Leilane 26/12/2014
Não tem como ser indiferente a esta história!
Eu li este livro por causa do filme, sempre achei a Ginnifer Goodwin – a Rachel da história – uma excelente atriz, antes mesmo de ela começar a interpretar a Snow de Once Upon a Time, e, bom, o Colin Egglesfield é um gato, ficou perfeito como Dex.
O título em português entrega muito da história, só com ele percebemos que o livro vai abordar traição. O título em inglês é bem mais sutil, Something Borrowed (Algo Emprestado), pois remete a casamento – quem nunca viu um filme norte-americano ou britânico no qual se dizia que a noiva precisa se casar com “something old, something new, something borrowed, something blue”, ou seja, com “algo velho, algo novo, algo emprestado, algo azul” – e o fato é que quando pegamos emprestado nem sempre devolvemos.
Rachel é uma pessoa que pode ser descrita como “boazinha” e, desde a infância, viveu à sombra de sua melhor amiga Darcy. Ela não se resente com o fato, apenas aceita que Darcy é mais bonita, extrovertida, sortuda – e muitos outros adjetivos positivos – que ela. Até com os homens, quem sempre levou vantagem foi Darcy e foi exatamente o que aconteceu quando ela conheceu o colega de faculdade de direito de Rachel, Dex.
A história começa no aniversário de 30 anos de Rachel, uma comemoração um pouco amarga, pois ela não está infeliz com as poucas realizações que teve na vida e é por essa autopiedade que ela acaba exagerando na bebida e indo para a cama com Dex, o noivo de sua melhor amiga. Desse ponto em diante, a história se torna um emaranhado de conflitos, traições e descobertas.
Basicamente, os três personagens centrais, Rachel, Darcy e Dex, são pessoas que não sabem o que querem da vida e simplesmente recorrem ao hábito para resolver tudo: a Rachel cede a todos os caprichos de Darcy, Darcy gosta de ter todos na palma da mão e de sempre superar sua melhor amiga – mesmo que para isso tenha de mentir – e Dex faz o que lhe mandam fazer. No geral, os três são infelizes e tudo o que acontece na história são caminhos para felicidade, mesmo que o processo seja doloroso e deixe muita mágoa em todos; mas a vida é assim. Nada é completamente fácil ou simplesmente feliz sempre, são muitas etapas antes de se alcançar um pouco de felicidade e, às vezes, o caminho que tomamos é justamente o oposto – o da infelicidade. A Emily Giffin soube trabalhar muito bem toda essa temática.
Eu virei “team” Rachel de cara, sei que é estranho falar em “teams”, mas é esse tipo de história, você acaba escolhendo um lado e comigo foi bem rápido. Sei que foi ela quem traiu e foi péssimo que teve de chegar a esse ponto, mas, parafraseando uma das falas da personagem Charlotte no filme de Orgulho e Preconceito: somo todos tolos no amor, nunca sentiremos seguros se não formos encorajados a agir. O erro de Rachel e Dex só aconteceu porque eles foram tolos desde o começo e não admitiram para si mesmos seus sentimentos, ou seja, Rachel agiu como sempre agiu e o cedeu para Darcy e ele foi fraco por não tentar investir no que realmente queria. Ambos foram ofuscados por Darcy.
O livro traz muitas reflexões de relações interpessoais, a Emily Giffin é excelente nisso, ela põe à prova amizade, amor, fidelidade e caráter. Uma das minhas citações favoritas de todos os livros que já li trabalha uma reflexão tão básica, mas que normalmente não fazemos:
“… o oposto do amor não é o ódio, é a indiferença.” (p. 306)
Esquecer uma pessoa não significa odiá-la, significa não sentir mais nada, praticamente virar um estranho. E é isso que Rachel tenta fazer com Dex, ser indiferente, não sentir nada, mas será possível esquecer um amor quando finalmente o encontramos?
Achei Darcy uma pessoa extremamente irritante, o livro é narrado pelo ponto de vista da Rachel e ela não se irrita nunca com Darcy, mas as descrições de tudo que a Darcy é simplesmente me levaram a desgostar dela. Os personagens secundários, como Ethan e Marcus se tornam peças chaves da trama, mas não aparecem tanto, acho que, no filme, deram muito mais destaque para os dois. E por falar em Marcus, acho muita engraçada à cena do filme na qual a Emily Giffin aparece lendo “Something Blue”, a cara de chocada pelo que o Marcus disse é demais!
E por falar em “Something Blue”, esse é o título original do livro “Presentes da Vida” que é a continuação de “O Noivo da Minha Melhor Amiga” e logo teremos a resenha aqui também. Os livros são de editoras diferentes e sei de muitas pessoas que leram o segundo antes, mas aconselho que não o façam, pois tem muito spoiler, já que o livro é a continuação da história, mas na visão da Darcy.
Recomendo muito O Noivo da Minha Melhor Amiga – livro e filme – para todas que apreciam uma história que põe a prova sentimentos, questiona relacionamentos e queiram refletir sobre os caminhos que tomamos em nossas vidas.
E tenho de deixar um agradecimento especial a minha querida amiga Yasmin, a responsável por este blog incrível, pelo o autógrafo da Emily Giffin que tenho agora na minha cópia de O Noivo da Minha Melhor Amiga! Muito obrigada!
site: http://lerimaginar.com.br/blog/2013/09/19/o-noivo-da-minha-melhor-amiga-emily-giffin/