Babih Bolseiro 09/02/2012A Sombra da Lua "[...] revirar o passado de uma pequena cidade pode trazer sérias consequências para um forasteiro."
Virgil Flowers. Que nome curioso, não? Charmoso, irônico, três vezes divorciado (e nada inclinado a aumentar este número para quatro), fã de botas de caubói e escritor nas horas vagas, o protagonista de "A Sombra Da Lua", chega na cidadezinha de Bluestem em pleno ritmo quente: incêndio na casa de Bill Jud, um dos homens mais odiados da região.
O objetivo de Virgil ao ser mandado para Bluestem é investigar o cruel assassinato de um casal de idosos. Entretanto, quanto mais se envolve, Flowers começa a procurar por uma ligação entre os incidentes.
"[...]
- Marcou hora?
- Não.
- Então pode voltar outra hora. Ele está muito ocupado.
- Prefiro conversar agora. Se tiver que marcar hora, volto com um mandado de busca, cinco policiais e viro isto aqui pelo avesso [...]"
Nesse ínterim, outros assassinatos ocorrem, deixando os moradores preocupados e cada vez mais assustados. Quem não trancava as portas de casa, passa a atender a porta com uma arma no bolso.
Será que o investigador charmoso, adorador de camisetas de bandas, com seu jeito peculiar de lidar com casos complexos, obterá êxito em sua busca?
"Chegaram bem a tempo para o filme - E dirigiu-se para os agentes: - Este de chapéu é Jim Stryker, xerife do condado de Stark, e Virgil Flowers, do Departamento de Detenção Criminal, é o que está com...que camiseta é essa, Virgil?
Virgil abriu o blazer para mostrar a camiseta do Arcade Fire.
- Que diabo é Arcade Fire? - perguntou um sujeito de aparência latina.
- A melhor banda de sanfona do mundo - respondeu Virgil."
O que a primeira vista parece ser um mero crime assinado por um psicopata, após um longo caminho com direito a paradas em negócios ilícitos, fraudes, problemas com o governo e uma pitada de fanatismo religioso, chega-se a conclusão de que nada é o que parece.
Revolucionários! O livro "A Sombra Da Lua", de John Sandford, trás a tona um enredo, daqueles que encontra-se em qualquer obra. Você acaba rendido nas primeiras páginas, preso na metade da história e completamente viciado ao final da mesma.
Com uma linguagem simples e prática, uma história sem pontas soltas, Sandford conquista novos leitores como um passe de mágica.
Interessante observar que o protagonista levanta questionamentos a respeito da realidade nua e crua que faz parte da vida dos mais diversos personagens do enredo, com os quais interage, conduzindo o leitor, de uma forma implícita, a perguntar-se sobre os objetivos que uma pessoa tem na vida, quais são seus medos, seus segredos, seus "podres"...
Outro ponto que chama atenção é que Virgil além de ser um investigador muito cuidadoso, é também um escritor, e no desenrolar da história trechos fictícios reforçam ainda mais as hipóteses formuladas e os pequenos detalhes gritantes que não querem se encaixar.
Em meio a tantas suspeitas, ódio, ganancia, mentiras, pequenos romances com muita sedução podem vir a calhar para aliviar Virgil de tanta responsabilidade... ou será que não?