Gota de Sangue

Gota de Sangue Fábio Brazil




Resenhas - Gota de Sangue


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Saleitura 10/04/2012

Em primeiro lugar gostaria de dizer que sou carioca, pouco conheço São Paulo e todos os detalhes, muito bem citados no livro, foi uma aula de história, levando as vagas recordações dos anos 60 que ainda menina não tinha noção dos acontecimentos.

Gota de Sangue chegou nas minhas mãos pela Digitexto e quando comecei a folhear me deparei com duas histórias. Uma que é o romance policial que tem como cenário o centro de São Paulo e como protagonista Lúcio, investigador da Policia Civil de São Paulo. Chega aos seus 47 anos com um casamento sem sentido onde pouco conhece os filhos, a mulher que se acostumou com sua ausência e quando ele aparece em casa lá está ela assistindo a novela da "Viúva Porcina"(quem não se lembra).

A história ocorre no ano de 1985 - exatamente no período crítico de mudanças no Brasil que consegue derrubar uma ditadura e precisa varrer a sujeira que ficou. Um ano de muitos acontecimentos na política, nos esportes, na saúde, na música, não só no Brasil como no mundo. Um ano de eleições onde é muito bem narrada as campanhas políticas, seus jingles evidenciando Janio Quadros, Fernando Henrique, Suplicy e outros.

O chefe de Lúcio, o detetive Pereira - o amigo Pereirão - se aposenta por imposição do sistema que leva Lùcia a correr atrás da sua também. Sai de casa, vai morar em um Hotel no centro. Consegue obter dados importantes na investigação de um tal de Dominó que acorrentava meninas no centro de São Paulo, mas alguma informação vazou impedindo de pegá-lo em flagrante.

Depois disso encontra no lixo os pés de um homem onde se inicia mais uma investigação que vai se agravando com o aparecimento de outras partes do corpo. Fui acompanhando a história, todo o suspense na expectativa de saber quem era a vítima e quem seria o assassino. Fui me envolvendo na trama que nem parei para procurar os pedaços esquartejados do poema de Mário de Andrade.

Queria deixar aqui uma frase que encontrei no rodapé da última página, lá no cantinho como se não quisesse aparecer, mas com tão poucas palavras disse tanta coisa.

Ficou um Fio
Tal e Qual uma lágrima que cai
E o ponto final depois da lágrima.

1- É uma história envolvente, cheia de suspense,momentos históricos além das lições de vida que nos surpreende a cada momento.

2 - Que só tenho a agradecer ao autor pelo aprendizado que vi em seu blog mostrando toda a necessidade de pesquisa para que esse filho pudesse nascer.

Sou uma leitora que aprecia romances, dramas e claro, contos policiais cheios de suspense. Gosto muito de Agatha Christie e não posso deixar de citar as histórias do detetive Sherlock Holmes de Conan Doyle. Acho que atualmente vejo a leitura de outra forma e procuro ler de tudo, pois temos grandes autores e grandes histórias. Olhar para a capa de um livro, ler a sinopse pode até chamar atenção, mas nem sempre nos agradar.

Leitura e resenha feita por Irene Moreira
Mais detalhes sobre a obra veja na postagem feita em nossa Saleta de leitura
link
http://saletadeleitura.blogspot.com.br/2012/04/resenha-gota-de-sangue-de-fabio-brazil.html
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Na Nossa Estante 22/01/2014

Eu li "Gota de Sangue" do Fábio Brazil em 2012 e foi o melhor texto do ano com toda certeza. Aliás, analisando a distancia pode lindamente ser considerado um dos melhores livros que já li até hoje e por isso trago aqui as minhas impressões sobre ele.

Como quem me conhece sabe, eu entorto o nariz para romances policias. Então confesso que mesmo o livro tendo sido bem recomendado eu ainda fiquei muito reticente a respeito de traze-lo para minha vida tediosa que sempre parece ser mais tediosa ainda quando leio romances policiais.

Mas, cai no blog "Fósforo" e vi na resenha que foi feita por lá um comentário do autor que me deixou com aquela sensação de "tenho que ler algo desse cara agora".

E bem, escolher ler o "O gota de sangue" foi um grande acerto, o livro transcende o gênero romance policial, é de difícil classificação por ter um toque histórico, um toque existencial, um toque humano e tão... tão... tão real. É muito fácil afirmar que esse livro se trata de uma obra muito bem escrita, com uma maravilhosa narrativa, um protagonista muito real e um panorama da cidade de São Paulo fora de série.

É impressionante a pesquisa histórica e os sujeitos que emergem da narrativa, enquanto Lúcio, protagonista da história, vai em busca do responsável pelo curioso crime que movimenta a trama. É impressionante o trabalho de editoração (é assim que se fala?) feito no livro que é cheio de detalhes deliciosos, sem contar que o texto não esgota na primeira leitura, nenhum texto esgota na verdade, mas alguns esgotam menos...

Pós-leitura, mais de um ano depois, desenvolvi e venho mantendo um afeto imenso por esse livro e pelo Lúcio. O Lúcio se tornou definitivamente um personagem que habita o meu imaginário afetivo literário. Ele mora ali bem perto do Eduardo, do conto "Eduardo e Deus" do livro Risíveis Amores do Milan Kundera, o Tomas de A Insustentável Leveza do ser, o Leamas do “O Espião que Saiu do Frio”.

Pandora

site: http://oquetemnanossaestante.blogspot.com.br/2014/01/livros-resenha-049-gota-de-sangue.html
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Pandora 01/09/2012

Não é bem uma resenha, mas falo do livro...
Agora a pouco me peguei folheando um do livro que tenho por aqui, chama-se Gota de Sangue, e apesar de ser um romance dito policial, um dos gêneros que menos gosto, é um livro pelo qual tenho afeição.

Acho que o Lúcio, o detetive da história, deve ser o investigador policial mais reflexivo já visto na história da literatura policial, mas é apenas achismo porque eu realmente não li muitos livros nesse estilo, ele deve ter algum parentesco, ou no minimo um ancestral primitivo comum, com o Alec Leamas de "O espião que saiu do frio" ou com o Tomas de "A Insustentável Leveza do Ser".


Imagem daqui

A parte isso, no inicio do livro Lúcio vislumbra o amanhecer na cidade de São Paulo, na primeira vez que li essa descrição eu grafei e agora transcrevo:

"Mendigos, putas, policiais, drogados, bandidos, miseráveis, bêbados e doentes esticando a noite pelas calçadas, bares, cortiços, cines pornôs, puteiros e hotéis baratos. Vendedores, secretárias, advogados, PMs, funcionários públicos, lojistas, office-boys e donas de casa afirmando a fronteira do dia desde as primeiras horas. A guerra é por território, nada mais. A noite se estica sob as marquises das lojas fechadas, nos bancos das praças, nos bares infectos, nos cinemas mofados e no bafo quente da ventilação nas calçadas. O dia avança pelas avenidas, descendo dos ônibus, emergindo do metrô, abrindo portas, fazendo barulho, gritando ofertas, ocupando as calçadas e marchando em compras. A noite recua e se esconde nas ruas menores, nas esquinas modestas, nos hotéis, teatros explícitos e moradias caóticas enquanto o dia sobe pelos prédios e se espalha pelas ruas armado de gravatas, pastas, bolsas e sacolas. Afronta-se por doze horas até o dia bater em retirada no desespero do transporte e do transito. Noite novamente. Os molambos retomam suas posições no deserto de portas fechadas e nas ruas sujas da refrega."
(Gota de Sangue_Fábio Brasil_ p. 14-15)

Lembro que grafei essa passagem porque achei que nela o Fábio incluiu sujeitos que usualmente costumam ser ignorados das descrições literárias e descreveu um capitulo do cotidiano da cidade comum a quase todas as cidades. Quando li tive aquela sensação de que a realidade plausível caiu de repente sobre mim.

A cidade descrita nessa passagem foi São Paulo, mas eu acho que podia ser Recife e talvez pessoas de outras cidades também possam traçar paralelos com a sua realidade... O ano no qual se passa a história é 1985 e não é que a pesquisa do autor não foi bem feita ou haja anacronismos no livro, mas francamente, eu tenho a impressão que nos ultimo 27 anos pouca coisa mudou no cotidiano da cidade, nos sujeitos da cidade, na forma como o dia sucede a noite e para piorar as semelhanças, 2012, assim como foi 1985, é ano de eleição...



E curiosamente, as eleições municipais colocam em evidencia que é hora de pensar na cidade, hora de pensar nos diversos sujeitos que formam a cidade, os que aparecem na descrição feita pelo Fábio e os mais que eu e você podemos vim a lembrar e que não foram incluídos.

É hora de pensar no que será de nós e nossas cidades nos próximos 4 anos, que terão direito a Copa e Olimpíadas diga-se de passagem...

Eu confesso que as vezes o processo eleitoral no Brasil me desanima, os caminhos da politica me deprimem e a forma como nós dialogamos com isso tudo me frustra as expectativas de um futuro melhor... E para piorar enquanto pesquiso uma imagem mais ou menos para essa postagem encontro um site/blog todo trabalhado na proposta de uma propaganda politica vitoriosa.



Ai!!! Cansei!!! E olha que ainda nem começou a palhaçada!!! Eu já começo a concordar com o Lúcio: "Distintos empresários manipulando a cidade, distintos políticos sugando a cidade, distintos engenheiros destruindo a cidade, distintos doutores matando pela cidade." (Gota de Sangue_Fábio Brasil_ p. 16).

Só que a cidade não é deles, ou melhor, a cidade não é apenas deles. A cidade é minha e de todos os que vivem e morrem nela e sendo assim também é responsabilidade nossa.

Talvez não apenas os assuntos de nossa sala, cozinha, banheiro e vida afetiva sejam de nossa alçada, mas os assuntos da cidade inteira... Todo dia é dia para pensar na cidade, mas acho que na época das eleições é hora de decidi algo em relação a cidade, a saber: quem será responsável pela gestão dela pelos próximos 4 anos.

Nos cabe lembrar quem farrapou, quem não cumpriu promessas, o que fizeram e não fizeram os prefeitos e vereadores... Os ditos e os não-ditos... Avaliar propostas de gestão dos bens públicos... Isso tudo me cansa só de pensar quer dirá de votar.

Mas, eu desconfio que enquanto os muitos sujeito que são a cidade, entre eles eu, não começarem a si sentirem na obrigação de cuidar da cidade pessoalmente em todos os sentidos ela continuará sendo manipulada, sugada e assassinada cada dia um pouco mais
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