Tamy 29/06/2023
K. apesar de ser uma história curta, nos faz lembrar de um período da história que muitos fizeram questão de esquecer, de não falar, de ?varrer para debaixo do tapete?, de deixar para lá: a Ditadura Militar no Brasil.
Kucinski usa a história de seu próprio pai para construir essa narrativa e, segundo ele, aqui ?tudo é inventado, mas quase tudo aconteceu?. K. é um pai que procura com grande determinação a sua filha desaparecida; provavelmente ela tenha sido uma das presas políticas, uma entre tantos que foram capturados e que alguém ?deu um jeito? com os corpos?
K. é um polonês que veio para o Brasil para escapar do Holocausto e aqui vemos o entrelaçar desses dois períodos terríveis da história. Para esse pai - e para tantos outros - empreender uma busca por alguém que sumiu no período da ditadura não é nada fácil, afinal ninguém quer falar, ninguém quer ir atrás de um culpado, ninguém sabe dos presos políticos.
Esse pai já sabia que não encontraria sua filha com vida, mas ainda assim queria encontrá-la, despedir-se tal qual se costuma fazer na sua cultura, mas não há corpo, não houve despedida, nem ritual, ficaram apenas as lembranças de sua filha Ana. E tantos outros que tiveram o mesmo destino e ninguém fez nada?