Luh 22/07/2012A Trama: Vou começar aqui admitindo que eu chorei lendo esse livro. E é raro eu chorar em livros, posso contar nos dedos de uma mão quantas vezes isso aconteceu. Pushing The Limits é uma história linda sobre dois adolescentes que começaram suas vidas de uma maneira completamente normal e, por algum acontecimento terrível, acabaram cheios de problemas. Sabe quando te fazem aquela pergunta besta: "Onde você se vê em cinco anos"? Acredito que os protagonistas definitivamente não pensaram que as coisas terminariam daquela maneira.
A trama começa quando Echo e Noah são escolhidos para fazer parte de um novo projeto de sua escola e acabam se conhecendo em seu primeiro encontro com sua nova assistente social, Mrs. Collins. A primeira interação entre Noah e Echo não é nada amigável e o garoto acaba fazendo uma brincadeira idiota e deixando a sensível garota um pouco brava. É claro que, por uma força do destino (chamada Mrs. Collins), Echo acaba sendo tutora de Noah e é exatamente assim que começa um dos romances mais bonitos que eu já vi. Não vou mentir e dizer que a trama não tem suas falhas, é claro que tem algumas, mas para ser sincera eu não consigo me lembrar de nenhum porque tudo o que consigo lembrar são as emoções fortes que senti durante a leitura. Recomento o livro a todos que consigam ler em inglês, vai valer cada segundo do seu tempo!
Os Protagonistas: O livro é inteiramente sobre os dois personagens principais, então é impossível falar pouco sobre eles. Echo é uma garota jovem e bonita que costumava ser bastante popular no início do ensino médio. Ela era uma garota normal com um namorado e muitos amigos e uma família cheia de problemas como tantas outras, mas tudo seguia com certa normalidade. A vida inteira da garota muda quando acorda em um hospital com os braços enfaixados, sem ter memória alguma de como chegou lá. Echo passa então a ser excluída pela sociedade e usa luvas compridas todos os dias (inclusive no verão) para esconder as marcas deixadas pelo ataque que sofreu, sendo que a pessoa que a atacou foi sua própria mãe. A garota tem sérios problemas, mas é justamente isso que eu gostei nela. Echo é uma pessoa de carne e osso e não uma daquelas heroínas poderosas que não tem medo de nada. Na verdade, eu diria que Echo tem mais defeitos que qualquer pessoa normal, mas cada um destes revela um pedacinho da garota por trás das luvas e tudo o que aconteceu com ela até chegar àquele ponto.
Echo é insegura, carente, levemente paranoica e influenciável. Tudo o que ela deseja é ser normal e poder ter amigos normais e ir à bailes e reuniões com os amigos. Parece clichê, mas o que ela mais deseja é ser aceita e amada.
Noah é, se é que é possível, ainda mais problemático que Echo. O garoto costumava jogar no time de basquete e ser bem popular até que seus pais morrem, deixando ele e os dois irmãos órfãos e sozinhos. Noah entra para o sistema de adoção e acaba se transformando em um delinquente. Ele usa drogas, arromba portas e não parece ter respeito algum por autoridades, mas é impossível não se apaixonar por esse personagem cativante. Tudo na vida de Noah gira em torno de seus irmãos mais novos e ele faz todo o possível para passar mais tempo com os pequenos, mas a cada decisão que ele toma eles parecem se afastar mais e mais. Noah, mais que qualquer coisa, me parece perdido, como se não soubesse mais qual seu propósito na vida.
Os Personagens Secundários: Os personagens secundários me surpreenderam muito, com protagonistas tão envolventes eu pensei que eles roubariam toda a cena e os outros personagens mal seriam notados, mas não foi o que aconteceu. Cada um dos personagens secundários era envolvente de sua própria maneira e Katie McGarry mostra todo o seu talento ao descrever a personalidade de cada um de maneiras surpreendentes e completamente inusitadas. Mrs. Collins aparece nos momentos em que mais precisamos, com seu jeito enigmático e métodos nada tradicionais, e ajuda muito o casal de protagonistas durante a fase difícil em suas vidas. Acredito que ela foi uma das personagens mais importantes do livro, mantendo um clima mais leve ou mais intenso sempre que necessário.
Apesar de Echo considerá-la extremamente malvada, eu nunca vi nada nos olhos de Ashley além de amor e compreensão. Claro que ela dizia as coisas erradas às vezes e era bastante egocêntrica, como acontece com todos em certos momentos, mas Ashley sempre parecia ter da melhor das intenções.
Beth e Isaiah, os amigos drogados de Noah, me assustaram um pouco e não me agradaram no início, mas conforme eu conhecia melhor a história deles compreendia cada vez mais a mensagem do livro: todos são humanos e erram repetidamente até acertarem aqui e ali.
Mas o prêmio de "personagens secundários mais encantadores" vai para os irmãos mais novos de Noah, Jacob e Tyler. Com oito e quato anos, respectivamente, os meninos me deixavam, no mínimo, à beira das lágrimas sempre que apareciam nas cenas. Divididos entre a relação com seus "novos pais" e o irmão da família "antiga", os meninos era tão doces e ao mesmo tempo tão tristes que foi completamente impossível não me apaixonar pelos personagens desde o início e torcer com todas as minhas forças para que, não importa o que acontecesse, aqueles meninos ficassem felizes no fim da história.
Capa, Diagramação e Escrita: Coloquei no post a imagem da capa do Hardcover porque julguei ser a mais bonita, ela retrata perfeitamente minha imagem de Echo (Noah não está tão rebelde assim nessa imagem) sem revelar demais o rosto da garota, deixando um espaço para a imaginação. A escrita altera entre o ponto de vista de Echo e Noah em cada capítulo, permitindo ao leitor conhecer a fundo cada um dos protagonistas, e não consigo imaginar o livro de outra maneira.
Concluindo: Entrou para a minha lista de "melhores do ano" sem dúvida. Eu não sou fã de romances porque tudo sempre parece um pouco perfeito e forçado demais e amei o livro por ser completamente diferente do que eu espero quando ouço a palavra "romance". Os personagens eram cativantes, a trama era simples e ao mesmo tempo repleta de pequenos detalhes escondidos, a escrita da Katie McGarry é maravilhosa e minha única reclamação é que não terá uma sequência (o próximo livro da autora será sobre a Beth).
O livro, na minha opinião, foi feito para leitores mais velhos maduros, considerando que menciona drogas, sexo e outras coisas pesadas.