Mariana 12/02/2023
Amor, tradições e simbolismos
"Como água para chocolate" foi uma surpresa para mim. Iniciei sua leitura sem pretensões ou expectativas, pois sequer sabia qual a temática, e de imediato, já me surpreendi com a forma com que a autora traz elementos da história: através da comida e de receitas típicas da culinária mexicana. Apresentando os ingredientes e modo de preparo, a autora conta a história da família De La Garza, com foco específico em Tita, além de sua mãe, irmãs e seu grande amor, Pedro. É por meio da comida que essa família se comunica, troca afetos, repassa tradições, se conflita, se conecta, ou deixa de se conectar. É bonita a forma como a comida agrega e retrata aquilo que sentimos pelo outro. Fica claro quão importante a culinária é para a cultura mexicana. Durante o enredo, achei interessante alguns pontos específicos, como o papel e responsabilidade da filha mais nova por cuidar de sua mãe e não poder se casar, ficando destinada a uma vida solitária e repleta de obrigações; além da relação com os mortos, o misticismo e a fantasia, que permeia a história e traz elementos importantes para seu desenrolar.
A relação de Tita e de sua mãe é impactante, pois frente as exigências, egoísmo e autoritarismo da mãe, Tita não tem espaço para ser si mesma, embora tanto quisesse. Vive guardando seu potencial e amor para si, sem conseguir concretizar seus desejos mais verdadeiros. Aos poucos, vai tendo e buscando mais liberdade, e sem muito spoiler, mas somente ao final consegue vivenciar essa totalidade de si, mesmo que por um breve momento.
De forma geral, é um livro bonito, com passagens ricas e simbólicas, além de trazer elementos de uma cultura a qual tenho pouca apropriação, então pude aprender mais com a história.