Thérèse Desqueyroux

Thérèse Desqueyroux François Mauriac




Resenhas - Thérèse Desqueyroux


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Marcos606 23/10/2023

Este enredo é simples, mas eficaz. Os personagens são um casal disfuncional. Ela o envenena para escapar de seu casamento tirânico, mas ele a defende no tribunal e, para seu desgosto, "a reconquista", de certa forma, que é o assunto do romance. Esta é uma história sobre uma espécie de escravidão, a imposição masculina de sua vontade à esposa, e é sobre as maneiras crônicas como ele faz isso sem nunca abordar o fato de que, embora exija um bom desempenho de sua esposa, ele falhou em todos os papéis imagináveis ​​que ele poderia ter preenchido.

Vejamos, por exemplo, a ideia histórica de que os homens são responsáveis ​​pela provisão. O romancista oferece um quadro diferente – um homem que arrasta a esposa para o meio do nada, onde nenhuma provisão é facilmente alcançável, onde ela dependerá dele. Depois, ele a alimenta apenas com vinho e cigarros. Ela se sente como uma serva de sua própria família, como um roedor preso em um labirinto. Ela sente que sua autonomia e liberdade foram comprometidas.

De certa forma, portanto, este romance não trata apenas desta disfunção específica. Pelo contrário, trata-se da triste realidade de muitos casamentos.
comentários(0)comente



Laura.Brito 19/02/2023

Permanente insatisfação
Em Thérèse Desqueyroux, François Mauriac nos apresenta essa heroína conturbada, problemática e, por vezes, de difícil compreensão. Por isso, memorável. Thérèse é uma mulher inteligente, muito mais inteligente do que as mulheres deveriam ser, e, dentro de uma cultura de castração, se vê casada com um homem pelo qual não sente amor. O enredo dessa história diz respeito à morte deste mesmo homem por envenenamento. Thérèse, portanto, é acusada de ter matado seu próprio marido.
Ao longo do livro, acompanhamos as memórias de Thérèse e suas vivências dentro desse casamento sem amor. Entendemos a pressão de sua família pelo sustento do sobrenome e da reputação, a maternidade compulsória que cai sobre a personagem, a influência (e culpa) católica que determina os costumes familiares e a organização da sociedade francesa em vilas vizinhas à Paris. Thérèse vive um angustiante deslocamento em relação a seu papel social. Não quer desperdiçar sua inteligência e personalidade no mero cumprimento de instruções, na atuação para ser alguém que não é.
Como leitores, vamos "montando um quebra-cabeças" que nos permite enxergar a personagem com maior profundidade e entender as razões de seu sofrimento, sua mágoa e seu desespero. Mauriac, com efeito, consegue criar uma personagem emblemática que não foi feita para ser gostada ou desgostada, idolatrada ou crucificada, mas para gerar incômodo a quem se debruça sobre sua história. Lendo algumas resenhas, percebi certa frustração com o ritmo do livro e com o teor da narrativa, que se direciona muito mais à exposição das controvérsias dessa personagem (descrita por alguns como "chata", quando na verdade nunca teve a intenção de ser uma personagem legal ou agradável), suas relfexões internas e o reflexo de sua sociedade.
Nesse sentido, acho importante salientar que esse livro não se trata de uma mera história de mistério a ser solucionada, mas de um ensaio que questiona a condição humana, nossos propósitos ou falta deles e nossas motivações mediante diferentes atos. Thérèse é, de fato, uma personagem emblemática que incomoda o leitor ao passo que, em maior ou menor grau, propõe aproximações e semelhanças com quem a lê por sua amargura, sua busca por liberdade sem nem saber ao certo o que a liberdade é, seus tormentos e sua constante prisão dentro da luta para ser livre. A tradução ao português, feita pelo poeta Carlos Drummond de Andrade, também não deixa a desejar. A leitura é fluida e tranquila, mesmo abordando temas tão sombrios. Diversas passagens desacomodam o leitor desprevenido e o aproximam da angústia da personagem, tornando a leitura memorável.
Esse foi meu primeiro contato com os romances de Mauriac e pretendo dar seguimento a essa proximidade.
comentários(0)comente



adm.felipemoura 28/12/2022

Vale a pena
Livro confuso até pagina 80 mais ou menos; confuso porque a própria personagem está confusa enquanto pensa sobre o que fez, relembra seu passado e teme seu futuro. Após encontrar com seu marido a narrativa fica mais linear e empolgante.

Therese casa-se e descobre uma vida infeliz - por motivos que não vem ao caso. Tenta matar seu esposo aos poucos e como punição é ?presa? em casa por este. Enquanto o tempo passa a personagem definha até ser liberta por piedade.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Jessé 02/06/2021

Thérèse Desqueyroux é sobre o nada que habita o ser humano. Sobre os traumas, as dores, os anseios e a falta de propósito que permeia tudo isso. É um livro sufocante, apesar de sua prosa poética escorregar por entre os olhos do leitor. A suavidade da narrativa não torna a obra leve, mas mortal: é como morrer tendo um pesadelo enquanto dorme.
comentários(0)comente



Matheus945 12/04/2020

Decepcionado
Primeiro eu quero dizer que sou um idiota kkkkk comprei esse livro e li mas na verdade o que eu tinha em mente de ler era o Thérèse Raquin kkkkkkk Enfim pelo menos descobri depois de ter lido que era o livro errado.
Mas falando sobre o livro propriamente dito, Thérèse Desqueyroux é uma novela muito interessante vista por cima. A ideia do livro, o que se passa na história e nos capítulos é bem curioso e eu queria saber o que ia acontecer, mas de certa forma, não tava me dando prazer em ler. A escrita é muito bonita também, porém não me deu o clique que eu esperava. A certa altura, eu esperava de verdade gostar do livro, porém eu estava cansado demais da história e já não me trazia mais prazer nessa leitura.
Ao final, eu esperava que fosse acontecer alguma coisa grandiosa ou pelo menos fora da água morna que foi a história inteira. Porém, me senti muito frustrado e me deixou sinceramente com a sensação de que é um livro esquecível e meh.
Entendo alguém gostar e entendo alguém não gostar. Mas por mim, foi um não.
skuser02844 12/05/2023minha estante
Sua resenha, desde a confusão com Therese Raquin até a finalização com a quase certeza de que se esquecerá do livro, coincidem exatamente com o que se passou comigo ?? A certa altura achei que seria um baita livro, mas foi só uma impressão passageira (quando ela é solicitada a falar com Azevedo). Pelo menos foi rápido. Li em 2 dias.




Mario Miranda 26/06/2019

Clássico Imortal
“Mas os homens sem princípios são os únicos a ceder a uma razão alheia.”

Após o fechamento da Cosac Naify, editora que anteriormente publicou esta obra, a Editora José Olympio preenche a lacuna que havia ficado disponibilizando dois clássicos de François Mauriac: Thérèse Desqueyroux e O Deserto do Amor. Nobel de Literatura de 1952, ambos os livros são duas das principais obras escritas pelo autor.

Ao contrário de boa parte da literatura "clássica" Francesa, que se ambienta em Paris, Mauriac sempre preferiu ambientar suas obras no interior, na região de Bordeaux - local do seu nascimento. E em Thérèse Desqueyroux não é diferente: a história se passa alternando duas pequenas vilas vizinhas, uma o local das posses da própria Thérèse, e o outro do seu marido, Bernard.

Thérèse é uma mulher de instrução elevado, porém sem interesse específico algum em sua vida. Não se ambienta junto ao universo intelectualmente atrasado de sua região, e acaba se casando - sem motivo algum aparente - com Bernard, um homem que, apesar de rico, pouco instruído. Thérèse, neste sentido, lembra bastante os personagens Camusianos - Como Meursault, de O Estrangeiro - não só pela pouca ambientação do personagem em sua própria vida, mas sobretudo, e especialmente nas páginas iniciais, por sua latente apatia em relação a vida e as suas relações sociais.

Após a sua cunhada iniciar um relacionamento com um vizinho - João Azevedo - não aprovado pela sua família - "Ele é Judeu, como toda a sua família" - Thérèse é incumbida de convencer sua cunhada a desistir de sua relação. Após tomar conhecimento de todo o sentimento envolvido entre ambos, a própria Thérèse repensa o seu próprio relacionamento, sua falta de sentimentos - Talvez, inclusive, desejando o mesmo Azevedo ou, ao menos, sentindo inveja daqueles sentimentos tão distantes para si.

Diante de sua permanente insatisfação, Thérèse presencia o seu marido tomar, erroneamente, uma dosagem dupla de um remédio que possui componentes que desestabilizam a sua saúde. Apesar de estar presente, ela nada faz para impedir o mesmo, tampouco informa ao médico durante a longa convalescença de seu marido. Atraída pelo fato, e por seu marido não ter falecido diante da dosagem, ela decide diariamente dar doses escondidas do remédio a ele, levando-o quase a óbito.

O livro todo envolve um fluxo temporal em que ora Thérèse relembra os fatos do passado, ora ela está a caminho, saindo do Fórum onde é acusada de tentativa de homicídio de volta a sua casa - e a seu marido. Mauriac, em decorrência da influência religiosa, tem sempre em mente a noção de pecado-culpa-punição. E assim como em O Deserto do Amor, onde a mulher é a gênese do "pecado" entre pai e filho, em Thérèse a mulher-homicida, que sequer sabe justificar o quê a motivou em tentar matá-lo, é também aquela que expiará culpa e punição ao longo da obra.

“O essencial é não olhar a Morte de frente, prever apenas os gestos indispensáveis: derramar água, dissolver o pó, beber de um gole, estender-se na cama, fechar os olhos.”

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
comentários(0)comente



Bruno.Dellatorre 10/06/2019

Pior livro que já li.
"Ah, mas você não entendeu o livro"

Que se dane. E se para entender eu precise ler o livro de novo, então prefiro continuar não entendendo. Apesar de fluida, a história é insossa, rasa, sem fundamento, tão medíocre que dá raiva. A narrativa poética de Mauriac não encanta, não é como Benedetti, que usa o lirismo a seu favor. Mauriac usa isso a seu DESfavor. E ele ainda ganhou o Nobel. Só sei de uma coisa: com certeza não foi por esse livro. E se foi, não acredito mais em Nobel. Que Nobel mais desperdiçado. Fiquei é com dó das árvores que morreram para esse chorume ser publicado.
A questão do assassinato fica muito vaga.
"Ah, mas é porque o foco do livro é a Therese"
Pior ainda. Então o foco vai para uma mulher chata que a gente nem compreende direito se matou mesmo o marido E AINDA TENTA MATAR SUA BEBÊ SEM MOTIVO NENHUM.
Não gostei da personagem, não gostei de nada nesse livro, por isso a nota.
comentários(0)comente



Emme, o Fernando 21/02/2018

Há um motivo?
Clorofórmio: 30 gramas .
Aconitina: 20 gramas.
Solução de digitalina: 20 gramas.

Solução de Fowler com arsênico.....


O que Thérèse tenta fazer não é spoiler algum, pois desde a metade do primeiro capítulo o leitor já é informado do ocorrido. A narrativa intimista, envolvente, de Mauriac não é sobre assassinato, mas sobre Thérèse.

A narrativa é sobre alguém que tenta encontrar as próprias motivações, mas para quem tudo é incerto.

Ela não faz a menor ideia do que quer, mas sabe bem o que não quer. Ela não quer interpretar um papel, quer ser si própria.

" 'Sermos nós próprios? repetia eu, 'mas nós só somos na medida em que nos criamos' " (uma ideia bem existencialista).

Thérèse é culta, inteligente, mas só: "Mas a sua solidão está mais estreitamente agarrada a ela do que a úlcera ao seu leproso: "

Ou melhor: por isso mesmo só.

As pessoas que a cercam são provincianas e não apenas se contentam com os papeis estabelecidos, mas fazem de tudo para conter-se nos "trilhos" do cotidiano plenamente familiar.

Assim é o marido de Thérèse, um homem que acredita que "só se é infeliz por culpa própria.", um homem que acredita que sempre deve haver um motivo racional para as coisas.


Thérèse é estranha, estrangeira, amargurada, invejosa, viciada em cigarros até a mão ficar preta.

" Ela (Anne) não compreendia que eu só me interessava por mim mesma, que eu estou inteiramente ocupada comigo. "


O leitor inicialmente pode achar que vai identificar-se com Thérèse, que ela será uma Emma Bovary (como tantos leitores fazem questão de colocar, equivocadamente).

Bovary sequer consegue desenvolver-se subjetivamente para ser aquilo que anseia. Seu tempo, seu lugar, suas circunstâncias não o permitem.

Thérèse não é Bovary, ela possui subjetividade bastante para não se conter em suas circunstâncias. O que ela desconhece é que rumo deseja tomar e como se livrar de um mundo que não a contém.

Por vezes o leitor tem medo de identificar-se com Thérèse, com sua amargura, com sua falta de rumo, de ideias certas. São poucos os que terão coragem de sustentar o seu olhar.

Thérèse é aquela parte de nós que, por não saber o que quer, mas tendo certeza do que não quer, toma atitudes destrutivas e autodestrutivas para tentar criar algum ponto de ruptura do qual não se possa mais voltar.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



10 encontrados | exibindo 1 a 10


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR