Ramon 25/01/2024
Livro excelente!
" Sabes do que me lembrei? Uma vez zanguei-me com nossa falecida mãe; ela gritava, não queria ouvir-me...Por fim, disse-lhe: a mãe não é capaz de me compreender, já que pertencemos a gerações diferentes. Ela ofendeu-se muito, e pensei: nada a fazer!
A pílula é amarga, mas é preciso engoli-la.
Agora chegou a nossa vez, e os nossos herdeiros podem dizer-nos: são de outra geração, engulam a pílula."
Esse é um livro sobre abismos, abismo entre pais e filhos, entre amigos, entre mundos.
Impressionante como podemos habitar em mundos diferentes, e nem nos darmos conta. A não ser quando for tarde demais.
Abismos não se constroem da noite para o dia, mas com uma vida de indiferenças e ressentimentos. As pessoas podem dividir o mesmo teto, e ainda sim, serem completos estranhos um ao outro.
O conflito entre gerações muitas vezes é inevitável, as ideias mudam, o tempo passa, os jovens envelhecem, os velhos morrem, e o mundo segue seu ciclo. E essa é a beleza trágica desse livro. Apesar de refletir uma realidade da Rússia do século XIX, não deixa de tocar nos relacionamentos do século XXI.
"Ainda somos os mesmos
E vivemos como os nossos pais."