O jardim de cimento

O jardim de cimento Ian McEwan




Resenhas - O Jardim de Cimento


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Diego Lima 13/03/2022

O enredo passa dentro de um núcleo familiar um pouco conturbado - talvez sem limites desde sempre -, onde os quatro filhos ficaram órfãs e entregues a própria sorte pela sobrevivência dentro de casa. Movidos pelo luto dos pais, imaturidade, medos e responsabilidades prematuras, acompanhamos a relação dos quatro irmãos e a descoberta pessoal de cada um sobre a vida sem os limites e educação adequados para o desenvolvimento moral da sociedade na qual vivemos.

A arte tem o poder de ultrapassar o objetivo inicial do seu autor, com isso, pode caber a cada leitor ter uma experiência com os temas jogados na trama (livro é curto, por isso sem muita tela para desenvolver os temas), levando-o a projetar o imaginário para situações um pouco fora da normalidade. O tema de crianças órfãs mexe muito comigo, por exemplo.

O livro é breve, apesar de ter capítulos longos, mas a história é bastante fluída a partir do momento no qual você compra a ideia do autor e quer saber o desleixo. Foi meu primeiro contato com esse escritor britânico, onde muitos apostam em sua permanência longínqua na literatura mundial. Espero ler outros livros dele no futuro.
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Gabi1568 24/07/2023

Não sei bem o que dizer
É um livro esquisito, meio mórbido e nojento, mas ao mesmo tempo a escrita é tão viciante que eu não conseguia parar de ler.

A degradação só ia aumentando cada vez mais, o protagonista, Jack, é o tipo de filho que eu não gostaria de ter, e é muito estranho o tipo de pensamento que ele tem em relação a ambas as irmãs. Muito estranho mesmo.

E a irmã dele também não fica por baixo, já que também tem umas atitudes muito suspeitas em relação a ele. Principalmente no último capítulo!!

As mortes dos pais foram cenas que me incomodaram muito pela forma como foram descritas, com frieza pelo narrador, sei lá, mórbido.

O pequeno Tom, pobre criança, nem sei o que falar sobre ele. Parecia um menino doce e que merecia todo o carinho do mundo, mas ao mesmo tempo traumatizado e perturbado.

O Derek, não sei o que pensar sobre ele. Não parecia ser uma pessoa ruim, mas ao mesmo tempo não era das melhores. Me incomodava toda vez que ele estava em cena.

Outra coisa que me incomodou foi o descuido em relação à higiene, mas essa foi a intenção do autor, então é claro que não conta como ponto negativo para o livro.

A falta de banhos, limpeza da casa, pensando bem, acho que não estaria tão distante da realidade, caso três irmãos adolescentes e uma criança precisassem morar sozinhos.

O Jack é o típico garoto adolescente com hormônios à flor da pele, ele vai descobrindo a sua sexualidade ao longo do livro, e em várias partes isso é bem bizarro também.

E aquele final em aberto, fiquei curiosa por saber o que vai acontecer, como as coisas iriam se desdobrar a partir dali, enfim, ele terminou o livro de uma forma chocante e sem dar uma continuação.

Isso não foi ruim, mas me deixou curiosa.

No geral, eu gostei da leitura. Mais pela escrita do autor (que é viciante) do que pelo enredo em si. Eu não esperava isso quando comecei a ler, é algo que eu não pensaria em ler caso soubesse, mas acabou me prendendo muito.

Enfim, se você tem problemas com cadáveres e incesto, não leia.
A Leitora Compulsiva 30/07/2023minha estante
Aaaah, foi aquele livro lá que você falou no grupo!

Eu até fiz download, porque quanto mais o livro é bizarro, melhor pra mim KKKKKKK


Gabi1568 30/07/2023minha estante
Amiga a história te prende desde a primeira página, acho que vc vai gostar. Eu gostei, também. Achei tão bizarro e mesmo assim dei 4,5 estrelas kkkk


A Leitora Compulsiva 30/07/2023minha estante
Percebi, e vou ler justamente pela sua nota: confio em seus apontamentos!

Espero que seja tão bizarro que me choque, afinal, estamos aqui para isso KKKKKKK




Carolina.Gomes 27/12/2023

Bizarro
Esse livro não estava na minha TBR, aliás, já tinha excluído o autor, das minhas futuras leituras. Nada contra, mas também nada a favor.

O clube de leitura, lançou o projeto e topei, mas não gostei.

A premissa é semelhante a do Senhor das moscas: uma sociedade formada por crianças sem ingerência de estado ou pátrio poder. Imagine o caos instaurado: é o que se vê.

Impossível tecer maiores considerações sem dar spoilers, mas a conclusão foi a seguinte: não gosto da escrita do autor, detestei o livro e o final.

Uma trama macabra. Para os adeptos do gênero: boa viagem.
Eliza.Beth 27/12/2023minha estante
Hahhahahahaha
1 estrela
Socorrooooo

Dito isso: tô fora!


Carolina.Gomes 27/12/2023minha estante
Kkkkkkkk nem pegue


Nath 28/12/2023minha estante
O livro Reparação, desse autor, é maravilhoso, Carol! Foi um favorito pra mim. Esse aí eu não li. Mas o Senhor das Moscas eu tb adorei. ?


Carolina.Gomes 28/12/2023minha estante
Nath, pode ser q vc goste.


Alê | @alexandrejjr 29/12/2023minha estante
É da fase do Ian "Macabro" mesmo.


Carolina.Gomes 29/12/2023minha estante
Isso mesmo, Ale!




Fabricio 04/12/2009

Pronto para ser filmado
Quem assistiu aos excelentes filmes NINGUÉM PODE SABER ou OS DISPENSÁVEIS pode ter uma noção do que é este O JARDIM DE CIMENTO. Como nos filmes citados, aqui crianças são obrigadas a viverem sozinhas, cuidando de si mesmas de forma inocentemente destrutiva. Há uma dose de terror implícita em cada passagem do livro, quando somos forçados a acompanhar o dia a dia destes quatro irmãos entregues à própria sorte após a morte dos pais. Ian McEwan nos apresenta um universo frio, estranhamente erótico e assustadoramente real. Impossível não se colocar no lugar de algum personagem e imaginar um posicionamento diferente daquele que está escrito. Aqui, a inocência revela um lado sombrio e mórbido. A cada capítulo tem-se a impressão de que o autor escreveu uma obra pronta para ser adaptada para o cinema. è muito fácil imaginar o decorrer da trama com cortes e trilha sonora típicas do cinema alternativo/independente. Ingredientes paraisso não faltam: Família disfuncional, crianças lidando com tabus, um segredo que une os personagens, um erotismo desconcertante e crescente além de um final arrebatador.
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Alebarros 12/12/2009minha estante
Fabriccio, este livro foi adaptado em 1993 para o cinema. Olha aí o link: http://www.youtube.com/watch?v=3ZU9vSItPjg

Abs.


su fern@ndes 20/03/2010minha estante
Fabriccio...como li por aí: "O Jardim de Cimento" incomoda. gostei muito de tudo o q escreveu, viu? :)


DOUG 21/05/2010minha estante
Fabriccio, o que mais achei interessante foi que além de ser "estranhamente erótico e assustadoramente real", é uma história bela, não sei te dizer o por que, mais achei está obra de Ian McEwan muito bonita e tocante.




Kess 15/10/2022

Nesta história, 4 crianças perdem o pai, e depois a mãe, mas criam relações e performances sociais de adultos, ou seja, as crianças são obrigadas a viverem sozinhas, cuidando de si mesmas de forma inocentemente destrutivas.

A escrita do autor é muito boa e prende mesmo o leitor. Li em praticamente um dia, porque fiquei realmente interessada em saber o que iria acontecer com esses irmãos, após se defrontarem com a experiência de uma vida sem regras, limites e responsabilidades.

PORÉM, é estranho, é claustrofóbico e um pouco mórbido: com comportamentos apáticos, insensibilidade e até incestos.

A história não suscita bons sentimentos e o que resta no final da leitura é um gosto amargo e um nó na boca do estômago.

Sei lá, é bizarro.
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Carol.Macario 28/06/2020

Esperava mais...
Imaginava que teriam acontecimentos mais perturbadores, mais bizarros e uma história mais bem construída.
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Aguinaldo 03/02/2011

o jardim de cimento
Neste pequeno livro Ian McEwan conta uma história curiosa. Há algo nela que lembra "O senhor das moscas", de Willian Golding, mas de uma forma mais doce, mais sexualizada, não tão brutal. Talvez o mundo inglês de ambos (McEwan e Golding) tenha passado por uma transformação deste tipo entre os anos 1950 e 1980, mas isto é apenas uma idéia. Publicado originalmente em 1978 "O jardim de cimento" conta como crianças reagem à experiências limite, experiência de sexo, doença e morte. A história começa com uma família típica: pai, mãe e quatro filhos com idades entre 6 e 18 anos. O pai morre repentinamente, mas os filhos estão mais preocupados com o destino de todo o material de construção que ele havia comprado para fazer reparos na casa do que propriamente entender o porque de sua morte anunciada (ele já era aposentado por conta de seus problemas no coração). A mãe esconde dos filhos mais novos que está também ela à morte (de um câncer não tratado) e definha lentamente enquanto os filhos tentam continuar a rotina de suas vidas. Com a morte da mãe os filhos decidem não comunicar às autoridades sua morte e decidem escondê-la em um grande baú de viagem, que cimentam (algo porcamente) usando o material de construção deixado pelo pai. Curioso como McEwan descreve a recepção da morte pelos filhos, como se ela apenas fosse dormir para sempre e não exatamente morrer. Trata-se de uma decisão tácita, não exatamente discutida entre eles, sem que as implicações e riscos fossem avaliados. Eles apenas entendem que o mais acertado é continuar suas vidas como se a mãe permanecesse apenas doente na cama e não morta e cimentada em um baú no porão. O luto é algo que se deve construir individualmente e a partir deste ponto McEwan descreve sem julgamentos ou moral como os filhos se auto governam. Tudo é muito alegórico e inverossímel, mas é interessante como as crianças acreditam estar certos à cada situação que se apresenta. As implicações da experiência de vida sem pais ou sem controle social se fazem sentir rapidamente. A escola é abandonada por todos. A divisão do dinheiro, deixado pela mãe aos cuidados da filha mais velha, se revela falha e parcial. O caos e a sujeira rapidamente se instalam na casa. As diferenças entre eles se aprofundam e se radicalizam. Para o narrador (o maior dos meninos da casa) tudo se dá em tom de farsa: entender a sexualidade do irmão mais novo; aceitar o envolvimento da irmã mais velha com um rapaz; absorver o lirismo dos diários mantidos pela outra irmã; participar de ocasionais encontros com terceiros, ainda ignorantes da morte da mulher. Ao mesmo tempo como vemos como a infância é algo frágil que se perde irremediavelmente, acompanhamos também como é cruel e perverso qualquer mundo novo construído pelos homens. A metáfora da vida em sociedade como um jardim organizado é antiga e muito utilizada literariamente. De qualquer forma McEwan parece nos ensinar, de forma poderosa e rica, que não há fronteiras estanques entre o que é viver e o que é aprender a viver. Um tanto mórbido e que lembra o clima lúgubre daqueles velhos livros de mistério ingleses que eu lia quando era garoto, mas mesmo assim é um livro bom de se ler. [início 21/03/2010 - fim 29/03/2010]
"O jardim de cimento", Ian McEwan, tradução de Luiza Lobo, editora Rocco, 1a. edição (1996), brochura 14x21 cm, 132 págs. ISBN: 85-325-0652-6
Eduardo 19/02/2013minha estante
Tive a mesma sensação em relação à "O Senhor das Moscas".
Gostei muito de sua resenha e concordo integralmente, inclusive na nota. Quisera eu escrever com tanta propriedade e lucidez.




L F Menezes 26/04/2012

Uma história que, de tão estranha, prende
"O jardim de cimento" é um livro pequeno que conta uma história pequena. Narrado em primeira pessoa por Jack, o segundo filho de quatro, a trama gira em torno das relações entre os irmãos após a morte dos pais. Ou seja, o livro explora o que aconteceria com os jovens se eles tivessem plena liberdade e ninguém para lhes ensinar: Jack, de 15 anos, extrapola em sua descoberta sexual, Julie, a mais velha, adota um papel de líder e se torna precocemente responsável, Sue, de 13 anos, guarda todas as suas mágoas para si em seu caderno, e Tom, de apenas 6 anos, cresce com plena liberdade.
Estranho, claustrofóbico e um pouco aterrorizante, a trama que envolve brigas, comportamentos apáticos, insensibilidade e até incestos é baseada no mistério: não sabemos por que eles fazem o que fazem, não sabemos o que matara a mãe e muitas outras coisas que ficam inexplicadas tornam a leitura imparável; você sempre quer saber o que vai acontecer ou espera que lhe expliquem o que já acontecera.
Mas não é nada disso que torna essa obra interessantíssima, e sim o estilo de Ian McEwan: um texto sem muito lirismo apesar de ser em primeira pessoa; um descritivismo que não cansa (você enxerga o cenário inteiro sem ler uma dúzia de linhas); e uma escrita que enche os olhos apesar de tratar-se de assuntos um tanto quanto... delicados; e como ele consegue fazer os leitores ficarem do lado de Jack, um menino sem nenhuma sensibilidade, egoísta, ciumento e um tanto degradante.
Um romance bom sobre um tema ruim.
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Fabiola 29/01/2013

Hipnótico e tortuoso
Como sou mais de filmes que de livros, me vieram à mente alguns filmes ao ler este livro em apenas um dia:
"Contraponto", "Flores no sótão" e "Nó na garganta" (que é adaptação de um livro). Também lembrei do livro "O Complexo Portnoy", de Phillip Roth.
Não achei tão chocante quanto me disseram, mas a sensação criada pela escrita de Ian é de causar vertigem: apavorante e viciante. Como em uma bebedeira, não importa se você está de olhos abertos ou fechados, tudo roda e é instável.
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Val 02/11/2021

O Jardim de Cimento: duro e cruel como a solidão.
Tudo começa com uma narrativa de um pré-adolescente de catorze anos. Revela seu relacionamento familiar; fala sobre o irmão e irmãs, a difícil convivência e o primeiro diálogo com o pai, peripécias escolares e seus primeiros experimentos sexuais. Assim, o premiado escritor britânico Ian McEwan, inicia seu ótimo e estonteante romance O Jardim de Cimento.
Esta é uma obra muito difícil de comentar sem tropeços em spoilers, o que procurei evitar neste escrito, esperando não ser muito árido. O texto curto da obra – apenas 136 páginas - evolui de forma dramática e intrigante, provocando imenso assombro, enquanto evidencia a transformação da família e, de forma crua e direta, expõe o início do forçado amadurecimento das crianças e dos pré-adolescentes.
O ingresso na solidão e responsabilidade familiar, com profundas contrariedades, irá marcar esses personagens para sempre. Uma família unida, pela ingenuidade e pela dúvida, mas absolutamente em farrapos. Assim, o enredo apresenta um lar inteiramente desgovernado mediante as regras de comportamento social e de higiene, sendo a lógica superada pela conveniência e dominada por instintos.
McEwan, numa narrativa visceral, explora a introversão gerada por essa solidão num crescente desespero inconsciente – inclusive do leitor -, com um sentimento de tragédia e muita tristeza. Lançadas numa vida absolutamente livre, em plena fase de profundas mudanças da puberdade e da infância, essas quatro crianças enfrentam seus medos, desejos e contrariedades de forma bastante autêntica, com o livre arbítrio dominando até as necessidades. E sempre com a mãe como eixo de tudo.
A entrada de mais um personagem na história – o namorado da filha mais velha – inicia mais uma etapa de mudanças, agitando e mexendo com o psicológico de todos.
Apesar de parecer uma história comum, singular, suas excrescências comportamentais levam o leitor a um crescente assombro, com um crepúsculo turbulento finalizado com um forte soco no estômago de quem lê. Um final surpreendente, brusco, forte e inesperado; que vale muito a pena sua leitura e consequente reflexão.
Valdemir Martins
26.10.2021


site: https://contracapaladob.blogspot.com/
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Catharina.Mattavel 27/04/2020

O Jardim de Cimento - Ian McEwan
Sabe aquele tipo de livro que ao chegar no fim, você para e fica uns cinco minutos absorvendo e pensando "caraca, será que eu entendi certo?" por ter sido uma leitura tão bizarra? É isso que O Jardim de Cimento irá lhe causar.
Jack, o narrador da história, aos 15 anos está passando pela puberdade com muitas espinhas, masturbações e falta de banho. Seu pai morreu recentemente. A rotina é ajudar suas irmãs - Sue, 12 anos e Julie, 17 anos - a cuidar da mãe depressiva que não sai da cama há semanas e Tom, o irmão de 6 anos. Ou seja, os adolescente são os responsáveis pela rotina e deveres familiares. Ian McEwan explora um universo que pode causar um desconforto proposital, sem moralismos e com uma narrativa extremamente seca, direta mas muito fluída.

Logo nas primeira páginas, eu já estava com o olho arregalado por cenas de incesto sendo narradas de forma muito natural. A partir dai você entende que o autor não tem medo de colocar o dedo na ferida de assuntos polêmicos para causar o impacto. Conforme as páginas correm, nos conectamos com cada personagem que é aprofundado de forma inteligente e original.

Ainda tenho dificuldades para definir o gênero do livro, pois em certas passagens o clima sombrio tomava conta, com um suspense sufocante que te faz prender a respiração. Já em outros momentos, temos os relatos de um adolescente que não esconde a atração que sente pelas irmãs e o desejo de ser viril. Acompanhamos as perturbações e morbidez do protagonista de forma intensa pela composição do absurdo que nos fascina.

Explorando uma rotina sem limites, perturbada mas também com união e parceria de uns com os outros, McEwan surpreende por nos levar a questionar o que é a construção da família e como seria o mundo sem supervisão, o que seria natural ou absurdo? Fui absorvida de tal forma, que toda aquela frieza e surrealismo, na verdade era algo comum. Penso que isso caracteriza os grandes escritores: a capacidade de te convencer com o enredo, de modo que você simplesmente esqueça tudo que não está dentro do livro e se jogue independente do quão inacreditável e imoral seja.

site: https://www.instagram.com/p/B_dW5Wsjg81/?hl=pt-br
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Crystal 25/08/2020

já em seu primeiro romance, Ian McEwan tece uma narrativa que explora os elementos pelos quais viria a se tornar conhecido: temas controversos, segredos obscuros e decisões que mudam para sempre a vida dos personagens. também está lá a linguagem seca, de forte apelo visual e o domínio técnico, que trabalha a seu favor na construção das camadas do romance e imprime complexidade numa história que poderia ser apenas intrigante.
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a fluidez envolvente de O Jardim de Cimento pode muito bem ser o ápice de todos esses elementos em sua obra, não necessariamente por ser o melhor de todos os seus livros, mas por, talvez, ser aquele que carrega essas características da maneira mais visceral, sem espaço pra devaneios líricos.
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a história, ambientada nos anos 1970, é contada pela visão de Jack, um adolescente de 14/15 anos que vive com a mãe, o pai e três irmãos (Julie, Sue e Tom) no subúrbio de Londres. raramente saem de casa e quase não recebem visitas de modo que, quando os pais morrem, os garotos se confinam ainda mais e passam a desempenhar os papéis que antes eram dos adultos. mas a trama vai mais fundo e mostra que a morte dos pais não foi pretexto para a degradação das relações familiares, e sim, apenas o gatilho para que essa situação se expusesse de vez.
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em O Jardim de Cimento, o leitor adentra a vida de quatro jovens que crescem longe das amarras da “moralidade” definidas pela sociedade, mas isso muito antes da ausência de seus pais. a escrita áspera de McEwan torna bizarro e ao mesmo tempo muito natural o fato de Jack se interessar sexualmente por Julie; de que os dois gostem de “explorar” o corpo de Sue; de Tom passar boa parte da história gostando de se vestir como garota.
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tão confuso quanto essa fase da vida é o luto dos personagens, narrado pelo autor com imagens viscosas e uma sensualidade vulgar, deixando bem claro que sua intenção é fazer o leitor ter uma experiência propositalmente desagradável, mas nem por isso menos fascinante. e é isso que surpreende no livro: perceber que, apesar dos temas espinhosos, seu encanto, na verdade, está na maestria de como a história é contada.

(texto publicado em meu perfil @crystallribeiro)
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Leila 13/12/2022

Eita, eita e eita! Leitores sensíveis e eu diria também, leitores puritanos, devem passar longe desse livro, kkkk. Ian McEwan, autor do maravilhoso Reparação nos brinda aqui em seu primeiro livro com uma historia totalmente disfuncional e bem crua retratando 4 irmãos vivendo sozinhos após a morte dos pais, numa liberdade selvagem e sem freios (principalmente os sexuais) visto que os pais quando em vida nunca educaram essas crianças adequadamente, dando à elas um sentido moral. Enfim, é um livro curto e que não é legal se saber muito sobre, o bom é o leitor ir se "chocando" se esse for seu caso, aos poucos, conforme a leitura for desenrolando. Eu gostei bastante da obra, ainda mais se pararmos para analisar que foi a primeira do autor. Vá ler, mas esteja avisado, é para os fortes, rs.
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Junior Rodrigues 21/12/2023

Uma densa e impactante história
A trama desse livro me remeteu à do O Senhor das Moscas, nesse caso sem a parte da ilha e sim em uma casa e com a particularidade de ter um núcleo familiar como protagonistas dessa jornada.

Ian McEwan consegue em um livro que poderia ser um conto, já que possui poucas páginas, captar a atenção de quem está lendo com uma história que poderia acontecer em qualquer lugar com qualquer pessoa, em um drama que vai se intensificando com os acontecimentos que mudam toda a estrutura que os personagens estão inseridos e isso faz com que a experiência de leitura seja alterada.

O autor mostra uma visão nua e crua de tudo o que acontece com os personagens e alguns diálogos fazem refletir sobre a vida e tudo o que cerca essa experiência única que cada um de nós temos e como uma situação pode alterar nossa visão sobre nossas vivências. Ainda mais em uma fase que costumeiramente é de aprendizado e crescimento.

Realmente, O Jardim de Cimento é um livro que traz uma trama bem peculiar e que faz com que haja uma reflexão sobre sobrevivência em um ambiente desestruturado. Ian McEwan consegue em poucas páginas prender a atenção e ainda por cima nos questionar sobre várias questões inseridas na história dessa família.

Com um desfecho digno dos contos de Raymond Carver, esse é um livro intrigante e surpreendente.

Recomendo!
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