Um retrato do artista quando jovem

Um retrato do artista quando jovem James Joyce




Resenhas - Retrato do Artista Quando Jovem


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Bruna522 31/03/2024

Não foi pra mim
Meu primeiro livro do autor. Queria muito ter gostado, mas foi uma leitura muito entediante pra mim e pensei em abandonar várias vezes. Parece que o livro sai do nada e chega a lugar nenhum.

Isso tudo porque esse ainda é um dos mais fáceis de James Joyce. Não sei se um dia voltarei a ler algo dele, embora tenha muita curiosidade.
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3.0.3 11/03/2024

Stephen Dedalus e a fuga do labirinto
“A sua linguagem, tão familiar e tão estrangeira, será sempre para mim uma língua adquirida. Nem fiz nem aceitei as suas palavras. Minha voz segura-as entre talas. A minha alma gasta-se na sombra da sua linguagem.”

Um retrato do artista quando jovem (1916), de James Joyce (1882-1941), narra a perda de uma vocação sacerdotal e o alvorecer de um chamado artístico. Considerada uma obra quase autobiográfica, o livro capta a mente de Stephen Dedalus de forma eficaz, descrevendo a jornada de um artista através de seu eu. Nela, Dedalus tenta alcançar as coisas que mais importam, enquanto busca encontrar seu lugar no mundo. O romance acompanha Stephen Dedalus em seus anos de formação e aprendizado no final do século XIX na Irlanda. A narrativa nos brinda com cenas sobre a sua família – dividida entre o catolicismo ortodoxo e o movimento nacionalista irlandês –, sua criação no internato Clongowes Wood, a educação dada pelos jesuítas em Belvedere College, os anos na University College Dublin e, finalmente, sua decisão de se tornar um literato.

Percebemos que Dedalus é nitidamente um aluno distinto, altamente dotado de atributos intelectuais, com uma predisposição inata para a poesia e uma sensibilidade artística marcante, que é complementada por sua personalidade especial e nobre. Dedalus queria deixar a vida fluir através das fendas de sua mente para peneirar sentimentos, impulsos e significados, queria encontrar o que sua alma inquieta desejava: aquele fragmento primitivo de verdade. Mas o mundo se intrometeu em seus intentos e plantou nele sementes de dúvida.

A jornada de Dedalus não é nada fácil. Seus tormentos eram muitos: as compulsões da disciplina acadêmica, os atos de selvageria dos colegas que eram despreparados para lidar com uma opinião divergente, os castigos físicos, a miséria socioeconômica cada vez mais visível, a lavagem cerebral com água benta e o medo onipresente de cometer alguma heresia a cada pensamento ou ação. Dedalus fica perplexo com seus próprios desejos sexuais. Apesar de ser sensível, articulado e inteligente, o jovem enfrenta emoções intensas e conflitantes de luxúria, incerteza e insegurança. Em alguns momentos, ele se culpa por sua vida promíscua, pecaminosa e desenfreada. Dedalus se sente acuado, acha que Deus vai castigá-lo sem qualquer compaixão e se perde em sofrimentos. Os sermões do padre Arnall sobre a morte, o julgamento e o inferno são particularmente encantadores – até mesmo Dante não conseguiria ser tão preciso e sensorial em suas descrições de escuridão, chamas e estertores intermináveis que as almas condenadas devem suportar. Ao contrário de Dante, os sermões na obra são carregados de ironia e blasfêmia. Um retrato do artista quando jovem nos lança às profundezas do coração humano narrando os sentimentos conflitantes de Dedalus por meio do fluxo de consciência – técnica que nos faz habitar os campos consciente e subconsciente, proporcionando vislumbres das realidades objetivas e subjetivas. Essas explosões narrativas acontecem de múltiplas maneiras e com bastante ênfase: são imagens, sons, memórias, aromas e sensações táteis.

A escolha do sobrenome do protagonista está associada ao mito grego de Dédalo – artesão da cidade de Atenas responsável por construir o labirinto do Minotauro e o par de asas que deu para o seu filho Ícaro. Artista habilidoso, o Dédalo mítico acabou preso no labirinto que construiu para aprisionar o Minotauro. Assim como ele, o Dedalus joyciano também se vê preso em um labirinto construído por forças externas. Ele compreende que, ao trilhar os caminhos ditados por outros, nunca encontrará de fato uma saída ou experimentará a verdadeira realização. Ao longo da narrativa, Dedalus encontra falsas saídas do labirinto, mas nenhuma delas proporciona a fuga desejada. Assim, metaforicamente, Dedalus deseja construir um par de asas para transcender as adversidades, ultrapassar as fronteiras de Dublin e alcançar uma vida dedicada à arte.

A obra mistura várias referências literárias, filosóficas e teológicas ao cotidiano da vida irlandesa, com explosões poéticas. Ainda que Dedalus perca a fé, é evidente que sua visão sobre arte e literatura está impregnada de doutrina cristã. O livro é cheio de citações latinas, com ideias filosóficas que se referem à teologia medieval e à filosofia grega, como Tomás de Aquino, Agostinho, Aristóteles etc. Sobre isso, a obra demonstra grande erudição em relação à Poética de Aristóteles e à filosofia de Aquino, sobretudo no campo da estética. Em alguns trechos, quando trava diálogo com Estêvão e seu amigo Cranly, percebemos o domínio de Dedalus ao mencionar os atributos de beleza propostos por Aquino e ao dissertar sobre as formas dramática, épica e lírica. Sob todos esses discursos filosóficos que transbordam efusivamente, irrompe outra forma de estética, que é mais musical, sensual e rítmica.

Segundo a obra, a imagem estética dramática é a vida reprojetada na imaginação humana. O artista, na condição de Deus da criação, permanece invisível em sua obra, indiferente, refinado fora da existência. Dedalus postula que o desejo deve ser direcionado para o bem, sendo o verdadeiro e o belo os objetos de desejo mais duradouros. Embora reconheça que a beleza é subjetiva, Dedalus realça o conceito de beleza universal. Além disso, destaca o instante em que o sujeito compreende e aprecia as qualidades do objeto artístico, pois essa experiência proporciona um encantamento espiritual do coração. Dedalus conclui que a responsabilidade de um artista é distanciar-se de sua obra e agir indiferente a ela, permitindo-lhe existir de forma independente. Assim, obtemos a revelação do fluxo interno dos pensamentos, e o fluxo de consciência ditado por Joyce nos encanta e nos espanta. Quando lemos expressões, pensamentos, sensações, epifanias, é como se nós estivéssemos passando por aquilo, não os personagens.

Dedalus tentara erguer um quebra-mar contra a sórdida maré da vida para represar a recorrência estrondosa das ondas dentro de si. Inútil. Tanto de fora quanto de dentro, as águas atravessaram todas as barreiras e recomeçaram a se agitar ferozmente acima das ruínas. Durante a narrativa, acompanhamos uma personagem cuja garganta dói de tanta vontade de gritar – grito de falcão ou de águia –, de tanta vontade de libertar-se ao vento. Esse é o chamado à sua alma, não a voz desumana que o chamava ao altar, não a voz enfadonha do mundo dos deveres e do desespero. É um instante de fuga selvagem. E o grito que a sua garganta retinha fende a sua mente. A sua imagem passara para sempre em sua alma, e nenhuma palavra fora capaz de quebrar o sacro silêncio de seu êxtase. Os olhos chamaram Dedalus, e a sua alma se lançou ao chamado. Recebeu ali o anjo selvagem, um enviado para lhe abrir – num instante de êxtase – as portas de todos os caminhos do erro e da glória.

E Dedalus se rebelou e triunfou contra a embriaguez da doutrinação religiosa e contra aqueles que exigiam dele um fervor patriótico. A enxurrada implacável de catecismos que desdenhava das condições humanas não o lançou à culpa. Ele encontrou a sua santidade no amor, na beleza e na entrega silenciosa ao desejo mortal. O labirinto de iscas não conseguia mais estrangular sua ambição de escapar de seus estreitos limites. Assim, enquanto todos ao seu redor se ocupavam em buscar relevância ou prestígio social na vida, Dedalus permanecia imperturbável, pois agora aspirava ao cumprimento de um objetivo maior, tendo encontrado sua fé na legitimidade da arte e em seu poder de conferir sentido ao caos perpétuo da existência. Para recriar a vida a partir da vida – errando, caindo, triunfando e vivendo.

O apreço de Umberto Eco (1932-2016) pelas obras de James Joyce é digno de nota. Ambos receberam uma rigorosa educação católica, e, assim como as obras de Joyce, Eco enxertou em seus trabalhos diversas citações latinas e referências a padres da igreja. Em síntese, James Joyce, Umberto Eco, Jorge Luis Borges (1899-1986) e J. R. R. Tolkien (1892-1973) são alguns exemplos de autores contemporâneos com almas medievais.

Também podemos mencionar que Um retrato do artista quando jovem poderia ser lido como uma obra que segue na contramão de Confissões, de Santo Agostinho. Enquanto Agostinho expressa a sua gratidão a Deus por afastá-lo de sua juventude libidinosa e libertina e convertê-lo ao ascetismo e à religião, Joyce narra a juventude de Stephen Dedalus como um tempo de tormento moral, libertinagem esporádica, encontros românticos e breves vislumbres de alegria. Diferentemente de Agostinho, Dedalus, no final, resolve emergir sob a autoridade da igreja, desviar-se da sua família e da pátria e fugir em direção ao silêncio e ao exílio.

Cabe salientar que esse é um dos livros mais compreensíveis de James Joyce, pois, em vez de usar o fluxo de consciência ou o monólogo interior de forma desenfreada, ele opta por um estilo indireto livre, por diálogos perfeitamente construídos, por uma narração clássica em terceira pessoa e por um final com algumas datas anotadas em um diário escrito por Dedalus. Com doses poéticas de alto calibre e com a assinatura inconfundível de Joyce, Um retrato do artista quando jovem é um excelente livro. Com o passar do tempo e da leitura, Joyce se torna um escritor realmente interessante. A sua maestria literária e a sua genialidade narrativa o transformam em um artista completo.

“Vou te dizer o que farei e o que não farei. Não servirei aquilo em que não acredito mais, chame-se isso o meu lar, a minha pátria, ou a minha igreja: e vou tentar exprimir-me por algum modo de vida ou de arte tão livremente quanto possa, e de modo tão completo quanto possa, empregando para a minha defesa apenas as armas que eu me permito usar: silêncio, exílio e sutileza.”

“Fizeste que eu confessasse os pavores que tenho. Mas vou te dizer também o que não me apavora. Não tenho medo de estar sozinho, de ser desdenhado por quem quer que seja, nem de deixar seja lá o que for que eu tenha que deixar. E não tenho medo, tampouco, de cometer um erro, um erro que dure toda a vida e talvez tanto quanto a própria eternidade mesma.”
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Mylena.Esteves 06/03/2024

Autobiográfico
Romance de formação e autobiografico com Stephen Dedalus, alter ego de James Joyce. Acompanhando o livro, a gente percebe que ele sempre foi diferente, de difícil adaptação social e que foi se tornando uma pessoa extremamente solitária. Ele cresceu em uma Irlanda no auge do catolicismo e frequentou escolas católicas super rígidas e, nessa mesma época, ele viu a família perdendo status social e financeiro.
Cada vez mais solitário, ele renegou a Irlanda, se afastou da família, da religião e decidiu voar para a liberdade e abraçar a arte para tentar se encontrar.
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Michela Wakami 11/02/2024

Bom
O início do livro me agradou bastante, depois a leitura passou a ser maçante pela escrita e também pela história em si, que me agradou em partes.

Embora muitos defendam que essa história tenha sido baseado na vida do próprio autor, que seja até uma autobiografia, nessa edição da editora autêntica, temos nas notas o tradutor Tomaz Tadeu, não acreditando nessa hipótese.

Eu particularmente acho que seja sim, se não uma autobiografia, pelo menos uma história baseada na vida dele.

O Retrato do Artista quando jovem, vem antes de Ulisses, o personagem principal desse livro, vai retornar em Ulisses, não como personagem principal, mas até aonde pesquisei ele terá uma presença importante por lá.
Por isso é recomendável lê-lo antes de Ulisses.

Aqui o personagem é um artista em formação, que sente ter que romper com a religião, com seu país e até mesmo com a sua família para poder ser livre e só assim alcançar seu sonho de ser um artista completo.

Recomendo um vídeo no YouTube, aonde o professor José Monir Nasser, explica de uma forma maravilhosa o livro.
O vídeo contém a leitura do resumo do livro e explicações sobre cada parte importante de cada capítulo.
O final da narração do último capítulo tem uma explicação do professor, que sanará todas as suas dúvidas.

https://youtube.com/watch?v=T0mRI1wn2Zk&si=Bu6Nmt5BmtmOq94W
Luiz Souza 11/02/2024minha estante
Ulysses também é do mesmo jeito ele começa com um texto fácil de entender aí conforme vai passando fica bem difícil kk


Michela Wakami 11/02/2024minha estante
Luiz, eu pretendo ler Ulisses, mas confesso que com receios.?


AndrAa58 11/02/2024minha estante
Bela resenha, amiga ?


Michela Wakami 11/02/2024minha estante
Obrigada, amiga.?




Izabella.Edite 30/12/2023

Um retrato de artista quando jovem
Eu não entendi quase nada desse livro ,a escrita do james joyce e muito difícil de entender eu não vou ler um livro dele tão cedo .
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Daiane316 04/10/2023

Uma boa porta de entrada para conhecer Joyce
Um retrato do artista quando jovem, é um romance de formação, ambientado na Irlanda, onde conhecemos Stephen Dedalus, também alter ego do autor, James Joyce.
A obra tem pequenos dados autobiográficos que impõem uma riqueza imensa de aprofundamento do personagem. Stephen, é um homem atormentado pelos seus ideais, que fogem do padrão de sua época: patriotismo, religião, família; essas convenções não fazem sentido em sua vida, e o mesmo passa a acreditar somente na arte, no que o mantém elevado. Temos aqui um prenúncio de Ulysses, e mais metáforas do homem exilado, aquele que busca sua liberdade e quer viver o que acredita. Um baita romance, e diria uma boa porta de entrada para quem quer conhecer Joyce.
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AndrAa58 26/08/2023

Uma jornada intrigante na formação de Stephen Dedalus.
"Retrato de um Artista Quando Jovem" é um romance de formação que nos conduz através da evolução de Stephen Dedalus, desde sua infância até a juventude, em uma jornada de autodescoberta e transformação. Joyce conduz o leitor a explorar não apenas a trajetória do protagonista, mas também a sua própria jornada pessoal de reflexão e aprendizado.

Este livro, porém, não é uma leitura fácil, exigindo dedicação e esforço por parte do leitor. Não é destinado a todos os gostos ou épocas. Para apreciá-lo plenamente, é necessário estar disposto a investir um esforço considerável, especialmente se você não estiver familiarizado com as referências literárias que estão por toda a obra, como mitologia, passagens bíblicas, doutrina católica e o contexto nacionalista irlandês, incluindo o conflito entre católicos e protestantes. Além disso, algumas das influências de autores como Shakespeare e conceitos filosóficos são incorporadas nas entrelinhas. O livro é repleto de referências que, embora ricas em significado, podem exigir consultas frequentes a notas e fontes adicionais.

Admito que, no início da leitura, me vi interrompendo com frequência para buscar esclarecimentos em notas e fontes externas. Quase me rendi e abandonei, mas estou grata por não ter desistido. Posso afirmar que o esforço investido compensou, e muito! Desde que você esteja disposto a enfrentar esse desafio, posso assegurar que valerá a pena.

O próprio nome da personagem principal, Stephen Dedalus, já prenuncia muito sobre a obra, suas questões centrais e abordagem. "Stephen" (ou "Estevão") foi o primeiro mártir cristão, e conforme Santo Agostinho afirmou, "Se Estêvão não orasse, não haveria São Paulo." Por outro lado, "Dedalus" (ou "Dédalo") faz referência ao artista e construtor da mitologia grega. Ele foi o pai de Ícaro e projetou o labirinto que aprisionou o Minotauro. Dédalo aconselhou Ariadne sobre como salvar Teseu, mas, como punição, foi aprisionado em seu próprio labirinto, juntamente com seu filho. Ele construiu asas de penas e cera para escapar, mas Ícaro não resistiu à tentação de voar alto demais, perdendo a vida.

Em "Retrato de um Artista Quando Jovem", acompanhamos a jornada de Stephen Dedalus, desde o descobrimento de sua identidade ("Quem eu sou") até a luta para se libertar do labirinto de influências e imposições que moldaram sua visão de mundo. Desde as expectativas familiares até a pressão da educação cristã e do contexto político e social, o leitor testemunha cada fase da sua transformação.

James Joyce cria um cenário que conecta o leitor profundamente a Stephen. Ele utiliza o fluxo de consciência para alternar entre diferentes momentos da vida de Stephen, adicionando um discurso indireto livre para destacar suas reflexões internas. Às vezes, a narração assume uma perspectiva distanciada, permitindo ao leitor julgar Stephen, mas então se aproxima, defendendo suas perspectivas. Essa abordagem singular permite que o leitor não apenas analise Stephen, mas também se identifique com suas lutas, experiências e desafios. À medida que nos aprofundamos em seus pensamentos e sentimentos, a empatia se torna uma ferramenta poderosa, nos lembrando da importância de compreender as perspectivas alheias antes de emitir julgamentos.

"Retrato de um Artista Quando Jovem" não é apenas uma leitura; é uma jornada pela psique humana, pela busca de identidade e pelo embate com as pressões externas. É um mergulho no processo complexo de amadurecimento e autoconhecimento, uma experiência que nos desafia a refletir sobre nossas próprias transformações. À medida que acompanhamos Stephen Dedalus, somos confrontados com as complexidades da nossa própria formação, nos convidando a questionar, a aprender e a crescer.
Emerson Meira 26/08/2023minha estante
Que resenha gostosa! Deu mais vontade de ler agora Andréa ?


AndrAa58 26/08/2023minha estante
Obrigada. Fico feliz. Acho que você vai gostar.


Yohanzinho 26/08/2023minha estante
Nossa, você escreve muito bem. Parabéns. Me deu até vontade de ler também kakakakka


AndrAa58 27/08/2023minha estante
Obrigada Yohanzinho. Espero que goste tanto ou mais que eu ?




Luiz Souza 07/08/2023

Romance de formação
Essa foi a primeira obra que li de James Joyce um escritor de mão cheia mas que é preciso ter paciência para ler sua obra e tentar entender o que se passa na história.

O livro se trata de um dos principais romances de formação da literatura universal, no livro vamos entrar no universo de Stephen Dedalus que começa desde a infância até a fase adulta.

Ele vai para um internato religioso e já aí começa a relação do personagem ligada a religião e aos costumes cristãos de uma maneira até bem exagerada e quase fanática por sinal.

O livro tem várias passagens de fluxo de consciência uma narrativa um pouco difícil as vezes de entender o que se passa pois mistura passado e presente num parágrafo só.

No final Stephen deixa a religiosidade de lado e vira intelectual.
Vemos ele em outra obra o famoso Ulysses dizem que é um livro bem difícil kkkk.

Até a próxima leitura.
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Nicolas388 06/08/2023

"A vergonha ergueu-se do seu coração ferido e penetrou todo o seu ser."
"Retrato do artista quando jovem" é um ótimo exemplo de Bildungsroman, ou romance de formação, onde a história acompanha o desenvolvimento físico, emocional e intelectual de um personagem. Neste livro, essa jornada ganha uma camada a mais: a jornada espiritual do protagonista, além de muitos elementos autobiográficos da própria vida de Joyce.

Conhecemos, dessa forma, Stephen Dedalus, que no começo do romance possui cerca de três anos de idade. Nessa primeira fase, as linhas da história parecem mais fragmentárias, focando em percepções sensoriais e em conversas que, às vezes, o personagem ainda não é capaz de entender totalmente. Há também eventos que o marcarão profundamente no futuro ? como sempre temos traumas de infância.

Já na adolescência, teremos as descobertas sexuais de Stephen e de como elas lhe levarão ao medo da punição de Deus pelo seu pecado, transformando-o num neurótico pelo perdão divino para, logo em seguida, tornar-se um ateu. Sinceramente, é uma parte deliciosa de acompanhar. A linguagem de Joyce é riquíssima! Há certos trechos onde foi impossível para mim não ler em voz alta, saboreando palavra por palavra.

É, essencialmente, a história da formação de um artista. Podemos ver ao longo de sua vida que ele sempre cultivou um lado independente e um instinto artístico nato. Para seguir esse caminho, deve romper com sua família, religião e seu país. No fim, o personagem confirma seu destino e diz estar preparado para seguir essa via, solitariamente:

"Não servirei àquilo que não acredito mais, chame-se isso o meu lar, a minha pátria, ou a minha igreja [...] Fizeste que eu confessasse os pavores que tenho. Mas vou te dizer também o que não me apavora. Não tenho medo de estar sozinho, de ser desdenhado por quem quer que seja, nem de deixar seja lá o que for que eu tenha que deixar. E não tenho medo, tampouco, de cometer um erro, um erro que dure toda a vida e talvez tanto quanto a própria eternidade mesma."
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Bruna Peixoto 26/07/2023

A leitura foi bem arrastada. Não consegui me interessar muito pela história. O personagem divaga tanto que eu acabo me perdendo na leitura e pensando em outras coisas ao invés da leitura em si.
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Charmssss 10/04/2023

Leiam esse antes de Ulisses
Não façam a burrada que eu fiz! Hahaha
Esse livro é como se fosse uma introdução para Ulisses, é mais fácil de entender e acompanhar as ideias dele.

Bom, o livro conta a história de Stephen Dedalus, um garoto comum que mora na Irlanda e estuda em escolas bastantes cristãs. Com o tempo Stephen vai crescendo e tomando consciência das coisas da vida. Temos neste livro um embate entre carne x alma. O que é certo? Não tem como saber. Mas acho que cada um deve seguir aquilo que realmente deseja, que deve ser livre pra escolher o seu caminho. E é exatamente isso que Stephen faz, sua própria escolha, sem medo de julgamentos da família, dos amigos, da igreja. Liberdade!

O ponto principal do livro é a escrita do James Joyce, esse homem é o cão!!!! Ele escreve aqui todos os pensamentos de Stephen, sim, os pensamentos! Então você tem que tentar ir se encontrando e entendendo o que está acontecendo ali, porque a nossa cabeça não para né? Um pensamento puxa o outro e assim vai. Além das palavras difíceis e do contexto histórico. Você não faz somente uma leitura, você faz um estudo de caso, tem que mergulhar pra valer.

Saí com muito conhecimento após a leitura dessa livro e com sensação de dever cumprido!
AndrAa58 22/08/2023minha estante
É exatamente isso que estou fazendo. Conhecendo o Dedalus antes de encarar o Ulysses ?. Você já leu Ulysses? É bem mais exigente?


Charmssss 23/08/2023minha estante
Li sim! Como eu li Ulysses primeiro eu achei bem mais exigente, a escrita muda, o tom muda. Fiquei bem perdida na época. Mas preciso dar uma segunda chance pra ver se consigo compreender melhor.


AndrAa58 23/08/2023minha estante
Vou ler em Setembro com um amigo, se quiser fazer uma releitura, podemos combinar. A leitura será sem pressa e com calma ?




Elaine Messias 04/04/2023

Romance de formação
Relatos da vida da personagem Stephen Dedalus da infância até a idade adulta. Mostra os conflitos entre a formação católica em casa e na escola e os desafios da vida real.
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Roberto 19/03/2023

Não é fácil crescer...
Nessa obra, Joyce tenta escrever um tipo de paródia, em seu peculiar humor irlandês, de um romance de formação, acompanhando o desenvolvimento de Stephen Dedalus desde o momento que nasce até a juventude adulta
Esse é o diferencial, pois podemos claramente perceber uma mudança no próprio personagem e no texto, pois a parte de sua infância- pré adolescência é o período mais dinâmico do livro, pois se concentra mais em expor os familiares ,amigos, conhecidos e a terra natal de Stephen, mostrando que, em nossa primeira infância, ainda não temos personalidade definida e dependemos de atores externos para nos moldarmos em tudo; esse período de "construção" do personagem abrange aproximadamente um terço do livro.
Depois disso, Stephen se torna um adolescente, e é aí que as coisas começam a se tornar mais difíceis. O texto muitas vezes se torna melodramático demais e bolorento ao descrever os devaneios do personagem, tornando a leitura arrastada. Porém, foi bem fiel em retratar um conflitos de um adolescente , com seus rompantes de rebeldia e momentos de melancólia apatia; os personagens do livro nesse período são meros personagens terciários, o que me incomodou a princípio, mas representa um certo "egocentrismo" que temos quando somos jovens, com uma falsa sensação de independência e um constante desejo de solidão
Joyce adota um estilo poético nesse livro, ao descrever o ambiente e os pensamentos do personagem, que apesar de belíssimo, torna tbm a leitura empolada 20% das vezes.
Diferente de seus contemporâneos, como Hemingway, Woolf e Fitzgerald, Joyce focava mais na poesia e estética do livro; porém, como eles, o mérito do escritor era saber como conduzir uma narrativa, aparentemente simples e ordinária, em uma belíssima estátua grega, tanto na forma do texto como no seu desenvolvimento, transformando cidadãos considerados "losers" em heróis
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Laura.Brito 05/02/2023

Para mergulhadores bem treinados
"São questões profundíssimas, sr. Dedalus. É como olhar do alto dos desfiladeiros de Moher para as profundezas. Muitos descem às profundezas e nunca mais sobem. Só o mergulhador bem treinado consegue descer a essas profundezas e explorá-las e voltar à superfície".
Nesse excelente romance de formação, James Joyce nos apresenta seu personagem e alter-ego Stephen Dedalus. Ao longo do livro, acompanharemos o crescimento do personagem permeado por crises de identidade, dilemas psicológicos, desafios sociais, dogmas religiosos e o contexto político da Irlanda. Nascido em família abastada em descensão, Stephen inicia sua vida com um rumo, aparentemente, bem traçado. No entanto, decide ir contra as expectativas, abandonando tanto a possibilidade da faculdade de medicina quanto a carreira de sacerdote para se dedicar à arte. Ou melhor, para "descobrir o modo de vida ou de arte em que o seu espírito possa se expressar com total liberdade".
Pessoalmente, um dos maiores feitos desse livro é a narrativa de James Joyce, que se modula em estilo de acordo com a maturidade do personagem, apresenta fluxos de consciência excelentes e as epifanias literárias mais bonitas. Podemos acompanhar com proximidade a busca de Dedalus (e de Joyce) por si mesmo, os dilemas que enfrenta, a decepção com a religião, o desespero da juventude e a vontade latente de encontrar sua vocação. O nome do nosso protagonista também não poderia ser diferente, aludindo à figura mitológica de Dedalo, que, ao arquitetar um labirinto para aprisionar o Minotauro, lá se vê preso com seu filho Ícaro. A semelhança entre essas trajetórias está na necessidade de fuga de tal labirinto. Dedalus, no entanto, precisará sobrepôr a criação de asas de cera para alcançar a tão desejada liberdade.
Esse foi um livro que acendeu minha vontade de ler mais clássicos e já despertou meu interesse por Ulysses e pelos próximos passos de Stephen Dedalus.
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Francisco240 19/01/2023

Uma divertida crítica e um punhado de blasfêmias
Você me perguntou o que eu faria e o que eu não faria. Eu vou te dizer o que eu vou fazer e o que eu não vou fazer. Eu não vou servir àquilo em que não acredito mais,83 possa essa coisa se dizer minha casa, minha pátria ou minha Igreja: e eu vou tentar me expressar em algum modo de vida ou de arte com a liberdade que eu conseguir e com a plenitude que eu conseguir, usando em minha defesa as únicas armas que eu me permito usar ? silêncio, exílio e astúcia.
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