Moitta 24/09/2010
Reflexão e ação
Um maravilhoso livro para se conhecer o teatro e seu poder reflexivo, revolucionário, calmante e empático.
Boal conta parte da história do teatro, começando com sua criação, onde pessoas cantavam a céu aberto, e o teatro aristotélico onde já se criava um muro entre atores e espectadores, entre protagonista e coro.
O livro mostra como o teatro é político, pois é impossivel ao homem ser imparcial, visto que está inserido numa estrutura e é por ela influenciada. Pode ser a favor ou contra, conscientemente ou não. Expõe sua visão e explica a história por meio de 3 poéticas.
O teatro de aristóteles seria passivo, mantenedor da ordem vigente. O sistema trágico "quando o homem falha nas suas ações, no comportamento em busca da felicidade, através da virtude máxima que é a obediência às leis, a arte da tragédia intervém para corrigir essa falha, através da purificação, da catarse, da purgação do elemento estranho, indesejável, que faz com que o personagem não alcance os seus objetivos. Este elemento estranho é contrário à lei, é uma falha social, uma transgressão."
Este sistema funciona para diminuir, aplacar, satisfazer e eliminar tudo que possa romper com o equilíbrio social.
A Poética da Virtú surge com a burguesia, e define virtudes e valores (acessiveis a todos) e não o berço como requisitos ao sucesso, à faculdade de subir na vida. Boal expões os estilos lírico, épico e dramático.
A poética do Oprimido.
O povo oprimido se liberta, e outra vez conquista o teatro.
A poética do oprimido busca que o espectador volte a representar - Teatro invisível, teatro foro, teatro imagem, teatro jornal, etc. Depois busca acabar com a propriedade privada dos personagens pelos atores, através do sistema coringa.
Os exemplos de onde e como aconteceram essas experiências e riquíssimo e já vale a leitura do livro. Propõe reflexão e atitude, ação.
Um livro que mostra a visão do teatro exposta por alguém que dedicou boa parte de sua vida à essa arte, e inclui suas propostas e novas tentativas de usar o teatro como forma de ensaiar para a vida real e não apenas sentir através da empatia com a personagem e nada fazer. Um teatro que é mais que puro entreterimento, um convite à mudança, à luta dos oprimidos contra os opressores.