livrodebolso 14/10/2019
Théo não recebeu educação religiosa em sua infância, ainda assim, sempre fora curioso sobre as muitas religiões ao redor do mundo, sobretudo, a mitologia egípcia, tema de um vídeo game do qual gostava. Aos quatorze anos, descobriu-se vítima de alguma doença, sobre a qual seus pais eram sempre misteriosos. Surpreendentemente, sua tia, viúva e rica, veio visitá-lo com uma intenção única: levar Théo para uma volta ao mundo das religiões, como um "presente de despedida", afinal, ele estava prestes a morrer.
A viagem, planejada conforme seu jogo, o levaria para conhecer os aspectos peculiares da fé de diferentes países, a cultura e as soluções para crenças distintas. Théo precisaria desvendar pistas que indicariam qual o próximo destino, e seria guiado por amigos de sua tia, especialistas nas religiões que interessavam em cada país. E este é o principal pecado do livro: a autora se apega aos ritos mais chocantes para traçar um retrato local, de forma que muitas características ficam de fora. Uma vez escolhida a religião preferida da tia, conta-se algo de História, informações complexas em poucos parágrafos e um relato detalhado de algum ritual místico, com o máximo de sensacionalismo possível.
De qualquer forma, é um bom livro introdutório, sendo escrito aos moldes de O Mundo de Sofia, para quem pouco sabe sobre a cultura religiosa.
Não posso negar que, quando Théo visitou o Brasil, focando nos ritos do Candomblé, me emocionei profundamente, pois a autora sabe narrar de forma ímpar as particularidades da crença das pessoas, mesmo eu não sendo de tal religião.
Uma questão que me agradou, foi o esclarecimento sobre o sincretismo que envolve o mundo: as misturas feitas através do tempo, e a mudança nas tradições e na própria fé das pessoas, algo que nós, brasileiros, entendemos bem. Brasil é sinônimo de sincretismo, de mistura. Aliás, o mundo todo é.
A autora não se apega ao discurso de tolerância, mas é a lição principal desse pequeno calhamaço. Théo descobriu que sua doença era na alma, e que precisaria utilizar um pouco de cada religião para se curar, subir os galhos da grande árvore religiosa, e acreditar.