Heidi Gisele Borges 15/06/2012Um livro que encanta logo na primeira vez que o pegamos nas mãos. A capa e a parte gráfica chamam a atenção de forma positiva. Crônicas da Fantasia (Editora Literata,114 páginas, R$25) é organizado pelo Cristiano Rosa, além de autor é blogueiro e escreve no Criando Testrálios.
Algumas crônicas são muito bem escritas, rápidas como o estilo pede e que prendem e cativam, outras são médias. As que mais me encantaram e mereceram destaque são:
Campeonato de beijar sapos – Ana Cristina Rodrigues
A autora se torna a personagem, através das palavras de Ana conhecemos sua amiga problemática, Dani, que não consegue arranjar um namorado e Iara, que chega na metade da história para ajudá-la, num campeonato de beijar homens e escolher o seu príncipe encantado.
Cegueira – Daniel Cavalcante
Em 2 páginas o autor consegue ser intenso. Um homem cego espera ser ajudado para atravessar a rua, simplesmente, mas as pessoas se mostram mais ocupadas para essa tão árdua tarefa.
Desilusão – Veridiana Ghesla
A crônica é contada pela visão de um personagem do folclore nacional, que ganhou destaque nas páginas de certo autor – leia-se Monteiro Lobato –, mas que se mostra triste com o futuro, pois as pessoas não têm mais tempo ou curiosidade para ler ou ouvir as lendas.
O pior olhar da criatura – Tânia Souza
A história de um apaixonado, que se enamora pela imagem de uma fênix passeando pelo céu, quando se depara com um dragão, e foge. Passados tempos, encontra seu amor, que pede que vá atrás de ovos de dragões. De forma poética, a autora mostra o amor verdadeiro de uma maneira não convencional.
Para onde vão as fadas quando crescemos – Cristiano Rosa
Numa sociedade moderna, até mesmo as fadas precisam se reciclar. Com humor o autor mostra como é difícil até mesmo para fadas conseguirem um novo emprego.
“Ela então decidiu tentar vender um antigo ensinamento de fadas mais velhas sobre o poder do pó mágico. Ele torna reais os sonhos das pessoas. Principalmente ao misturá-lo com vodka”.
Satírico – Daniel Gruber
Nesta crônica, com bastante humor o autor mostra a revolta de um sátiro, por sua espécie não ser respeitada pelos humanos. Ele exige o fim do racismo e denuncia “Existem comunidades no Orkut só voltadas a instigar o ódio contra nós: ‘sátiros não são gente’, ‘tenho um sátiro atrelado na minha carroça’”.
Muitos textos abordam a questão do homem sem a fantasia, triste, e o ser fantástico de cada autor também se torna assim, ou tenta ajudá-lo. Nesse mundo a fantasia é vista como “coisa de criança”, e o ser humano segue triste em sua vida real.
“E seus olhos atentos de caçador estavam maravilhados com a visão no limiar entre os dois mundos. Mundos que outrora eram unidos, mas que o tempo levou os homens e a magia para dimensões opostas”, pág 69
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