Marina 17/01/2017A história se passa em 1906, no Oeste dos Estados Unidos. Isaac Bell é um detetive da Agência de Detetives Van Dorn, e um dos melhores no que faz. Ele é designado para investigar o caso de um bandido conhecido como "Assaltante Açougueiro", famoso por assaltar bancos de pequenas cidades mineradoras e não deixar nenhuma testemunha, assim como nenhuma pista de seu paradeiro ou de quem ele é.
Faço parte do grupo de pessoas que se decepcionaram totalmente com o livro. A começar pelo título, que nada tem a ver com o livro, exceto pelos últimos capítulos. Iniciei a leitura curiosa para saber como Isaac descobriria a identidade do assassino, sendo que ele não deixava pistas nem testemunhas, mas rapidamente percebi que ele não teria muita dificuldade: tinha o autor ao seu lado. As "deduções" de Isaac não me convenceram. Poucas foram aquelas em que me pareciam realmente possíveis, considerando as informações que ele tinha quando recebeu o caso. Também não me convenceu o modo como eles descobriam as pistas ou como juntavam as informações. Ou era algum personagem que milagrosamente tinha um insight sobre algo, ou era algum descuido que o Assaltante cometia, deixando Isaac alguns passos a frente dele.
A narrativa é conduzida ora contando os passos de Isaac, ora do Assaltante Açougueiro, que é um banqueiro rico chamado Jacob Cromwell. Cromwell é extremamente detalhista nos seus crimes, planejando todos os passos, desde o assalto até a fuga, tomando cuidado para não deixar testemunhas ou cometer erros. Ainda assim, comete erros bobos como perder uma bala na cena do crime e usar o mesmo vagão em todos os assaltos, o que, novamente, foi muito forçado da parte do autor. Enquanto lia, eu já conseguia imaginar como seria fácil fazer a relação entre o vagão de fuga de Cromwell e os assaltos a banco. Não me pareceu coisa que alguém com a inteligência de Cromwell realmente faria.
Outro ponto que me pareceu absurdo foi o dos detetives saberem, de alguma forma, que Cromwell usava disfarces nos seus assaltos. Se ele matava todas as testemunhas, e cuidava para que as pessoas só percebessem o assalto quando ele já tinha fugido, quem poderia dar a descrição do assaltante, nos vários assaltos que ele cometeu? E como eles poderiam saber que a descrição não batia, apesar do assalto ter o mesmo modus operandi? Como eu disse, os detetives tinham o autor ao seu lado.
Cromwell tem uma irmã, Margaret, que é uma tentativa forçada de criar uma femme fatale, mas acaba se mostrando uma personagem confusa, medrosa e digna de pena. Logo que aparece deixa transparecer que é uma espiã do Assaltante Açougueiro, o que traz toda a atenção de Isaac para ela e seu irmão. Seu papel é completamente secundário na história, servindo apenas para Cromwell ter alguém para conversar e contar seus planos. De alguma forma, ela e todas as personagens femininas significativas da história acabam desenvolvendo algum sentimento por Isaac, o que também é meio forçado, já que Isaac é mais sem sal que comida de hipertenso. O único personagem que me agradou na história foi Cromwell, que se mostrou inteligente, calculista, e o único com uma personalidade bem trabalhada.
Apesar da história não ter me convencido, o pano de fundo e a parte histórica do livro foi muito bem trabalhada. O autor fez questão de expor todos os detalhes do contexto histórico da época, às vezes, até dando detalhes demais. Dá pra perceber que ele fez pesquisa, e fez muito bem. Infelizmente, pecou nos excessos. Exagerar nas descrições dos costumes da época e vestimenta dos personagens tudo bem, mas o autor exagera demais em descrições de como funciona o motor de determinado carro, como eram as ruas de determinada cidade, a construção de alguns prédios e até o funcionamento das locomotivas. Nada que acrescentasse a narrativa, tornando a leitura maçante.
Em suma, A caçada não é o tipo de livro que você recomenda a alguém. É um livro apenas para entretenimento, para ler para passar o tempo, quando você está com a cabeça quente demais para leituras mais sérias. Não chega a ser o tipo de livro que você tem vontade de abandonar, mas também não é um livro para colocar na lista de desejos e ler o mais rápido possível. O final foge um pouco do clichê, apesar dos acontecimentos do livro deixarem ele bem previsível. Valeu a leitura pela distração e por ter me entretido por alguns dias, mas não é o tipo de livro que eu leria de novo.
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