jota 02/12/2013Leitura digestiva? Quem começa a ler este livro curtíssimo (apenas 72 páginas) com cerca de 50 historietas (ou microcontos, não sei bem como Tavares as chamou), invariavelmente vai se lembrar - caso tenha lido, é claro - de O Imitador de Vozes, de Thomas Bernhard.
Pois todas elas são concisas, absurdas e muitas encerram humor negro, quer dizer, terminam de forma bastante violenta (algumas já começam de forma violenta). Tal e qual acontece no livro de Bernhard. Então, as histórias que o senhor Brecht do título vai contando podem levar o leitor à reflexão mas nem sempre ao riso, o que seria mais interessante, penso.
Duas delas se destacam, melhor, me agradaram mais: Vergonha Pública, em que soldados cercam o palácio do inimigo, mas para adentrá-lo têm de resolver uma equação matemática; a outra é Os Sábios, em que uma galinha pensante propõe sua teoria para resolver os problemas de uma cidade, coisa que seus habitantes ilustres não conseguem (ou não querem resolver). Obviamente, a graça maior está em como as duas histórias terminam.
Bem, O Senhor Brecht não é exatamente uma espécie de livro agradável que ao final deixa no leitor aquela vontade de querer mais (do mesmo). Mas também, justamente por ser curto, não causa uma overdose como a que pode provocar os inúmeros textos do livro de Thomas Bernhard (cerca de uma centena).
Lido (rapidamente, em cerca de 20 minutos, pouco mais ou menos) em 02/12/2013.