@jaquepoesia 26/01/2022
Livro: O Homem Duplicado
Autor: José Saramago
Gênero: Romance
❥O início do livro (narrado em terceira pessoa) nos leva supostamente a conhecer Tertuliano Máximo Afonso (nome que Saramago repetiu de 3 a 5 vezes em cada página!), um homem refém de um cotidiano monótomo, que se dividi entre dar aulas de História e ler sobre as civilizações mesopotâmicas.
Aos trinta oito anos de idade e recém-divorciado, o protagonista vai dia após dia sucumbindo a depressão, até que um colega de trabalho (o professor de matemática) lhe indica um filme, o qual Tertuliano aluga, e acaba por descobrir seu clone no longa (se trata de um ator com papéis medíocres de pontas).
Tertuliano passa a desejar descobrir mais sobre o homem, cujo a face e todo resto é perfeitamente igual a ele. Mergulha então em horas e horas de cinema, assistindo a muitos filmes da produtora onde trabalha seu duplo. Até que finalmente descobre a identidade do mesmo e busca uma forma de conhecê-lo.
A essa altura da leitura, já sabendo que não se trata de gêmeos, clones ou irmãos, tem até um aviso na contracapa de que não seria algo tão obvio, foi então que comecei como leitora, a me perguntar se Tertualino era mesmo o homem pacato apresentado pelo narrador. Pois sua súbita obsessão em conhecer seu duplo, acabou por levá-lo a se questionar muito acerca de si mesmo, até que ele sofre uma enorme crise existencial e se mostra mais perturbado, do que apenas triste e entediado.
❥Saramago construiu uma narrativa simples acerca de homem Tertualiano nos dizendo o que este faz, como é, o que possuí e o que não possuí, mas este é na verdade um personagem deveras complexo, o que faz com que a elaboração do livro chame atenção pelo cuidado do autor em criar estratégias de suspense e mistério em torno do tema DUPLICIDADE.
❥Simbolismos e elementos parecem roubar a ”cena”, e em algum ponto subestimei Tertuliano por julgar conhecê-lo, e é então que o Senso Comum (narrador do texto) nos leva ao desespero do personagem que vive o pesadelo do mito da originalidade e percebemos que nada é realmente o que parece.