Grande Sertão: Veredas

Grande Sertão: Veredas João Guimarães Rosa
Eloar Guazzelli




Resenhas - Grande Sertão: Veredas


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Daniela707 21/07/2022

só deixando uma resenha rápida aqui. o livro é bom, vale a pena, o início é meio confuso, mas depois vc pega o ritmo, final ótimo
Cristina Moura 04/08/2022minha estante
O início é bem complicado mesmo, espero nao desistir dele. Kkkk




Quelemem 24/01/2011

Certa vez...
... fui à biblioteca e fiquei vagando por entre as prateleiras cheias de mofo. Procurava sem sucesso um volume mais ou menos conservado. Até que parei diante de um calhamaço maciço, que me assustou. Estava intacto. Levei-o para casa. Com dez páginas lidas, deixei o livro de lado pensando em desistir. Passados alguns minutos, um impulso inexplicável fez-me querer continuar a leitura quase ininteligivel. Depois, concluí: que bom que havia tantos volumes ilegíveis na biblioteca.
Guilherme 18/02/2011minha estante
Sua resenha é perfeita. É tudo o que eu queria saber fazer. Juntar minahs experiências de leitor e condensá-las com uma mensagem, conclusão;;;




Danilo Parente 03/09/2022

Travessia
O livro Grande Sertão: Veredas é uma obra-prima que retrata muito bem como a literatura é inerente à arte, à cultura e às raízes brasileiras.

Nesse livro vamos acompanhando a história de Riobaldo, o qual vai narrando os acontecimentos dos tempos em que ele era jagunço no sertão brasileiro.

Primeiro, cumpre destacar a escrita de Guimarães Rosa, pois a mesma é feita de forma poética e extremamente singular. O começo do livro é bastante confuso, mas ao longo das páginas a história de Riobaldo vai ganhando contornos lineares, colocando o leitor em um lugar cronologicamente definido.

Outra análise é sobre a dimensão que o livro incrementa no aprendizado sobre a vida, pois como diz o próprio Riobaldo: “Viver é muito perigoso...”. Guimarães nos leva a refletir acerca do medo de desafiar as intempéries da vida. O ser que age passivamente a todo o momento, estaria de fato vivendo? O que o viver requer nós? Para esses questionamentos, Riobaldo leva em consideração a coragem, pois a vida é uma oscilação constante de mudanças e que precisamos ter coragem para enfrentar todos os momentos, principalmente os de turbulência. Assim como a vida oscila, as pessoas também se modificam, já que ninguém está definido para sempre com o mesmo modo de ser, pois vivenciamos constantes transições durante a nossa travessia.

No que diz respeito à travessia, Riobaldo reflete que o real não está na saída e nem na chegada, ele se dispõe para gente é na própria travessia. Assim o é na vida, por vezes visualizamos apenas a saída e a chegada, mas nunca o percurso. Contudo, é no percurso que está o verdadeiro resultado das nossas ações. É sobre o que fazemos cotidianamente para alcançar nossos objetivos. A travessia é por vezes longa, árdua e perigosa, mas o que nos torna únicos é a forma com que lidamos com os nossos desafios e enfrentamos os nossos caminhos, mesmo que seja por veredas mortas. Isso é o que dá realidade à vida.

Grande Sertão: Veredas é muito mais do que um simples livro, ele é um extraordinário compilado de sentimentos humanos em que cada frase tem um significado único e que transforma a cultura brasileira em algo imensurável.

“O sertão está em toda parte”.
Julia Mendes 12/09/2022minha estante
?




Fabio.Nunes 17/06/2022

Leia como um boi
Certa vez Guimarães Rosa escreveu: "meus livros não são feitos para cavalos, que vivem comendo a vida toda, desbragadamente. São livros para bois. Primeiro o boi engole, depois regurgita para mastigar devagar e só engole de vez em quando tudo está bem ruminado. Essa comida vai servir, depois de tudo, para fecundar a terra."

Esse livro fala de um Brasil pouco conhecido, o Brasil dos caboclos sertanejos.
Narrado em primeira pessoa, pelo cangaceiro Riobaldo, o que se lê é uma linguagem quase nova. Português de um Brasil que fala diferente, sem deixar de se entender.
Não vou falar mais sobre a obra, por que isso pode quebrar o encanto da leitura.
Tendo demorado bastante nessa obra eu entendo o que o autor quis dizer quando afirma que ela precisa ser ruminada.
Terei de revisitá-la no futuro para absorver como boi o que, como cavalo, não consegui.

A inovação linguística é o que faz a leitura ser mais demorada, mas ao mesmo tempo é o que faz a narrativa ser tão real.

Leia com calma.
Leia como um boi, mas jamais seja gado.
Daniel 17/06/2022minha estante
Ótima resenha, Fábio!




Jamyle Dionísio 07/12/2021

Grande
Nonada. Assim, indecifrável, desafiante, começa Grande Sertão: Veredas. Como uma advertência aos incautos, ou senha misteriosa que só os iniciados entendem e ousam prosseguir. Ou os descuidados, que esses, assim como os loucos e as crianças, talvez sejam também protegidos por Deus.
Muito parei em Nonada, tal qual porta fechada na minha cara. Mergulhei nos outros riachos, controláveis, dos contos de Guimarães Rosa. Mas aquele imenso e caudaloso rio do Grande Sertão: Veredas, sem descansos em capítulos, corrente, barrento e fundo? Desse eu sempre tive paúra.
Mas como Riobaldo sempre repete, de um jeito ou de outro? o que a vida quer da gente é coragem. Fui. Como no episódio em que o narrador, ainda criança, conhece o garoto Reinaldo/Diadorim, que o leva para um passeio de canoa rio São Francisco acima (canoa que afunda reto se não manejada direito): teme, quase se arrepende, mas faz a travessia. Sempre puxado pelos olhos verdes de Diadorim, olhos que também nos puxam rio-livro adentro até um final embasbacante, doído. Aqueles finais que deixam a gente assim, sem pensamento, só boca aberta em assombro.
Assombro, sim, com a grandiosidade dessa obra que não tem par na literatura brasileira. Chamar isso de livro é pouco. Vou chamar é pelo primeiro nome, daqui pra frente: o Grande.

https://www.instagram.com/p/CVL7gBKrNT2/?utm_medium=copy_link
Dhewyd 13/03/2022minha estante
Esse livro está entre meus favoritos... demorei algum tempo pra poder entender a linguagem usada, até porque não é bem o português que está sendo utilizado, mas como gosto de dizer , o jagunçês rsrs... comecei a entender melhor quando comecei a lê-lo em voz alta, aí a leitura fluiu como uma correnteza... Livro marcante e grandioso.




Pedro.Carboni 19/07/2021

Hermético, mas a travessia vale muito a pena. Após as 100 primeiras páginas, finalmente somos contextualizados cronologicamente na estória, que nos trás diversas reflexões existenciais e metafísicas de Riobaldo, além de seu poderoso amor por Diadorim. Sua busca incansável pela verdade. Uma travessia épica pelo sertão profundo, com seus mais diversos e peculiares personagens, e com as paisagens muito diversas e únicas (os Gerais, as Veredas Mortas, o Urucuia, o temido Liso do Sussuarão...). É um livro para ser esmiuçado...
Gabriela.Bustamant 20/07/2021minha estante
tô aguardando passar das 100 primeiras páginas ansiosamente, pq por enquanto não estou entendendo nada! kkkkk




Raynara 25/09/2017

Qualquer amor já um pouquinho de saúde.
Foi necessário, após a leitura de Grande Sertão, mais de um mês para digerir o impacto que essa leitura causou na minha mente. João Guimarães, causou euforia com a publicação de Sagarana em 1946, sendo alvo de críticos importantes da época como Álvaro Lins, que o definiu como "mestre da ficção" e se dirigindo ao público disse sobre Sagarana "um novo grande livro para a Literatura Brasileira". Mal sabiam Álvaro Lins e Antônio Cândido que muito ainda estava a vir pelos anos que se seguiriam. Em 1956, Guimarães causa alvoroço na sociedade com a publicação de duas grandes obras, hoje já consagradas: Corpo de Baile e Grande Sertão: Veredas. Sendo que Corpo de Baile ficou às sombras de Grande Sertão, por muito tempo.

João Guimarães Rosa, foi de uma genialidade e infindável fidelidade a Literatura com a publicação de Grande Sertão: Veredas. Essa obra que alcançou milhares de leitores por todo o mundo, e que desperta o gosto pela literatura brasileira, sendo até hoje discutido como um romance regionalista ou não, com tons bucólicos.
Em minha opinião, o romance é completamente universal. Por quê? (aqui começarei realmente falar sobre a obra)
Grande Sertão: Veredas, é narrado por Riobaldo, de acordo com sua memória que em muitas das vezes pode falhar, e isso a gente percebe ao fim da leitura. A narrativa, praticamente toda, se passa na travessia em que jagunços estão em guerra, e é isso que motiva todo o enredo e dá o desfecho: o fim do livro.
Mas o que mais me chamou atenção durante toda a travessia, foi o amor. Riobaldo e seu amor incondicional por Diadorim.
"Amor desse, cresce primeiro; brota é depois."

Gosto de pensar em Riobaldo, como a representação real do ser humano, e é por isso que acredito que seja um romance universal. Riobaldo, sente-se em muitos momentos inferior a Diadorim, incapaz de ter o amor de Otacília quando se tem Diadorim, que em muitos momentos ele diz ser muito bonito, com olhos verdes e mãos delicadas. Riobaldo, sente medo, e é esse um fato importante, pois é o que dará motivos ao pacto (aliás, o mito do pacto).

O amor de Riobaldo sente, em muitos momentos, senti como algo representativo, quase vivo, quase real. E, de uma intensidade grandiosa, já que durante as passagens senti na pele a dor de Riobaldo, e senti uma necessidade absurda de fazer pausas nesses momentos angustiantes.

E por fim, deixarei uma das partes mais lindas em minha opinião:
“Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria. Acho que. Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre. E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que às vezes adivinhei insensatamente - tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava. Muitos momentos. Conforme, por exemplo, quando eu me lembrava daquelas mãos, do jeito como se encostavam em meu rosto, quando ele cortou meu cabelo. Sempre. Do demo: Digo? Com que entendimento eu entendia, com que olhos era que eu olhava?”
Kareen 31/10/2017minha estante
Ameei ???




Thiago Ernesto 25/01/2013

Do Tamanho do Mundo
O Sertão é do tamanho do mundo.
Nonada. Se eu acredito no demo? No coisa ruim? No cão? Não sei, deve de ser homem humano se existir. Será? Nonada.
Não sei bem como começar a descrever a obra de Guimarães Rosa. Talvez pelo demo. Sim, por ele. O demo. Se acredito? Não sei. Nonada. Boa parte do livro gira em torno do pacto de Riobaldo com o diabo. O diabo na rua, no meio do redemunho. Deus e o demo no sertão. O sertão está em todo lugar. O sertão é do tamanho do mundo. E o diabo? Se existir, também penso que é homem humano mesmo. Pacto? Será possível. Sorrio. Não da pra vender a alma pra uma coisa que não existe.
O sertão é grande. o sertão tem histórias de cordel, tem histórias do tamanho do mundo. Do tamanho do tempo. E o Chico? O Chico está lá, grande, bonito, majestoso. Salve São Francisco. Salve o Urucúia branco e todos os outros rios do sertão.
O clássico maior da literatura tupiniquim não chega a esse posto por nada. Há dentro da trama uma genialidade, uma essência da perfeição que não se encontra em outro lugar se não no sertão. Ao ler Grande Sertão nos sentimos do tamanho do mundo. Do tamanho do sertão. Tão vasto, tão só, tão sertão.
Com um vocabulário regional, simples a história é contada do meio para o começo e depois é retomada até seu desfecho. É um encontro com a vida na solidão do sertão, é a sabedoria dos gerais. É a vida. Que vida? Essa vida? Tão boba, tão mal vivida? Nonada.
É possível homem amar outro homem? Nonada. Será possível? Será que existe amor? Será, amor de mulher? Isso é tentação do demo? É coisa bonita? É capricho da vida? Ou nada disso? Nonada. Paixão de Riobaldo e Diadorim é coisa que supera qualquer desejo comum. Para Riobaldo Diadorim está acima de qualquer coisa humana. Não precisa ser mulher. Nem homem. Amizade ou amor? Amor. Amor eterno. Do tamanho do sertão.
E há espaço pra valentia? Cabra macho esse do sertão. Medeiro-vazes, bebelos, riobaldos, valentes. Em busca de nada. De sangue? Não. De luta, de guerra, do sertão.
E no final, que é que vale? Talvez nada, talvez nada. O
O demo que fique no inferno. Não existe. O cão é homem ruim, homem humano, homem que morre. Deus é maior. Deus é do tamanho do sertão. E o sertão o que é? Toda essa imensidão, afinal, o que é? O que é? Não importa. O que importa não é o sertão. São as veredas.
Pacto? Nonada.
Viver é um negócio muito perigoso.
Renata CCS 29/04/2014minha estante
Adorei a resenha!




Meirinha 29/01/2013

Nonada!
Nonada, mas infelizmente, uma gama de pessoas diz não conseguir ler Rosa. Já ouvi gente dizer que é chato, que a linguagem usada torna seus livros muito difíceis, e por aí vai. Fico triste com isso, pois essas pessoas não sabem o que estão perdendo.


A verdadeira literatura é aquela que inova, que faz o que ninguém fez antes. Rosa fez isso. Em vários aspectos. Guimarães foi grande em cada conto que nos deixou, e segundo Antonio Candido, “Grande Sertão: Veredas” é a obra mais importante da literatura brasileira.


João Guimarães Rosa disse uma vez que “Grande Sertão: Veredas” , publicado em maio de 1956, ia dar muito trabalho aos críticos. Ele acertou. Ainda hoje, cinqüenta anos após sua publicação, há inúmeras interpretações para o livro. Mas aí é que está. Livros assim são poucos, e são eles que constituem a verdadeira literatura.


Dante, Shakespeare e tantos outros escritores já cantaram o amor, e Rosa conseguiu cantá-lo de forma que nenhum outro jamais fizera: “Lhe ensino: porque eu tinha negado, renegado Diadorim, e por isso mesmo logo depois era de Diadorim que eu mais gostava. A espécie do que senti. O sol entrado.”


Riobaldo conta sua história, expõe seus enigmas a um interlocutor que não responde. Além da guerra entre os jagunços , a grande tensão para o narrador é a sua relação com Diadorim: “O Reinaldo – que era Diadorim: sabendo deste o senhor sabe minha vida.”


Uma narrativa ambígua. Ora é, ora não é. E assim desde o nome de Diadorim, que nada mais é do que a junção de diabo e querubim, bem e mal, Deus e o diabo. A salvação e a perdição de Riobaldo: “Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também - mas Diadorim é a minha neblina.”


Minha edição de Grande Sertão: Veredas tem muitas páginas marcadas, e cada vez que volto nelas, faço uma leitura diferente, por que? Porque o sertão “é dentro da gente”. Porque às vezes é preciso que fechemos os olhos para ver o mundo. Não é por acaso que Rosa encerra o livro com um sinal que simboliza o infinito.
Soube dosar na medida certa o tom, a forma ficcional, a linguagem ousada, o recorte mítico e histórico do sertão, que mesclou a um enredo marcado pelo suspense. A técnica narrativa do livro é um caso à parte. Está repleto de vai-e-vem, de retomadas. O próprio narrador, Riobaldo, adverte lá pela altura da página 99 que “Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância.” E é justamente daí em diante que a narrativa de Ribaldo segue uma linha temporal continua. Um leitor roseano de primeira viagem pode se sentir estranhamente perdido às ações narradas na primeira centena de páginas. A sugestão que deixo é a seguinte: Leia a obra como Riobaldo narrou, e depois faça um retorno as 100 primeiras páginas. Tenho certeza que a leitura será outra.


Guimarães Rosa foi inventivo como nenhum outro escritor brasileiro. Criou o que só alguém como ele poderia ter criado um livro como “Grande Sertão: Veredas”, que é a junção de histórias que ouviu e vivenciou em sua vida. Rosa morreu em 19 de novembro de 1967, apenas três dias depois de ganhar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Nas palavras do próprio autor, ele não morreu, apenas ficou encantado.
El Costa 29/03/2013minha estante
Meirinha, adorei sua resenha.
Bom, vou começar a ler esse livro depois de concluir a leitura do atual, e sua resenha fez crescer minha vontade de ler Grande Sertão: Veredas. :)




Gabi Guerra 12/08/2020

Mais do que um livro: Travessia de vida
Eu não sei como por em palavras os sentimentos mais profundos que essa obra única, inigualável me fez ter.
Nunca li nada igual. Ouso dizer que jamais lerei.
Como um sertanejo, ex jagunço, consegue explicar tanto da vida? Como Guimarães Rosa conseguiu exprimir tanto em palavras que não existem?
Alguns parágrafos sequer fazem sentido, mas despertam os sentidos.
Um livro de guerra, de amor, de mudanças, de dor, de segredos, de veredas, de incertezas e de coragem!
É um relato de superstições, de pactos , de ódios, de fugas e de amor. Muito amor.
Os sertões são enormes. Somos sertões, somos as veredas e o certo é que a travessia nunca se finda.

Meu livro preferido. Ponto final.
Renata.Thati 12/08/2020minha estante
Excelente comentário. Instigou-me a ler o quanto antes




Fábia Dias 15/08/2018

Grande Sertão: Veredas
A obra apresenta vários aspectos interessantes começando pelo trabalho de Guimarães Rosa com a linguagem. Uma linguagem experimental que foge do lugar- comum. Reproduz a oralidade típica di Sertão de maneira inovadora e encantadora, buscando a construção de uma identidade. Quanto ao assunto abordado no caso a vida no Sertão, as batalhas, a jagunçagem, ultrapassa os limites regionais e passa a possuir um caráter universal quando trata de maneira filosfica e metafísica as questões como o bem e o mal, Deus e o Diabo. A existência desse último é questionada o tempo todo pelo personagem-narrador Riobaldo que conclui a história dizendo que ?O diabo não há?, ?existe é homem humano, ou seja, o diabo é uma entidade criada pelo homem na tentativa de busca uma explicação para seus atos e sua existência. Riobaldo relembra os fatos, o seu amor oculto e proibido por Diadorim se dirigindo a um interlocutor, que não se sabe o nome o que fica subtendido que esse interlocutor seja o próprio leitor. Em vários momentos revela que essas recordações ao serem reproduzidas sofrem o efeito do tempo, ou seja, a memória é um processo contínuo que nunca para de alterar as recordações. Sem falar das variadas definições sobre o Sertão que aparece na obra:?O Sertão está em toda parte, (?). O Sertão é do tamanho do mundo, (?) SERTÃO: é dentro da gente.?
O Sertão ultrapassa os limites do lugar, ganhanhando metaforicamente várias significações e apresenta através da poesia uma ideia de infinitude. Como tratou o escritor Mia Couto ao dizer que a palavra Sertão na obra de Guimarães tem uma sonoridade interessante: tem o verbo ?ser? e ?tão? que é uma medida de infinito. Enfim, uma leitura difícil, instigante e encantadora.
Albert 16/08/2018minha estante
Esclarecedora resenha. Ótimo!




Raquel 25/06/2013

Senti um pouco de dificuldade no início do livro, por conta da linguagem. Com o passar das páginas a leitura começou a ser cada vez mais interessante. O amor de Riobaldo por Diadorim que ele não sabia que era na verdade uma mulher. O pacto que ele fez com o Demônio e ele mesmo não acredita que fez. A interessante saga dos jagungos no sertão de Minas Gerais. E a natureza linda das veredas...
FOI LINDO!!! JÁ ESTOU COM SAUDADES!!!!
deborafv 11/06/2014minha estante
Obrigada pelos spoilers sem nenhum aviso.




Emanuel Xampy Fontinhas 23/03/2022

Vou começar dizendo que sim, reconheço o valor e a importância da obra e não discuto seus méritos. Minha resenha tem a ver apenas com a minha percepção pessoal, minha própria conexão com a obra e, sinceramente, não houve muita. Gostei muito da sensibilidade da história de Riobaldo e Diadorim e da forma como os dissabores da vida no sertão foram retratadas, porém é uma leitura muito hermética e vagarosa, o ritmo acompanhou o cavalgar na anca de uma montaria pelo solo árido do sertão e pra mim foi penoso terminar. A escolha por utilizar um linguajar mimetizando a fala do povo do sertão me incomoda, não simpatizo muito com autores da classe dominante que usam desse artifício, acho inclusive bastante elitista. Enfim, um bom livro, mas não se conecta com meu gosto pessoal.
Mayky 15/03/2024minha estante
É um artifício usado para dar verossimilhança ao discurso do personagem, a fim de se aproximar ao máximo do discurso real. Dizer que autores de classes dominantes são elitistas ao usarem essa técnica é enxergar a criação literária de uma forma muito simplista e reducionista, porque o conceito de lugar de fala não se sustenta e não cabe na literatura, que é um espaço de liberdade e alteridade. Carla Madeira, Itamar Vieira Junior, Jefferson Tenório e Chimamanda Adichie já falaram sobre como esse termo é incabível na criação literária, aliás. Só procurar na internet que você encontra textos e vídeos deles sobre o assunto.




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