Crônica da casa assassinada

Crônica da casa assassinada Lúcio Cardoso




Resenhas - Crônica da Casa Assassinada


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Fernanda.Caputo 18/04/2024

Ainda não sei se gostei
Levei alguns meses para terminar o livro. Não porque a escrita seja difícil, mas porque ele é perturbador demais.

As cenas são muito vívidas, o incesto, o sangue, a purulência.

O enredo é muito bem construído, o final é surpreendente.

Não gostei que as narrativas embora sejam de personagens diferentes são escritas todas da mesma forma. A empregada, o médico, o padre, o adolescente todos usam as mesmas palavras e forma rebuscada, o que é meio inverossímil.
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Lais544 17/03/2024

Grito, babado e confusão!
"A verdade não se inventa, nem se serve de maneira diferente, nem pode ser substituída ? é a verdade. Pode ser grotesca, absurda, mortal, mas é a verdade"... E a verdade dessa família é que ninguém se salva ??

Eu particularmente sempre gostei de livros longos, mas esse aqui poderia ter umas 200 páginas a menos, na metade em diante o negócio começou a ficar extremamente arrastado e repetitivo.
A escrita é maravilhosa e a história é interessante, logo nas primeiras páginas você já pede pra servirem o Rivotril bem gelado pra acompanhar os acontecimentos ? Tem uns plots interessantes mas eu esperava um "dedo 🤬 #$%!& e gritaria" no final e acabei me decepcionando.
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alpaco 04/03/2024

Crônica da Casa Assassinada
A minha leitura foi super rápida, mas porque não aguentava o livro, quis acabar o mais rápido possível. O livro é contado como confissões, cartas e outras coisas de várias personagens envolvidas na história, mas no final todos parecem o mesmo e não se percebe grande diferença entre nenhum modelo de escrita. O drama é muito maior do que o necessário. Pelo menos pra mim foi muito incomoda a referência a apenas um dos trabalhadores da casa, a Betty, que provavelmente também era a única branca trabalhando na casa, já que todos os outros que aparecem raramente tem nome e são sempre chamados de "os pretos da casa". Fora isso tem a construção do Timóteo, que eu gostei, mas não foi bem trabalhado e achei uma péssima representação de personagem Queer vindo de um autor abertamente homossexual. Nenhum personagem tem carisma, quem poderia chegar mais perto disso é a Nina ou a Betty, mas eles são tão apagados, tolos e maldosos, puramente maldosos, sem nuance, sem necessidade, que acaba sendo triste. Também não entendi muito do drama da trama, o que pode ser culpa do jeito como eu li o livro, mas também me esforcei para entender as partes que pareciam mais relevantes. Toda grande reviravolta é mal explicada, muitos personagens nem tem um fim para seu arco, apenas saem de cena, o que não seria péssimo se feito de algum outro jeito possível. Não gostei do final, me deixou muitas questões pendentes não à interpretação, mas à falta de contexto.
edu basílio 10/03/2024minha estante
compartilho contigo esse mal-estar e essa decepção com este livro.




monteirobiaaa 01/03/2024

Comecei esse livro sem entender muita coisa mas com uma curiosidade nível mil.
spoiler..............
com certeza entrou na lista de releituras que pretendo fazer ao longo da vida.
não tenho palavras pra descrever a escrita do Lucio, que beleza, que sentimento. é o tipo d livro sensorial, você sente ele, é levado pra o enredo, sente o cheiro da flor, do mofo da casa, da nina no seus últimos momentos... incrível.
com a narrativa em primeira pessoa é muito dificil acreditar em qualquer coisa que qualquer pessoa fale, a desconfiasse surge a cada capitulo, algo que até cheguei a me irritar um pouco pq é um livro que é detalhoso , detalhe cada átomo, cada respiração dos personagens, cada lagrima derramada. acho q isso atrapalhou um pouco meu ritmo de leitura.
pela falta de uma narração linear, tbm fiquei um pouco confusa com os acontecimentos, e até irritada as vezes por ler a mesma coisa em varios pontos de vista (tornou cansativo p mim)
mas fora esses aspectos que achei negativo, é um livro muito bom e estranho. é tudo estranho, todo mundo é estranho, as vezes você não entende mas na verdade tudo faz sentido.
gostei muito do final, mesmo nao acreditando na Ana, a mulher soube articular tudo, fez a gente sentir raiva da nina por algo que ela nem chegou a cometer, e me vem o questionamento tbm, se nina sabia, pq ela deixou que ana acreditasse que nao?
confesso que imaginei muitas vezes a beleza de nina, fazia todo mundo se apaixonar por ela, fazia uns odiarem e ate o momento do 'incesto' eu nao entendia pq ana e demetrio nao gostavam dela, era só pq ela era bonita? mas dps tudo se encaixou.
o final muito bom, eu pagaria tudo pra ver a cara do Demetrio vendo o Timoteo kkkkkk eu imaginei aquela cena perfeitamente na minha cabeça, a vingança foi perfeita. odiei que o Valdo simplesmente deixou colocarem a nina na mesa como se nada? senti raiva.
queria muito ver a narração do alberto..... saber a verdade, ate pq ana fala q ele nunca deu bola p ela e no final diz q teve um filho dele? oi? em q acreditar né...
acho q nina n gostou de fato do andre, acabou acontecendo mas ela realmente amava o alberto.. mas fica o questionamento, ela jogou a arma intencionalmente? pq ela nao fez questao de ir ate ele no pavilhão? ..........
quando fui lendo a nina naquele estado (a doença) só pensei 'teve o fim que mereceu' mas dps MEU DEUS coitada, serio. e aquelas cenas narradas, eu senti o fedor, senti mesmo...
gostei muito tbm da vingança dela com o coronel, tudo arquitetado...
queria q o andre soubesse q ele n era filho da nina..
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Carol 27/02/2024

A trama se desenrola em uma mansão decadente situada em Minas Gerais, e gira em torno da família Meneses. A história é contada a partir de diferentes perspectivas, revelando os conflitos familiares, segredos sombrios e o ambiente sufocante da casa. O autor utiliza uma narrativa não linear, intercalando diferentes personagens e períodos temporais, o que contribui para a construção da atmosfera misteriosa e perturbadora que permeia toda a narrativa.

Lúcio Cardoso explora as nuances da mente humana de maneira magistral, mergulhando nas profundezas das emoções e dos relacionamentos complexos. Os personagens são retratados com uma riqueza de detalhes psicológicos, tornando-os palpáveis e intrinsecamente ligados à decadência da casa. A prosa do autor é rica em simbolismo, metaforicamente refletindo a deterioração moral e emocional dos personagens e da própria residência.

A ambientação é crucial na obra, contribuindo para a criação de uma atmosfera melancólica e opressiva. A casa, que deveria ser um refúgio, transforma-se em um cenário sombrio onde os segredos do passado são revelados, desencadeando uma série de eventos trágicos.
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EduardoCDias 19/02/2024

Peso sombrio
Sou difícil de de me horrorizar com alguma coisa, mas esse livro chegou a me dar náuseas, pela repugnância moral de alguns trechos. Contando a estória de uma família tradicional de Minas que enfrenta a decadência financeira, moral, familiar, física? nos deixa deprimidos. Excelente livro, mas não deve ser lido em momentos de fragilidade.
anoca 19/02/2024minha estante
sua resenha definiu exatamente o sentimento desse livro




pampamcviana 13/02/2024

Fofoca pura e simples, do início ao fim
A história se passa em torno dos Menezes e sua Chácara, aqui escrita com letra inicial maiúscula por ser tratar de substantivo próprio. Não é qualquer chácara, é A Chácara, e dos Menezes, a qual está em sua decadência, juntamente com sua família. Existem diversos narradores, e você precisa estar bem atento ao que eles contam, o que nem sempre está em ordem cronológica. Cada pessoa narra de acordo com sua vivência e sua interpretação (dos fatos), e nunca saberemos o que é verdade, meia verdade ou mentira. Pode ser que tudo seja verdade. Ou não. Este clássico do Lúcio Cardoso, considerado sua obra-prima, te prende do início ao fim. Apesar de grande, a leitura é fluida, nada pesada. Consegui terminar as quase 600 páginas em menos de um mês.

Temos os três irmãos Menezes: Demétrio, Valdo e Timóteo, em ordem de idade. Ana, a minha personagem preferida (e se não é a sua, você não está preparada/o para esta conversa). A bela, nada recatada e muito menos do lar, Nina, personagem amada e odiada (às vezes ao mesmo tempo) pelos outros personagens. André (não falarei mais nada). E os personagens secundários, que nos ajudam a entender a história: a governanta Betty, o farmacêutico, o médico, o padre Justino, até o Coronel Amadeu tem participação especial. E a narrativa é tão rica e tão à frente do seu tempo, que me fez sentir muito não tê-la descoberto anteriormente (apesar de que acredito que os livros chegam em nossa vida sempre no momento certo).

Para me ajudar a entender a leitura, utilizei o histórico do Skoob de forma diferente: montei uma cronologia para não me perder. Me ajudou a entender a ordem das coisas, e, principalmente, a história. O final é maravilhoso e chocante! Quando achamos que não podemos mais ser surpreendidos, bem, somos!

Este livro merece 5 estrelas e, com certeza, indico a todos!
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Thamirys.Ferreira 28/01/2024

Um dos melhores livros que já li
Simplesmente Crônica da casa Assassinada é um dos melhores livros que li na minha vida, devido as metáforas existentes e construções da narrativa ao longo do livro! Amooo esse livro.
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edu basílio 28/01/2024

sobre temperança

há uma virtude que aristóteles, e depois thomás de aquino, começaram a difundir já há muitos séculos, e que foi mais recentemente delineada e aprofundada por immanuel kant (filósofo que tanto admiro, até por ser um dos únicos cujo pensamento eu consigo entender um pouquinho): essa virtude é a temperança.

em termos bem simples, a temperança se refere aos nossos esforços na busca por moderação e racionalidade em nossos hábitos, posturas e expectativas. uma consequência natural do cultivo da temperança seria um viver sereno em todas as esferas, o que eu acredito ser uma forma muito pura -- e por isso mesmo tão valiosa -- de felicidade.

tendo concluído a leitura há algumas horas, percebo que minha experiência com "crônica da casa assassinada" foi toda marcada, do começo ao fim, por um vácuo de temperança: de vários leitores que o comentaram, de mim mesmo e do próprio autor.

os comentários de leitores a que tive acesso são quase todos ou de amor ou de ódio categóricos, pretos ou brancos, sem tons de cinza. "é um clássico absoluto da literatura moderna brasileira, injustamente ignorado e relegado à obscuridade", alguns bradam. "é uma grande lenga-lenga, monótona e repetitiva, que sai do nada e leva a coisa alguma", sentenciam outros. penso que a falta de temperança dos dois times está evidente.

já a minha falta de temperança consistiu em uma extrapolação nada inteligente que fiz: no passado, quase todas as obras que suscitaram esse tipo de racha no público amplo acabaram por me encantar muito. para ficar só em dois exemplos, foi assim com o filme "beleza americana", foi assim com o livro "lincoln no limbo". logo, sendo objeto de um racha tão vívido de reações e opiniões, esse livro só poderia me encantar (um sofisma que bestamente tomei por silogismo). não encantou. é certo que não me causou desencanto total, mas não me encantou -- e é irônico que justamente aqui pareça haver um tênue traço de temperança.

ainda, ouso atribuir o balde de água fria, em parte, ao que vejo como falta de temperança do autor (ciente de que é uma percepção minha, "do edu", e que é normal, está tudo bem, se você ou você ou você tiver uma percepção diferente). penso assim porque os maiores incômodos que a obra me causou nascem surpreendentemente de grandes qualidades dela: ao serem manejadas com pouca temperança, essas qualidades perderam muito de seu poder de encanto -- como um doce de leite com excesso de açúcar, "destemperado", que acaba por fazer arder os olhos e provocar náuseas.
e acho que é aqui que vale aprofundar um pouco.

para um livro publicado em 1959, "crônica..." tem o mérito de ser disruptivo.
- é disruptivo em temática, pois já em sua abertura, o romance confronta o leitor ao incesto e à pedofilia, algo que nos pesará sem trégua até perto do final. a transexualidade tratada como se fosse aberração, o adultério como escape para arranjos sociais e familiares sem afeto, a sensorialidade repugnante ao retratar a dizimação lenta de um corpo doente de câncer... eis apenas três dos outros aspectos trazidos às páginas de maneira frontal, crua, com intensa carga expressiva. de posse desses itens do menu, não é difícil sacar que o romance tem uma atmosfera pesada, opressiva, escandalosa, ainda pior para toda a "gente de bem" do brasil de há 65 anos. seria uma tremenda injustiça não saudar esse mérito.
- é disruptivo também em forma, porque não há narrador nem onisciente e nem único: tudo o que chega ao leitor vem por meio de cartas trocadas entre várias personagens, trechos de diários de uns, confissões de outros, depoimentos de outros ainda, o todo com algum (leve, bem-vindo) zigue-zague temporal. particularmente, eu adoro esses experimentalismos de forma em romances. eu já mencionara "lincoln no limbo", e lembro-me agora também de "garota, mulher, outras" e "seu projeto sangrento", dois outros exemplos que, cada um ao seu modo, demonstraram lindamente possibilidades diferenciadas de COMO narrar. não digo que não existam outros, mas eu ainda não tinha lido um romance brasileiro que ousasse nesse aspecto.

e então vêm os destemperos correspondentes:
- entendo que seja legítimo mostrar uma mesma cena ou um mesmo ocorrido de diferentes pontos de vista (ainda mais considerando a estrutura narrativa plurivocal). mesmo assim, para o meu gosto, as repetições ultrapassaram o limite do agradável e até do útil. se a intenção de tanta repetição de lamúrias era enfatizar a atmosfera deprimente dentro da chácara dos meneses, ela se excedeu muito e acabou por tornar deprimente a minha experiência de leitura.
- e isso nem é o pior ao meu ver, porque há outro aspecto, de forma desta vez, que atenta severamente contra a credibilidade da obra: TODOS os narradores -- um farmacêutico, um padre, um coronel, um médico, uma governanta e diferentes mulheres e homens da família meneses (incluindo um jovem de 16 anos) -- se exprimem em um português homogêneo, de mesmíssimo nível: um nível culto, muito culto, cheio de mesóclises, com um vocabulário de fazer empalidecer camões, josé de alencar, saramago e os ministros mais histriônicos do STF em seus discursos. é definitivamente inverossímil que todas essas pessoas tenham a mesma bagagem intelectual e de vida para se exprimir exatamente da mesma forma, solene e erudita, até a última linha.

o desfecho do romance traz um interessante redesenho dos fatos que, sem redimir ninguém, reposiciona muita gente em cima do tabuleiro das responsabilidades, culpas e remorsos. esse é outro ponto positivo, que de alguma forma atenuou um pouco os incômodos todos que experienciei na leitura.

não menciono quase nada aqui sobre a trama em si, e nem mesmo sobre as personagens, porque não estou escrevendo uma sinopse (há excelentes sinopses na orelha, na contracapa e nos sites de livros). além disso, e certamente mais importante, eu desejo que quem vier a me ler chegue a este ponto sem encontrar spoilers.

creio que a mensagem maior que eu desejava exprimir está clara:
acho que "crônica da casa assassinada" tem algum mérito sim, mas de forma alguma justifica um altar com velas, incensos e um culto de adoradores. julgo importante enfatizar isso, pois vivemos um momento histórico em que o extremismo nos julgamentos e opiniões tem trazido consequências muito graves para nossas vidas aqui fora, para além dos livros.

que a lição sobre temperança com que saio dessa leitura perdure em minha vida :-)

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Rodrigo1001 28/01/2024minha estante
Uau, que resenha de peso, Edu! No alto da minha temperança, espero ter tanto discernimento e lucidez quanto você quando chegar a minha vez de avaliar esse livro. No mais, palmas especiais para o seu comentário sobre o extremismo. Da fato, esse elemento já extrapolou - e muito! - o âmbito da política. Está cravado em quase tudo ultimamente, levando as nuances à morte. Parabéns; adorei a resenha!


Vinicius 28/01/2024minha estante
E eu confio mais nas resenhas ponderadas do que nas defesas passionais dos livros. Bom que ainda tem gente que enxerga as nuances ?


edu basílio 29/01/2024minha estante
rods, obrigado. que você tenha gostado do que partilhei é em si um elogio.?eu o sei sábio o bastante para ter sua leitura da obra sem qualquer "contaminação" pelo que eu exprimi. aliás, mais ainda a partir de agora, tenho imensa expectativa pelo que você terá a dizer após sua própria leitura. =)


edu basílio 29/01/2024minha estante
muito obrigado, vini. não à toa eu aprecio tanto as impressões de leitura que você também partilha: você é preciso, lúcido e ainda tem uma qualidade admirável que me falta: o poder de concisão. tem sido recorrente comigo. quase tudo que vira 'cult' ou 'modinha' me joga um balde de água fria. a maioria das coisas boas pra valer o é sem pirotecnia :-)


I Danielle I 29/01/2024minha estante
Maravilhoso texto Edu! Amei, parabéns!!


Higor 29/01/2024minha estante
livros de fôlego pedem resenhas de fôlego, e nesse momento eu só consigo dizer: uau, eduardo!


edu basílio 29/01/2024minha estante
dani, que gentil tê-lo lido e compartilhado sua impressão (também gentil rsrs). muito obrigado. um abração ^^


edu basílio 29/01/2024minha estante
higor, queridão, estou aprendendo contigo =) obrigado por ler o que compartilhei e sobretudo pelo seu feedback, que me deixou contente. se um dia você "ouvir o chamado" desse livro, estou certo de que será muito, muito enriquecedor e agradável ler sua resenha sobre ele. :-)


Higor 29/01/2024minha estante
meu caro, eu estou planejando um projeto - mais um, socorro! - em que este livro certamente figura na lista, mas basta redirecionar para esta tua resenha, que basta a todos nós.


edu basílio 30/01/2024minha estante
um homem de projetos, nosso higor :-D ainda bem que você os estabelece e os EXECUTA. eu admiro muito a AÇÃO.
sobre esta resenha aqui, ela pretende o contrário: que mais pessoas se manifestem e contribuam para equilibrar a histeria em torno de "crônica da casa assassinada" (e qualquer resenha de outra pessoa, jamais, substituirá a relevância da sua própria voz).


Marcelo 30/01/2024minha estante
???
Ainda vou ler, mas é ótimo ter sua visão sobre esse livro ?


edu basílio 30/01/2024minha estante
cello, vai ser muito bacana ter a sua visão quando vc tiver lido. e a ideia é essa mesmo, é que as pessoas leiam, comentem, não interessa se concordando ou não. eu acho que nosso espaço aqui no skoob, apesar de muita coisa, ainda é um espaço saudável e agradável de partilha. obrigado ?


augusilveira 31/01/2024minha estante
Edu, que reflexão excelente!
Eu também já tive experiências em que, atraído pelos extremismos, me frustrei ao final.
Muito bom.


edu basílio 31/01/2024minha estante
é, gus, por incrível que pareça essa não foi minha primeira experiência do tipo. tem algo na gente que permanece suscetível aos cantos de sereia... o importante é que a gente tente chamar as pessoas à calma, para evitar destruir ou endeusar as coisas. mais temperança. obrigado por seu comentário.


Katia Rodrigues 20/02/2024minha estante
Excelente resenha! Parabéns ?


edu basílio 20/02/2024minha estante
obrigado, kátia, por compreender minha tentativa de "trazer alguma razoabilidade" pros exageros de todos os "lados".


vin.modolo 27/03/2024minha estante
Eita, como escreve bem, gente! Ok. Não vou ler o livro, mas temperança é uma ótima palavra para resumir o anseio de quem está cansado de ficar no meio do "fogo cruzado" de extremismos. Vou escrever num post-it e colar no monitor na minha mesa de trabalho.


edu basílio 27/03/2024minha estante
carece tanto de temperança o mundo, nesse momento histórico em que estamos, não é, vini...? esse livro é uma "fête foraine" de histrionismo linguístico com uns furos de roteiro para completar o pacote. que um sociólogo me explique a hype um dia...




Julinho 14/01/2024

O que mais me incomoda nesse livro - que compararam com o maravilhoso morro dos ventos uivantes - é que não há uma polifonia entre os narradores, distribuídos entre cartas, diários, confissões e etc (tal como no livro de Emily Brontë ou o Drácula de Bram Stoker), parecem todos compartilhar a mesma voz narrativa: voz essa, cheia de verborragia, sinestésica - e que me soou meio cafona - e em meio a essa enredo todo novelistico, cansativo.

O plot twist é meio anti-climatico e não concordo muito com essa ideia que todo narrador em primeiro pessoa é não confiável - o autor precisa trabalhar os elementos conscientemente para que o leitor desconfie desses narradores, desses personagens. O que eu não senti/percebi. Os personagens são histrionicos, dramáticos mas sem camadas, meio vazios. Nina é interessante, mas não consigo enxergar tanta complexidade nela, além do clássico mulher fatal/Madalena arrependida.
edu basílio 29/01/2024minha estante
tão jovem e tão lúcido.
adorei seu relato e concordo grandemente com você :-)


Julinho 11/02/2024minha estante
Obrigado por me considerar lúcido rs




marcelinho 11/01/2024

Por que demorei tanto pra ler essa obra prima! Que livro, gente! Que livro!

Temos aqui uma história trágica! Tudo que acontece nessa casa ? a família Meneses ? é imoral, fatídico, trágico por demais.

A família Meneses vive seus últimos anos de glória. Porém, a chegada de uma nova moradora revela e trás a toma tudo que está por debaixo dos panos.

A obra não é uma história linear e cronológica. O livro está fragmentado (seus capítulos) nas confissões, agendas, depoimentos e diários das pessoas que viviam na casa e das pessoas que transitavam por lá. Então, não podemos confiar em nada. Ninguém sabe que está falando a verdade. São várias narrativas que giram em torno da nova morada da casa dos Meneses.

Leiam essa obra. Ela é magnífica!
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borocochxo 08/01/2024

Nauseante
Eu me surpreendo ao ver e ouvir resenhas enaltecendo esse livro? me revirou o estômago. talvez por atingir um tema que para mim, é sagrado (retiro 1 estrela). tem um final surpreendente e um bom desenvolvimento e por isso sei da qualidade do livro e da boa escrita de Lucio. por fim, até que foi uma boa leitura? preciso digerir.
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3.0.3 03/01/2024

Com o ímpeto daquele que avança em direção a uma muralha de névoa, o seu ritmo não compassa a mansidão, mas o temporal
Lúcio Cardoso (1912 – 1968) foi um escritor corajoso que percorreu uma trajetória literária liberto de idiotismos e tendências, e o livro A Crônica da Casa Assassinada, publicado em 1959, atesta isso com bravura.

"De longe ainda, através da ramagem, distingui as luzes da Chácara. A fachada, que se ia descobrindo aos poucos ao jogo dessa claridade esbatida — mantida pelo esforço de um gerador deficiente, as luzes esmoreciam com frequência — adquiria um aspecto mortuário."

O magnum opus do escritor descreve a ruína da família Meneses, que, tomada pela ganância, pela ambição, pela inveja e pelo ciúme, termina se devastando. Com uma linguagem metafórica e simbólica, o livro é um romance que, narrado por diversas vozes, anotações, depoimentos e passagens de diários (projeto ousado para o seu tempo), cria, ante os olhos do leitor, uma atmosfera inquietante, intensa, sombria e profundamente psicológica. Com isso, Lúcio Cardoso desbrava o íntimo da psique humana, refletindo o ambiente opressivo da mansão e as sombras que compassam as sensações de cada membro da família.

"E eu sou desses que não sabem viver sem exaltação: foi consciente que eu me degradei, porque sentindo-me menor do que os outros, era pelo caminho do martírio que conseguiria elevar-me acima deles, e tornar-me o maior do que todos."

O livro expõe as hipocrisias de uma sociedade que vive de aparências. O interesse é o que sempre está em jogo. Dinheiro, extravagância, controle, influência são algumas armas usadas para se alcançar benefícios próprios, mesmo que isso signifique passar por cima do outro.

Remando contra a maré, Lúcio Cardoso inverte todas as polaridades e sugere ao longo da narrativa que o maior pecado é não experienciar a vida em sua totalidade, furtando-se da possibilidade de compreendê-la em todas as suas dimensões e contrastes. É justamente nesse sentido que desperta grande interesse episódios que se desenrolam em um círculo onde a ideia do pecado é arraigada à moral e ao pensamento religioso.

"André, não renegue, assuma o seu pecado, envolva-se nele. Não deixe que os outros o transformem num tormento, não deixe que o destruam pela suposição de que é um pusilânime, um homem que não sabe viver por si próprio. Nada existe de mais autêntico na sua pessoa do que o pecado — sem ele, você seria um morto. Jure, André, jure, como assumirá inteiramente a responsabilidade do mal que está praticando."

A narrativa é recheada de figuras complexas, cada uma arrastando consigo os seus segredos soturnos e os seus pesadelos. Esse ponto de vista desenha o panorama exato da carioca Nina, personagem ambiciosa que foi ludibriada pela aparente fortuna de Valdo Meneses. Assim que toma ciência da real condição do esposo ao chegar à mansão da família em Minas Gerais, Nina resolve abandonar tudo e voltar para o Rio de Janeiro; a sua presença, no entanto, ainda que breve, foi suficiente para abalar todas as estruturas da mansão.

"Um dia, no jardim, disse-me que o pecado é quase sempre uma coisa ínfima, um grão de areia, um nada — mas que pode destruir a alma inteira. Ah, Betty, a alma é uma coisa forte, uma força que não se vê, indestrutível. Se uma minúscula parcela de pecado — um nada, um sonho, um desejo mau — pode destruí-la, que não fará uma dose maciça de veneno, uma culpa instilada gota a gota no coração que se quer destruir?"

Angustiante, lancinante e encantadora, a leitura de Crônica da Casa Assassinada é uma experiência literária de claustrofobia. À medida em que a Chácara se esfacela ao longo da narrativa, seus cheiros e barulhos submergem com violência. Talvez seja justamente ela, a Chácara – sempre mencionada com inicial maiúscula –, a grande personagem do livro, a matriarca, que, página após página, é encarnada como o ser que concentra e espelha todas as desgraças que acontecem dentro de seus limites.

"A casa é a mesma, mas a ação do tempo é bem mais visível: há outras janelas que não se abrem mais, a pintura passou do verde ao tom escuro, as paredes gretaram-se pelo esforço da chuva e, no jardim, o mato misturou-se as flores."

Desafiador, sensível e cheio de entretons, Crônica da Casa Assassinada é um livro que reivindica dedicação e concentração. É uma experiência que praticamente nos leva à paranoia, fazendo-nos suspeitar de todas as personagens, inclusive daquilo que lemos. É impossível sair ileso dessa jornada, pois, de alguma forma – quer gostemos ou não –, é um livro com o qual estabelecemos diálogos profundos.

"Só eu poderia ali penetrar, e tocar o desenho daquela mancha, continente preto alargando-se na cal, abrindo-se como uma teia num dos seus extremos, alongando-se, subindo mais num único traço agudo e rebentando, afinal, como um fogo de artifício que se desfizesse mudo e sem luz."
Ramilson.Nasciment 03/01/2024minha estante
????


Marlene Koch 15/04/2024minha estante
Se não és escritor, sejas! Possível que seu comentário seja melhor que o livro ou, impossível que o livro seja melhor que seu comentário, assim fica melhor.




Favodemel00 01/01/2024

O mais belo canteiro de violetas do interior de Minas
Devo começar dizendo que criei uma espectativa muito alta para esta leitura, tanto por resenhas que vi, quanto pelo fato do autor ter sido amigo de Clarice Lispector. E acrescentarei que o livro cumpriu a supracitada com esplendor: foi a melhor leitura do ano, além de uma das melhores da vida. Escrita belíssima. Demorei para ler, parei no percurso para ler livros leves para quebrar a densidade, mas foi impossível abandonar. Resultado: valeu cada minuto de dedicação à leitura e ainda conseguiu me surpreender no final. Ainda estou procurando defeitos neste livro.
Ramilson.Nasciment 01/01/2024minha estante
Livros br ? quero ler Lúcio Cardoso


Favodemel00 01/01/2024minha estante
Sim, vale muito a pena ler os brasileiros!




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