Há quem prefira urtigas

Há quem prefira urtigas Junichiro Tanizaki




Resenhas - Há quem prefira urtigas


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Carol 17/03/2024

Impressões da Carol
Livro: Há quem prefira urtigas{1929}
Autor: Junichiro Tanizaki {Japão, 1886-1965}
Tradução: Leiko Gotoda
Editora: Cia das Letras
192p.

"Mas ao descompasso entre marido e mulher novos desconfortos se juntaram enquanto assistiam ao entreato 'Jihei'. Pois a natureza da relação conjugal de Jihei e Osan - muito embora se tratasse de dois bonecos num típico enredo joruri repleto de expressões exageradas e cômicas - levou Misako e Kaname a refletir sobre os próprios cotidianos e a sorrir com amargura." p. 35

O enredo de "Há quem prefira urtigas", na superfície, é banal: o divórcio do casal Kaname e Misako, que não sabemos se será concretizado. Porém, é o que está latente neste romance que me fisgou.

Ao problematizar as tensões resultantes do choque entre a cultura japonesa (tradição) com a ocidental (modernidade), Tanizaki borra a esfera individual e a esfera coletiva. Mais que isso, delineia o desejo mimético como perda de identidade, desraizada de suas origens. Kaname, por exemplo, oscila indeciso entre sua esposa ocidentalizada e independente Misako, sua amante prostituta Louise e a jovem Ohisa, acompanhante de seu sogro, que segue costumes orientais.

O teatro de bonecos - bunraku -, que surge em diferentes momentos da narrativa, serve como alegoria aos silêncios e aos não-ditos das personagens, preenchendo lacunas e multiplicando sentidos. Assim, Kaname e Misako, ao procrastinar a decisão de assinar o divórcio, estariam dispostos a serem manipulados para evitar bater de frente com parentes, amigos e a sociedade. São fantoches de seus medos. Tudo se resume à performance.

Por fim, a figura da mulher na sociedade japonesa do entre-guerras. Misako, Louise e Ohisa estão inseridas numa tradição que ora santifica ora demoniza a mulher, que é sempre cobrada a provar e a fazer o impossível pelo bem do relacionamento e da família. Num Japão em que o indivíduo masculino está em crise, a mulher passa por pressões sobrepostas.

Um romance notável! Ler Junichiro Tanizaki é contemplar um outro tempo, um outro modo de ser e estar neste mundo. Literatura de fronteira. Literatura de crise. Sempre um deleite.
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Sofia Meneghel 28/01/2024

Morno
Um livro bastante morno. Não me causou grandes emoções e nem grandes decepções. Me parece que teria funcionado melhor em um estilo de conto ou crônica. A ideia inicial do enredo é boa, mas as 200 páginas que este cobre não acrescentam nada.

O livro é extremamente redundante, e isso o torna maçante. Senti falta do aprofundamento de certos personagens, como Aso e Louise. Compreendo o lugar de destaque desta obra na literatura japonesa, mas confesso que não me cativou.
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Noblejie 30/08/2023

Urtigas são bonitas, mas...
Japão da década de 20, um precursor do fake-dating, Tanizaki era foda mesmo. Eu olhei a sinopse e pensei "porque não? kkkkkkk"
pois é, acabei esperando muita modernidade de um japonês do século passado... Mas isso não significa que o livro seja RUIM, o que te distrai da leitura é na verdade o tanto de descrições e explicações sobre algumas manifestações da cultura tradicional japonesa, enquanto o leitor está roendo as unhas para saber o que vai ser do casamento de Misako e Kaname.
No final das contas, acho que esse livro tem uma mensagem boa a passar para os leitores, sobre manter as aparências e fazer escolhas...
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Marcos606 24/03/2023

O tema principal do trabalho de Tanizaki é a justaposição da tradição com a crescente influência da cultura ocidental na sociedade japonesa do século XX.

Tóquio, década de 1920, Kaname e sua esposa Misako estão presos em um casamento ocidentalizado. Não mais atraídos um pelo outro, eles há muito pararam de dormir juntos e Kaname aprovou que sua esposa fizesse sexo com outro homem, Aso. Eles estão em processo de separação emocional, mas ainda não se decidiram sobre o divórcio. Hiroshi, o filho mais novo do casal, ainda não sabe nada sobre os planos de seus pais. Compelido por uma profunda tristeza, Kaname refugia-se no passado, no teatro de marionetes bunraku e numa fixação crescente pela amante do sogro.

As complexidades de um casamento sem amor e em deterioração são reveladas neste romance rico e lindamente estruturado. A precisão de Tanizaki com o diálogo captura perfeitamente a polidez e as fachadas da cultura, onde tanto é mostrado pelo não dito.

O dilema de Kaname e Misako serve para apontar não apenas o descontentamento de um casamento, mas de uma cultura, na qual os novos costumes do mundo ocidental, no Japão contemporâneo, se intrometeram nas antigas tradições do Oriente. Pois Kaname e Misako adquiriram uma visão moderna e por algum tempo eles se enganaram e deliberaram sobre o divórcio que deveriam obter, pois Kaname descobriu que sua paixão havia esfriado. As visitas ao pai de Misako apenas confirmam as discrepâncias entre as gerações, pois o velho tomou uma jovem como concubina e a preparou para ministrar às suas inclinações, e é ele quem tenta devolver Kaname e Misako a uma aceitação mútua também. como um padrão estabelecido e inquestionável.
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Daniela 15/02/2023

Moderninhos para sua época!
?Misako pretende viver junto a Aso, seu amante, e Kaname está entregue à paixão por uma prostituta, mas por uma estranha razão eles não conseguem pôr fim ao próprio casamento.?
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Daniel Andrade 22/01/2022

192 páginas de nada
Não consigo acreditar que em 192 páginas NADA aconteceu. O plot principal não se resolve, a Louise que tá na sinopse como uma das >protagonistas< é citada pela primeira vez na página CENTO E CINQUENTA, o filho fica largado às traças, a Misako e o Kaname completamente descompensados, o inútil do Aso que é importante pra história simplesmente não aparece no livro... pelo amor de deus que decepção. A nota só não será mais baixa porque o estilo de narrativa do Tanizaki é gostoso. De resto, horrível.
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Palmirinha 29/10/2021

Que livro lindo. Tanizaki narra com esplendor esse relato sobre a decadência da tradição e a imposição da modernidade.
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Sheilla Darlen 27/10/2021

Japão à mostra.
Fiquei entre amor e ódio por esse livro. Uma história que rola morna, mas que ainda assim me prendeu. Interessante pra refletir se o mundo mudou ou está na mesma.
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Lusia.Nicolino 21/10/2021

Decidir é sempre uma questão! Decida ler esse clássico
Uma releitura, já que será o próximo título no Clube de Leitura da Japan House. O título – que vem do provérbio japonês "Cada lagarta tem seu gosto; algumas preferem urtigas" – pauta um dos temas principais da história, a escolha. Mas, como escolher entre isso e aquilo quando se é incapaz de tomar decisões? Desde as mais banais, como ir ao teatro, até a mais pungente, a que pode alterar vidas, como a separação. E é com esse tipo de personagem que vamos lidar. Misako e seu marido Kaname vão se separar. Ele já não se interessa por ela, ela já tem um amante, mas estamos na década de 1920, no Japão marcado por suas tradições. Divórcio e adultério, das mulheres, um assunto a ser evitado. E há Hiroko, o filho de dez anos, que sabe mais do que pensam seus pais e aguarda a decisão. Tanizaki sempre pontuou em suas obras o confronto, os momentos em que o moderno avança sobre as antigas tradições. É antigo ou é tradição? Seus personagens sempre vivenciam seus anseios, seus desejos, mesmo aqueles que preferem urtigas? Decida pela leitura desse clássico e confira o final da história.

Quote: "Em resposta aos acenos do chapéu, Ohisa agitava no ar seu bastão de romeira. Contemplando-os, Kaname pensou: ´De longe, e com os rostos ocultos pelos sombreiros, esses dois formam um harmonioso casal de peregrinos. Que importam os mais de trinta anos de diferença? Afinal, leste e oeste inexistem desde o princípio´.


site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lunicolinole
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Luiz Gustavo 13/08/2020

Ambientado na década de 1920, o conflito central da narrativa é a ruína do casamento de Kaname e Misako. O capítulo inicial apresenta a indecisão do casal diante de uma questão aparentemente banal: aceitar ou não o convite do pai de Misako para ir a uma apresentação de Bunraku (uma forma de teatro de bonecos). Nenhum dos dois quer tomar uma decisão, nem sobre o convite, como vemos no início, nem sobre o inevitável divórcio – grande tabu na época –, como vemos ao longo do livro. O casamento dos dois se tornou falso, porém muito conveniente, pois juntos podiam pelo menos manter as aparências para a sociedade. Contudo, eles não estavam felizes. Tamanha era a infelicidade que Misako mantém, com o apoio do marido, um relacionamento com outro homem, enquanto Kaname se envolve esporadicamente com uma prostituta. Mesmo o filho do casal participa da farsa que se tornou o matrimônio, e destaco um trecho que me impressionou muito: “Provocava arrepios em Kaname a estranha situação de um pai, uma mãe e um filho que passeavam juntos, cada qual ocultando dos demais o que lhe ia no íntimo, sob uma falsa aparência risonha. Em outras palavras, os três já não conseguiam enganar-se, mas juntos enganavam o mundo”. A insatisfação é nítida, mas, por diversos motivos, a separação definitiva é sempre adiada. O final da narrativa parece, inclusive, muito abrupto, mas o “corte” que acontece ao final pode ser uma forma de representar a eterna indecisão dos personagens em tomar uma atitude. Também há na narrativa a representação de um embate entre as tradições japonesas e os novos hábitos ocidentais, principalmente na comparação da relação do casal principal com a relação do pai de Misako com Ohisa, uma mulher trinta anos mais jovem, que, apesar da pouca idade, se adequa aos costumes tradicionais apreciados pelo companheiro. As passagens mais difíceis do livro são as que abordam algumas dessas tradições, especialmente os teatros de bonecos. Apesar de haver me faltado repertório cultural para compreender mais, acho que os conflitos interpessoais apresentados tornam o livro muito interessante.
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Bruno.Dellatorre 05/08/2020

Chocado com a ruindade desse livro
Dei duas estrelas por conta da consideração que tenho por esse escritor, e porque de fato gostei dos capítulos 5 ao 8. Todo o restante é descartável... que livro mal planejado!
Sem dúvidas é o livro mais redundante que já li
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Mario Miranda 19/05/2020

Junichiro Tanizaki sempre trabalha a temática do "amor" em óticas não-usuais. Se em Amor Insensato temos um relacionamento Pedófilo, ou em "Diário de um velho louco" a relação sexual de um Idoso, temos em "Há quem prefira as Urtigas" um relacionamento baseado na traição dos seus integrantes.

Kaname e Misako são casados há anos, nunca tendo encontrado a felicidade conjugal, apesar de terem tido um único filho, Hiroshi. Misako mantém um relacionamento extraconjugal de longa data, com conhecimento - e apoio - do seu marido, enquanto este frequenta o estabelecimento de uma cafetina em busca de fuga para a sua própria realidade.

O casal está decidido a separar-se e cada um buscar sua felicidade conjugal. Apesar da decisão, são acometidos de uma incapacidade para realizar seu intento. Ora preocupam-se com a saúde psicológica do filho, ora com o próprio futuro - incerto - de Misako junto a seu amante, Aso.

Mais do que um simples livro sobre decepções amorosas e traição, Há quem prefira as urtigas é um livro sobre a decadência e degeneração pessoal. Kaname é preso entre um ideal em ser mais ocidentalizado, moderno, permissivo em relação ao relacionamento de sua esposa, e ao universo japonês tradicional do Séc. XIX, materializado em seu sogro, um homem em busca de redescobrir e enaltecer os valores e culturas tradicionais japonesas.

A obra, que situação no pré-guerra, período em que já havia forte influência ocidental no Japão, relata no personagem Kaname a dificuldade em se manter estas culturas - Ocidental e Japonesa - tão heterogêneas entre si dentro de um universo de convivência familiar.
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Paulo Sousa 14/04/2020

livro lido - Há quem prefira urtigas
Leitura 17/2020 [Lista 1001 livros]
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Há quem prefira urtigas [1928]
Orig. Tade kuu mushi
Junichiro Tanizaki (Japão, 1886-1965)
Companhia das Letras, 2003, 192 p.
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?Aqueles minutos preciosos, serenos, mostravam de modo incongruente que, livres da necessidade de representar, restava-lhes ainda alguma coisa que lembrava uma relação conjugal harmoniosa. Ambos sabiam que o momento era fugaz, mas queriam desfrutá-lo plenamente, descansar por momentos da fadiga de suas vidas? (p.75).
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Junichiro Tanizaki é um senhor escritor que, pelas suas letras, soube descrever e mostrar um Japão cheio de poesia, saudade e beleza. Mas também, apesar da geração em que viveu, soube tratar, como grande escritor engajado, com a inevitável ruptura da cultura japonesa antiga, que foi se rendendo para o ocidental modo de viver.
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É o que esta pequena novela aborda: num país onde o senso de moralidade, honradez e dignidade foram cultuados até a algumas das primeiras décadas dos anos 90, o autor aborda a maneira como duas culturas vão se misturando e delas se vê a aglutinação de certos costumes e o surgimento de outros. Acompanhamos o drama de Kaname e Misako, um casal que não se entende mais, cada vez mais voltados para suas vidas singulares, cada um mantendo uma infidelidade consentida e que chegam à decisão de que o divórcio porá fim à farsa que mantém sobretudo ao velho pai de Misako, um ancião à antiga que criou a filha nos moldes tradicionais. O autor nos faz acompanhar as angustiosas vidas dos dois em terceira pessoa, que buscam se livrar das amarras de uma sociedade que julgam, cada à sua maneira, atrasada e retrógrada.
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É claro que não se pode abrir mão da sua origem assim de uma hora para outra, e é justamente através do velho pai de Misako que Tanizaki descreve o lado mais tradicional do Japão. Desde os objetos enegrecidos pelo tempo quanto as requintadas apresentações do teatro de bonecos japonês, vamos sendo brindados com a pena atenta do escritor que busca mostrar justamente a antítese de um pais em lenta modificação, que busca a duras penas manter intacta uma cultura trazida desde tempos imemoriais.
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O drama do casal, ficamos sabendo, é o pano de fundo para questões bem mais profundas, pelos quais o romance transita. Vai tratar do problema do choque de cultura, a cuja modernidade ocidental tenta romper, e aos profundos costumes patriarcais os quais sempre imperaram. E tem muito mais. Têm-se a figura da mulher submissa ao marido (Ohisa, a quase gueixa do velho pai de Misako), a prostituta Louise, que busca extrair o máximo de dinheiro de Kaname, e a busca pelo amor livre e desimpedido de Misako, que nutre a esperança de se casar com seu amante Aiso, relação da qual Kaname sabe e incentiva. Entre as brechas dessas partículas há o filho do casal, assustado com a possibilidade de ver sua vida estável ser destruída e o primo de Kaname, um empresário de Tóquio, que tenta ajudar os dois a atingirem seu objetivo de separação.
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De Tanizaki eu já tinha lido um muito bom ensaio, ?Em louvor da sombra?, um relato muito bonito sobre a noção de estética japonesa que, segundo o autor, estaria justamente no culto aos objetos enegrecidos pelo uso, à manutenção de ambientes pouco iluminados e, por isso mesmo, causa de contemplação e enlevo. O livro ora lido, cuja temática é mais trágica que estética, não perde essa veia, com tantas descrições de pratarias, vestuário e culturais de um Japão que inevitavelmente está se rendendo a costumes do outro lado do mundo, vindo a adotar o jazz americano e a possibilidade de romper as amarras de um patriarcalismo austero causador de tantas dores e relações insensatas. Grande Tanizaki!
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Biblioteca Álvaro Guerra 13/02/2020

No Japão da década de 1920, uma rede de relações amorosas põe em cena um confronto geracional e de costumes. Misako e Kaname decidem se separar, mas por alguma estranha razão não conseguem pôr fim ao próprio casamento. O romance apresenta os intrincados dilemas de duas maneiras de amar: aquela da tradição japonesa e a da nova geração ocidentalizada.

Empreste esse livro na biblioteca pública.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/853590350X
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