spoiler visualizarKyran 03/12/2011
Conheço a Lorena há um bom tempo, desde que inaugurei a "lavanderia", e foi quando eu me interessei pelos trabalhos dela. Li a estória Primarius desde que foi publicada no Livejournal da autora, e já conhecia o protagonista de um romance intitulado Anistia - onde ele faz um personagem secundário, ou terciário, porque enxergo outros como tendo mais importância no desenrolar do enredo além do personagem central, enfim. Sou sim suspeitíssima para resenhar este livro, que narra a biografia de Alessandro. Também é um prazer imenso resenhar alguma coisa da Lorena. Também, como eu disse uma vez, nós escritores estamos aqui para nos ajudar, então cá está minha parte!
Como dito acima, o livro é uma biografia fictícia de Alessandro, um modelo internacional que começa se descrevendo desde a adolescência até o momento em que ele conhece o protagonista de Anistia. Ele era um adolescente de quinze anos que morava no interior com os pais e o irmão, porém diferente das pessoas a sua volta - tendo um raciocínio aguçado, sendo mais reservado.
❝[...] Cidade pequena, mentes pequenas. [...] Um lugar em que o "progresso" deixou de passar; um lugar que foi esquecido pela "modernidade". Lá, as pessoas são treinadas para um tipo de vida, não podendo deste caminho se desviar jamais.❞
Ainda assim, a vida de Alessandro e de seu irmão Martin é bastante comum, comum até demais, o que se poderia chamar até de entediante enquanto os momentos cruciais não se manifestam. É o interior, afinal. Eles são delimitados aos mesmos afazeres, sobretudo estando dependentes dos pais. Então iam para a escola, onde a mãe lecionava, mais tarde jogavam futebol, vez ou outra tinham os eventos da cidade que davam uma programação a mais, mas nada como o ritmo da cidade. Por causa disso, até nos depararmos com a situação de Martin, a estória parece seguir muito lentamente. De forma alguma isso é ruim! É uma forma de vivenciar a vida dos protagonistas, e de receber com o mesmo impacto o contraste de ambos os cenários: Rural e urbano.
Prosseguindo com a menção acima, a vida de Alessandro começa a mudar a partir de seu irmão, Martin. Sucedem algumas questões, e no fim Martin tem revelada sua homossexualidade. Para os que conhecem esse meio ao qual eu e a Lorena pertencemos, não é surpresa mesmo; mas acredito que isso seja fácil de captar mesmo quem não estiver familiarizado com leituras em torno do tema, já que a autora deixa rastros evidentes de que Martin e um outro personagem possam estar fazendo algo "errado" - seguindo a concepção interiorana.
Martin vai morar na "cidade grande", deixando Alessandro por mais algum tempo na premência daquele ambiente conservador. Ali ele conhece Cherry, e através dela pode enxergar um pouco mais do mundo além daquele espaço. Num telefonema entre irmãos, Alessandro recebe então a oportunidade de experimentar aquele outro mundo.
Não vou abrir mais detalhes porque é uma estória curta, e aparentemente sem nada diferente dos hábitos literários. Contudo, a escrita da Lorena provém de tanta naturalidade que ler sobre qualquer um de seus personagens é como testemunhar todos os acontecimentos pessoalmente. Toda vida comum tem seus altos e baixos, enfim, e a Lorena domina muito bem esse tipo de enredo, vivificando seus atores como se tivessem total tangibilidade. É parte do estilo único dela, retratar os acasos. E ela também evidencia uma realidade desagradável para qual vai buscando boas ou más soluções durante as estórias (como no caso de Anistia). Em suma, é o tipo de obra que te toca justamente pela simplicidade, e as narrativas que despem os personagens os tornam admiráveis independentemente de seus erros e acertos. É o caso do Alessandro.
Mas não vou só "puxar o saco". Existem pontos negativos também. Em primeiro lugar, como já dito, é uma trama bastante curta, e tem apenas dois fatos principais, e um clímax que achei bastante previsível desde os envolvidos foram apresentados. Como eu conheço a Anistia também, lamento muito a "vida curta" de Alessandro nas palavras da autora. De resto, também merece atenção crítica a diagramação do livro, algo que a própria autora comentou em sua própria resenha da obra. Há muitos espaços e alguns erros de digitação e gramática. Também achei a fonte muito grande para um livro desse porte, mas além da questão preferencial, considero também a de páginas. O livro tem apenas 141 páginas, mas que creio que poderiam ser melhor utilizadas - podia, por exemplo, ter colocado os três temas de cada parte numa página só em duas adiante retomar a narrativa, dando um visual mais bonito e até profissional. Mas é só uma sugestão pessoal.
Enfim, o livro pode ser encontrado no Clube dos Autores (http://www.clubedeautores.com.br/book/46609--Primarius) apenas. De fato, a gráfica merece os parabéns por algo tão profissional. Eu consigo ficar admirando-o por um bom tempo!
Obs.: Tem uma dedicatória pra mim! :D
Resenha pertencente à comunidade Henked (http://henked.livejournal.com/).