spoiler visualizarbat.eliza 10/07/2021
O passado e o futuro.. Uma doença.. Vidas em jogo.. Sofrimento.. A cura!
Poderia ser qualquer doença, mas o foco da narrativa do livro ?Delírio? é o amor, ou melhor Amor deliria nervosa. Em uma sociedade do futuro o amor foi considerado uma doença, causadora de guerras, mortes, rebeliões e tantos outros problemas da humanidade, vários cientistas começaram então a procurar a cura para tal mal que assolava o mundo e depois de inúmeras tentativas falhas, a cura foi descoberta e o mundo começou então ?a caminhar para a paz?.
A narrativa começa com uma garota chamada Lena, que conta os dias para sua Intervenção (processo onde a cura para a amor deliria nervosa ocorre, em quase todos os casos aos 18 anos de idade), assim como quase toda a população que vive nas cidades Lena é incentivada desde criança a aceitar a cura como sua única salvação, para não ser como sua mãe, uma não-curada, que se matou por não ter mais o amor do marido, pelo menos assim contam à Lena. Mas o processo não segue como o planejado, Lena encontra o amor antes da sua Intervenção e isso poderia indicar a sua ruína ou a sua glória. As cidades são pacificadas, protegidas e fortificadas, mas ao redor de algumas delas existe a selva, um lugar desprotegido e aparentemente desabitado, cheio de árvores que se embrenham por uma escuridão infinita, dizem as lendas que lá vivem os Inválidos, pessoas que não receberam a cura, diz-se que são selvagens, vampiros ou mesmo psicopatas e que o amor corrói tanto seus sentidos que eles acabam matando qualquer um que encontrarem pela frente.
Não há como se aprofundar mais na história sem spoiler, então, Lena se apaixona por um Inválido que veio da Selva e vive clandestinamente na cidade de Portland, disfarçado ele ajuda a resistência na cidade. O sistema da cidade é chamado ?democrata? porém entendemos que é ditatorial, as pessoas são obrigadas a aceitar a cura e viver pacificamente com isso, mas nem sempre funciona, portanto o individuo tem de passar pelo processo novamente. Quando funciona, o ser fica sério, não expressa os chamados sentimentos perigosos, como amizade, carinho e o pior de todos, o amor, a pessoa fica quase mecânica e só expressa a gentileza para com os outros a fim de que a cidade continue pacífica. Mães não dão amor aos seus filhos, cuidam deles apenas para que a espécie continue a existir, seus olhares tem um tom meio enevoado e nas palavras de Lena parece que sempre estão dormindo.
O modo de expressão da escritora Lauren Oliver ainda é um tanto prematuro no início, mas ela mostra avanços no decorrer da história. A cada começo de capítulo, Lauren nos dá uma informação sobre a sociedade, uma das minhas favoritas é uma cantiga infantil que inicia o capítulo seis:
?Mamãe, mamãe, ponha-me para dormir,
Não chegarei em casa, já estou semimorta.
Encontrei um Inválido e me encantei por sua sedução.
Ele me mostrou seu sorriso e atacou meu coração.?
-A caminhada de uma criança para casa, por Cory Levinson.
Imagine cantar isso para uma criança? Não imagine. As mães não cantavam para seus filhos, eles apenas liam isso e as crianças repetiam as músicas para os colegas de escola. A sociedade criada por Lauren é desigual entre as classes, como sempre no nosso mundo, mas ela cria algo espetacular ali, que é a união entre Ciência e Religião de uma forma bem peculiar tanto que as crianças aprendem Preces elementares, que são como orações sobre os elementos da tabela periódica (já estou quase aprendendo rsrs). É um trabalho elaborado e muito bem feito, apesar de pequenas falhas ele merece ser divulgado e lido por quem curte ficção-científica e romance juntos.