Guilherme Ramos 05/12/2018
Um romance intenso, forte e emocionante. Um livro perfeito !!!
Narra a trajetória da família Lêntulus, Lívia e Públius e seus filhos Flávia e Marcus.
O livro é dividido em duas partes, onde na primeira ocorre a apresentação dos personagens principais e também os coadjuvantes desta trama. É narrada também como era a vida em Roma e adjacências por volta do ano 32 d.c, todo regime do Imperador Tiberius Claudius Nero César, sucessor de Augustus César e Julius César marcado por austeridade e violência e também a crença politeísta daquele povo numa época tão amarga e burocrática. No entanto, a narrativa só se intensifica mesmo após a partida do senador Publius com sua família à Palestina em busca de melhores recursos ou mesmo a cura da pequena Flávia que sofre de uma doença avassaladora e bem característica da época, Publius recebe a autorização de Tiberius para essa viagem onde na Plestina deverá encontrar com outra grande personalidade histórica, o governador da época Pôncio Pilatos e enviar notícias a Roma sobre a situação na Palestina.
Já na Palestina Lívia e Públius se deparam com uma outra realidade, mesmo tendo sido orientados pelo casal de amigos Calpúrnia e Flamínio Severus ainda na antiga Roma, o casal conviverá de perto com a ganância e ambição, luxúria e volúpia, inveja e traição. Os personagens deverão conhecer melhor as companhias e analisar melhor quem é quem. No entanto, Públius é devorado por um sentimento avassalador de orgulho por ser um senador de alto escalão, um nobre de alta patente e embora Públius tenha um coração bom e tão nobre como sua patente, o orgulho é seu pior defeito e portanto seu maior inimigo e é através deste sentimento que se vê confuso sendo ísca fácil para as armadilhas de seus rivais.
Na segunda parte do livro, ainda na palestina, vamos ler sobre os bastidores do sinédrio no julgamento de Jesus, a complexa decisão/omissão de Pilatos, vamos ler e compreender sobre os seguidores de Cristo que mesmo após a crucificação continuaram a ser fiel ao mestre e vamos perceber como os primeiros Cristãos pareciam ser mais conscientes do que os atuais, pois tinha em seu íntimo a sabedoria e a certeza de que estavam servindo o filho de Deus mais evoluído nessa terra, o príncipe da paz, muitos morreram sabendo que iriam morrer e conscientes de sua missão, não desviaram do caminho e que todo sangue derramado foi santificado nas escrituras e nos céus, necessário para a ratificação do Cristianismo e da nova era na terra.
Conclusão:
É um livro por diversas massante, não no sentido de ser tedioso ou chato, mas, massante de tão forte e intenso, um drama espetacular, uma tragédia que a meu ver deveria ser adaptado para cinema, televisão e etc, de tão bem escrito e narrado. A história de Lívia, Públius, Flávia e Marcus nessa era é demasiada triste e chocante. Tive que ler o livro pausadamente para poder respirar e não deixar as emoções atrapalharem minha leitura. A renúncia e a devoção de Lívia é algo arrebatador, nos faz sentir pequenos mediante a tanta disciplina e dedicação, não somente a vida religiosa e sua fé, mas, como na própria vida em família, esposa, mãe e amiga dedicada. Flávia também é um exemplo de força, mesmo cometendo algumas falhas que é típica da idade, já Públius, embora imponente, majestoso é o personagem que mais sofre nesse drama comovente e é justamente através dessa sua existência/experiência que absorvemos as maiores lições, mesmo pelo excesso de suas falhas o que ficou de mais importante é como precisamos nos manter vigilantes sobre os nossos vícios ou defeitos que muitas vezes nos impedem de enxergar as diversas possibilidades de mudança, de reflexão, de evolução para o bem e de nos aproximar-mos mesmo dos ensinamentos de amor, caridade, resignação e perdão. Pela vaidade e orgulho, o senador ignorou e menosprezou a oportunidade que teve na vida de mudar o rumo da sua história que o levou a passar por provações tão amargas e dolorosas. Felizmente ele foi capaz de conscientizar disso em vida e deixar reflexões de resignação tão profundas ao final de sua vida.
É um dos livros mais marcantes que já li, muito forte como já frisei diversas vezes nesse texto, destaco as passagens no grande circo, onde os condenados era jogados aos leões e principalmente quando os soldados de Sulpício Tarquino, o grande litor de Pilatos, por ordem deste vai atrás de Lívia e Ana sua serva na casa de Simeão, onde trava com o ancião um embate angustiante, trazendo danosas consequências irreversíveis à ambas as partes. Destaco também os sonhos de Públius que pertubou o senador desde o início desse maravilhoso romance e que eram na verdade uma forma mediúnica de mostrar ao mesmo sua vida passada como Publius Lentulus Cornelius Sura (Seu avô), um cruel e torturador cônsul romano, na verdade os sonhos tinham a função de mostrar a Públius a realidade da vida eterna e preparar o mesmo para a vida Cristã. Enfim, um romance 5 estrelas, não vejo a hora de ler 50 anos depois, Renúncia e Ave Cristo, que são sequências deste (Já li Paulo e Estevão e adorei igualmente). Indico muito a leitura, principalmente a quem se interessa pelas existências de Chico e Emmanuel.