Alcione13 07/04/2019TrágicoOuvindo a notícia da chegada de um circo na cidade hoje,me lembrei,infelizmente,desse livro.
O ESPETÁCULO MAIS TRISTE DA TERRA
Mauro Ventura
Uma série de erros, negligência,ou crime?
Pergunta que infelizmente fica sem resposta.
Então,vamos aos fatos: superlotação+saída de emergência inexistente????
Deu pra perceber o drama acima, não?Uma sensação de repeteco nos dias atuais e a mesma impunidade.
O chamado Gran Circo Norte Americano chega em Niterói com promessas de espetáculo inesquecível e em 17 de dezembro de 1971 durante uma apresentação só dá tempo de a trapezista gritar:"fogo" e as labaredas rapidamente e literalmente lambem a lona num horror sem limites.
A lona em questão tinha sido impermeabilizada com um produto altamente inflamável e a consequência foi pedaços caindo sobre as pessoas.Pesadelo total.
Saída bloqueada resultando em pisoteamento e pânico geral.
Temos a elefanta que heroína,abriu com seu corpo um buraco por onde se retirou muitas pessoas. Além de rasgos de canivete e afins.
Mas próximo ao foco,o clima foi de inferno. Pedaços fumegantes grudavam no rosto e pele das vítimas.
Que de início foram retiradas em ambulâncias,mas quando o número alarmante começou a vir a tona,pasmem, caminhões,carros de passeio ou funerários,o que tinham no momento.
Corpos grudados, uns nos outros, soltando peles foram empilhados,jogados e eram retirados aos montes do local da tragédia e pasmem novamente,o único hospital da cidade estava fechado pra reforma.
O transporte desumano dessas vítimas me causou horror tão grande,que por vezes interrompi a leitura.
O prefeito estima em 503 o número de mortos,mas há relatos de até 1000 ou mais vítimas.
Discussões a parte,o que conta é uma cidade despreparada para tal;tanto no quesito hospitalar, quanto funerário e o próprio cemitério.
A população mobilizou-se na construção de caixões por noite a dentro;o som desse martelar incessante assombrou a população por muito tempo.
Cidades vizinhas deram apoio e até uma equipe com todo um aparato veio do exterior.Mas no Brasil,consagrou o cirurgião plástico Ivo Pitanguy num trabalho impressionante de ajuda a essas vítimas.
População irada e sedenta por culpar alguém não acreditando no suposto curto circuito, encontrou em um certo homem o bode expiatório?? Ou alguém seria tão cruel a esse ponto apenas por rixas de trabalho?
O que mais temos,são perguntas e infelizmente poucas respostas.
No restante do livro nos são apresentados personagens e poucos fatos,sendo o foco mesmo o capítulos iniciais pois o que sobra são questionamentos.
Como o suposto culpado que nada foi provado, inépcia policial? Negligência?
Ou a falta de um memorial ou mesmo algo que represente respeito e dignidade a essas vítimas,como uma proteção nesse terreno.
Com o tempo,como qualquer tragédia,caiu no esquecimento e culpados e punições passaram longe da justiça terrena.
Mas o que fica é a sensação que infelizmente outras repetições virão.
A boate Kiss em Santa Maria é uma ferida aberta ainda.
O tratamento desses queimados e apoio das equipes foi algo digno de palmas; também para os muitos anônimos que ajudaram com dinheiro, trabalho e acima de tudo, carinho.