Lili Machado 11/08/2011 “Meu lugar é a torre de marfim, detetive. Poupe-me da realidade.” – professor e historiador Philip Seacrest, marido de HopeUma famosa escritora e professora de psicologia, Hope Alice Devane, é encontrada esfaqueada perto de sua casa, em Los Angeles – 3 vezes: no coração, na vagina e nas costas, a altura do rim esquerdo.
Profissional bem sucedida, crítica feroz do machismo e com uma história familiar bem controversa, o caso quase esquecido, passa a ser objeto de investigação do detetive Milo Sturgis (um policial homossexual cheio de contradições), que solicita ao amigo psicoterapeuta e psicólogo forense, Alex Delaware, ajuda e consultoria.
Milo é o único detetive assumidamente gay, na polícia de Los Angeles e que, apesar de sua bem sucedida carreira de 20 anos, nunca foi bem aceito em seu meio.
A forma do crime sugere vingança e muito ódio. O motivo? Este, aos poucos vai se mostrando, à medida que a investigação penetra nos mais recônditos compartimentos da vida de Hope. Um projeto controverso na Universidade onde é professora. Um trabalho escuso para uma clínica de fertilidade assistida. Um livro polêmico e apresentações em programas sensacionalistas de televisão, onde toda a sua revolta com os homens é explorada. Uma infância absurda e atordoante numa cidadezinha da Califórnia. Uma vida conjugal no mínimo, incompreensível.
Por dentro da trama, questões como aborto e esterilização de mulheres incapazes, doenças mentais e responsabilidade sociais, criadouros e matadouros clandestinos, jogo e prostituição, sado-masoquismo e sexo brutal, são abordadas de forma clara, porém preocupante – tudo se resume em CONTROLE!
Seu final é terrivelmente absurdo e, ao mesmo tempo, verossímel. Quantos mais, entre nossos pares, não vivem uma vida dupla?
Devo confessor que, lá pela metade do livro, não resisti e fui direto para suas últimas páginas, para saber quem tinha sido o assassino. Soube, mas não entendi. Voltei ao livro, em sua ordem correta – desisto de fazer isto. Pelo menos acho que desisti...
A participação da companheira de Alex, Robin, dá leveza ao texto denso e perturbador, que faz menção ao livro anterior da série, A teia (ainda por ser resenhado – na fila, na fila...)."