Thamiris.Treigher 17/03/2024
Angústia e agonia!
Um relato angustiante e real de Luís Alexandre Velasco, o único sobrevivente do destróier Caldas, da Marinha da Colômbia.
Em "Relato de um Náufrago", Gabriel García Marquez nos presenteia com seu lado jornalista, contando sobre os angustiantes 10 dias que Velasco ficou à deriva, sem comida, sem água, e sem nenhuma esperança, pois já era dado como morto.
Porém, esse não foi um naufrágio "qualquer", pois por trás dessa tragédia, existiam interesses políticos envolvidos. Nessa época, em 1955, a Colômbia vivia sob a ditadura de Gustavo Rojas Pinilla. O destróier, na verdade, levava contrabando e, com a força dos ventos, a carga soltou-se e arrastou os oito marinheiros a bordo para o mar. Assim, a revelação do que realmente ocorreu se tornou, também, uma denúncia política.
Velasco relatou para Gabo, durante 20 sessões, todos os mínimos e verdadeiros detalhes do que aconteceu, e que estão nessas páginas.
Durante a leitura, me senti tomada de uma angústia intensa e muita desesperança, mesmo sabendo que Velasco ia sobreviver. Uma angústia misturada com agonia e impotência, sentimentos parecidos com o que vivi assistindo os filmes "127 horas" e "A sociedade da neve", que mostram as últimas forças que o ser humano consegue tirar, não se sabe de onde, para tentar sobreviver em situações totalmente desumanas, precárias e sem esperança de sobrevivência.
Outra reflexão que tomou conta de mim foi: e depois da sobrevivência, como lidar com todos os traumas? Para mim, o fim da história não "termina" com a sobrevivência de Velasco, mas no que a vida dele deve ter se transformado depois disso: traumas, dores, ressignificados, lembranças perturbadoras... No que se transforma uma vida depois de sobreviver a tal tragédia?
Enfim, um livro curto, real, intenso e que explodiu minha cabeça com reflexões! Recomendo!