do pacto com o diabo.
comentários(0)comente



Ana Paula Avila 30/04/2023

Uma obra de arte
Neste romance de formação, narrado por Serenus, Thomas Mann nos conta a história de Adrian Leverkühn, um estudante de teologia convertido à música, que faz um pacto mefistofélico para alcançar o sucesso em troca da sua alma.
Além da história da vida de Adrian, vamos acompanhar a história da Alemanha durante a Primeira Guerra mundial (que acontece enquanto Adrian ainda vive), e a Segunda Guerra Mundial (que acontece enquanto Serenus escreve a biografia de Adrian após sua morte).
Com capítulos inteiros falando sobre o mundo da música, instrumentos musicais, partituras e afins, a leitura não teria sido tão prazeirosa se eu não tivesse aproveitado para ouvir algumas obras maravilhosas que são mencionadas no livro.
Além de muita música, também encontramos nessa obra citações e personagens inspirados em vários escritores e compositores importantes como Nietzsche, Schoenberg, Wagner e Beethoven.
Este é um livro que merece muita dedicação e tempo, para que o resultado seja extraordinariamente prazeiroso e recompensador.
comentários(0)comente



Filipe 26/03/2023

O empenho intelectual das obras de Thomas Mann é a marca mais forte deste que é um dos meus autores favoritos. São 600 páginas de uma história que não é única, uma vez que na maior parte do livro nos deparamos com as vias secundárias de uma jornada épica.

Há um momento onde o paralelismo com o Faustus de Goethe é mais óbvio, a clássica visita do demônio ao herói, onde se realiza o pacto que rege toda a história. No caso da versão de Mann, há uma menor importância nesta cena, principalmente em relação à uma das cenas finais, onde o personagem principal faz o seu discurso tão carregado de emoções.
comentários(0)comente



56 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR