Cristiano Rosa 30/07/2012
Diário CT: Guerra dos Farrapos
Livros de ficção e fantasia podem dar ao leitor duas oportunidades: ou levá-lo a um novo mundo com criaturas e culturas, ou trazer esses elementos para o seu próprio. O segundo volume da série História Fantástica do Brasil, Guerra dos Farrapos, nos mostra a segunda alternativa. E eu, como gaúcho, tive o prazer de lê-lo depois de receber um exemplar como cortesia da Editora Estronho.
A obra, organizada por M. D. Amado e Armin Daniel Reichert, retrata de maneira fantástica a Guerra dos Farrapos, também conhecida como Revolução Farroupilha. Misturando o que realmente aconteceu com elementos da fantasia, os sete contos apresentados encantam os olhos do leitor.
O livro, que conta com uma bela diagramação ao longo de suas 148 páginas com imagens e detalhes - destaque ao papel recliclado que atribui um charme extra à obra -, tem André Bozzetto Jr. como prefaciador e autores Celly Monteiro, Goldfield, Hélio C. Brauner, Nikelen Witter, Pauline Kisner, Simone Saueressig e Thiago Vieira.
Os protagonistas das histórias, que mesclam entre aventuras, dramas, romances e suspenses, narram em primeira e terceira pessoa suas memórias e experiências com a guerra acontecida entre 20 de setembro de 1835 a 1° de março de 1845. Liderada por Bento Gonçalves, a revolução foi um conflito regional contrário ao governo imperial brasileiro e com caráter republicano.
Ao longo dos contos, conhecemos Chico Pedro, Seu Tirso, Joaquim, um anjo, Chico e Damião, Querêncio e Giuseppe, que nos mostram detalhes da luta dos gaúchos na defesa de sua terra, por liberdade, entre sombras, mortes, promessas, tradições e perdas, tudo com um vocabulário tipicamente do rio-grandense daquela época.
Cidades e personagens reais são apresentados, mas não como protagonistas, e sim como coadjuvantes, dando espaço para brancos e negros ao lado de seres fantásticos como demônios, Centauro dos Pampas, Iara (mãe-d’água), um anjo, um cavalo comedor de homem, Boitatá e vampiros.
A coletânea de contos que retratam um peçado da história de meu estado me deixou orgulhoso, tanto por ver a valorização e a disseminação de nossa cultura, assim como a dedicação que os autores tiveram ao pesquisar sobre os fatos acontecidos a fim de contextualizar suas tramas parar ficarem verossímeis.
Entre luta, coragem, negócios, intrigas, justiça, cadáveres, lendas e ferimentos, os contos trazem ao leitor o prazer não só da leitura, mas também o do conhecimento. A obra deveria ser usada em sala de aula com alunos, pois tenho certeza que, por meio dela e de suas narrativas fantásticas, a nossa história ficaria bem mais interessante e conquistaria muitos mais admiradores.
Fonte: http://www.blogcriandotestralios.com/?p=17523