Kamilla 29/07/2022As vezes os pais erram tentando acertarUm livro muito interessante sobre vida em família, traumas e conflitos entre gerações. O mais doloroso durante a leitura é que como leitores, nós conhecemos intimamente a história e as emoções de Marta e de Hilde, e entendemos porque elas agem como agem, e ao mesmo tempo acompanhamos as barreiras que essas ações vão construindo entre elas ao longo dos anos.
Primeiro com Marta, entendemos a sua necessidade de independência, de fugir dos mal tratos de seu pai e da passividade de sua mãe, de uma vida familiar que estava se tornando uma armadilha. Eu entendi que para ela ter um sonho que fosse só dela era uma forma de se preservar, de manter a perseverança e a sanidade nos momentos mais difíceis, de continuar seguindo em frente. Nos seus anos de formação Marte sofre algumas perdas bastante dolorosas na sua família, ela internaliza as circunstâncias que causaram essas perdas como uma lição, que ela usa para se endurecer e construir a própria vida.
Quando Hildemare nasce e nos seus anos de desenvolvimento, Marta começa a notar padrões no comportamento da filha que desperta os seus gatilhos em relação a história de vida traumática de sua família, e na tentativa de salvar a filha de um destino trágico se repetindo, ela a trata de forma dura, como forma de tentar fortalecer a personalidade da filha, e é lógico que isso vai gerar ressentimentos, afastamento e uma nova rodada de traumas.
É um livro que faz refletir bastante, sobre as nossas relações familiares, sobre os esqueletos que estão escondidos nos armários de cada família e sobre as motivações e mal entendidos que muitas vezes permeiam as relações entre as famílias, e que causam dor e mágoa que podem durar anos, por mais que exista o amor.
Um dos melhores livros que eu li nessa temática de relação mãe e filha, já estou correndo para a segunda parte.