CrisIngrid 03/11/2020
Minha opinião
Você já ouviu dizer que Dom Casmurro é o Otelo brasileiro? Não? Pois então, a pesquisadora Hellen Caldwell disse isso. Quer saber o motivo? Eu te conto.
Otelo é um respeitável veterano de guerra que se casa escondido com Desdêmona, para sua desgraça. Primeiro porque o pai da moça não aceita o casamento, basicamente por Otelo ser negro. E, segundo, porque Iago fica louco de inveja de Otelo e começa a traçar um plano que levará o mouro de Veneza à ruína.
Se aproveitando do fato de que Otelo é recém-casado e precisa viajar a negócios e deixar sua esposa, Iago começa a lançar insinuações sobre a deslealdade de Desdêmona, levando Otelo à loucura e ao delírio por causa disso. Louco de ciúmes e manipulado até às tampas por Iago, vemos a derrocada de um homem que era, acima de tudo, justo e amoroso.
Otelo enquanto obra não tem defeitos. A peça é viciante, cumpre seu papel de retratar a sociedade em que seu autor estava incluído e prende o leitor a si. Já o Otelo personagem é decepcionante. Ele passa de alguém carinhoso para um homem bruto e agressivo, tudo porque acha que sua esposa o traiu com Cássio (outro pobre coitado que não tinha nada a ver com nada).
Iago é um capeta. Totalmente manipulador, ele cria uma rede de intrigas e leva todos, ao seu redor, na palma da mão. Sem caráter e sem escrúpulos, ele é o primeiro culpado pelo fim trágico dessa história, um final que traz revolta.
Sobre a comparação: em ambas as histórias temos um marido enciumado e incapaz de acreditar na inocência de sua esposa, embora Bentinho pareça um santo perto de Otelo. Tanto Dom Casmurro como Otelo são obras poderosas, em que o ciúme é retratado como o principal causador da ruína dos protagonistas. E, claro, ambas são brilhantemente bem escritas.