Ronnie K. 23/03/2009
O homem é bicho esquisito
Carver é considerado um dos mestres do conto universal, comparados por muitos ao próprio Tchekhov em determinados aspectos. Exageros à parte, trata-se sim de um grande contista. Escreve de modo simples, direto, com frases curtas bem ao moderno etilo norte-americano. Escreveu contos de modo clássico à moda de um Maupassant, em um estilo sem invencionices. Então para que ler um autor que parece ser o mais do mesmo? Aqui entra o diferencial: pelo tratamento que ele dá aos personagens. Ou, dito de outra forma: pela escolha dos personagenms que serão retratados. É uma gente esquisita, às vezes mesquinhas, medíocres na maior parte, gente comum da classe média pra baixo, e que se mete em situações inusitadas. E o inusitado devia ser o tema por excelência em toda obra narrativa. Inusitado tem a ver com surpresa, com tratamento novo dado à tema eternos. E esse autor consegue. Há nessa coletânea, 8 ou 9 contos primorosos que se lê ora boquiaberto, ora com um sorriso irônico e prazeroso nos lábios. Dele, o cineasta Robert Altman adaptou para o cinema o livro de contos Short cuts. E concebeu uma das poucas obras-primas cinematográficas dos anos 90. Não é pouca coisa.