Resenhas - Figuras traçadas na luz

miguelogin 20/06/2021

Bordwell e a Direção de Cinema
Gostei principalmente dos dois primeiros capítulos, onde o autor aborda a "Encenação e Estilo" no cinema a partir da intencionalidade do realizador e do espectador. Nele, se debate as bases biológica sensoriais da atenção e a orquestração dessa atenção através da mise-en-scéne, no que Bordwell categorizou entre "continuidade clássica" e "continuidade intensificada". Depois, faz um resgate do estilo de Feuillade, e demonstra como essa figura já tinha jogado com várias das técnicas de espacialidade na tela e trabalhado a duração dos planos. Técnica que instintivamente seriam mais tarde expandidas e/ou retrabalhadas com excelência por outros diretores. Bordwell, então, prossegue o livro analisando profundamente o cinema de Mizoguchi, Angelopoulos e Hsiao-Hsien.
Talvez, o ponto mais efervescente do livro seja seu último capítulo, onde um debate altamente teórico e acadêmico é registrado por Bordwell, quanto a correspondência do filme à uma "realidade objetiva" e a real intencionalidade de seu realizador. Um debate que até onde pude perceber não se iniciou aí e infelizmente está contido em outros livros do Bordwell que ainda não possuem tradução para o Português.

Fernando Figura 21/02/2019

Obra fundamental
Acho que este foi o melhor livro sobre cinema que já li na vida.

E é denso pra caramba. Pra começar, nunca vi nada do Feuillade, Mizoguchi, Angelopoulos e Hou, quatro cineastas dissecados.

Nunca me passou pela cabeça tentar entender a coreografia que atores fazem frente da câmera, os planos-sequências, o cobrir-se/descobrir-se em que a montagem também é cúmplice, o uso de lentes como telefoto ou grande angular, enfim, todo esse métier, esse artesanato minucioso por trás de cada filme.

O livro é uma raridade. Procurei em sebos, não encontrei. Encontrei uma edição judiada na estante da biblioteca, ainda estava na estante errada.

O jeito é esperar ou a Papirus ou outra editora relançar esse livro impressionante.