Natália 25/12/2012http://www.vireapagina.comEssa é uma resenha complicada de ser feita pois trata-se de uma história real e não de um romance. Não é nem um pouquinho fácil administrar um zoológico, ainda mais se estiver falido e com uma péssima reputação no mercado. E, mesmo assim, Benjamin e sua família entraram com tudo nessa missão, a de transformar aquele parque em uma nova fonte de diversão.
Ben começa contando como era sua vida antes da compra e porque resolveu realizá-la. Nesse ponto, ficamos familiarizados com as coisas que ele precisou deixar pra trás, como uma casa num lugar ensolarado e, como ele gosta de ressaltar, idílica. Mesmo sendo freelancer como jornalista, Ben possuía certa estabilidade por ter uma coluna fixa no Guardian, de forma que a compra de um zoológico o levaria a um território flexível e muito passível ao fracasso.
Nessa parte, o que mais me impressionou foi a abertura de sua mãe, Amelia, para a ideia. Apesar de ser uma senhora já idosa, ela não hesitou em investir o dinheiro de toda uma vida de trabalho no empreendimento. Imaginem só uma mulher na casa dos 80 anos morando num zoológico e achando tudo maravilhoso! E não só morando como tambémn auxiliando na administração e reforma, no limite de sua idade avançada. Admirei muito essa mulher que tinha tudo pra ser uma velha rabugenta por conta de sua história de vida, mas me surpreendeu ao ser um pilar do projeto.
Depois, com a compra já realizada, começa a parte mais legal. O zoológico estava em péssimas condições, com a casa principal completamente inabitável, cercas fragilizadas, animais em algumas situações crueis... Havia muito trabalho a ser feito e foi sorte daquele lugar ter sido comprado por uma família tão cheia de amor pela natureza e pela aventura. Duvido que outro comprador mais endinheirado, interessado somente no lucro, levaria tão a sério a questão do bem-estar dos animais.
Aliás, nesse ponto, preciso fazer uma ressalva. Ben me passou várias impressões negativas durante a leitura. Em vários momentos, consideirei-o uma pessoa que gosta de exaltar a si mesmo um pouco demais, levando-me a duvidar de suas verdadeiras intenções ao comprar o zoológico. Não tem nada de errado em desejar o lucro, mas por favor, deixe isso claro no texto e não camufle suas intenções com "amor pelos animais". Essa impressão se deu, principalmente, por Ben ter aceitado que uma série de TV fosse gravada durante a restauração do parque. E, também, por ter escrito o livro. Parece que ele quis sugar todo o dinheiro possível dessa experiência, constatação que se contrapõe ao amor natural de Ben pela natureza, que ele tanto gosta de enfatizar.
Será que ele estava mesmo fascinado pela experiência de vida ou enxergou ali uma mina de ouro?
Porém, ao mesmo tempo, fico feliz que tomado essas atitudes, pois, como foi explicado no livro, o dinheiro arrecadado com a série de TV salvou as finanças durante o primeiro inverno por qual passaram.
Como já deve ter ficado claro, Ben é o narrador do livro que, como já falei, esse não se dá por um romance. É uma história contada, como se fosse uma conversa. Mesmo assim, por ser escritor, ele às vezes exagera nas descrições, um pouco poéticas demais pra uma história que deveria ser mais objetiva. Assim a leitura ficou arrastada em alguns pontos. Sabe quando você lê uma página e não absorveu nadinha? Então. Além disso, os capítulos são excessivamente longos (apenas nove divididos em 230 páginas), fazendo-me quebrar uma regra de ouro: pausar a leitura no meio de um capítulo. HERESIA, EU SEI!!!!!
Bom, então por que ler Compramos Um Zoológico? Gente, quantas famílias normais vocês conhecem que já passaram por uma experiência dessas? São pessoas normais, com um problema familiar sério, colocando a cara a tapa pra transformar um lugar abandonado em fonte de alegria. Apesar de ter duvidado várias vezes das intenções do narrador, a mensagem sobre amor, tolerância e até algumas lições de gestão - galera de ADM, a leitura é recomendadíssima, viu? - foram transmitidas. Sem contar que as curiosidades sobre os animais são interessantíssimas. Tem até algumas fotos pra gente se situar.
Achei fofo, engraçado em alguns pontos e emocionante em outros (deu pra chorar, galera. Sério mesmo). Quem puder, leia e complemente com o filme que também é muito bom.