O Evangelho segundo Jesus Cristo

O Evangelho segundo Jesus Cristo José Saramago




Resenhas - O Evangelho Segundo Jesus Cristo


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Cinara... 15/02/2020

"...Então, servis-vos dos homens, Sim, meu filho, o homem é pau para toda colher, desde que nasce até que morre está sempre disposto a obedecer, mandam-no para ali, e ele vai, dizem-lhe que pare, e ele pára, ordenam-lhe que volte para trás, e ele recua, o homem, tanto na paz como na guerra, falando em termos gerais, é a melhor coisa que podia ter sucedido aos deuses, E o pau de que eu fui feito, sendo homem, para colher vai servir, sendo teu filho, Serás a colher que mergulharei na humanidade para a retirar cheia de homens que acreditarão no deus novo em que vou me tornar, Cheia de homens, para os devorares, Não precisa que eu o devore, quem a si mesmo se devorará.
Jesus meteu os remos na água , disse, Adeus, vou para casa, voltareis pelo caminho por onde viestes, tu, a nado, e tu, que sem mais nem quê aparecestes, desaparece sem mais nem quê. Nem Deus nem o Diabo se mexeram donde estavam, e Jesus acrescentou irónico, Ah, preferem ir de barco, pois é melhor assim, sim senhores, levo-os até a borda para que todos possam, finalmente, ver Deus e o Diabo em figura própria, o bem que se entendem, o parecidos que são. "


Livro pra reler mil vezes na vida! Amor!
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Talitha.Wiegner 04/07/2021

Obra sensacional, de um autor ímpar da literatura mundial. Finalizei a leitura aos prantos, devido ao misto de inteligência, perspicácia, ironia e, surpreendentemente, delicadeza, com as quais Saramago revisita a história mais contada e conhecida da humanidade.
Leitura mais do que necessária a todos os que são ou não crentes em Deus/Jesus.
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Thiago Duarte 15/01/2024

A conflituosa humanidade de Jesus em estadia pela Terra
Desprezo já as ladainhas de que ler Saramago é difícil, pois com essa obra não é diferente, porém não a faz inacessíve. Pontuo ainda que somos privilegiados de ter um livro como esse em mãos. Se fosse em outra época, estaríamos sendo condenados por aquela instituição que conhecemos muito bem por sua excitação com fogueiras ou outros tipos de crueldades.

Fenomenal é como descrevo essa homérica obra, isto porque o autor não quis trazer uma espécie de conversão aos leitores, mas sim à reflexão a respeito da história do nosso mais conhecido amigo e admirado Jesus Cristo.
Além disso, me surpreende a licença do narrador para contar a trajetória de Jesus assim como os quatro evangelistas. As diferenças entre eles se dão pelo fato do nosso narrador não ter o privilégio de estar no livro sagrado. Porém tal fato não o impediu de contar a trajetória do Messias de forma autoral, preenchendo as vazias lacunas deixas pelos grandes evangelistas.

A partir das colocações, este livro conta a trajetória de Jesus não da forma que já conhecemos, mas trazendo uma reinterpretação dessa narrativa que, sendo sincero, esteve mais interessada em o humanizar, tratando-o não como um ser celestial em todo momento, porém como um homem simples, normal, com desejos carnais o que pode chocante a algumas pessoas. Mas só aquelas que tem um olhar quadrado e não leem textos "sagrados" como literatura.

No livro, acompanhamos Jesus desde o seu nascimento com a sua fase de criança; de adolescente rebelde, e presunçoso, e egoísta; adulto desfrutando dos seus desejos carnais, e aqui coloco o saboroso romance dele com a prostituta Maria Madelena, uma figura muito importante para o nosso amigo, pois é dela que virá o seu conforto e refúgio. E como não seria diferente, também acompanhamos a sua triste e simbólica morte a fim de salvar a humanidade.

Gostaria ainda de brevemente trazer duas figuras emblemáticas nessa história: Deus e Pastor. A perspicácia de Saramago em relação a essas duas personagens é estupenda, isso porque são essas duas figuras que nos darão o deleite dos diálogos mais conflitantes e de tirar o fôlego com Jesus. Ainda há a atribuição paradoxal da inversão de valores que ambos carregam; pois, se por um lado, temos a figura de um que está mais preocupado em trazer uma reflexão e questionamento a Jesus acerca de sua conduta enquanto homem na terra; por outro lado, há a figura do outro que está mais preocupado em ser o centro do mundo, o qual foi capaz de matar milhões de pessoas e pasme: de entregar o seu próprio filho para que morresse a fim de salvar a humanidade. Porém essa última citação é da mais fajuta quando, na verdade, descobrimos que esse ser quer apenas ser reconhecido mais ainda no seu mundo, o qual ele mesmo criou, impedindo assim que as pessoas parem de adorar a outros deuses, sendo ele o único passível de adoração, cometendo diversas atrocidades para que isso aconteça.

O final desse livro foi de tanta emoção que valeu a pena a insistência para eu concluir essa grande obra. Destaco ainda ao arrepio que senti na última frase desse livro, a qual era tudo menos que eu esperava que fosse acontecer.
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Eliza.Beth 09/10/2023

Jesus falho, Deus falho
Demorei mais tempo para ler esse livro do que eu gostaria, mas Saramago não conseguiu perder as 5 estrelas merecidas!

Como sempre, o ponto alto do livro é a escrita. A história em si já conhecemos, mas Saramago aumenta ou inventa alguma coisa aqui ou ali, coisas que tornam Jesus mais humano e falho. Eu gostei, mas não recomendo a leitura para religiosos mais calorosos.

Algumas imagens acredito que vão demorar bastante para sair da minha cabeça. Entre elas, vou destacar a morte de José. Ao ler esse acontecimento, existe um misto de emoções que se entrelaçam, causando um nó na garganta, desaguando em tristeza genuína. Lembro que parei um tempo após esse acontecimento.

Existem outras cenas que podem ser destacadas, como o encontro de Jesus, Deus e o Diabo em uma canoa, onde os dois menos perfeitos jogam algumas (muitas) verdades na cara de Deus e, pasmem: ele sai pela tangente.
Eu concordei com o Diabo.
Repito: não recomendo para religiosos fervorosos.

Uma obra que com certeza vale a pena ser lida muitas vezes.
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Ana Letícia Brunelli 17/07/2017

Questionar é fundamental.
Considero que para ler este livro é preciso que o leitor se desapegue de crenças religiosas. Apesar da estória ter personagens e passagens bem conhecidas, trata-se de uma nova estória, fictícia, na qual o autor reconta os passos de Jesus através de sua ótica. Seus personagens são muito mais humanos e próximos da realidade como a conhecemos, sujeitos a dualidade entre o bem e o mal, suscetíveis a sentimentos contraditórios e a atitudes incertas. Dessa forma, contrária à forma canônica mundialmente difundida, o autor coloca suas ideias sobre sociedade, fé, comportamento humano, e principalmente, seus questionamentos sobre Deus.
Independente de concordar ou não com os pontos de vista do autor, considero incrivelmente inteligente a forma como ele os insere e os aborda em seus textos.
Vejo José Saramago como um grande questionador, e é isso que tem despertado meu interesse por suas obras. Penso que acreditar é importante, mas questionar é fundamental.

'O firmamento, o imenso olho negro de Deus crivado daquelas luzes que são o reflexo deixado pelos olhares dos homens que contemplaram o céu, geração após geração, interrogando o silêncio e escutando a única resposta que o silêncio dá'.
Kelly 30/07/2017minha estante
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Fabiano 10/08/2017minha estante
Fictícia? Acredito que 'versão' é uma palavra mais bem empregada nesse caso.


Ana Letícia Brunelli 11/08/2017minha estante
Concordo com o emprego da palavra 'versão', mas a considero 'fictícia' uma vez que o autor não foi testemunha ocular dos fatos e nem é um pesquisador histórico. Não creio que o autor considerasse sua versão 'verdadeira'. Creio até que ele não considerava versão nenhuma verdadeira. Entendi que ele apenas recontontou uma história mundialmente conhecida através da sua visão de sociedade e comportamento humano, a qual eu considerei 'incrivelmente inteligente'. Agora, se aconteceu, e como exatamente aconteceu, eu pergunto: como alguém pode ter alguma certeza?




Jr. 21/06/2020

Carne, osso e lágrimas

Dos primeiros gestos do Jesus ainda menino, concebido por José e por Maria, aos últimos suspiros do Jesus já homem feito, sacrificado em uma cruz, seguimos os passos do personagem nessa narrativa de José Saramago que reinterpreta o texto bíblico interessado nos dilemas morais que ele, o Cristo, e as figuras parentes que marcam sua trajetória enfrentam diante da inevitabilidade dos já conhecidos desígnios de Deus.

Esse processo, como não poderia deixar de ser, envolve, desde a sua concepção, uma iconoclastia muito pungente, por propor outro olhar, humano, compassivo e por isso mesmo contestador, acerca de figuras basilares de toda uma religião, que assumem diferentes e reveladoras perspectivas, conforme os mitos são revistos nas páginas desse evangelho de um homem, em sua essência, não diferente dos outros homens do mundo, de carne, osso e lágrimas.

O que eu acho mais comovente é como a prosa de Saramago provoca delicadas epifanias no que há de mais humano na trajetória de Jesus Cristo, encontrando nos momentos em que o protagonista mais se parece com cada um de nós – quando sai de dentro da mãe, quando perde o pai, quando conhece o prazer ao lado de uma mulher –, à parte dos milagres que o nazareno operou, que o texto parece estabelecer uma conexão com algo mais divino, uma emoção mais pura mesmo.

Esse efeito que provoca nas descrições dos eventos mais simples diz muito sobre a intenção de Saramago, para além de maiores controvérsias quanto ao seu ceticismo, em propor uma desmistificação que se revela bastante compadecedora sobre esse filho, esse menino, esse homem que, para além de qualquer divindade que lhe fora atribuída, amou, sorriu, sofreu e morreu como todos os outros que vieram a esse mundo, antes e depois dele, questionando suas origens e seus propósitos.


“O filho de José e de Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso de suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por este mesmo e único motivo” (pág. 83)
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Cah 22/08/2020

Esperava mais do livro, acho que a expectativa foi maior. Mas recomendo bastante a leitura.
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Claudio 29/08/2021

Incrível
Um livro sensacional, mais uma evidência que, se for escrito por Saramago, até lista de compras deve-se ler. A mais antiga das histórias revista com vários toques de gênio, com ironia, audácia e, principaente, humanidade. Um Jesus pecador, um Deus hesitante e uma virgem que não é virgem são apenas alguns dos twists desse que é um dos maiores livros da nossa língua.
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jonathanrausch 16/08/2022

Perfeito, um Jesus humano, e, por isso, mais divino
Obra fantástica, em que algumas passagens são alteradas para expressar o lado humano de Jesus que sempre existiu. Há uma questão cronológica a ser seguida aqui, diferentemente do que é feito com o evangelho de Jesus na Bíblia, e isso torna a leitura mais gostosa, ainda mais por ter a escrita diferenciada de Saramago, que de início é um balde de água fria, mas que com o costume sinto que fará falta ela ao ler qualquer outra obra.
Há polêmicas por se fazer Jesus humano e alterar algumas passagens para mostrar que as profecias não foram cumpridas de fato, mas sim adulteradas, o que aconteceu de fato, mas utilizando nessa obra de falsas alterações para ir de acordo com as ideias que Saramago tem da religião que a igreja católica jura de pés juntos ser a verdadeira.
Para mim, esse é o Jesus histórico, um homem bom que esteve com Deus e com o Diabo do lado e não deixou de ser humano em nenhum momento, o que é, pelo que vemos em diversas passagens, como a do barco, que é uma virtude e tanta.
Saramago, tá aí outro escritor que irei ler todos os livros. Recomendo a leitura e releitura.
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Tiago675 25/12/2017

Então é Natal...
Minha história com Saramago está ligada à religião. Foi em um culto em junho de 2010 que ouvi seu nome pela primeira vez, aquele blasfemo, diziam, havia morrido. Passariam meses até que eu conseguiria ler o misterioso blasfemo português. Ensaio Sobre a Cegueira foi o primeiro de muitos e, finalmente, chego ao mais polêmico; ao livro proibido que até a minha professora de Literatura fez questão de não recomendar. Lido agora não é tão blasfemo assim e, de certa forma, é até um belo reconto da história de Cristo, bem humano como nós, mas ainda Filho de Deus. A história é de conhecimento de todos, mas vale a pena a ler sob a irônica narrativa de Saramago.
Vitor Pitta 26/12/2017minha estante
O blasfemo de um é o sacro de outrem


Tiago675 26/12/2017minha estante
Exatamente!


Ana Sandra 18/07/2018minha estante
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Jackson60 28/08/2020

Meu primeiro contato com a basta obra de Saramago foi com Caim, desde então sou apaixonado por ela. O Evangelho Segundo Jesus Cristo não é diferente, mantém a mesma qualidade de Caim, uma obra com tintas de ironia como só Saramago sabe pincelar. Excelente livro.
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Janaina.CrisAstomo 25/09/2021

O que quer deus?
Que lindo extraordinário. Como as outras obras de Saramago, esse livro é todo escrito sem que se diferencie os diálogos do restante do texto. Humaniza Jesus e os outros personagens, como o pai dele, José. Coloca Deus numa posição centrada em Si mesmo apenas, e ao diabo como um mero coadjuvante que se aproveita do poder que Deus quer ter.
Esse livro traz muita ironia, muitas questões que fazem pensar bastante. O autor entra nas histórias bíblicas e traz uma visão crítica e irônica de várias passagens.
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Cris609 07/06/2022

A concepção desse romance é de extrema genialidade. Perfeito em diversos pontos. Contudo, em certas partes é um pouco enfadonho. De qualquer forma, vale a pena ler até o fim.
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Shirlei 10/08/2020

um livro maravilhoso. saramago tem uma escrita caracteristica, mas isso faz desse livro uma obra prima. recomendo a leitura.
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Lisandro 09/08/2020

Gosto de Paulo Coelho e agora também gosto de Saramago.
Gosto de Paulo Coelho e pela primeira vez li saramago. Agora gosto dos dois. Sei que há uma rixa, se não entre os escritores, entre os leitores de um e de outro. Mas, se há quem goste de um e há quem goste de outro, há também os que gostam de um e do outro. "Não é querer dizer amor e não chegar a língua, é ter língua e não chegar ao amor" — José Saramago.
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