Marcos Faria 03/09/2012
Temos que reconhecer as boas intenções de Augusto Emílio Zaluar, que em 1875 tentou repetir no Brasil o que Jules Verne vinha fazendo com sucesso na França. “Doutor Benignus” (Editora UFRJ, 1994), porém, fica
longe do modelo. O principal motivo é a falha de leitura do próprio autor, que achou que o mais importante num romance “científico” seria acumular informações sobre a fauna, a flora, a geologia e a etnografia do Brasil. Acabou deixando em segundo plano qualquer preocupação com um enredo minimamente interessante ou personagens capazes de despertar identificação. No fim, precisou de um deus-ex-machina (aliás, machina-ex-machina) para resolver o conflito. Ficou mais improvável que os habitantes do sol cuja existência o Doutor Benignus defende. Se alguém quiser uma boa aventura pelo Brasil do século XIX, é melhor ficar com o original e ler “A Jangada”, de Verne.
Publicado também no Almanaque: http://almanaque.wordpress.com/2012/09/02/meninos-eu-li-26/